domingo, 20 de novembro de 2011

A inflação é um fenómeno puramente monetário

A moeda é apenas o lubrificante da economia
As pessoas pensam que ter dinheiro é ter riqueza mas não é assim.
O dinheiro serve apenas para facilitar as trocas por ser um referencial de valor (que permite comparar os preços relativos dos milhares de bens e serviços existentes) e uma reserva de valor que permite "guardar" o valor dos bens e serviços desde a hora que os vendemos até à hora em que compramos outros bens e serviços.

Por exemplo,
Eu trabalho hoje 8 horas e recebo 50€ em dinheiro como um armazenamento do valor do meu trabalho.
Amanhã posso meter 33 litros de gasolina descarregando o valor do meu trabalho (entregando as notas) para o gasolineiro.
Depois, o gasolineiro descarrega o valor do meu trabalho (enviando as notas que lhe dei) na compra de gasolina à Petrogal.
A Petrogal descarrega o valor do meu trabalho para a Arábia Saudita (em troca por petróleo).
A Arábia Saudita descarrega o valor do meu trabalho para a Alemanha (em troca por um Mercedez)
A Alemanha descarrega o valor do meu trabalho para Portugal (em troca de uns sapatos).
O sapateiro descarrega o meu trabalho para os impostos (em troca de o filho estar a estudar).
O Governo já tem outra vez dinheiro para me pagar o dia de amanhã.

Fig. 1 - Guardava o valor do meu trabalho de uma semana numa nota de 500€ que depois usava para a menina guardar o valor do seu trabalhinho de 30 minutos. Ai que dentes lindos.

As notas vão circulando pela economia mas são sempre as mesmas.
As notas são importantes como mecanismo de lubrificação da economia mas não são elas próprias valor. O valor do dinheiro consiste no valor dos bens e serviços que podemos comprar com ele.
Se deixar de haver bens ou serviços (por exemplo, se houver uma guerra) o dinheiro perde valor porque não há o que comprar.
É como o cartão de pontos do Continente: se o supermercado não tiver nada para vender, os pontos não valem nada.

E se não houvesse notas?
Notas e dinheiro não são a mesma coisa. Na teoria económica o dinheiro divide-se em
     Inside money que apenas existe em termos contabilisticos e
     Outside money que são as notas e as moedas.
Por exemplo, em termos de inside money, no fim do meu dia de trabalho, fica registado na contabilidade do meu banco "+50€". Quando eu for meter gasolina, com o cartão multibanco, a contabilidade do meu banco lança na minha conta "-50€" e lança "+50€" na conta do gasolineiro.
E por aí fora.

Funciona tudo na mesma.
Mas as notas são o meio tecnologicamente mais barato de fazer dinheiro. Se imaginarmos o interior de África onde circulam Dólares Americanos (na candonga), vemos que o inside money obriga a uma sociedade mais organizada.
Mas a tendência é a mudança. Com a internet pode existir inside money nesses países esquisitos mas localizado noutro local. Por exemplo, via internet fazem-se transferências no meio de África entre contas bancárias localizadas no Luxemburgo ou no Mónaco.

Já estão a ver a importância de haver offshores?
Permite que pessoas localizadas em países onde nada funcionatenham uma forma segura de ter um pé-de-meia.
No meio da República do Congo, em plena guerra civil, um camponês qualquer pode colocar de lado 50€ numa conta offshore.
Pode vir a ser o finaciamento da educação dos filhos. Ou, depois de ter que abandonar a sua terra, vir a facilitar-lhe o recomeço da vida.

Mas há a história da "circulação da nota" que paga dívidas.
A minha história é inspirada nas da internet em que a nota parece, ao circular, melhorar a economia (paga dívidas).
A conclusão está errada porque não é a nota que circula mas é o valor do meu trabalho que viaja pelo Mundo. Se eu não trabalhasse, se o gasolineiro não tivesse gasolina, se a Petrogal não tivesse petróleo, etc. a nota de 50€ não fazia nada.
Já se imaginaram no meio do deserto, sozinhos, com uma nota de 50€? Para que é que isso serviria?

