quinta-feira, 5 de maio de 2016

Uma pequena nota sobre o défice de nascimentos.

Hoje está-se a discutir no parlamento incentivos à fertilidade.
Para na geração seguinte haver tantas pessoas como na geração actual, cada mulher tem que ter, em média, uma filha o que resulta em 2,07 filhos (nascem ligeiramente mais homens do que mulheres). Ora, o último ano em que esse número de equilíbrio se observou foi em 1982, já lá vão 34 anos.
Assim, apesar de ser sempre anunciado como um problema que precisa de rápida intervenção, já dura há 34 anos e nada de eficaz foi feito porque, ano após ano, caiu.
claro que os esquerdistas gostam de dizer que é um problema criado pela direita e as suas políticas destruidoras da economia. Mas atentemos aos números.
Quando o Guterres entrou (1995) era de 1,41 f/m. Foram criados não sei quantos instrumentos e mecanismos (o famoso "ter filhos para receber o rendimento mínimo") e quando saiu (2002), a fertilidade estava em 1,46 f/m, umas 5 centésimas a mais que nem dão para o erro estatístico.
Quando Sócrates entrou (em 2005), estava de volta aos 1,41 f/m e quando saiu (2010) já tinha caído para 1,39 f/m.
Agora, está em 1,21 f/m.

Porque será que não nascem crianças?
Há muitas opiniões mas nenhum estudo científico que identifique os instrumentos que permitam fazer aumentar o número de crianças que nascem todos os anos.
Será o aborto ser livre?
Será as pessoas não irem à missa?
Será não haver infantários?
Será a política neoliberal do Passos Coelho?
Será a pobreza?
Cada cabeça opina uma hipótese mas não existe nenhum estudo que diga que "por cada 1000€ investidos em infantários, nascem mais 0,3 crianças" ou "se aumentarmos a licença de maternidade numa semana, nascem mais 1472 crianças/ano."

Apenas sei duas regularidades estatísticas.
Pegando nos dados do Banco Mundial, sei que a diminuição da fertilidade é um fenómeno global que tem como principais variáveis o tempo e o rendimento.

A variável ano.
Cada ano que passa, nascem menos filhos por mulher.
Se houve uma redução em Portugal (nos anos 1960 nasciam 3,1 f/m e agora nascem 1,2 f/m), também houve uma redução à escala mundial (nos anos 1960 nasciam 7,5 f/m e agora nascem  3,7 f/m).


Evolução da fertilidade ao longo do tempo, 1960:2014 (dados, Banco Mundial)

A variável rendimento.
Contrariamente ao que se possa pensar, é nos países pobres onde a fertilidade é mais elevada. Assim, considerando 227 países e a média dos últimos 10 anos, quando um país aumenta o seu rendimento em 10%, a fertilidade diminui 3%.

Evolução da fertilidade com o PIB, 227 países, 2004:2014 (dados, Banco Mundial)

 E o que poderá ser feito para aumentar o número de nascimentos?
Noutros postes, já avancei várias medidas possíveis mas a principal é haver uma alteração de mentalidades. 
A criança (e, genericamente, a sexualidade) tem que deixar de ser vista como algo de criação divina e passar a ser vista como o output de um processo produtivo que tem que responder ao menor custo a um mercado em crescimento.
Se há um défice de 50 mil crianças por ano, talvez a Geringonça abrir um concurso público a ver quem as consegue fornecer ao menor preço. Talvez o caderno de encargos diga "Criança com 3 anos, que fale português como primeira língua, pronta a entrar no ensino pré-primário, filha genética de pais com naturalidade portuguesa ou que residam em Portugal legalmente há mais de 5 anos".

A esquerda não deve gostar das crianças.
Porque são feitas por empresas privadas.

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