quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

A falência da Ricon e da Triumph

Os trabalhadores e os esquerdistas dizem que é má gestão. 
Uma empresa é um processo que acrescenta valor.
Assim, a empresa compra matérias primas (e produtos em curso) que, com capital, trabalho e gestão, transforma em "produto final" que tem mais valor que as matérias primas. A diferença chama-se "valor acrescentado".
O problema está na divisão do valor acrescentado.
Os esquerdistas dizem que todo o valor acrescentado deve ir para salários porque são os trabalhadores que acrescentam valor e, para isso, sobem o Salário Mínimo Compulsivo. Também dizem que o Capital e a Gestão não precisam ser remuneradas porque em nada contribuem para o valor acrescentado.

Mas, final, quem é responsáveis pela falência das empresas?
Como podem, no final, os trabalhadores e esquerdistas virem dizer que as empresas falham por má gestão e obsolescência do capital se, quando têm sucesso, é o trabalhador o responsável pela criação do valor?
Não me parece fazer qualquer sentido mas essa falta de sentido é uma característica das esquerdas.
Sendo assim, o melhor é acabar-se com essas coisas de empresas privadas, proibir o investimento e gestores, e passar tudo ao Estado.
Vamos fazer uma Venezuela, terra de oportunidades e bem estar esquerdista, na Europa.

O problema está no Salário Mínimo.
Desde 1995, nos mandatos socialistas, o salário mínimo subiu uma média de 4,4%/ano enquanto que o crescimento nominal da produtividade se ficou nos 3,4% (dados do Banco Mundial) o que traduz que, cada ano socialista, os custos do trabalho aumentaram 1%.
Os sectores têxtil e vestuário, porque estão muito sujeitos à concorrência internacional, têm a maioria dos trabalhadores a ganhar salário mínimo e não aguentam o constante aumento dos custos do trabalho.
Com a previsão de mais anos de esquerdismo no Governo, estas empresas tornam-se de elevado risco (ninguém quer financiá-las) e não há quem queira compra-las em caso de dificuldades.

O que vai acontecer?
Se os esquerdistas querem continuar a aumentar o salário mínimo compulsivo, têm que ficar contentes quando estas empresas fecham.
Não podem, por um lado, querer maiores salários e, por outro lado, chorar quando  falham as empresas que não os podem pagar.
Agora, os clientes destas empresas vão arranjar fornecedores, dentro da UE, na Bulgária ou Roménia e fora da UE, na China, Índia, Vietname ou Indonésia.

Fig. 1 - Sou eu que faço esta roupinha, na Triumph Indonésia, onde ganho 120€/mês.

Os investimentos da Google e da Amazon.
É a deslocalização que, por um lado, leva as nossas empresas têxteis e vestuário e, por outro, traz estas empresas (e já trouxe as de automóveis).
Mas não é investimento porque o processo produtivo destas empresas não tem capital.
Arrendam umas instalações, instalam uns computadores e uns telefones em leasing, recebem uns subsídios e uns incentivos fiscais e, depois, se a coisa corre mal, fazem como a Qimonda, desaparecem de um dia para o outra. 

Fica o turismo?
Motivado pelos problemas no Norte de África, Turquia e Catalunha, o nosso turismo tem crescido enormemente principalmente nas grandes cidades.
Este turismo é muito bom porque é durante todo o ano e usa capital que existe (as casas servem como hosteis).
O problema que tem é que, por um lado, depende de voos baratos e, por outro lado, se a situação no Norte de África melhora, pode acabar.
Esperemos que não.

segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

A poluição do Rio Tejo e o tratamento terciário

A poluição de um rio não é um fenómeno pontual. 
Vamos imaginar que há um acidente (por exemplo. uma estação de tratamento que avaria) em que são despejados 10000 m3 de água poluída no Rio Tejo.
Como o rio tem pouco volume, essa água poluída vai caminhando rumo ao mar, matando tudo por onde passa. Mas, passando, a poluição acaba para todo o sempre.
Mas a poluição de um rio não funciona assim. São esgotos contaminados que são continuamente despejados e que, por isso, nunca acaba. 

Porque são despejados esgotos contaminados.
Quando despejamos água, esta leva matéria orgânica, principalmente da sanita.
Essa matéria orgânica vai ser capturada nas estações de tratamento de esgotos.
Primeiro, são retirados os elementos sólidos que sedimentam ou são facilmente filtráveis (o tratamento primário), depois são usados floculantes e coagulantes para retirar partículas pequeninas e moléculas dissolvidas (o tratamento secundário) e, finalmente, a água é oxigenada e exposta a bactérias e plantas que vão degradar as moléculas que continuam dissolvidas (o tratamento secundário).
Até aqui tudo bem.
O problema é que, estando as nossas centrais de tratamento vítimas da filosofia do "compacto, pequeno e rápido" e o tratamento terciário precisar de grandes volumes e muito tempo, os efluentes são descarregados nos rios com uma quantidade muito grande de matéria orgânica dissolvida.
Essa matéria orgânica descarregada não é tóxica mas vai roubar o oxigénio e, assim, matar os peixes e anfíbios e potenciar o aparecimento explosivo de insectos (que, normalmente, os peixes comem), mau cheiros e espuma.

Quanta matéria orgânica descarrega cada pessoa?
O problema dos nossos esgotos não está na água que lá metemos mas sim na matéria orgânica que esta transporta pelo que devemos evitar meter no lavatório ou na sanita óleos e comida que devem ser metidos no caixote do lixo (dentro de uma garrafa ou saco de plástico).
Cada pessoa "produz" cerca de 125 g de fezes por dia pelo que uma central de tratamento de efluentes para uma população de 2 milhões de pessoas vai ter que ser capaz de retirar da água 250 toneladas de matéria orgânica por dia.

As fábricas de pasta de papel.
A Celtejo tem capacidade de produção de 200 000 toneladas de pasta de papel (ver) que é feita a partir de madeira de eucalipto.
O problema está no facto de a pasta de papel ter 100% de celulose enquanto que a madeira de eucalipto só tem 52% de celulose! Desta forma, por 1000 kg de pasta de papel produzida, vão ter que ser rejeitados 923 kg de matéria orgânica.

