Quando eu era pequenino, tomava banho na "Ria de Ovar".
Como a minha mãe tinha muito sono à tarde e bastantes filhos para tomar conta, quando estávamos perto da água, enfiava-nos umas bóias nos braços.
Um local de eleição era a parte Norte da Ria de Aveiro numa praia chamada de Areinho. Era um local tão afamado que até tinha um placa a dizer "Inaugurado pelo sr. Presidente do Conselho de Ministros, Professor Marcelo Caetano."
Era a Bora Bora daquele tempo.
Comparado com o Mar, a água era extraordinariamente agradável e "ainda assim, tinha algum iodo."
O iodo.
Nos anos 1970, quando eu era uma criancinha, o grande inimigo não era a Austeridade, a Troika ou sequer o Passos Coelho ou o Paulo Portas. Nesse tempo não havia desemprego, crise da dívida soberana, FMI, havia apenas Turras e mas o grande problema era "a falta de iodo nas crianças".
Bom para o "iodo" eram as praias com pedras e algas, como a de Miramar, com ondas altas que espalhassem salpicos pelo areal e água fria capaz de congelar os "tintins".
Os remediados da minha terra faziam uns dias de praia "para dar iodo" à rabanhada das crianças em Outubro ou Novembro, quando era tudo mais barato e o trabalho no campo tinha acabado.
Mas a água da Ria era fraca, quantificava-se mesmo que "apanha-se mais iodo em meia hora no Furadouro que durante um mês inteiro em banhos na Ria". E, nesse tempo, levava-se as crianças à praia por causa do "remédio" e não, como hoje, por turismo e lazer.
O "iodo", além de ser a vacina contra o raquitismo, evitava as gripes e constipações que, nos meses de inverno, estavam sempre à espreita para levar as criancinhas de volta ao Criador.
Fig. 1 - Desde que não tirássemos as bóias dos braços, podíamos fazer o que bem nos apetecesse, até arrancar olhos (aos caranguejos).
Acabou o iodo e, talvez porque dragaram a entrada para o Porto de Aveiro, a Ria a norte da Ponte Vareja passou a estar completamente seca durante a Maré Baixa. Porque durante metade do dia não existe água, deixaram de crescer as algas, as enguias (macho), as tainhas e os caranguejos (que havia aos milhares) e o camarão pequenino que o meu pai adorava fritos com piripiri.
Será que a Ria tem solução?
Como penso que tudo tem solução, vejo-me obrigado a dizer qualquer coisa sobre isto.
A minha solução passa pela divisão a Ria de Ovar em duas metades, a ocidental (que se vê da EN 327) em que a água circula de Sul para Norte, e a Oriental em que a água circula de Norte para Sul.
Serão precisas umas eclusas a Sul da Ponte Varela que evitem a entrada da água na metade Oriental qundo a maré está a subir e a saída na metade ocidental quando a maré está a vazar.
Será ainda preciso fazer um dique a partir da Ponte Varela para Norte (com cerca de 2000m) que divida nesta parte a Ria de Ovar nas duas metade propostas.
Finalmente, será aberto uma canal para, no extremo Norte, ligar a metade Ocidental da ria com a metade Oriental.
Fig. 2 - Mapa da Ria de Ovar com a proposta de divisão em metade Ocidental e metade Oriental e o sentido de circulação da água.
Será que isto resolve alguma coisa?
Penso que sim.
1) Ao haver um circuito de circulação, a qualidade da água vai melhorar (menos poluição).
2) Ao controlar-se a entrada e saída da água, na maré baixa não haverá o esvaziamento total.
3) Ao controlar-se a velocidade de circulação da águas, esta não será turva.
Tudo isto irá favorecer o ambiente (algas e animais) e poderemos voltar a ver crianças a banhos na praia do Areinho.
E é uma solução barata, sem custos de manutenção nem energéticos. Até poderia haver um pequeno moinho de marés para geração de electricidade.
Motivado pelo comentário do José Luís...