O Ouro é uma moeda supranacional
Para se sair da economia de sobrevivência foi obrigatório que os agentes económicos aceitassem uma moeda. Como na antiguidade não se sabia nada de Economia e não havia FMI nem bancos centrais, o Ouro surgiu como moeda por evolução natural.
A princípio o Ouro era um bijuteria estranha porque não oxidava e, com o tempo, foi-se tornando unidade de valor, meio de reserva e meio de troca.
O seu valor derivava, pensavam os antigos, de ser um bocadinho do Deus Sol. A Prata era um bocadinho da Deusa Lua.
Ainda hoje o Ouro é aceite por todos os Estados como uma moeda supranacional.
Existem actualmente cerca de 170 mil toneladas de Ouro disponíveis das quais 30500t são reservas dos bancos centrais (fonte: World Gold Council). Sendo a produção de 2350t/ano então, a quantidade de Ouro disponível aumenta cerca de 1.4%/ano.

O Cavaco não sabe nada. 
É incrivel como uma pessoa que se diz economista sabe tão pouco. Mas eu conheço mais professores catedráticos de economia que não sabem nada de economia. Eu sei pouco mas fico boquiaberto.
O Cavaco nem dá conta que está a defender ideias dos equerdistas.
Com tanta ignorância é impossível fazer o povo compreender como se deve governa um país de forma eficiente.
Agora imaginem o que o Passos sabe de economia. Se não fosse ele ler este blog, estavamos pior governados que os da Venezuela.
Eu penso que é culpa dos alemães. Daquele alemão, o dr. Alzheimer.

O valor da moeda é um valor especulativo
Apenas troco o meu trabalho pelas notas porque antecipo que amanhã consigo trocar essas notas por 33 litros de gasolina.
Se eu imaginasse que amanhã eu não conseguia comprar nada com os 50€, eu não aceitava trocar o meu trabalho pelas notas.
Contrariamente ao que anunciam os esquerdistas, a economia existe porque todos nó somos especuladores.
O Duarte Lima especula que, se rezar uma Avé Maria todos os dias, vai para o Céu.
Especulo que, se depositar dinheiro num banco, daqui a 5 anos tenho lá o dinheiro mais os juros.

A velocidade de circulação da moeda.
Vamos imaginar que eu recebo o ordenado ao fim do dia e que o gasto ao longo do dia seguinte seguinte. Então, em média vou ter 25€ no bolso.
Se recebo no fim do mês 1500€ que vou gastando ao longo do mês seguinte, em média terei 750€ no bolso.
A relação entre o PIB do país e a quantidade de moeda em circulação chama-se "velocidade de circulação da moeda".
Comparando o PIB mundial com a quantidade de outro disponível, existem 380$ por cada grama de Ouro. A 55$/g, temos uma velocidade de circulação do Ouro de 7 trocas por ano.

Se o dinheiro fosse inside money, a velocidade de circulação da moeda poderia ser infinita (a soma de todos os saldos ser zero) ou ainda maior! (a soma de todos ser negativo). 

A emissão de moeda
O BCE, o soberano, é monopolista na emissão de notas e moedas.
Emitir notas dá muito lucro. Por exemplo, produzir uma nota de 500€ custa cerca de 20€. Então, "vender" uma nota de 500€ dá um lucro de 480€ ao BCE.
Dos 480€ de lucro, o BCE fica com 8% (38.40€) sobrando 441.60€.
Este dinheiro é entregue, proporcionalmente à dimensão das economias, aos países.
     Portugal recebe 12.01€ (2.50%)
     A Alemanha recebe 129.91€ (27.06%)
     Malta recebe 0.43€
A Alemanha recebe mais dinheiro porque a maior parte das notas são "vendidas" a alemães.

Se a velocidade de circulação da moeda fosse infinita, em toda a Zona Euro apenas haveria em circulação uma moeda de 1 cêntimo.

O que fazem os países com o dinheiro?
O BCE emite cerca de 50 mil milhões € por ano recebendo Portugal recebe cerca de 1.1 mil milhões € por ano.
Os países gastam esse dinheiro pagando salários, pensões e fornecimentos de bens e serviços.

Finalmente, já podemos ir à inflação.
As pessoas têm dificuldade em compreender como a moeda se liga à inflação. Eu posso explicar um pouco como isto funciona porque trabalhei no meu mestrado nisto (com o ex- sr. ministro das finanças) que demorei 6 anos a concluir.
Vou ter que dividir o mecanismo de transmissão em termos microeconómico (expectativas adaptativas) e em termos macroeconómicos (expectativas racionais).