A tecnologia da pasta de papel.
A madeira (52% celulose, 24% Polioses, 20% Lignina e 4% outros) entra e é triturada e misturada com água e Soda Cáustica.
Depois, vai para um digestor onde as Polioses, a Lignina e os outros são separados da celulose ficando dissolvidos na água.
A água rejeitada é neutralizada com Ácido Sulfúrico e depois, vai para o tratamento.
Se a Celtejo produz 200000 t/ano, também "produz" 260 t/dia de matéria orgânica dissolvida na água, tanto como 2 milhões de pessoas, de que se tem que ver livre ao menor custo possível.

A culpa é do Passos Coelho.
Se não estivesse lá o Costa, os esquerdista não paravam de berrar que era a desregulação e a falta de inspecções. Que o neo-liberalismo estava a destruir o pais.
Como está lá o Costa, está tudo calado e, afinal, são sedimentos acumulados nas barragens (no tempo do Passos Coelho).

O que fazem as outras fábricas de pasta de papel?
Como são próximas do Mar, metem tudo num tubo e vão descarregar a alguns quilómetros da costa, onde não se vê nem causa grande dano (pelo menos, os esquerdistas não dizem nada).

Será que a poluição no Tejo coisa tem solução?
Tem três.
Primeira => fechar as fábricas de pasta de papel.
Segunda => fazer um cano ao longo do Rio Tejo até ao Mar (250 km!!!!).
Terceira => fazer tratamento terciário aos efluentes que actualmente são descarregados no Tejo. 

Como deve ser o tratamento terciário.
Faz-se um canal com 25 metros de largura e 2 m de profundidade serpenteando ao longo das curvas de nível para os lados de Coxerro e Salgueiral, onde existem plantas (parece que o Jacinto de Água é muito bom para depurar águas residuais), aeradores e peixes (as carpas aguentam viver nas águas residuais). A extensão do canal terá que ser o suficiente  para que a matéria orgânica seja destruída.
Ouvi dizer que a Celtejo capta e descarrega 15000 m3/dia no Rio Tejo. Se for necessário a água residir 12 meses no canal, serão precisos 110 km.
Fazer o Canal é barato, só ocupa de 1000 ha (que vai ser positiva para a vida selvagem) e tem poucos custos de manutenção e funcionamento.
Penso se melhor investir num canal com 110 km do que ter o Rio Tejo poluído ao longo de 110 km!!!

Este Tejo está uma porcaria

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Israel/Palestina - O problema é ninguem querer resolver o problema

Primeiro, vamos ao problema. 
Como todos sabemos, existe um problema entre judeus e palestinianos vai para muitas e muitas décadas.
Este problema concentra-se num território onde vivem 13,3 milhões de pessoas mas que é muito pequeno, comparável com o nosso Alentejo (que só tem 760 mil habitantes).
A população de Israel/Palestina, cerca de 55% são judeus, 40% são palestinianos e 5% são cristãos.
Acresce a esta população 5 milhões de palestinianos (a maior parte a viver em campos de refugiados) e 7,8 milhões de judeus (a maior parte a viver nos USA) espalhados pelo Mundo.
Sendo eu um democrata e acreditando que as pessoas nasceram para serem felizes e no poder da economia de mercado, interrogo-me porque porque será que os judeus e os palestinianos não conseguem conviver e arranjar soluções para o seu conflito. E existem outros países que, apesar da heterogeneidade das suas populações, são democracias pacíficas (por exemplo, a Suíça com 4 línguas oficiais, a África do Sul com 11 línguas oficiais e a Índia com 23 línguas oficiais).

O problema é a psicologia de porco.
Todos querem estar no mesmo sítio ao mesmo tempo.
Depois da Segunda Guerra Mundial, a generalidade dos países reconheceu que os judeus tinham direito a construir um país lá.
Os palestinianos, estando com mais força, iniciaram uma guerra para expulsar os judeus de lá.
No entretanto, os judeus tornaram-se muito mais fortes e dominaram o território todo.
Agora, países que não têm nada a ver com o assunto (como o Irão ou a Turquia) acendem este conflito porque dá ganhos políticos internos.

Vamos à solução em cima da mesa.
1) Os palestinianos querem ter um país e a maioria dos 5 milhões de refugiados quer viver nesse país.
2) Israel quer ficar com a totalidade de Jerusalém mantendo-se o Monte do Templo com jurisdição jordana.

Problema 1 - Os judeus querem Jerusalém Oriental (área de 64 km2).
Problema 2 - A Faixa de Gaza (365 km²) mais a Cisjordânia (5640 km²) não dão para meter tanta gente.
Problema 3 - A Península do Sinai é desértica.

Solução em cima da mesa
O Egipto disponibilizara-se para "dar" um bocado da Península do Sinai (melhor dizendo, vender aos USA) a nascente da cidade de Arish em troca de Jerusalém Oriental. Está em cima da mesa uma área de 2000 km², com 40 km de linha de costa e uma profundidade de 50 km.
O Egipto disponibiliza-se ainda para fornece "águas sobrantes" do Rio Nilo. Em cima da mesa está um fornecimento de 1000 hm3 por ano de água, quase o dobro do caudal do Rio Jordão, para o qual será preciso construir um canal de 200 km de extensão com capacidade para 30 m3/s. O Canal será pago pelos USA que ainda darão substancial ajuda ao desenvolvimento.

Eu penso que a felicidade vem de trocas e de compromissos.
Vamos trabalhar e, em troca, pagam-nos o salário.
Vamos ao supermercado, trazemos umas coisas e deixamos uns euros.
Não podemos viver numa zona fina (porque é muito caro), vivemos numa zona mais aparolada.
Também no conflito Israel/Palestina é preciso que façam trocas e aceitem compromissos.
Se 2000 km2 não chegam em troca de 64 km2, que peçam mais mas é preciso iniciar-se uma negociação construtiva e não estarem todos, o tempo todo a querer as mesmas coisas sob o risco de passarem mais 100 anos e vermos tudo na mesma (bem, já estaremos todos mortos). 

