O Prof. Cavaco Silva escreveu um artigo de opinião no Público (4/Dez/2023).
Vou tentar explicar, ponto por ponto, porque o que ali é escrito está totalmente errado.
1) O conceito de "Contas Certas" traduz "Finanças Públicas Sólidas e Sustentáveis".
Este conceito está no Tratado de Maastricht a que nos obrigamos quando entramos na Zona Euro:
A) Défice das contas públicas inferior a 3% do PIB
B) Dívida pública do Estado e das empresas públicas inferior a 60% do PIB.
Estas duas condições têm de ser respeitadas em simultâneo.
No contexto do Pacto de Estabilidade e Crescimento, quando um país não cumpre um destes critérios é iniciado um "procedimento de défice excessivo" em que o país é OBRIGADO a traçar um plano que permita, no médio prazo, passar a cumprir aquilo a que se obrigou quando assinou a entrada na Zona Euro.
Se não quisermos cumprir estes critérios, só nos sobra sair da Zona Euro (e voltar a ter Escudos ou outra moeda qualquer).
2) Os especialistas que vão determinar os défice aceitável são quem, os esquerdistas Louçãos, Raimundos e Mortáguas?
Tal como um médico está sujeito ao "saber médico", um político tem de estar sujeito ao "saber económico-político". Quando o político esquerdista pensa que é livre de decidir o que é "melhor para o povo" acontecem coisas como se vêm na Venezuela.
A economia da Venezuela está muito dependente do preço do petróleo. Na década 1990 o preço do petróleo esteve extraordinariamente baixo, entre 15€/br e 25 €/br o que fez com que a economia Venezuelana estivesse deprimida.
Chegou o Chaves e, porque o preço do petróleo quadriplicou, ultrapassando em 2012-2013 os 110€/br, apesar da maluqueira do Chave a economia também cresceu triplicando.
Em 2013 o Chaves morre e entra outro esquerdista maluco, o Maduro Tinto anunciando aumentos dos salários em 100%. O problema é que, mesmo com preços de petróleo elevados, a economia entrou em colapso.
Em 2007, com o petróleo na ordem dos 80€/br, o PIB per capita era de 8500€. Em 2023, com o petróleo a 82€/br, o PIB per capita está nos 3400€, menos de metade.
Fig. 1 - Evolução do PIB per capita na Venezuela
Fig. 2 - Evolução do preço médio anual, usd/br, do Brent
Fig. 3 - Evolução do nível de vida no Brasil relativamente ao Mundo, PIBpc (Dados: Banco Mundial)
3) Os especialistas já falaram.
Os especialistas falaram, défice inferior a 3% e dívida inferior a 60%, e os governos aceitaram no tratado de Maastricht. Será que o Professor está esquecido de que Portugal é subscritor deste tratado?
Será que o Professor está esquecido que o Tratado de Maastricht não se reduz à política monetária (de inflação próxima de 2%/ano) mas trata do défice e da dívida pública?
Será que o Professor se esqueceu que não é a autoridade monetária que determina a taxa de juro de mercado mas antes o mercado da poupança (pelas regras de oferta e da procura)?
Já vi "na minha escola" professores catedráticos com afirmações abstrusas deste tipo mas ao Professor Cavaco Silva dou o benefício da dúvida porque a idade não perdoa.
4) Os objectivos da politica orçamental são muito menos sr. Professor.
Incluir nos objectivos das políticas orçamentais a Educação, Saúde, combate ao desemprego e crescimento económico é muito esquerdismo.
Vejo que o Pedro Nuno Santos é Social Democrata e o Cavaco Silva é socialista.
O Estado deve promover a Educação, Saúde, Emprego e Crescimento Económico mas isso não deve passar pela política orçamental mas antes criando um enquadramento legal e macroeconómico favorável.
Não é pela intervenção do Orçamento na economia que esta vai crescer. Se assim fosse, a Coreia do Norte seria um país riquíssimo e com taxas de crescimento astronómicas.
5) Os socialista repetem as "Contas Certas" como o Passos Coelho repetia "Para além da Troika".
Portugal tinha, em 2011, um gravíssimo problema de credibilidade, com dúvidas de todos os quadrantes acerca da capacidade de cumprir o Memorando de entendimento.
Se bem me lembro, todos os esquerdistas, incluindo o Costa, diziam que era impossível ter um défice nulo.
Por causa dessas afirmações enquanto estava na oposição, o Costa teve de repetir vezes sem conta que a sua política era de "contas certas".
É a estratégia do cão pequeno que, para ser visto como ameaçador, tem de ladrar muito mais alto do que o cão grande.
6) Houve problemas no governo do Costa? Com certeza que sim e muitas.
Mas é assim que o Povo Português quer e gosta.
Reparemos nas últimas duas sondagens. Com 1904 observações, (Católica-1102) + (Aximagem-802), temos o PS bastante à frente (partido = percentagem | deputados):
PS = 30% |81 deputados
PSD = 28% |75 deputados
CHEGA = 16% |41 deputados
IL = 7,3% |15 deputados
BE = 7,0% |14 deputados
PCP = 3,1% |3 deputados
PAN = 2,4% |1 deputado
LIVRE = 2,0% |Probabilidade de 30% de ter 1 deputado
CDS = 1,8% |Probabilidade de 10% de ter 1 deputado
E o CHEGA já vale mais de metade dos deputados do PSD!!!!!!!!!!!
E juntar o PSD+CDS?
Têm mais 3,4 deputados passando a coligação a estar empatada com o PS.
Dar dois deputado ao CDS dá um ganho de 1,4 deputados para o PSD.
Fig. 4 - Ganho da coligação PSD+CDS é de 3,4 deputados
Cavaco amigo não vale a pena empurrares o Montenegro que está sem motor de arranque.
O Montenegro não vai ser o próximo primeiro ministro nem que a vaca tussa.
Nem com aquelas ervas do Futre, o Montenegro arranca.
Tem o motor de arranque totalmente fundido, tudo colado e cheio de verdete.
Cavaco, agarra-te a uma bateria mais forte.
Fig. 5 - O motor de arranque só funciona com boas baterias.
1 comentários:
Estamos em campanha eleitoral e o país ainda deve mais esta ao Cavaco Silva.
Obviamente, o país não sairá da Zona Euro, mas corre o risco dos euros saírem do país, assim como na Grécia dos malucos do Tsipras e do Varoufakis.
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