Acrescento um extensão até Aveiro.
Apesar de se manter a porta de um só sentido na Ponte Varela, fazendo um pequeno dique (feito de lama com junco) e um canal no Bunheiro, pode-se facilmente melhorar a circulação da água na ria a Norte de Aveiro.
Fig. 2 - Extensão a Aveiro.
Vamos agora aos outdoors do PS.
Como todos sabemos, o problema do António Costa é ter que, às vezes, abrir a boca.
Enquanto está caladinho, parece que tem solução para todos os problemas de Portugal mas, quando abre a boca, vê-se logo que não, que as suas ideias não são mais que uma reciclagem do socratismo e, como sabemos, a reciclagem deixa a coisa (ainda) pior que o original.
Os reciclistas vão dizer que estou enganado.
OK, dou o braço a torcer (Ude Garame, em japonês), corrijo para "nunca fica melhor que o original".
Como o original, o governo do Sócrates, foi muito mau, um eventual governo do Costa nunca poderá ser melhor que muito mau.
Com os outdoors materializa-se o vazio de ideias do PS.
É o outro caminho, o caminho rumo ao Céu, mas não dizem que coordenadas vão meter no GPS para seguirmos este caminho mítico.
Agora, meter uma velhota a dizer que "Estou desempregada há 5 anos" demonstra que o outdoorista está informado e é uma pessoa séria. A maior parte dos desempregados vêm do tempo do governo do Sócrates, portanto, de há mais de 4 anos.
Mas não quero falar mais destes outdoors porque a "selfie" das europeias é mais interessante.
Os seguristas confiavam que as coisas iriam mudar e, realmente, mudaram, foram todos para a prateleira e voltaram os socratistas.
Fig. 4 - Os socratistas apenas concretizaram a confiança na mudança dos seguristas!
O melhor era o PSD+PP contratar o outdoorista do PS.
Seria como no tempo em que o Pinto da Costa dava um prémio de jogo aos jogadores das equipas que ganhavam ao Benfica.
Aqui seria igual, por cada outdoor do tipo daqueles que têm saído, pumba, 10 mil € de prémio de jogo.
Com mais meia dúzia de outdoors destes e umas intervenções do Costa, o Passos ganha com maioria absoluta.
As sondagens de hoje.
Estão estacionárias. O PSD+CDS melhorou 0,6 pontos relativamente ao PS o que traduz uma diferença de 6 pessoas face ao mês anteiror. Isto está tudo dentro do erro do processo de amostrage.
Usando o Método Boostraping, a probabilidade de o PSD+CDS ganhar é cerca de 30%.
Nãoe stá mal, depois de 4 anos classificados pelo Costa como "o pior governo de que há memória em Portugal".
#Código de R que utilizei.
# 1 é PS, 2 PSD+CDS e 3 Outros e Não sabe
dados<- c(rep(1,298), rep(2,285), rep(3,447))
# Simulo por boostraping 10000 sondagens
res<-0
for (i in 1:10000)
{
amostra<-sample(dados, 1030,replace=TRUE)
res[i] <- table(amostra)[1]-table(amostra)[2]
}
#Calcula a probabilidade de PSD+CDS ganhar
length(res[res<0])/length(res)
Pedro Cosme Vieira
3 comentários:
"PSD+CDS melhorou 0,6 pontos relativamente ao PS o que traduz uma diferença de 6 pessoas face ao mês anteiror"
É uma diferença de cerca de 20 mil eleitores votantes.
Estimado Jorge,
Não me expliquei bem.
Na amostra de 1000 pessoas, é uma diferença de apenas 6 pessoas.
1ab,
pc
Solução excelente e que qualquer estudante de Hidráulica subscreveria certamente. Não entendo qual é a ligação que tem ao PS e António Costa?! Algum outro partido propôs alternativa que se assemelhe a esta e que tenha sido recusada? Naturalmente que tem a ver com decisões politicas mas que diabo não "comem todos do mesmo tacho? ...
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