Fig. 1 - A verde a área a ceder pelo Egipto e a azul o canal a construir

terça-feira, 23 de janeiro de 2018

A notícia falsa sobre o Mundo estar cada vez mais desigual.

A Oxfam anunciou que a desigualdade no Mundo está a aumentar. 
Que cada vez há mais e ricos e também mais pobres. 
Neste poste vou mostrar que isso é uma notícia falsa.
E isto é uma notícia falsa que a nossa comunicação social poderia ter verificado pois nem sequer é verdade considerando os países como unidade de análise, isto é, calculando uma média simples dos países.

A desigualdade acontece por dois caminhos.
O primeiro caminho é porque, dentro de cada país, a desigualdade diminui. Mas o caminho mais importante é porque a desigualdade entre os países pobres e os países desenvolvidos tem diminuído.

O fenómeno da convergência no desenvolvimento dos países (o catching up) é algo que sempre aconteceu e chama-se difusão tecnológica e cultural (os esquerdistas chama-lhe colonização).
Nós ainda vivemos o impacto da "Revolução Industrial" que começou na Inglaterra, depois, difundiu-se para a Holanda, Alemanha, França,  ... e, agora, está a toda a força na China, a começar na Índia, Indonésia, ... e que também chegará a África.
Podemos ver que os 10 maiores países em desenvolvimento onde vive mais de metade da população mundial cresceram entre 1990 e 2016 uma média de 6,0%/ano (ver Tabela 1) enquanto que os 10 países mais desenvolvidos cresceram entre 1990 e 2016 uma média de 1,2%/ano (ver Tabela 2).
Por comparação, nestes 26 anos, Portugal cresceu 1,14%/ano e a Espanha 1,31%/ano. 

Tabela 1 - Crescimento dos maiores países em desenvolvidos, 1990/2016 (dados, Banco Mundial)
País Cresc PIB pc Popul.
China 9,0% 18,9%
Myanmar 7,9% 0,7%
Vietnam 5,4% 1,3%
India 4,9% 18,1%
Bangladesh 3,7% 2,2%
Ethiopia 3,5% 1,4%
Thailand 3,4% 0,9%
Indonesia 3,3% 3,6%
Philippines 2,3% 1,4%
Nigeria 2,3% 2,5%
Total 6,0% 51,1%



Tabela 2 - Crescimento dos maiores países desenvolvidos, 1990/2016 (dados, Banco Mundial)
País Cresc PIB pc Popul.
Korea, Rep. 4,3% 0,7%
United Kingdom 1,5% 0,9%
United States 1,4% 4,4%
Germany 1,3% 1,1%
Brazil 1,2% 2,8%
Mexico 1,1% 1,7%
France 1,0% 0,9%
Japan 0,9% 1,7%
Russian Fed. 0,6% 2,0%
Italy 0,4% 0,8%
Total 1,2% 17,2%



A Oxfam ainda comete outro erro. 
Ao dizer que o rendimento dos 1% mais ricos seria capaz de acabar com a pobreza, não têm em atenção que os bens que os ricos "comem" não se podem transformar em bens que os pobres possam "comer" . Não se pode transformar uma garrafa de champanhe (cujo preço é 200€/garrafa) em  1330 kg de milho (cujo preço é 0,15€/kg).

A desigualdade agrega-se num índice.
O Banco Mundial usa o Coeficiente de Gini que é zero se todas as pessoas tivessem o mesmo rendimento, independentemente da idade, sexo, escolaridade, altura, peso, produtividade!!! e seria 100 se todo o rendimento fosse concentrado em apenas uma pessoa. Eu digo pessoa mas a unidade económica é a família (pois as crianças nunca têm rendimento).
A sociedade igualitária sonhada pelos esquerdistas não é possível porque as pessoas mais inteligentes, criativas e produtoras de valor não se vão esforçar (alguém imagina que o Cristiano Ronaldo jogaria o que joga se ganhasse 1000€/mês?)
O sonho pela sociedade igualitária levou a inúmeros massacres deste os estalinistas, maoistas, dos kmer vermelhos até  aos que aconteceram nas nossas ex-colónias (o 27 de Maio de 1977 angolano foi uma amostra). Interessante o nosso Ministério Público não se preocupar por esses massacres e preocupar-se com a eventualidade de um fulano ter dado 740 mil euros a um português. Venham mais desses angolanos!!!
E nos vistos gold, alguém pergunta de onde vem o dinheiro?
Alguém perguntou a Isabel dos Santos de onde vieram os milhares de milhões de euros que afundou no BCP?

Calculando a evolução do Coeficiente de Gini.
Quando li as notícias, pensei que, pegando nos países como unidade de análise, a média do Coeficiente de Gini estava a aumentar. Peguei nos 27 países com mais de 50 milhões de habitantes (têm 77% da população mundial), fui buscar ao Banco Mundial os dados, preenchi os buracos da base de dados e calculei, para cada ano, a média ponderada do coeficiente usando a população como ponderador. O resultado foi verificar-se uma descida da desigualdade!!!! (ver Fig.1).

Fig. 1  - Evolução do Coeficiente de Gini, 1990-2016, países (dados, Banco Mundial)

Agora, vou usar as famílias como unidade de análise.
Como os países pobres crescem mais que os ricos, tenho que juntar as classes de rendimento das famílias dos diversos países.

Primeiro, vou pegar no coeficiente de Gini e no PIB per capita de cada país e transformar numa distribuição de rendimentos. Adoptei a seguinte forma funcional (e calculei o K para cada valor do coef. de Gini)
Cumulante rendimento = (1+K)^(Cumulante da população - 1)
Esta transformação não é importante desde que se use a inversa para calcular o coeficiente agregado.

Segundo, para cada país e ano, vou dividir a população em 100 escalões e calcular o PIB de cada um deles.

