sábado, 24 de fevereiro de 2024

Sondagem 18 : Está tudo igual no reino de Portugal

Hoje (23-02-2024) foram publicadas duas sondagens.

Uma da Católica com 1284 respostas da católica e outra da TVI com 800 respostas.

Da mesma forma que o mar calmo não dá para fazer surf, sondagens sempre iguais, não dão notícias.

Com são precisas notícias, há que transformar as pequenas oscilações estatísticas que acontecem de sondagem para sondagem em grandes tendências (que estão totalmente erradas).


De onde vem a oscilação das sondagens?

Vem de duas coisas.

Primeiro, obtêm-se os "dados brutos" seleccionando uma amostra aleatória com alguns milhares de números telefónico e, depois, telefona-se a essas pessoas até terem, por exemplo, 800 respostas válidas. 

Como as pessoas são obtidas de forma aleatória, por sorte e azar, umas vezes caiem mais umas voltadas para um partido e outras vezes, mais outras voltadas para outro partido.

Segundo, a empresa de sondagens transforma os "dados brutos" em "estimativas das intenções de voto" que pondera as observações usando, por exemplo, o sexo, o local de residência, a idade, a escolaridade, sendo que estes ponderadores incluem um factor de ajustamento entre as sondagens de outras eleições  e os resultados eleitorais efectivos nessas datas.

 Apesar de haver este erro, a amostra sendo criada de forma aleatória, permite usar a "generalização estatística".


Mas vamos à tendência da AD versos o PS.

Peguei nas 18 sondagens (não considerei a famosa "sondagem brasileira") e fiz um gráfico da diferença (sem abstenção) entre a AD e o PS.

Depois, fiz um teste estatístico à tendência (a reta a preto).

Há uma pequena tendência de subida da diferença entre a AD e o PS, 0.16 pontos percentuais a cada sondagem (2.7 pp entre a primeira e a última sondagem), mas não é estatisticamente significativa.

Fig. 1 - A vantagem da AD face ao PS está com uma pequeníssima vantagem (em 18 sondagens ).


comparando as primeiras 9 com as últimas 9 sondagens, AD aumenta 1 ponto percentual (passa de 30.2% para 31.2%) e o PS mantém as intenções de voto (passa de 30.5% para 30.6%).

O teste estatístico à tendência usando WLS
AD = c(266,316,290,350,297,328,285,274,304,248,286,293,333,290,330,286,361,316)/100
PS = c(264,286,338,281,319,292,300,359,293,314,341,315,292,267,301,342,299,276)/100
w = c(604,1102,802,575,803,803,611,805,801,637,801,804,1194,504,804,805,1284,800)
difer=AD-PS
dados=data.frame(x=1:18,AD,CHEGA,PS,difer)
summary(lm(difer ~ x, data = dados,weights=w))

O print dos resultados 
Coefficients:
                   Estimate     Std. Error     t value     Pr(>|t|)
(Intercept)  -0.14270    0.23628         -0.604     0.554
x                 0.01624     0.02117         0.767       0.454

Residual standard error: 13.51 on 16 degrees of freedom
Multiple R-squared:  0.03547,   Adjusted R-squared:  -0.02481 
F-statistic: 0.5885 on 1 and 16 DF,  p-value: 0.4542

Para haver uma tendência de crescimento da AD face ao PS estatisticamente significativa a 95%, o valor  0.454 teria de ser inferior a 0.05.

Fazendo a média das sondagens.

Considero as 9 primeiras sondagens, as últimas 9 sondagens e todas as 18 sondagens, sendo a média ponderada pelo tamanho das amostras.

Está tudo completamente empatado.

Se nas primeiras 8 sondagens a AD tinha uma desvantagem de 0.5 pp, nas últimas 8 tem uma vantagem de 0.7 pp, o que não é nada atendendo à oscilação aleatória (que expliquei acima).

Resultados eleitorais (sem abstenção e com 8 partidos) compatíveis com as últimas sondagens

Agora, calcular os deputados.

Considero as 8 últimas sondagens no cálculo dos deputados esperados. Apesar de a AD subir um bocadinho, em termos centrais, ultrapassa o PS mas dentro do intervalo de erro (AD entre 77 e 84 e PS entre 75 e 82, com uma confiança de 95%). 

Previsão do número de deputados na próxima legislatura

O PCP está a afundar e vai ficar com um máximo de 2 deputados.

Um deputado será por Setúbal (onde só elege 2 deputados se tiver 10%) e o outro será por Lisboa (onde só elege 2 deputados se tiver mais de 4%). Vai perder estes deputados para o CHEGA. 

E pode ficar apenas com um deputado, por Lisboa.

O PCP está a trilhar o caminho do CDS, mas de forma ainda mais acelerada, para o desaparecimento. Mais umas eleições e desaparece de vez (a menos que o PS meta dois nas suas listas :-).

O Livre está com forte probabilidade de eleger um deputado por Lisboa mas o PAN precisa de um milagre para não desaparecer. As Pessoas comeram os Animais e, os rateres da motorizada, mandaram a Natureza pelo cano abaixo.


O Montenegro melhorou as suas perspectivas de vir a ser primeiro-ministro.

Apesar de as últimas duas sondagens não conseguirem garantir que a AD está numa tendência de subida para a vitória, em termos probabilísticos, melhoraram bastante as perspectivas do Montenegro.

Sem considerar o CHEGA (pensando que se abstém), na semana passada as hipóteses do Montenegro estava em 1 para 16, esta semana estão em 1/1, tipo, atirar a moeda ao ar e fica se sair cara.

AD > PS e

AD+IL > AD+IL > PS+BE+PCP+Livre (retirei o PAN pois pode cair para qualquer dos lados).

Digamos que Montenegro está verdadeiramente empatado mas terá uma governação muito difícil já que precisa da abstenção do CHEGA e todos os projectos legislativos o que não irá conseguir.


O Montenegro está empatado com quem?
Como o PSD+CHEGA vão ter maioria absoluta, o empate não é com o Pedro Nuno mas com o próximo que o PSD indicar.

Sim, eu prevejo um governo PSD+CHEGA liderado pelo Passos Coelho.


Espero ansioso pela próxima sondagem

Achei interessante um trabalho feito pela Faculdade de Economia do Porto.

Tira esse trabalho conclusões a partir de "ses".

"Se a taxa de crescimento do PIB fosse a partir de 2000 a mesma que entre 1960 e 2000..."

Mas se a minha avó fosse viva e tivesse rodas, seria uma trotinete.

A taxa de crescimento do PIB per capita português entre 1960 e 1973 foi de 7.3%/ano


Posso também dizer que, se a taxa de crescimento do PIB per capita português depois do 25-de-abril-de-1974 fosse a mesma que a observada entre 1960 e 1973, hoje seríamos o país mais rico do mundo.

Talvez chamar o Salazar e o Caetano da tumba para ensinar economia aos especialistas do PSD para passarmos a crescer à séria.

Se tivesse acontecido o que não aconteceu seríamos muito mais ricos que a Alemanha e não somos.


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