Fig. 2 - A inflação nestas boobies foi um excelente acontecimento

Conversavam dois amigos  
- O meu filho fez o mestrado em Economia em 2 anos e o teu filho anda lá há 6 anos. Deve ser muito burro.
- Não pá, ele já me explicou, ele é muito fino. Quando o meu filho chega a um exame faz o que sabe. Mas, no fim, se não estiver tudo certo desiste para estudar mais. Quando o meu filho vier da FEP vai saber mais que o Cavaco.

A inflação na microeconomia (expectativas adaptativas)
Um industrial de sapatos tem 500 pares à venda numa loja a determinado preço.
O sapateiro repõe 100 pares por semana e o stock mantém-se nos 500. Quer dizer que, em média, as vendas são 100 pares por semana.
De repente, o Estado, com o dinheiro obtido pela emissão de moeda, começa a comprar 10 sapatos por semana. Então, semana após semana, o stock começa a diminuir.
O sapateiro, vendo o stock a diminuir, tem duas hipóteses

H1. Aumenta a produção 10% mantendo o preço.
O aumento da produção implica um aumento dos custos unitários de produção porque os trabalhadores, para fazerem horas extraordinários, querem mais salário.
Os esquerditas, comunas, broquistas, keynesianos acreditam que é isto que vai acontecer.
Mas o aumento da produção vai reduzir o lucro porque. Por um lado, os trabalhadores querem mais salários e, por outro lado, os fornecedores vão querer aumentar os preços.

H2. Aumenta o preço 10% mantendo a produção.
O aumento do preço em resposta a um reforço da procura nunca leva à diminuição do lucro.
Como o nível de produção é o mesmo, é antecipável que os preços das matérias-primas e da mão-de-obra vão-se manter.
Os direitistas, clássicos acreditam que é isto que vai acontecer.

Sob espectativas adaptativas vai haver um período transitório.
Em que os trabalhadores não são conta que os preços estão a subir pelo que mantêm o salário nominal.
Então, o erro leva a que o salário real diminua transitoriamente e que o PIB aumente.

Fig. 3 - Evolução do PIB com expectativas adaptativas

Fig. 4 - Evolução dos preços com expectativas adaptativas

Se as expectativas fossem adaptativas faria sentido usar a emissão de moeda como um intrumento de estabilização da economia ao longo do ciclo económico:
Nas crise o Governo emitia mais moeda como defendem os esquerdistas no qual se inclui o Cavaco.

Fig. 5 - Estabilização económica com emissão de moeda (se as expectativas fossem adaptativas, se)

A inflação na macroeconomia (expectativas racionais)
O efeito transitório acontece porque os agentes económicos estão enganados, principalmente os trabalhadores.
Como à primeira qualquer um cai mas à segunda só cai quem quer, quando os trabalhadores observam uma emissão de moeda, antecipam logo que os preços vão subir pelo que querem um aumento imediato dos salários.
Os fornecedores de bens e serviços igualmente pelo que deixa de haver período transitório.

Emitir de moeda é igual a cobrar um imposto
O governo, ao emitir moeda, adquire bens e serviços. Como a produção não aumenta (porque ninguém se deixa enganar), o povo tem acesso a menor quantidade de bens e serviços.
É o Crowding Out.
Os povos ignorantes não sabem desta equivalência (o Cavaco, o Louçã e milhões de parolos) pelo que preferem o aumento da inflação.
Os povos sábios (como os filandeses e os alemães) sabem desta equivalência e preferem pagar impostos.

É impossível ter povos que preferem inflação a pagar impostos, os latinos, na mesma zona monetária de povos que preferem pagar impostos a ter inflação, os bárbaros.

Pedro Cosme Costa Vieira

sábado, 19 de novembro de 2011

A descida dos salários e o Cavaco: cada tiro cada melro

O total da riqueza produzida num país num ano denomina-se por Produto Interno Bruto, o famoso PIB.
Do total produzido, uma parte vai para remunerar o trabalho (principalmente os salários) e outra parte o capital (os juros e os dividendos). Ainda há uma parte que vai para amortizar o capital que se deteriora.
Em termos gerais e num análise de médio prazo, por cada 100€ de PIB, 65€ vão para remunerar o trabalho, 20€ vão para remunerar o capital e 15€ vão para substituir o capital que se deteriorou.