Terceiro, agrego os escalões referentes a cada ano (para todos os 27 países).

Finalmente, pego na distribuição agregada dos rendimentos e calculo o coeficiente de Gini agregado (para cada ano).

Isto não é nada do outro mundo mas é muito, muito mais difícil de calcular do que a evolução da média que apresento na Figura 1. Por isso, seria aceitável que os jornalistas não conseguissem calcular mas, em vez de transmitirem notícias falsas, calavam-se ou pediam ajuda a quem soubesse calcular.

Fig. 2  - Evolução do Coeficiente de Gini, 1990-2016, famílias (dados, Banco Mundial e muitos cálculos)

Vejo uma redução muito grande na desigualdade.
No Mundo, a desigualdade até poderia aumentar em todos os países mas, como o crescimento económico nos países menos desenvolvidos (especialmente na China e Índia onde vive metade da população mundial) é maior que nos países mais desenvolvidos, globalmente, existe uma diminuição na disparidade de rendimento à escala global.

O coeficiente de Gini valia 84,1 em 1990 e diminuiu para 65,0 em 2016!!!
Uma redução muito grande na desigualdade.

Dentro dos países o coeficiente é 38,8 mas, considerando as diferenças entre os países, sobe para 65 (2016)!
Por os esquerdistas só considerarem a desigualdade dentro dos países, pensam que na União europeia a desigualdade é maior do que nos USA quando não é por causa de termos países com elevado PIB per capita e países com baixo PIB per capita.

Notícias falsas!
Talvez isto traduza que a nossa comunicação social, por causa da redução de custos, se está a transformar num agregador de notícias que circulam por ai.
Eu escrevi "talvez"!

domingo, 14 de janeiro de 2018

Será relevante fazer rios artificiais?

Sempre que há necessidade de alterar um rio ... 
Surge um grupo de pressão que se auto-intitula defensor do ambiente a fazer tudo o que estiver ao seu alcance para prejudicar a intervenção.
O problema é que existe algum fundamento para que os rios sejam defendidos da destruição porque um rio tem uma área inundada muito pequena, principalmente nos períodos de verão, e contêm o ecossistema aquático que, sem rio, não pode existir.
Como os ecossistema aquáticos são reduzidos em área e volume e sempre em risco de desaparecimento no verão quando se reduzem a alguns pequenos fundões, naturalmente que têm que ser protegidos.
Mas, penso eu, o problema é que precisamos usar os rios de formas, muitas vezes, incompatíveis com os ecossistemas que lá existem.

Estava no outro dia a ver o Rio Paiva. 
A luz do Sol tem muita energia, cerca de 1000 w/m2, e, como já referi acreditar, talvez daqui por 100 anos (quando já estaremos todos mortos!), toda a energia que usamos em nossas casas e nos nossos carros terá origem directa na luz solar.
Já é tecnologicamente possível transformar a luz solar em electricidade sendo "apenas" necessário resolver o problema dos custos elevados da produção e do armazenamento da energia pois são poucas as horas do dia que tem sol.
Claro que pode acontecer que, semelhante aos actuais cabos de fibra óptica, nesse tempo futuro, vai haver uma rede eléctrica capaz de, à escala global, transportar a energia dos locais com sol para os locais às escuras ou que as baterias serão baratas e usarão materiais que há em abundância mas, enquanto isso não acontece, vai ser preciso usar barragens reversíveis.

Porquê o Rio Paiva.
Numa barragem reversível  existem duas albufeiras, uma de águas vivas e outra de águas mortas. Durante  a parte do dia em que há energia em excesso, bombeia-se água morta para água viva (para cima) e, durante as horas em que há défice de energia, turbina-se a água viva previamente acumulada que se transforma em água morta.
No Rio Paiva, em Alvarenga, existe um local extraordinariamente bom para um sistema reversível que não tem avançado porque "vai destruir o rio menos poluído da Europa".
Mas eu não quero agora falar deste projecto sobre o qual já escrevi qualquer coisa. A questão que eu quero discutir aqui é se poderemos aplicar a engenharia na "criação" de rios e ribeiras artificiais, não poluídos, e onde possa existir um ecossistema ribeirinho semelhante aos naturais.

Qual será a área do Rio Paiva?
O Rio Paiva já é uma coisa grande, drena uma bacia hidrográfica com 850 km2, tem 110 km de extensão desde a nascente na Serra de Leomil até à foz no Rio Douro e um caudal médio na ordem dos 27 m3/s (estimativas a partir dos 25,2 m3/s em Castelo de Paiva / Ponte Bateira) .
Como quase todos os rios, no início começa como um rego de água, muito pequenino, seco a maior parte do ano, depois, passa a uma ribeira atingindo na foz um pouco mais do que 20 m de largura.
Considerando o verão e o inverno, penso ser razoável assumir 9 m de largura e 0,5 m de profundidade  o que faz com que a área total inundada seja de 100 hectares e que o volume de água seja de 500 mil m3.

Será possível construir algo comparável a um rio natural?
O problema dos ecossistemas aquáticos não é o volume de água doce mas sim a falta de locais de águas rasas e fundos de cascalho que são importantes para os peixes pequenos como, por exemplo, a boga, o escalo e o barbo e que estão continuamente ameaçados pela seca, a poluição e que não conseguem competir com a carpa ou são comidos pelo achigã e lúcio que "contaminam" as águas calmas das albufeiras.
Também estou a imaginar os peixes migrantes como a enguia, o sável e a lampreia que não consegum transpor os açudes e as barragens.
Sendo ecossistemas raros e frágeis, penso ser importante experimentar construir rios com águas pouco profundas, menos de 50 cm, fundos em cascalho e águas puras e cristalinas, algo que nunca foi tentado e que deve ser uma área de investigação porque, além da raridade, existem projectos interrompidos que poderiam avançar se houvesse a possibilidade de criar ribeiras artificiais capazes de fazer a "compensação ambiental".

