segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

As promessas dos partidos: se fosse fácil crescer, não haveria países pobres.

Todos os partidos prometem mais e mais e mais e mais.

Prometem mais salários, mais pensões, mais saúde, mais ensino, mais, mais, mais e mais tudo acompanhado com menos impostos.

Quando lhes perguntam "E como vai ser isso possível" atacam com mais crescimento económico.

E o crescimento económico consegue-se, parece das promessas, com meia dúzia de merdas sem mostrarem qualquer prova de que dessas merdas vai resultar crescimento económico.


Eu tentei ensinar economia aos alunos de Comunicação e Jornalismo.

E a minha ideia era dotar os jornalistas de um quadro de raciocínio económico que lhes permitisse desmontar as promessas irrealistas dos políticos:

"Mas se essa medida tão simples faz mesma a economia crescer, porque é que o sr. dr. ainda não é Prémio Nobel da Economia?"

"Há tantos países pobres, onde as pessoas passam fome, frio, vivem em barracas, onde não há escolas nem hospitais, porque é que esses países não implementaram essa ideia do sr. dr.?"

Fui despedida.

Talvez os jornalistas não queiram fazer perguntas difíceis, antes querem fazer parte da farsa de que vão fazer alguma coisa.


Fazer um novo hiper-aeroporto e o TGV.

Não há ninguém do povo, manifestações ou greves, a pedir comboios rapidíssimos entre o Porto e Lisboa.

Também não há ninguém do povo a pedir um novo aeroporto em Lisboa.

Pura e simplesmente, ninguém quer saber disso porque o povo sabe que essas obras vão ser apenas buracos para o contribuinte pagar no futuro e os promotores, políticos, encherem os bolsos.


Querem viagens rápidas? Acabem com o limite de velocidade nas autoestradas.

Se bem se lembra, o limite de velocidade nas autoestradas surgiu para poupar combustível. Isso é altamente ineficiente quando o Estado cobra pipas de massa de imposto sobre os combustíveis.

O eficiente é ter portagens crescentes com a velocidade média, por exemplo, por cada km/h acima dos 120km/h, o utilizador paga mais 3% de portagem.

Se o utilizador vai a 160km/h, paga uma sobre-portagem de 40*3% = 120%.

Essa portagem a mais iria moderar as velocidades (só andaria a velocidade elevada quem precisasse mesmo) e ajudar a pagar as estradas.

Como as autoestradas já estão feitas e o carro é do utilizador, não tem custos para o contribuinte.

Não éfaz qualquer sentido dizer que o TGV vai ser um grande sucesso, que vai ser um factor de promoção do crescimento económico quando os comboios que existem dão todos os meses milhões de euros de prejuízo para o contribuinte pagar.


Os países da Europa de Leste têm crescido mais do que nós. 

Será que andam por lá a fazer aeroportos e TGVs?

Não. Não estão a fazer nada disso.


Vejamos às promessas do PS.

Aumentar o salário mínimo para 1000€/mês.

Aumentar as rendas na mesma proporção que o salário médio (será acima da inflação).

Mais impostos para a Segurança Social

Dentistas no SNS.

Aumentar os salários dos professores.


Alguém é capaz de ver nestas promessas alguma coisa que tenha impacto?

Eu não consigo ver como pode a economia crescer a partir destas promessas.

Aumentar o salário mínimo, aumentar as rendas e pagar mais impostos são coisas a serem feitas pelos privados.

As únicas duas promessas que são acções do governo são 1) meter dentistas no SNS (mas sem dizer quantos) e 2) aumentar os salários dos professores (sem clarificar se o aumento é o mesmo que se aplica aos restantes funcionários públicos).

Fig. 1 - O Pedro Nuno mostra escamas e o povinho pensa que vai comer robalo.


Vejamos às promessas do PSD.

Promete baixar impostos mas, ao mesmo tempo, defende que as barragens paguem mais impostos.

Dizem os sábios do PSD, tal como já dizia o Durão Barroso, que baixar impostos faz a economia crescer e, consequentemente, aumentar a receita de impostos.

Não é logicamente possível.


Vejamos as pessoas que querem emagrecer.

Uma pessoa no seu dia a dia gasta mais energias se for mais pesada. Como temos que nos mover de um lado para o outro, se formos mais pesadas, temos de movimentar mais peso e, assim, gastamos mais energia. Isto é uma verdade da natureza!.