Supondo o PIB constante, se os salários aumentarem, o capital fica com menor remuneração pelo que o investimento diminui o que prejudica o crescimento económico. É um factor de desequilíbrio.
Se os salários diminuírem, o capital fica com maior remuneração pelo que o investimento aumenta o que favorece o crescimento económico. É um factor de equilíbrio.

Como funciona o crescimento económico
Quando o salário diminui, as empresas que existem ficam mais lucrativas (maior percentagem do PIB vai para o lucro das empresas).
Como as empresas maiores capturam uma parte maior do ganho então as empresas investem para aumentarem de dimensão e os seus lucros.
Também aumenta a poupança (maior percentagem do PIB vai para juros)
Por outro lado, mais pessoas querem ser empresários pelo que nascem novas empresas.

Aí o capitalista explorador do trabalhador vai sair beneficiado
Já se experimentou ser a produção feita pelo Estado. Na China, na URSS, na Albânia, em Israel, em Angola, etc.
Esse processo, parecendo que em alguns países começou por dar resultados positivos, a prazo levou ao empobrecimento dos povos. Hoje apenas subsiste com este modelo a Coreia do Norte. Mesmo Cuba já decidiu abandoná-lo.
Mas ainda há muitas pessoas em Portugal que pensar ser este o caminho a seguir.
Outros pensam que o Sporting vai ser Campeão Nacional.
Eu penso que vou arranjar uma Brasileira toda boa.

A produção deve ficar para os privados.
Como em Portugal qualquer pessoa pode ser empresária e qualquer grupo de trabalhadores pode formar uma cooperativa (que tem benefícios que os empresários não têm), o discurso da "exploração do trabalhador" não faz qualquer sentido.
É igual a dizer que o FCP ganha campeonatos porque o Pinto da Costa é o Papa.
     Sem empresários não há economia.
     Sem lucro não há empresários.
     Logo, sem lucro não há economia.

Porque o Cavaco está Ché Ché 
Portugal tem a sua economia totalmente desequilibrada. Isso traduz-se, entre outras coisas, por um desemprego crescente. Cada semana mais 1000 pessoas ficam desempregadas.
Mais 1000 pessoas desempregadas por semana.


Fig. 1 - Eu não sei onde os do FMI foram buscar a ideia. Eu sou professor catedrático de economia.
És mas é um marreta.

Ter vontade de crescer é uma coisa muito fácil.
O Cavaco dizer que a economia portuguesa tem que crescer é muito fácil. Crescer já é outra coisa.


Fig. 2 - Ajoelhar é uma tonteria. Basta eu crescer 10%/ano para podermos fazer amor em 2040.
Espera por mim querida.

Para equilibrar a economia portuguesa era preciso que o PIB crescesse 33% mantendo os custos do trabalho no nível actual.
Peguemos no PIB per capita (pessoas com idade entre 15 anos e 65 anos) e calculemos a tendência de crescimento da economia portuguesa.

Fig. 3 - Crescimento do PIB pc (15-65 anos) (fonte: Banco Mundial)

Antes do 25 de Abril de 1974 a taxa de crescimento foi de 6.3%/ano.
Antes da entrada na Zona Euro foi de 2.3%/ano
Depois do Euro (1999) foi de 0.6%/ano.
O 25 de Abril de 1974 trouxe-nos muitas coisas positivas mas prejudicou o crescimento.
O Euro diminuiu a taxa de juro mas abusamos da sorte.

Pensando que vai tudo continuar como está
Para uma taxa de crescimento de 0.6%/ano, mantendo os salários constantes no níevel actual e pensando que a taxa de inflação na Zona Euro vai ser 2%/ano, vamos conseguir equilibrar a economia em 2022.
O Desemprego estabiliza nos finais de 2022.
Óh Cavaco, quem é que pode esperar por 2022?
Vamos ultrapassar os 25% de taxa de desemprego.

Isto já é ser um  optimista pois os tempos que aí vêm são duros, são tempo de chumbo grosso. Para as taxas de juro de 12%/ano que as empresas têm que pagar, será muito difícil manter os 0.6%/ano de crescimento do PIB.
Para os próximos 10 anos a minha previsão é uma perda média do PIB de 2%/ano.