Há exemplos de aumento do volume dos rios mas eu quero mais.
No verão, o volume dos rios de águas rasas diminui drasticamente e o risco de seca total é tanto maior quanto mais pequeno for o rio, o que leva à morte de todos os peixes. Algumas localidades têm feito algum esforço na construção de açudes, principalmente motivados por questões estéticas, para que os rios que atravessam as localidades não sequem, por exemplo, o açude no Rio Mondego em Coimbra. Além do mais, estes açudes não têm o cuidado de ter escadas de peixes!
Mas eu estou a pensar em algo maior, feito em locais com águas puras e totalmente desproporcional relativamente ao que existe. Estou a pensar pegar num pequeno ribeiro em terras altas, ladeado por terrenos sem qualquer valor económico, e transformá-lo num rico ecossistema aquático de águas rasas, ladeado por vegetação ripária.

Fig. 1 - A linha azul escuro é o ribeirito natural e o intestino grosso representa o rio de águas rasas

A tecnologia será pegar num ribeiro de montanha de águas puras e que tenha a montante uma bacia hidrográfica pequena, sendo suficientes 10 km2, e meter em 2 ou 3 quilómetros, um canal com 10 m de largura, 0,25 m de profundidade e dezenas de quilómetros de comprimento (ver, Fig.1 um esquema que pode ter 5 km de comprimento).
Uma bacia hidrográfica com 10 km2 tem uma produtividade anual na ordem dos 3 milhões de m3 de água.
A minha ideia é uma reengenharia dos arrozais de montanha que existem no sudoeste asiático.

Fig. 2 - Arrozais em terraços de Yunnans, Vietname

Vamos então à engenharia.
Como projecto de investigação, vou pensar, olhando para a Fig. 1, um projecto com 10 m de largura e 25 cm de profundidade.
Vou, como projecto de investigação, imaginar um estudo piloto com 10 km de comprimento, um espelho de água com 100 000 m2 de área.

1) Primeiro passo, é preciso garantir água para o verão.
Temos que pensar se A) o caudal de entrada no rio artificial está limitado ao caudal do riacho existente ou se B) vai ser construído um açude que garanta que, no verão, o rio não seca.
Ambas as soluções estão dependentes das perdas de água por infiltração e por evapo-transpiração o que terá que ser medido no local. Por isso, os números que vou apresentar são apenas ilustrativos.
(Vou imaginar que serão perdidos 2 m3 de água por m2 de espelho de água)

A) Para evitar que o rio seque nos finais do verão, é preciso que no fim da primavera, o rio tenha 2,25 m de profundidade o que será um stock de água in situ. No período de verão, a profundidade vai diminuindo até, previsionalmente, os 0,25m.

B) Para a  profundidade se manter constante nos 0,25 cm, é necessário um stock de água que garanta a entrada dos 200 000 m3 que se vão perder durante o verão. Para isso será preciso construir um açude a montante que armazene essa água.
A água circulará por gravidade desde o açude até ao rio artificial.

A e B) Naturalmente, pode haver um misto entre a solução A) e a solução B), por exemplo, uma  variação de profundidade entre 1,25m e 0,25m e um açude com capacidade para 100 000 m3.

A água pode ser re-circulada (para se manter em movimento).
Se o rio artificial tiver uma inclinação de 0,1m por 1 km e 0,25m de profundidade, terá uma velocidade de 0,05m/s e um caudal de 190 l/s (Usando a equação de Manning, com n = 0,05).
Para manter o rio sempre a correr sem entrada de água (re-circulação total) em 100 km haverá um desnível de 10 m o que obrigará a uma bomba de 10 * 0,19 * 9,81 / 90% = 21 kw.

2) É preciso terreno.
O indicado é escolher um local com pouca valia económica, longe de fontes poluidoras e onde haja água pura e cristalina. Assim, o melhor local será no interior, em zona montanhosa. A construção começará num ribeiro e, depois, será construído o canal do rio artificial aos esses, um ou dois quilómetros para a esquerda e, depois, um ou dois quilómetros para a direita , repetindo-se o processo até ter a extensão pretendida.

Fig. 3 - Corte transversal do rio mostrando a vegetação ripária

3) A construção.
Em ambas as soluções, apenas serão usadas duas máquinas. Uma máquina será de rasto para abrir o canal e fazer o dique lateral com a terra retirada na escavação do canal e uma máquina com cilindro para compactar o solo e o dique de forma a reduzir as perdas por infiltração e evitar roturas no dique.
E, depois, o fundo coberto com uma camada de brita que pode ser produzidas no local e pedras.

Fig. 4 - Máquinas a utilizar.

Se o ribeiro tiver uma inclinação de 1%, o que é típico num ribeiro de montanha, se o canal tiver 10 metros de largura e a zona do dique tiver 20 m de largura, num ir e vir, a perda de nível será de 0,30m o que, numa extensão de 3 km, permite um caudal máximo entre 0,13 m3/s (0,25m de profundidade) e 4,00 m3/s (2,25m de profundidade).

Fig. 5 - Juntam-se uma pedras grandes que haja por lá que se usam para fazer uns labirintos e umas zonas de águas mais rápidas (pormenor do início do rio artificial) e a coisa torna-se uma atracção turística (e um instrumento de combate aos fogos florestais).


Antes do Rio vou falar do Rio Caster.
Porque é uma intervenção tipo do que é feito às ribeiras que passam pelas terriolas.
A Ribeira do Castro nasce em Sanfins-Feira e, depois de percorrer uns 20 km, passa em Ovar, meia dúzia de quilómetros antes de morrer na Ria de Aveiro.
Para a coisa ficar mais bonita, a Câmara de Ovar fez um parque urbano que inclui a ribeira do Caster e onde, além do Açude 5 que já existia, construiu mais 4 açudes que travam completamente a migração dos peixes para cima, especialmente da enguia.
Há guarda rios, amigos do Caster e milhares de ecologistas para dizerem mal de tudo mas, neste caso, ninguém diz nada!!!

