terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Rui Rio: a eleição do alvo!

OK, houve o congresso do PSD e eu não disse nada. 
Já se sabia que o Rui Rio ia ser eleito e a comunicação social transmitiu que a ideia de que ia ser eleito como dirigente do PPD/PSD. Mas não podia estar mais errada.
O Rio foi eleito para alvo, para a "oposição" poder onde fazer tiro ao alvo.
Adivinhando-se uma pesada derrota em 2019, muito mais pesada que a vitória do Passos Coelho de 2015, foi a oportunidade perfeita para arranjar um cristo e crucificá-lo, não numa sexta-feira à tarde, mas ao longo de 18 meses para não haver qualquer hipóteses de, em 2020 ou 2030, alguém vir dizer "o bicho não está na sepultura, se calhar ressuscitou".
Claro que esses que estavam desaparecidos e que agora aparecem, como o Capucho, vão dizer "Mas o Rio foi um super herói, foi o único que teve a coragem de aparecer quando a derrota era certa".
Certo, é isso que acontece aos heróis, travam batalhas impossíveis, levam um tiro entre os cornos e fazem-lhes uma romagem anual à campa.

Fig.1 - O Rui Rio vai ficar, para a posteridade, no meio da galeria dos super heróis.

O PPD/PSD/PS-B.
Será que o PS+BE+PCP+PEV estão a destruir o nosso querido país?
Não.
Será que estamos sob crise grave, guerra ou ameaça de consequências catastróficas?
Não.
Haverá alguma reforma estrutural inadiável, importante para o país, com o desacordo dos esquerdistas e que a geringonça queira fazer nos próximos 18 meses (e para a qual precise do apoio do PPD/PSD)?
Não.
Será que alguma vez o António Costa disse que era preciso um consenso com o PSD?
Não.
Então, porque diabo é que o Rio faz da sua "política de oposição" querer fazer consensos com o PS?
Parece-me que o Rio quer transformar o PPD/PSD num sucedâneo do PS.
à moda do futebol em que os grandes criam as equipas B que jogam na Segunda Liga, o Rio quer transformar o partido do Sá Carneiro, Cavaco Silva, Passos Coelho no PS-B que vai jogar na liga dos partidecos, BE, PC e CDS, a ver quem há-de fazer coligação com o Costa.

O PSD deixou de ser um partido da oposição.
Tem havida algum comentário do PSD às políticas, evolução conjuntural, problemas levantados na comunicação social sobre seja o que for?
Não.
Vou dar um pequeno exemplo.
Em 2016, a geringonça prometeu que em 2017 a receita pública (impostos e contribuições para a SS) em percentagem do PIB iria diminuir não sei quantos pontos percentuais.
Acontece que, veio a execução orçamental de 2017, não só não diminuiu como aumentou (mesmo que muito ligeiramente, de 42,14% para 42,20%).
O PSD veio dizer alguma coisa?
Não.

Vamos ao passado ver o futuro.
Todos pensavam que o Cavaco Silva, o Guterres ou o Sócrates nunca mais de lá sairiam.
Durante esse tempo, os líderes da oposição estavam lá só a encher balões.
O certo é que acabaram por acabar.
Também o António costa, não vejo que mais alguma vez saia de lá.
O certo é que vai acabar por sair mas não será no tempo do Rui Rio.

Guerras que não levam a lado nenhum que não seja à derrota.
O Rio pensa que o PSD é a Câmara do Porto mas é completamente diferente.
Quando foi eleito Presidente da Câmara o seu objectivo era gerir a Câmara.
Quando foi eleito Presidente do Partido o seu objectivo não é gerir o PSD mas, dali, conquistar o lugar de Primeiro Ministro.
Com as guerras que iniciou, até pode "limpar o partido" mas não é isso que interessa.
Devia ter seguido o exemplo do Sérgio Conceição: é preciso valorizar o que temos dentro de casa pois é com eles que temos que ir a jogo todas as semanas e, no final, ganhar o campeonato.
Mas o Sérgio Conceição é muito mais inteligente do que o Rui Rio e, por isso, é que tem um ordenado de 71429€/mês mais prémios chorudos enquanto que o líder do PSD parece que vai receber 4668€/mês dos cofres do PSD.