O Terceiro Segredo de Fátima
Afinal o Terceiro Segredo de Fátima foi mal interpretado. Portugal vai-se safar.
"Vimos um bispo vestido de branco" era o Sócrates.
"subir uma escabrosa montanha, no cimo da qual estava uma grande Cruz de troncos toscos" eram as eólicas do socratísmo.
"ia orando pelas almas dos cadáveres que encontrava pelo caminho" eram os credores a perdoar as nossas dívidas.
"Sob os dois braços da Cruz estavam dois Anjos cada um com um regador de cristal" que são o BCE e o FMI a despejar toneladas de dinheiro em Portugal.
Por isso, o segredo quer dizer que nos vão perdoar a dívida que temos, que as eólicas vão dar muito dinheiro e contribuir para que o PIB cresça 10%/ano e o FMI e o BCE vão-nos inundar com todo o dinheiro que queiramos.

Amigo Passos, depois de leres isto vais ter que te desdizer
Querido Passos, fica-te tão bem esse penteado meio despenteado. A tua nova cabeleireira é muito melhor que a antiga. Espero que não seja a do Sócrates pois, se for, daqui a pouco pinta-te o cabelo de branco.
Dizes que não tens nada a ver com os salários dos privados mas a lei proíbe a sua redução.
Tens ou não tens a ver?
E o Salário Mínimo Nacional? São os privados que o decidem ou és tu?
Se não tens nada a ver com o assunto, retira esses artigos da lei e deixa para os privados o que é dos privados.
SMN - Acabou porque o estado não tem nada a ver com os privados
Proibido descer salários - Acabou pelas mesmas razões.

Como diz o Cavaco dos ex-amigos: o que é da lei é com a lei.
Usa esse precedente que o Cavaco já não te vai poder atacar.

Finalmente o BPN
Os meus piores receios estão-se a concretizar: o BIC está a endorecer as negociações e os nossos governantes não têm estaleca para aguentar.
Isto não pode continuar havendo necessidade de avançar rapidamente para a liquidações do BPN que servirá de treino para liquidar o BCP e os restantes bancos portugueses que vão todos falir.

A técnica da "digestão".
Como uma ameba, a CGD engole o BPN mantendo-o num saco digestivo.
Para evitar que Portugal fique rapidamente sem liquidez e haja uma corrida aos bancos, a CGD desmonta os activos financeiros e entrega-os ao Fundo de Resgate Europeu para garantir as cedências de liquidez.
Será preciso assumir um desconto (a negociar com a Troika) que o Estado assume e passa-o para dívida pública.
Fecha todos os balcões do BPN e despede os funcionários redundantes (que são todos).
Como também vai ser preciso liquidar o BCP e depois o BPI, o BES, etc. até não ficar nenhum, a liquidação do BPN vai servir como treino para as equipas de liquidações.
Vai dar uma saga do filme "The Terminator"

"The Bank Terminator 1 - The BPN"
"The Bank Terminator 2 - The BCP"
"The Bank Terminator 3 - The BPI"
Roll on and on and on till the Heaven

O post da inflação está quase pronto. Estou a trabalhar nas perguntas para o meu teste mas ainda vai sair este fim de semana.

Pedro Cosme Costa Vieira

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Santo Aleixo vai expulsar os PIIGS

Em 1980, Santo Aleixo do Mendigos era uma pequena aldeia no meio de um grande descampado.
O seu povo era calado e respeitador da paz e silêncio dos vizinhos. Pareciam alemães.
A uns quilómetros da aldeia e no meio do descampado, viviam 5 familias de ciganos denominados por PIIGS (as familias Patruscos, Ionescos, Ilinescos, Garranos e Santaneiros).
Nos acampamentos o povo cantava, os cães ladravam, as crianças gritavam, as mães berravam, os pais davam tiros de caçadeira para o ar. Era barulho dia e noite.
Certo dia o patriarca foi à aldeia e voltou com uma novidade.

 - Estive na aldeia e é um silêncio, uma calma, um respeito pelos vizinhos. É verdadeiramente repousante. Se fossemos viver para lá até ganhávamos saúde.

Cada um disse:

 - Aqui é uma barulheira terrível, uma falta de respeito. Vamos para a aldeia senão, qualquer dia mato estes gajos todos.