Mapa da localização dos 5 açudes

Açude 1 - Vista da ponte da R. Elias Garcia

Açude 2 - Parque urbano

Açude 3 - Parque urbano

Açude 4 -Parque urbano

Açude 5 - Vista da ponte da R. Dr. José Falcão

E ainda tem mais um açude para uma ribeira afluente.

Açude 4.1 - Mais um na foz da ribeira que vem de Travanca e que passa no Sobral 

Só agora posso falar da batalha entre o Rui Rio e o Santana Lopes.
A informação que vou dar é totalmente fidedigna e o próprio Santana Lopes o confirmou na sexta-feira à noite "tenho que pensar em quem vou votar".
O Santana Lopes tinha o apoio de 54,37% dos votantes e o Rui Rio de apenas 45,63%.
O problema é que estas eleições eram "os últimos serão os primeiros" pelo que os apoiantes do Santana Lopes votaram no Rui Rio e o apoiantes do Rui Rio votaram no Santana Lopes.
O Rui Rio ainda pediu ao Pacheco Pereira para dizer qualquer coisa sem sentido a ver se perdia mas já não foi a tempo.
Eleger o Rui Rio foi a pior maldade que lhe poderiam ter feito.

Está estudado no markting.
É conhecido na ciência económica como "problema da slot machine". Quando uma pessoa, no casino, joga num slot machine, apenas troca de máquina em condições extraordinárias porque não tem informação sobre as outras máquinas e não quer  ficar com a ideia que "se eu não tivesse mudado, tinha ganho".
Também quando uma pessoa compra um produto, namora com uma mulher, vai a um supermercado, só troca se acontecer algo de anormalmente negativo com a coisa que tem.
Na política é igual.
O Costa só perderá em 2019 se acontecer algo terrível, semelhante ao que aconteceu em 2011 com o Sócrates, em 2002 com o Guterres ou em 1995 com o Cavaco Silva. Não é a oposição que ganha as eleições nem quem lá está que as perde mas são é a conjuntura que faz as coisas mudar.
O eleitor não quer facilmente trocar algo que conhece para algo desconhecido.
Daqui até 2019, vamos ver o Rio aos papeis, a tomar da maldade que fez ao Passos Coelho (ter que ser líder da oposição sem ser deputado) e a sofrer, semana após semana, os resultados negativos das sondagens.

Fig. 6 - "Meu Deus, meu Deus, porque me desamparaste? Com esta é que me tramaram! "

A menos que aconteça rapidamente uma crise económica muito grave, vai ser totalmente trucidado, humilhado, transformado em carne picada e, em 2019, vai ter um resultado muito muito muito muito pior que o resultado que o Passos Coelho teve em 2015 e, quem sabe, até pior que o Santana Lopes em 2005.
No próprio dia das eleições, vai-se embora para nunca mais voltar a ser visto.

Fig. 7 - "Sabes Rio, fiquei tão triste por ter perdido que vim até aqui chorar um bocadinho no ombrinho da Santanette" 

Acrescentei este gráfico para ilustrar o comentário.
Podemos ver na figura seguinte o crescimento do PIB português (linha azul), a tendência que é decrescente (linha castanha) e os períodos de crise (sombreado a cor de rosa).
Pior que as crises é a tendência de crescimento (que se denomina por crescimento potencial) estar continuamente a decrescer e próxima de zero.

Fig. 8 - Taxa de crescimento do PIB português, %/ano, (dados, Banco Mundial)






quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

Como serão determinados os preços?

Quando vamos a uma loja, cada coisa tem um preço! 
O que eu quero transmitir neste poste é complicado pelo que, mesmo esforçando-me bastante e durante vários dias, saiu um texto um "bocadinho" aborrecido de ler. No entanto, peço um pouco de paciência e concentração porque penso que é um texto importante importante para as pessoas que pretendam ficar a compreender a problemática dos preços, porque o preço da água poderia ser menor e como se justifica que certos produtos sejam subsidiados pelo Estado!!!!! que haja descontos e porque o pica deve deixar que os jovens amalucados viagem nos transportes públicos sem bilhete!!!!
A determinação do preço das coisas é um assunto central na Economia de Mercado (a que os esquerdistas chamam Capitalismo) e na gestão das empresas (pois condiciona o lucro).

Nas últimas semanas surgiu por aqui uma discussão sobre preços.
Será que o preço da água é alto ou é baixo?
Será que o preço do Tesla tem baterias para andar ou vai ficar sem gás?
Tal com as dores de costas que atacam as pessoas, também todos nós nos perguntamos volta e meia "porquê este preço?".

Seguindo a metodologia do Equilíbrio Parcial (tecnicamente conhecido por equilíbrio de Marshall, 1890), vou dividir o problema em duas partes: a parte dos produtores e a parte dos consumidores que, depois, se combatem no mercado.

O lado dos produtores.
Os produtores são, de facto, transformadores.
Da mesma forma que o cozinheiro transforma arroz, batatas, couves, cebolas, enchidos e carnes de vaca, porco e frango em cozido à portuguesa, um produtor transforma os inputs (trabalho, capital, bens intermédios, matérias primas e conhecimento) num output (um novo bem).



Uma economia é feita por milhares de produtores interligados por produtos intermédios, capital e conhecimento sendo que cada ligação tem uma quantidade e um preço.

O objectivo da economia.
Muitas vezes vejo escrito que o objectivo da economia é satisfazer as necessidades insaciáveis das pessoas mas isso é o objectivo da engenharia! O que a economia faz é compreender como, enquanto fenómeno social, os produtores se coordenam com os consumidores e tentar desenhar formas de melhorar este processo de coordenação (i.e., melhorar o funcionamento do mercado).
A economia não produz nada, esse trabalho é o da engenharia.
Intermédio entre a engenharia e a economia está a gestão que optimiza processos (como a engenharia) mas que também aproveita o conhecimento sobre o comportamento dos consumidores e dos mercados (como a economia) para aumentar o lucro da empresa.