Fig. 2 - D. Rio - diz Sancho Pança - está a fazer guerra a esses moinhos que são dos nossos!
- Mas eu quero fazer guerra e os moinhos do Costa metem-me medo - diz D. Rio.

terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

A Fabrióleo e a constante litigânica

Foi emitida uma ordem de encerramento contra a Fabrióleo. 
Que, no meu entender, resulta de culpas próprias.
Há pessoas que são "líderes fortes", assumem o confronto, a litigância, a colisão inflamada e a mentira como estratégia de vida e há outras pessoas que são "cordeiros", vulneráveis, vergadas ao "deixa andar que pouco me aflige" e que permitem que esses truculentos obtenham poder, seja nos negócios, no desporto ou mesmo na família. 
Porque é que as mulheres gritam tanto? 
Porque é que o Bruno de Carvalho é tão grosseiro?
Os autarcas, os inspectores, a tutela têm feito o papel de cordeiros porque estas empresas "criam postos de trabalho e riqueza em regiões deprimidas" (e a poluição vai para outros concelhos) mas agora a coisa vai mudar porque os decisores políticos estão pressionados pela "ecological awareness" das populações.

São tudo estratégias de manipulação e imposição de domínio.

Vejamos o caso da Fabrióleo (e da Celtejo).
É um contra-senso mas esta empresa, que até se dedica a uma actividade "amiga do ambiente" (reciclagem de óleos alimentares usados), tem causado graves problemas de poluição no Rio Tejo.
Bem sei que os seus responsáveis negam e negam e negam mesmo havendo cheiro pestilento num raio de quilómetros e a ribeira da proximidade estar cheia de borras de óleo. 
O que me parece é que os seus responsáveis, em vez de resolver o problema ambiental, gastam as suas energias a negar o evidente, a combater em tribunal os resultados das inspecções e a perseguir os denunciantes.
E até lhes foi dado prazo, e até gastaram dinheiro numa ETAR e até fizeram um protocolo com a Universidade Nova de Lisboa para serem feitos "rigorosos testes e pesquisas" mas é tudo fachada, o problema não tem solução porque têm na mente a ideia de que, pela calada da noite, não havendo um inspector a olhar, não tem mal nenhum descarregar.
É como os ladrões que têm a ideia que "Todos roubam e roubar para comer não é pecado". 

Fiz um teste de sedimentação.
Peguei em farinha de trigo e misturei 2g num litro de água (o efluente do processo industrial da Celtejo começa por ter 35 g/litro e, na descarga, só pode ter 0,035g/litro).
Observa-se que, ao fim de 1 hora, a maior parte da farinha já sedimentou mas que, depois, a sedimentação é muito lenta, ao fim de 24 horas, continua em suspensão uma parte da farinha.
Se quisesse tratar 15 mil m3/dia desta água com 1g de farinha por litro, começaria com um tanque primário com 625 m3 que garantiria um tempo de residência de uma hora (com alguma segurança, usaria um tanque com 25 m de diâmetro) e que reduziria a carga em 99% (medido a olho).
No retirar do 1% final é que está o problema.
E é por isso que a Fabrióleio (e a Celtejo) vai encerrar: não se preocupa com o 1%.

Teste de sedimentação com farinha de trigo (2g/litro)

Existe solução técnica.
O problema é que, mesmo que os gestores destas empresas mudem a sua forma de pensar porque "viram a luz", já ninguém acredita neles.
A única hipótese de salvação é copiarem o que fazem os restaurantes falhados: mudar de gerência.
Talvez meter o Sr. Arlindo Marques como responsável pela ETAR com poder absoluto para mandar parar a laboração da fábrica.