Fig. 1 - Tocavam disto dia e noite

O processo de convergência
O patriarca foi falar ao Presidente da Junta e lá lhe contou que estavam fartos de barulho e que se queriam mudar para a aldeia.
Então, pensando que a união ia melhorar o comércio na aldeia, o Junta e os PIIGS assinaram um tratado com 5 condições:
    1.ª condição. Os PIIGS mudam o acampamento 1 km para mais próximo da aldeia.
    2.ª condição. Enquanto se ouvir barulho na aldeia, os PIIGS ficam aí.
    3.ª condição. Quando se deixar de ouvir barulho, os PIIGS avançam mais 1 km. 
    4.ª condição. Quando os PIIGS encostarem à muralha podem passar a viver na aldeia.
    5.ª condição. Uma vez dentro da aldeia, nunca mais precisam sair.

Fig. 2 - Foi assinado um tratado mas que não era para cumprir

A evolução da situação
Os PIIGS foram-se aproximando e em 2000 passaram a viver dentro da aldeia.
A princípio parecia estar tudo a correr bem mas, com o tempo, os PIIGS começaram a pôr a música um pouco mais alta.
O Junta foi falar com o patriarca para ver se ele reduzia de novo a música.

- Vocês estão a querer mandar em nós só porque somos ciganos. A nossa cultura é fazer barulho. Nós não somos alemães.

Retorquiu o Junta:

- Mas homem, vocês vieram para cá para gozar do silêncio e agora estão a perturbar a paz. Vamos ter que um procedimento por incumprimento do tratado.

Veio o procedimento por incumprimento que não deu em nada 
No dia de S.to Aleixo a música tinha tocado até tarde e os PIIGS usaram esse precedente.
Então, o procedimento por incumprimento foi arquivado.
Depois de não dar em nada, os PIIGS compraram cães que começaram a ladrar toda a noite, violas para tocar dia e noite, voltaram aos tiros e a atirar lixo para tudo que era sítio.
E começaram-se a queixar ao Junta do barulho e da desarrumação.
Que a Aldeia tinha que lhes insonorizar as barracas porque não podiam viver assim.

- Mas homem, vocês é que têm que deixar de fazer barulho. Vocês quando vieram para cá disseram que não queriam barulho e não estão a respeitar isso.

- Lá está você, imperialista, explorador sanguinário, mercado sem rosto, está a querer mandar em nós, uma cultura milenar. Nós não somos alemães

Fig. 3 - Podes ser muito boa pessoa mas não aguento mais os teus berros toda a noite.

E agora? 
Não há outra solução que não seja rasgar o artigo 5.º do tratado e expulsar os PIIGS de volta ao descampado.
Como é possível convencer os PIIGS que são eles que fazem o barulho?
Por um lado dizem querer silêncio mas, por outro lado, berram toda a noite.
A única solução é pô-los a andar.

O caso português
Nós entramos na Zona Euro porque queríamos taxas de inflação baixas (para ter juros baixos).
No entretanto subimos os salários como se houvesse inflação e não cumprimos nada a que nos tínhamos comprometido.
Agora que estamos em bancarrota gritamos a pedir taxas de inflação mais altas.
Que os alemães não nos deixam mandar na nossa vidinha. Que nos querem colonizar.

Não há paciência.

Pedro Cosme Costa Vieira

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Estive na Antena 1

Amigos Leitores,
Com a vossa ajuda estive na passada Sexta-Feira, dia 11 de Novembro das 10h-12h na RDP - Antena 1 no programa sobre o Debate sobre o Orçamento do Estado.

O Ricardo Alexandre viu o meu livro e pediu à Carla Pinto que me convidasse. Pedi ao meu colega Jorge para dar a minha aula e lá fui. É o preço da fama.

Falei 8 minutos e 30 segundos:
O Ricardo Alexandre  fez a apresentação                                 1:33  -  1:47
Depois falei sobre o título,                                                        7:00  -  9:17
Defendi a saida de Portugal do Euro,                                      35:10 - 36:50
Apresentei uma estimativa "realista" da queda do PIB,             86:05 - 89:50
E, finalmentem, apresentei como solução a Baixa dos salário, 103:30-104:20

Estive a ouvir a gravação e pareço-me muito com o Vítor Gaspar.
E eu que pensava que ele tinha um falar de lerdo!

Hoje o meu aludo defendeu o seu mestrado.
E correu muito bem. Gabaram muito.
À saída estava lá uma daquelas jovens meio perdidas.
Vi logo que era boazinha e depois informaram-me que é ucraniana.
Como parecia estar perdida, estive ali a tentar saber quais as dificuldades dela.
Puxei um bocado pela conversa pois imaginei que, sendo estrangeira, teria dificuldade em compreender que eu só a queria encaminhar.
Quem estava a ver disse que quem estava perdido era eu.
Sou lerdo como o Gaspar e afinal estou perdido.
Vai-se lá saber o que mais vou descobrir sobre mim.