O que vai fazer o produtor.
A decisão do produtor é tomada em duas fases.
Na primeira fase, o produtor decide o nível do investimento (e a escala do processo produtivo) que, uma vez feito, é um custo afundado, i.e., não tem influência na decisão da segunda fase.
Na segunda fase, tomando a escala como um dado, o produtor decide o nível de produção e o preço a afixar no dia a dia.

Primeira fase = Investimento.
A escala vai ser decidida com base no que o produtor pensa vir a ser a quantidade que o mercado pode adquirir durante o período de amortização do investimento, por exemplo, 25 anos, e o seu preço. Assim, é uma análise especulativa (porque baseia-se em informação que vem do futuro).
Para ilustrar esta decisão, vou imaginar uma rede de abastecimento de água potável.
    População média servida: 250000 pessoas;
    Consumo médio por pessoa ao preço de 0,80€/m3: 250 litros/dia/pessoa;
Consumo médio diário: 250000*250 /1000 = 37500 m3/dia.
Facturação diária: 37500*0,80 = 30000€/dia.

Economias de escala, custo médio e custo marginal.
Duplicar a escala implica um aumento no investimento mas de forma menos que proporcional.
Vamos imaginar que uma escala de 37500 m3/dia implica um investimento de 50 milhões € e quadruplicar essa escala para 150000 m3/dia faz duplicar o investimento para 100 milhões €.
Amortizar um investimento de 50 milhões € em 25 anos com uma taxa de juro de 5%/ano traduz um custo médio do investimento de  9485 €/dia. Duplicar a escala para 75000 m3/dia faz aumentar o investimento mas faz diminuir o custo fixo de 0,253€/m3 para 0,178€/m3. 
O custo marginal é o custo das "ultimas" unidades produzidas. Assim, produzir os primeiros 37500 m3/dia tem um custo fixo médio de 0,253€/m3, os segundos 37500 m3/dia tem um custo de 0,105€/m3 e os terceiros 37500 m3/dia tem um custo de 0,080€/m3, 1/3 do custo dos primeiros 37500 m3/dia.

Escala adoptada.
Apesar de a previsão apontar para um consumo de 37500 m3/dia, como pode haver erros de previsão, variabilidade em torno da média (de dia e no verão o consumo é maior) e perdas da rede, e porque existem economias de escala no investimento, o produtor vai  adoptar uma escala de 100000 m3/dia que precisará de um investimento de 81,6 milhões € que, nas condições consideradas, implicam nos próximos 25 anos um custo fixo de 15500€/dia.
Custo fixo traduz que o produtor tem que o pagar independentemente da quantidade que produzir.

Segunda fase = o dia a dia.
Além do custo fixo, haverá um custo variável que, normalmente, é crescente a taxa crescente com a produção (duplicar a produção mais que duplica os custos).
Vamos imaginar que duplicar o nível de produção vai aumentar os custos totais em 110%. Esta estrutura de custos pode ser condensada numa função isoelástica:
   Custo variável (Q) =  0,086*Q^1,1

Agora, o produtor já tem a função custo total (em €/dia):
       Custo(Q) = 15500 + 0,086*Q^1,1

O preço e o custo médio.
O investimento é uma fase muito delicada porque, se antes de ser feito, a facturação prevista (dada pelo produto do preço pela quantidade vendida) tem que ser capaz de cobrir os custos fixos (a amortização do investimento) mais os custos variáveis, depois de feito o investimento (que é um custo afundado), o produtor passa a poder controlar apenas os custos variáveis.
Assim, se as conjecturas feitas sobre o futuro, a especulação, se revelarem erradas, o investimento pode-se tornar ruinoso (que é o que está a acontecer nos CTT).
Vamos imaginar que, em fase de projecto, o produtor vai fixar um preço de 0,80€/m3.
Neste preço, o produtor está a pensar que vai vender 37500 m3/dia facturando 30000€/dia para cobrir custos totais de 24850€/dia (uma margem de lucro de 21%).

Agora, vem o lado dos consumidores.
Vamos supor que, no futuro, se concretiza mesmo que, ao preço de 0,80€/m3, o produtor consegue vender exactamente 37500 m3/dia.
Acontece que uma das leis da natureza da economia é que, se o preço for menor, os consumidores  vão adquirir maior quantidade.
Esta lei da natureza resulta de:
1) as pessoas substituem os bens mais caros pelos bens mais baratos,
2) o bem-estar que as pessoas retiram de uma unidade de um bem é decrescente com a quantidade previamente consumida e
3) as pessoas de menores recursos passam a poder "entrar no mercado".

Vamos supor que, as pessoas no seu conjunto adquirem a quantidade:
    Qproc(P) = 33540*P^-0,5

Outra lei da natureza da economia é que, quando uma pessoa adquire um bem, fica melhor (porque apenas compra se atribuir ao bem um valor superior ao preço de aquisição).

Será que o produtor deveria fazer descontos?
Com o modelo de custos considerado, apesar de ter capacidade excedentária, o produtor não tem incentivos a aumentar o nível de produção porque, para isso, teria que diminuir o preço a todos os consumidores o que reduziria o seu lucro. Isto acontece porque o produtor é monopolista e não existem alternativas à água (a quantidade adquirida pelos consumidores varia relativamente pouco com a diminuição do preço).
Sendo um monopólio, existe um regulador que vai olhar para os custos totais e vai obrigar o produtor a afixar um preço máximo que cubra esses custos com uma margem, no caso, seria de 0,80€/m3.
Mas a questão é saber se o produtor poderá aumentar o seu lucro fazendo descontos.
Produzir os 37500 m3/dia tem um custo médio total de 0,663€/m3 o que, com a margem de 21%, dá os tais 0,80€/m3. Mas produzir mais 1m3 só vai custar 0,276€/m3 pelo que o produtor terá um aumento do lucro se vender, além do que já vende a 0,80€/m3, esse m3 com um desconto de 50%!
O problema está na "divisão do mercado". Como será possível garantir que a água vendida com desconto não vai fazer diminuir a quantidade de água normalmente vendida a 0,80€/m3?