Abre com nova gerência, mais preocupada com a poluição.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Corrupção, fraude fiscal e branqueamento de capitais

Terá isto a ver com o Juiz Rui Rangel? 
Quando os crimes são criados na lei, o legislador pensa neles de forma individualizada mas os nossos juízes gostam de atacar à molhada.
Um homem mata uma mulher, mete-a debaixo da cama, lava a mãos, escreve um papel a dizer "Adeus, vou-me matar" e foge. Vem logo a cartilha toda.
Homicídio (certo), violação de cadáver (porque moveu o corpo de sítio), falsificação de documentos (porque escreveu a nota e não se suicidou), destruição de provas (porque lavou as mãos), injúria (porque antes deve ter chamado nomes à mulher), violência doméstica (porque o crime foi dentro de casa), fraude junto da Segurança Social (por causa da pensão de viuvez), obstrução à justiça (porque fugiu), roubo (talvez tenha tirado umas moedas do bolso da morta) e lavagem de dinheiro (lavou as moedas que tinham sangue :-).
Eu penso que se isto acabasse, seria bom para toda a gente.

Vamos então ao caso do Juiz Rui Rangel.
Vou falar do eventual caso de ele ter recebido honorários por uns trabalhos que fez em Angola.
Trabalhar não é crime nenhum, abençoado seja quem gosta de trabalhar, mas é um ilícito disciplinar/laboral porque o contrato de juiz obriga a exclusividade.
Naturalmente, o juiz Rangel deveria ter declarado este rendimento ao Fisco mas o problema é que, apesar de se dizer que a informação fiscal é confidencial, mais cedo ou mais tarde, a entidade laboral iria ter acesso à declaração de IRS descobrindo o ilícito disciplinar.
Como não podia declarar este rendimento, caiu na Fraude Fiscal e como teve que fazer uns esquemas para receber a massa, caiu no Branqueamento de Capitais, tudo por culpa da incompetência do legislador!

Para que servem as leis.
Para o bem da sociedade como um todo.
Na "lei da selva" apenas existe a lei do mais forte o que é mau para a sociedade porque o indivíduo não tem incentivos para mostrar toda a sua capacidade.
Então, ao longo da História, foi-se construindo um quadro legal que foi tornando a nossa sociedade mais rica e os indivíduos mais felizes. 
O legislador quando está a pensar escrever uma lei tem sempre que ter isto na mente: a lei é para melhorar a vida das pessoas.

A separação dos efeitos das leis.
Nós vemos a América, USA, como uma sociedade atrasada, feita de parolos de que o Trump é o exemplo maior mas não é nada assim.
Eles separam as coisas em "Terrorismo com potencial para causar grande dano à sociedade"; "Crimes"; "Coisas pequenas".
No caso do "Terrorismo" vale tudo, até executar a pessoa com um míssil disparado por um drone. Valem escutas telefónicas ilegais, invasões de propriedade, tudo o que seja mas estas provas só podem ser usadas nisto.
Se, por exemplo, nas escutas ilegais à procura do Bin Laden descobrissem "Foi o Cristiano Ronaldo que matou o Eusébio", essa informação não poderia ser usada, seria pura e simplesmente destruída e ninguém o saberia  (lá não há fugas de informação para o Correio da Manhã) nem apareceriam umas "denúncias anónimas" que toda a gente sabe serem os próprios da judiciária a enviar. 
Se, acidentalmente, noutra investigação a um homicídio, se descobrisse que o potencial assassino costumava faltar ao trabalho e que alguém usava um dedo falso em látex para marcar a entrada, essa informação nunca seria usada num processo disciplinar laboral, morreria sem ninguém bufar.

Vamos ao caso concreto da Fraude Fiscal.
O juiz receber em Angola por trabalhos que realizou não é crime, apenas a entidade laboral dele não quer que o faça porque pensa que prejudicará o seu desempenho.
O que interessava ao fisco é que ele declarasse esta verba e pagasse IRS. Acontece que, como não existe confidencialidade fiscal, se o juiz declarasse este rendimento e pagasse o correspondente IRS iria sofrer um processo disciplinar.
Como para o fisco o que interessa é o IRS, deveriam garantir a confidencialidade.