Agora vamos ver o que dizem os sábios do PSD.

Se a pessoa comer menos, vai diminuir de peso e, por causa disso, vai gastar menos energia. Então, como gasta menos energia, vai engordar!!!!!!!!

Os sábios concluem que, se a pessoa comer menor, engorda!!!!!! 

Que boa receita para os países pobres!!!!!!!!!!! Não é mandar-lhes comida, é convencê-los a comer ainda menos.

Para emagrecer, a pessoa tem de comer mais porque, assim, vai aumentar de peso e, por causa disso, vai gastar mais energia. Então, como gasta mais energia, vai emagrecer!!!!!!!!


Porque a proposta é louca?

Porque na mesma frase tem "aumentar" e "diminuir".

Não pode a pessoa diminuir de peso e, em consequência disso, aumentar de peso.

Não pode o governo diminuir os impostos e, em consequência disso, aumentar os impostos.

Não pode, são duas coisas contrárias, é como dizer que quando um morto cai ao mar, como não precisa de respirar, continua vivo. Ele estava morto, nunca pode continuar vivo.


O CHEGA não é um partido da economia.

O André Ventura sabe que não sabe nada de economia e, por causa disso, não aborda esse tema.

Achei interessante quando afirmou "A minha ambição é que as pensões aumentem para o valor do salário mínimo e que o CHEGA seja o partido mais votado".

São ambições mas que não se vão materializar.

É quase como o meu colega de praia que afirma "Gostava de ser muito rico para dar tudo aos pobres."


Se fosse fácil crescer não haveria países pobre!

Vou apenas apresentar um gráfico que relaciona a riqueza do país (medida pelo PIB per capita) com o crescimento económico (do PIB per capita).

Será de pensar que os países mais pobres crescem muito mais que os países ricos por causa da difusão tecnológica mas a evidência não mostra isso, os países pobres crescem, em média, quase tanto como os países ricos.

O crescimento económico (média de 3.8%/ano comparando as duas últimas décadas) resulta de múltiplos factores em que a convergência é responsável por apenas 0.1%/ano. Os restantes 3.7%/ano implicam sacrifícios, haver pessoas que perdem direitos no presente em favor de benefícios no futuro.

E nós portugueses não queremos fazer sacrifícios.

Fig. 2 - Relação em a riqueza e o crescimento económico dos países (dados: WB, 2002-22).

 

Bangladesh, um país que os esquerdistas dizem ser muito mal governado.

O Reino Unido partiu o sub continente indiano em 3 entidades, a Índia, o Paquistão e o Bangladesh sendo que o Bangladesh fico "colónia" do Paquistão até finais de 1971.

Em 1970, o PIB per capita da Índia e do Bangladesh era pouco mais de 50% do PIBpc do Paquistão mas, desde então, cresceu rapidamente ao ponto de hoje o Bangladesh já ter um nível de riqueza 25% acima do Paquistão. 


Os esquerdistas dizem que os trabalhadores do Bangladesh são explorados.

O problema é que os trabalhadores (e os seus direitos) não são um factor de crescimento económico. 

Os esquerdistas falam muito na importância da escolaridade e da competência dos trabalhadores mas a verdade é que não é isso que faz as economias crescer.

Isto não se pode dizer porque foram estas verdades que levaram ao meu despedimento.

Os esquerdistas vão arranjar milhares de justificações para mostrar que o crescimento económico só acontece com trabalhadores motivados, bem remunerados mas a verdade é que quem ganha as maratonas são os dos países mais pobres!

Bons ginásios, bom equipamento, bons treinadores, alimentação equilibrada e estudada por nutricionistas altamente reputados leva a resultados fracos.

O que leva a bons resultados é a pobreza, isso é que faz a criança sair da cama todos os dias e treinar horas e horas.

Os Ronaldos filhos de ricos faltam aos treinos e são doutores de coisas que há muitos, são mais um.

Nos últimos 20 anos, o PIB pc da Índia e do Bangladesh cresceu 5%/ano enquanto que o do paquistão cresceu 2.4%/ano. Porque não sei, não é por terem TGV e hiper-aeroportos, a ciência económica diz que resulta de no Paquistão haver mais direitos para os trabalhadores e menos para os empreendedores!

Fig. 3 - PIBpc do Bangladesh e da Índia em comparação com o do Paquistão (dados: WB, 1970-2022)


O que aconteceu em 1990 no Bangladesh e na Índia?