Escalões decrescentes ou existência de parte fixa.
A decisão das pessoas não tem em atenção a parte fixa do preço mas apenas a parte variável.
Assim, vamos supor que em média as pessoas gastam 10 m3/mês pelo qual pagam 5€/m3. Se o preço  diminuir para 1€/m3 e houver dois escalões (ou uma parte fixa), as pessoas passarão a consumir mais e a facturação aumenta.
Vamos supor a introdução de um segundo escalão com desconto de 60%.
Consumo <=10   =>     5€/m3
                > 10    =>     2€/m3
Se o custo marginal de produção for de 1,50€/m3, o produtor aumentará o seu lucro quando a família adquire mais água a 2€/m3.

É aqui que entram os subsídios!
O óptimo seria o preço ser igual à parte variável dos custos e a parte fixa (que resulta do investimento inicial) ser obtida de forma independente da quantidade consumida, por exemplo, como uma parte fixa na factura.
O problema é que pessoas diferentes (rendimento, idade, estado civil, número de filhos, sexo, escolaridade, estado de saúde, etc.) têm condições diferentes para pagar a parte fixa pelo que essa parte deveria ser diferenciada, uns deveriam contribuir com mais e outros com menos.

E o que será justo?
Tem a ver com a função "bem-estar social".
Quando eu era pobre pensava "o dinheiro só é importante para quem não o tem". Na altura imaginava-me chegar à cantina e não ter os 30 escudos que custava uma refeição.
E por isso é que tenho tanta pena da ucraniana!
É que um euro não é igual para todas as pessoas, para um pobre são duas refeições (compra 10 pães secos) ou uma viagem que demora a pé mais de uma hora. Para um rico, um euro não é nada. Por isso, os ricos têm a "obrigação moral" de pagar mais pelos custos fixos.
Digo "obrigação moral" porque o meu pai andou longos anos a estudar para padre e dizia que a moral da igreja era "cada um contribuir conforme puder e receber conforme necessitar"

É este princípio económico que está em Lucas 21:1-4
1 Certo dia, quando Jesus estava de frente às caixas de ofertas, sentado, observando como as várias pessoas depositavam suas doações e a maneira como muitos ricos ofertavam grandes quantias, 2 notou que também estava ali uma viúva, bem pobrezinha, que se aproximou e despejou numa delas duas pequenas moedas que valiam quase nada.
3 Ele, então, assim que viu isso, pediu aos seus discípulos que prestassem bastante atenção ao que iria lhes dizer, e depois comentou:
— Olhem essa pobre mulher! O pouco que ela deu vale mais do que todas as doações que foram feitas aqui. 4 Pois ela, apesar de sua pobreza material, deu tudo o que possuía, enquanto todos os outros deram apenas o que tinham em excesso. Sua oferta foi realmente de alto valor, pois ela ofereceu tudo o que lhe restava para se manter, seu último dinheirinho.

É sempre óptimo haver descontos.
Este é um problema muito importante na gestão.
Como desenhar um desconto que faça aumentar o lucro da empresa?
É óptimo deixar os jovens amalucados dos bairros sociais viajar nos transportes públicos sem bilhete (se não levantarem problemas) pois ir um a mais ou a menos não aumenta os custos e esses jovens, de outra maneira, teriam que ir a pé! Mas para isso é preciso separar os amalucados dos outros, por exemplo, metendo uma grade que é preciso saltar por cima (como há em Paris onde os gestores da rede de transportes não são mais burros do que os nossos gestores), meter um patim na traseira do autocarro (como tinha o eléctrico), coisas que só os amalucados possam utilizar.

Por fim, os subsídios do Estado.
Quando não é possível diferenciar o que é justo cada pessoa contribuir para a parte fixa, o melhor é haver um subsídio por parte do Estado que cubra esse custo!!!!!
Os impostos servem exactamente para isso, para pagar aquilo onde não seja possível aplicar o principio do "utilizador pagador".
Se ir caminhar precisa de um passeio e não é possível cobrar uma portagem aos peões que passam por lá, o melhor é essa obra ser paga com os nossos impostos.
Claro que há muitas coisas que recebem subsídios e que não deveriam receber mas isso é uma discussão velha e sem solução.

Finalmente, e não tendo nada a ver.
Sou contra o Presidente da República ter vetado a proposta de lei dos partidos que tinha o voto favorável de mais de 95% dos deputados. Não é só o presidente que é um cata-vento. Desta vez fiquei a admirar o PCP que não se deixou seduzir pelo populismo, que defendeu com unhas e dentes o que acha certo mesmo que possa não ser popular.

Contrariamente ao que dizem os comentadores sobres as eleições no PSD, os partidos não devem defender as ideias nem escolher os líderes que a maioria gosta mas sim aquilo que os seus "donos" acham mais adequado. Depois, haverá eleições e um partido ganha e os outros perdem (excepto o PCP e, ultimamente, o CDS, que ganham sempre). Nenhum dos candidatos presta mas escolham o que acharem melhor que ninguém tem nada com isso.
Na América os democratas escolheram a Clinton e os republicanos escolheram o Trump.
O Trump dizia o contrário do que a Clinton dizia e a Clinton dizia contrário do que o Trump dizia.
Quem gostava da Clinton não gostava do Trump e quem gostava do Trump não gostava da Clinton.
Depois, vieram as eleições e os eleitores escolheram.
Os populistas querem um candidato desinfectado, que agrade a toda a gente, tenha um discurso tipo Miss "desejo para o próximo ano paz, harmonia e estabilidade", tipo o cata-vento que temos por aqui.

Sou contra o Estado ter recebido 909 milhões de euros na privatização dos CTT e , agora, porque esse capital tem que ser remunerado, lave as mãos dizendo que não é nada com ele. Claro que os CTT têm que dar pelo menos 65 milhões € por ano para pagar o "juro" dos 909 milhões € (em vez de mandar bocas, os esquerdistas deveriam  disponibilizar-se para devolver o dinheiro da privatização, corrigido dos dividendos e dos juros).

Desejos de bom ano e só espero que o peru não tenha queimado

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