Vejamos como.
Nas declarações submetidas eletronicamente, a declaração deveria ter uma parte "aberta" onde o contribuinte iria inserir os seus dados "normais", por exemplo, o juiz declarava que recebeu 76966,40€ de salário, metia as despesas em saúde, etc. e era calculado quanto tinha que pagar de IRS. Ia ao Multibanco e pagava. 
Depois, a declaração teria ainda uma parte "fechada" onde seria garantida a total confidencialidade. Neste caso, o juiz declarava ainda que recebeu, vamos supor, 10000€ e seria calculada uma parcela adicional a pagar de IRS, por exemplo 4000€. Ia ao Multibanco e pagava esta verba de forma independente. 
Esta informação ficaria confidencial para toda a gente, encriptada com uma chave conhecida apenas pelo declarante. Caso o declarante fosse acusado de Fraude Fiscal, poderia invocar esta declaração "fechada" para se defender.
Mas deveria ser dada total garantia ao declarante que a informação fechada, depois de aberta, jamais poderia ser usada em processo disciplinar (ou outro qualquer). 

Não era fazer como fazem ao Sócrates.
Fizeram uma lei em que, no caso da pessoa trazer dinheiro escondido, pagando 7,5%, mais ninguém lhe iria perguntar de onde veio esse dinheiro. 
Naturalmente que esta lei foi feita para casos de ilegalidade, dinheiro obtido de forma criminosa mais não fosse o tal crime de fraude fiscal e branqueamento de capitais.
O problema está que, apesar de os 7,5% terem sido pago, veio um juiz alegar que "como a propriedade do dinheiro não é do declarante, a lei não se aplica".
Reparem no contra-senso.
Diz a lei que pagando, ninguém pergunta de onde veio o dinheiro. Agora que foi pago, vem dizer que a lei não se aplica e perguntar ao declarante "de quem é este dinheiro?" Não será isto perguntar ao declarante onde arranjou o dinheiro?
E qual seria a diferença de ser o Sócrates o declarante? Só não foi porque tudo bufa e o homem queria confidencialidade.
Se a lei não se aplica, devolvam os 7,5% e o declarante terá que levar o dinheiro de volta para onde o tinha.
Parece-me lógico.

Eu tiro a roupa mas, depois, não podes perguntar se sou um homem ou mulher.


segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

A Eutanásia e a liberdade individual de decidir.

Os esquerdistas defendem o suicídio ajudado pelo Estado. 
Dizem eles que, sendo defensores da liberdade individual, estão apenas a querer dar mais liberdade às pessoas.
Assim, quando uma pessoa quiser acabar com a sua vida, tem direito a ser ajudada pelo Estado a morrer, sem pagamento de taxa moderadora.
(Mas já não é isso que fazem os hospitais com as infecções e as esperas por consultas que chegam a ser de mais de 3 anos?)
Como veem que isto não faz qualquer sentido, começam por dar outro nome à coisa, chamam-lhe Eutanásia. Depois, acrescentam-lhe várias condições restritivas como 1) doença terminal e 2) sofrimento insuportável.
Se querem dar liberdade para quê impor restrições?
Vou tentar rebater estes 3 pontos!!

1 = A Liberdade individual.
Vamos supor que um homem quer trabalhar, tem necessidade de trabalhar e que arranjou um emprego que gosta e onde, trabalhando 12h seguidas, o patrão está disponível para pagar um total de 53€, sendo 35€/dia para o bolso do trabalhador e 18,00€/h de TSU.
O homem acha bem e aceita trabalhar nestas condições.
O homem está na plenitude das suas funções mentais e físicas, garantido por psicólogo e psiquiatra.
O trabalho não lhe causa qualquer dano à saúde, garantido pela comissão independente de inspectores da segurança e saúde no trabalho.
O homem disse de forma clara que quer este emprego e que precisa do dinheiro.
Não é que os esquerdistas proíbem este homem de trabalhar porque 1) as 12h/dia ultrapassam o horário máximo permitido por lei e 2) o salário é menor que o salário mínimo nacional obrigatório!
Mas não são os esquerdistas a favor da liberdade individual?
O homem terá que continuar na miséria ou trabalhar na clandestinidade!