Deitaram ao lixo a mantra socialista dos direitos dos trabalhadores e das empresas pública.

O crescimento acontece onde os empreendedores são acarinhados, onde o lucro é visto como um resultado merecido do esforço e da sagacidade e não de promessas de que se vai tributar mais as empresas que têm mais lucros.

Se as empresas com mais lucros vão ser mais tributadas, apenas as empresas menos eficientes vão sobreviver e, com isso, continuaremos pobres.

Não vejo político nenhum nos países que crescem mais a dizer que vão tributar mais as empresas mais lucrativas para, com isso, cobrir o buraco da segurança social.

Pobres mas alegres pois é isso que, em quanto povo socialista, queremos.


Agora, um bocadinho sobre o problema dos hospitais.

Há um problema grave nos hospitais de "falta de seguro". Vejamos o que é isso.

O ministro da saúde diz às pessoas através da televisão "Se não têm falta de ar nem febre acima de 40.C, fiquem em casa, tomem um benurão, um cházinho morno, deitem-se na caminha e nada de ir ao hospital."

Querer isto dizer que, quando uma pessoa chega à triagem do hospital, não tendo falta de ar nem febre acima de 40.C, lhe dão o benurão, o cházinho morno e a deitam numa caminha.

Nada disso, deixam-na horas e horas à espera, depois fazem uma multiplicidade de testes para, no fim, a mandarem para o centro de saúde.

Reparem bem, a pessoa que não sabe nada de medicina pode decidir não ir ao hospital mas o médico da triagem não. Claro que a pessoa pode morrer em casa mas a responsabilidade não é de ninguém. Dirão "foi decisão dele não ter ido ao hospital" mas se entrou no hospital, já é responsabilidade do médico.

 

Eu a mandar, criava um "alojamento local privado" nos hospitais.

O mais caro dos hospitais são os médicos, os enfermeiros e os exames (os equipamentos).

Eu fazia enfermarias não "artilhada" para meter os doentes não urgentes. Cedia o terreno encostado ao  hospital para que privamos construíssem e gerissem essas enfermarias.

A pessoa chegava ao hospital, ia imediatamente à triagem e, nos casos menos urgentes, em vez de ir para a sala de espera horas e horas, ia para a "enfermaria" tomar um benurão, um cházinho morno e dormir uma soneca.

O paciente do "alojamento local" podiam levar um acompanhante para tratar dele.

Cobrava uma taxa moderadora de 20€/dia a entregar ao promotor privado.

Não haveria custos para o SNS (excepto nas pessoas que não pudessem pagar) e resolviam-se todos os problemas dos hospitais.

Fig. 4 - Menina Arrudinha, com este frio e tão pouca roupinha, ainda acaba com uma gripe. 



3 comentários:

Silva disse...

Reformas estruturais

1º Abolição do salário mínimo
2º Liberalização dos despedimentos
3º Abolição dos descontos

Seguem-se outras reformas estruturais

Filipe disse...

Reformas a aplicar que a Esquerda inútil jamais aceitaria. 1) Liberalizar os despedimentos quer no sector privado quer no público; 2) Vender a TAP sem olhar para trás; 3) Vender a CP; 4) Criar um novo mapa do poder local extinguindo cerca de um terço dos concelhos; 5) Cortar o RSI ao fim de três meses a toda a gente em idade activa e saúde rija; 6) Separar o Ensino Secundário do Técnico e Profissional; 7) Proibir as heranças indivisas especialmente após morte dos dois progenitores; 8) Licenciar obras em seis meses; 9) Criar zonas francas na fronteira com Espanha com impostos mais baixos, tipo Andorra; 10) Rever todas as pensões de acordo com os descontos reais, e cortar sem dó nem piedade quem não teve descontos para a reforma actual. E muito mais poderia ser feito, mas a Esquerda jamais deixará, e enquanto a Direita for mansa e burra continuará a queda para a pobreza… força, a Argentina demorou décadas a acordar… ainda podemos ter muitos e longos anos de socialismo a caminho.

Diogo disse...

Boas Professor Cosme. Pode por favor escrever um post de como Portugal pode então crescer de forma realística?
Mudança de atitudes (como disse, como os portugueses vêm o lucro/empresário com maus olhos)? Imitar países bem sucedidos (e.g Luxemburgo)? O papel do governo e demais instituições em fazerem isso possível (jogos geopolíticos)...
Obrigado!

Diogo

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