Fig. 1 - Eu quero muito ajudar a menina que me parece perdida.
E ainda dizem os alentejanos que o Adão deveria ter escolhido a ovelha como sua companheira.

Pedro Cosme Costa Vieira

domingo, 13 de novembro de 2011

O BCE não pode imprimir notas

Pergunta-me o Passos Coelho.
- O meu país está com elevado desemprego e o Seguro e o Cavaco dizem que o BC deve inundar tudo com notas.
- Será boa ideia eu também defender isto ou fico na fotografia com cara de burro?

A Curva de Phillips
Existe uma observação dos finais dos anos 1950, a Curva de Phillips, de que nos anos em que há maior inflação, a taxa de crescimento do PIB também é maior.
Como o desemprego diminue quando aumenta o PIB então, verifica-se nos anos 1940-1950 que, quando a inflação é maior, a taxa de desemprego é menor (e vice-versa).
Não havia uma teoria forte que justificasse esta relação mas, com o tempo, ela foi-se entranhando nas pessoas.
Nos anos 1960 começaram a aparecer políticos que prometiam usar a inflação para combater o desemprego e, como consequência, a inflação começou a ser usada como um instrumento de política.
A ideia seria aumentar a inflação nos anos de crise e diminuí-la nos anos de expansão económica.
O que aconteceu foi que a inflação foi aumentado e, de repente, explodiu.

Fig. 1 - Evolução da taxa de inflação na OCDE (fonte: Banco Mundial)

Dizem que o salto de 1973 foi por causa da crise do petróleo mas, a  imposição pelos países produtores de petróleo de subidas nos preços, é antes uma resposta ao aumento da inflação dos anos 1960 sem a correspondente correcção dos preços do petróleo.

Como se relaciona o crescimento com a inflação
Se pegarmos nas taxas de inflação e a taxa de crescimento do PIB dos países da OCDE nos anos disponíveis no Banco Mundial e estimarmos a relação entre as duas variáveis vemos que não existe nenhuma relação. O coeficiente de correlação linear é de apenas 0.034.

Fig. 2 - Relação entre a taxa de inflação e de crescimento do PIB na OCDE (fonte: Banco Mundial)

Estimei (WLS usando a população como ponderador) que

      Cresc_PIB = 2.598 + 0.0202Tx.Inf, R2 = 0.12%

A relação é positiva mas muito pequena e não é estatisticamente significativa (P H0 = 24.5%)
Apenas 0.12% da variação do crescimento é explicada pela variação na taxa de inflação.

Se a relação fosse significativa (e não é), para aumentar a taxa de crescimento do PIB de 1% para 3% seria necessário aumentar a taxa de inflação de 2% para 102%/ano!


O Cavaco e o Seguro estão 30 anos desactualizados.
No principio dos anos 1980 concluiu-se que a Curva de Phillips existe mas que não é um instrumento de política.
Se o BC tiver uma política rigorosa de controlo da inflação, nos anos de crise a inflação desce significativamente o que faz com que exista, uma relação positiva entre taxa de inflação e crescimento.
O BC não consegue controlar perfeitamente a inflação quando há crises.

Fig. 4 - Relação entre as crise de 2007 e a quebra na taxa de inflação (fonte: BCE)

Fig. 5 - Curva de Phillips na Zona Euro (fonte: BCE)

No entanto, o BC não pode usar esta relação invertendo a causalidade.
Se emitir moeda nos períodos de crise, isso não tem qualquer efeito no crescimento do PIB ou no combate do desemprego e descontrola a taxa de inflação.

A Hiper-inflação alemã 1914-1923.
É repetidamente dito que a Alemanha não quer inflação porque teve um período de hiperinflação que levou o Hitler ao Poder.
Na minha opinião as razões estão mais próximas, na década de 1970, em que os alemães verificaram que a inflação apenas leva a nada mais inflação e impossibilita a emissão de dívida pública de longo prazo.
Por exemplo, o Japão que hoje tem um objectivo de inflação de 1%/ano, em 1973 tentou responder à estagnação com 23% de inflação e não de em nada.

Pedro Cosme Costa Vieira

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