Agora a Eutanásia.
Acabar com a nossa vida parece-me uma coisa muito mais importante do que arranjarmos um emprego qualquer porque a morte é irreversível.
Acabar com a vida é liberdade individual onde o esquerdista diz que ninguém pode meter o focinho. Mas aceitar um emprego já não é liberdade individual, já o esquerdista vai condicionar e proibir.

2 = Doença terminal.
Todos nós sofremos de uma doença terminal!
Até há quem diga que a passagem bíblica do Adão ter comido da "árvore da sabedoria" tem a ver com a humanidade ter tomado consciência (ao contrário dos demais animais e das plantas) de que é certo que vamos morrer.
Qualquer médico pode atestar que vamos morrer.
Quanto ao "atestado a garantir que a pessoa sofre de uma doença terminal que não a normal morte devido ao decorrer dos anos", é muito discutível tal poder ser feito com rigor.
Depois, vou contar a história da minha mãe e da sua morte iminente e em sofrimento.

3 = Sofrimento insuportável.
Todas as pessoas que se suicidam (e muitas mais que não o fazem por falta de coragem) pensam que, naquele momento, o sofrimento pelo qual estão a passar é superior ao suportável.
Isto é uma verdade de Lapalice, se assim não o fosse, não se suicidavam.
Mas, de facto, o suicídio não resulta do sofrimento pois, pessoas em igualdade de circunstâncias, umas suicidam-se e outras continuam com muita vontade de viver. O que dizem os estudos científicos é que, primeiro, o suicídio é o resultado de um estado doentio da mente agudo (isto é, localizado no tempo como um episódio depressivo ou psicótico). Segundo, muitas pessoas dependentes, pensando que são um fardo para a família e para a sociedade, optam pelo suicídio como um acto heróico.
O sofrimento é relativo e pode ser resolvido com soluções terapêuticas, sociais e humanas.

Anda, faz-me sofrer que eu gosto e, no fim, só tens que largar 100€.

 Vou dar testemunho do que se passou com a minha mãe.
A minha mãezinha tem diabetes, demência, alucinações visuais e auditivas, está acamada, faz hemodiálise e sofre de cancro da mama. 
Andava a sofrer de "estado confusional agudo" e, uma noite, pelas 6 h, caiu abaixo da cama , bateu com a cabeça na mesinha de cabeceira e começou a deitar sangue abundantemente. Levei-a a um hospital onde a trataram muito bem e, no final da 6 horas regulamentares de observação, o neurologista chamou-me e disse-me "Fizemos uma TAC, veja aqui, a demência resulta de o cérebro estar reduzido em volume por causa da idade e da diabetes, mas no cérebro não tem qualquer lesão ou hemorragia. Vou dar-lhe alta e nada mais deve acontecer mas, se nas próximas 48 horas houver alguma alteração do seu comportamento, venha imediatamente cá."
Como gritava, tirava a roupa, e estava agitada, na clínica de hemodiálise telefonaram-me a dizer que havia uma vaga noutro hospital para tentar descobrir o porquê do estado confusional.
Passado uma semana, a minha mãe foi internada noutro hospital.
Eu ia visita-la todos os dias mas notava que estava cada vez pior até que, um dia, vi que as pernas estavam muito inchadas (pé diabético) e deitava sangue pela boca.
Eu sou acanhado mas, vendo tão grave quadro clínico, comecei a pedir ajuda e a minha irmã mandou-me uma sms a dizer "as médicas disseram-me que vai morrer daqui a um ou dois dias porque deixou de fazer hemodiálise há já vários dias devido a ter uma metástase no cérebro, terminal, que lhe está a causar muito sofrimento. É a vontade de Deus".
O problema é que nada disso era verdade.
Nem a minha mãe tinha qualquer metástase nem estava com sofrimento nem Deus se mete nisso.
No dia seguinte, recomeçou a fazer hemodiálise.
A médica que falou comigo garantiu-me que tinha uma metástase na cérebro.
E eu perguntei-lhe "Desculpe o que eu vou dizer mas a Sr.a Dr.a viu a TAC? É que eu vi com um neurologista do hospital Z e não tem qualquer metástase."
"Eu não vi mas circula um relatório que diz isso mas, realmente, ninguém fez qualquer TAC."
Quem sofria toda a noite era eu e se eu tivesse dito "OK, eu sofro muito.", lá a velhota tinha ido para o outro mundo sem nada lhe ter sido perguntado. Mas eu disse "Volta para minha casa e Deus que ajude os outros que eu já estou habituado a sofrer".
No entretanto, decorreram 2 anos, recebi os milhares da pensão e a minha mãe continua bem de saúde, melhor do que estava há 2 anos.
Só muito raramente é que tem "confusão aguda".

O impacto económico da Eutanásia, negativo.
Não podia deixar de falar na parte económica do problema.
Vamos supor que o estimado leitor descobria que ia morrer daqui a 30 dias. Será que amanhã iria  trabalhar? Será que iria fazer sacrifícios, poupança ou investimentos? Com certeza que não.
Quando eu tinha 18 anos e entrei na universidade pensei "se me esforçar o máximo por aprender muito e por ter boas notas, vou ter um bom emprego durante 47 anos e uma boa reforma durante mais 20 anos".
Nesse tempo, cada ano de sacrifício, em previsão, transformava-se em 13,4 anos de vida boa.
A nossa decisão económica de hoje (quanto a esforçarmo-nos) depende do que pensamos ser a duração futura da nossa vida.
Quem já não ouviu a frase "já estou velho para me aborrecer"?
Quanto mais longa pensamos ser a nossa vida, mais sacrifícios estamos disponíveis a fazer no presente porque o período de amortização é maior.
Esses sacrifícios traduzem-se em mais trabalho, mais criatividade, mais produtividade, mais poupança, mais hábitos saudáveis.

Eutanasiar as pessoas aos 110 anos.
Imaginemos uma pessoa que quer ter sempre o mesmo rendimento disponível (teoria do rendimento permanente).
A pessoa começou a trabalhar aos 20 anos, ganha 1000€/mês e desconta 25% para a reforma (tem disponíveis 750€/mês).
Se pensar que vai durar até aos 90 anos, vai querer trabalhar até aos 72,5 anos.
Se pensar que vai durar até aos 72,5 anos, vai querer trabalhar até aos 59,4 anos.
Se pensar que vai durar até aos 59,4 anos, vai querer trabalhar até aos 49,5 anos.
...
Se pensar que vai durar até aos 30 anos, vai querer trabalhar até aos 27,5 anos.

E o sofrimento?
O sofrimento também tem um impacto positivo nas nossas decisões económicas porque, ao anteciparmos esse sofrimento, vamos tomar medidas que, potencialmente, o vão diminuir.
O fumador deixa mais depressa o vício se pensar "vou ter cancro e sofrer muito durante muito tempo" do que se pensar "se vier a ter cancro, suicido-me".
O temente a Deus cumpre mais os mandamentos se pensar que, cometendo pecados, "vai arder eternamente nos confins do Inferno". Mandar meios aéreos para apagar o incêndio infernal apenas nos irá tornar mais pecadores.

Em que condições concordaria eu com a eutanásia?
Se uma das condições de aplicabilidade for "A pessoa tem que ter pelo menos 110 anos".
Até podem tirar de lá todas as outras condições, incluindo o estado de lucidez e o consentimento informado.
Chega aos 110 anos, pumba, eutanásia com um tiro no cachaço.
Será de aplicabilidade tão restrita (como muitas leis que existem por ai) que em nada me afligiria.
Caso não esteja, sou totalmente contra.

Vejam as 8 pecinhas de roupa  que comprei no "cigano da pala no olho" por 8€ (excluindo a T-Shirt que encontrei no caixote do lixo)! O casaco bege é Karl Kani, a camisola azul é Quebramar e as calças de ganga são Pierre Cardin!!!!! 

Lembram-se da Lei da Barriga de Aluguer?
Foi aprovada em finais de Junho de 2017.
Como eu previ, são tantas as limitações que, nos últimos 7 meses só se aplicou a dois casos!
Tanta coisa para 2 casos.
A eutanásia depois dos 110 anos talvez tivesse 2 casos por ano mas era uma lei dos esquerdistas a "dar liberdade".

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