segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

O Rui Rio perdeu porque não se pode ganhar sem pelejar.

O Rui Rio pensava que ganhava sem fazer oposição.

Bastava aguentar firme no sítio certo, vencer as batalhas internas do PSD como se fosse um boneco-sempre-em-pé, para logo o PS perder e a vitória cair no seu regaço caída do Céu. E com a vitória caída do Céu viria o cargo de primeiro ministro de Portugal. 

O desgraçado até já tinha nomes para os ministros. Até tive pena dele e imaginei quanto se riram aqueles que ele, internamente, derrotou. Pensaram para com os seus botões "Fogo, livrei-me de boa! Esta derrota estava reservada para mim. E eu que nem percebo alemão!"

A Aranha lança a teia e espera que o vento a leve até aos pretendidos longínquos lugares.

O Rui Rio até criou o Conselho Estratégico Nacional com pompa e circunstância

Mas nunca o deixou funcionar.

Lembro-me bem dos membros do "CEN - Economia e Empresas" quererem pelejar mas o Rui aplicou-lhes a pena do silêncio e meteu lá outros, bem caladinhos. 

Até tive, agora, curiosidade em ver os nomes que lá estão, Rui Vinhas da Silva, Francisco Catalão e Afonso Oliveira. Têm bom aspecto e são pessoas de muito valor mas nunca os vi na comunicação social. Alguém já ouviu estes senhores dizerem alguma coisa crítica às políticas económicas do Costa? Eu nunca ouvi nada.

Se nunca apareceu ninguém a apontar erros das políticas económicas do Costa, como pode algum eleitor pensar que o Costa estava a fazer um mau trabalho?

O Rio nunca se preocupou em arranjar argumentação. Deixou o Costa fazer o que quis e pôde para acreditar que, no fim, ganharia as eleições com a ajuda do gato.


Vou dar 2 exemplos.

1) O Costa prometeu que vai subir o Salário Mínimo para não sei quanto. O Rio veio dizer outra coisa qualquer. Apareceu alguém ligado ao PSD a explicar porque razão a política do Costa está errada? É que, para a generalidade dos mais pobres, a subida do SMN parece uma boa ideia.

Sem convencer os eleitores de que é uma má ideia subir o SMN, ao dizer "não garanto nada" apenas está a mandar votos pela janela fora.

Se o Rio pensa que a política "subir o salário mínimo 6%/ano" é errada e causa prejuízo às pessoas, tem que estudar uma argumentação capaz de convencer os eleitores disso.

2) O Costa prometeu descer o IRS e, no futuro, o IRC. O Rio prometeu descer o IRC e, no futuro, o IRS. A descida do IRS afecta mais eleitores (foi a promessa da IL em descer o IRS para 15% que lhe deu os 8 deputados) pelo que o Rio teria que convencer os eleitores que a prioridade do Costa estava errada.

Nada fez, apenas repetiu "Comigo será assim ..."


O Costa é "político"

As contrário do Passos Coelho ou do Cavaco Silva que se concentravam no "bem do pais" (fosse lá isso o que fosse), o Costa pensa que "o povo é quem mal ordena" e, por isso, apenas implementa políticas que agradem ao povo. 

Vamos supor que o Costa sabe que subir o salário mínimo 6%/ano é mau para a economia mas não consegue convencer os eleitores disso. Então, vai subir o SMN ao mesmo tempo que faz algo discreto que compense o "prejuízo", por exemplo, vai dar um subsídio aos empregadores.


O Rio errou em não fazer coligações à direita.

Bem, agora é fácil dizer isto mas, como propus, faziam listas juntas (PSD, CDS, CHEGA, IL, PPM e mais quem quisesse) e, no final, distribuía os deputados a partir de uma sondagem à boca das urnas.

O Rio pensava que ia absorver os votos todos da direita dizendo que é da esquerda. Digamos que as pessoas estavam obrigados a votar nele, o discurso foi apenas "Eu ou o Costa" como se isso fosse uma grande ameaça.

Se fosse assim, não havia pessoas adeptas de equipas que perdem sempre! Aquele adepto do Arouca que, ouvindo "Se o Arouca vencer o Porto, o Benfica ganha o campeonato" está-se a borrifar para isso, quer ver é o seu Arouca a ganhar ao Porto.

Quem votou no CHEGA não foi para o André Ventura ganhar, foi porque gosta deste "pequeno clube". 

E algum dos 22553 que votaram no Tino pensou que ele ia ser eleito deputado? Não, gosta dessa personagem.


Em agora, PSD?

O CDS, tenho pena do coitado Xicão porque se esforçou, lutou para, no final, se passar um esquadrão de cavalaria à desfiada na sua cabeça não encontrar um único deputado! Dizer isto ao André Ventura foi baixo já que nunca disse nada parecido aos da extrema esquerda. E logo ao André Ventura que, tal como ele, nunca perde a Santa Missa Dominical.

O PSD, digamos que me posso enganar, mas vai ter tempos difíceis. Que nome tem o PSD para líder? Está tudo morto, o Rio afogou toda a gente.

A menos que venha por ai uma crise grave, vamos ter Costa por muitos e muitos anos.

Sendo assim, só posso desejar ao Costa "Bom trabalho".


Finalmente, o ERRO das sondagens.

As sondagens nunca erram, quem erra são os comentadores.

Perguntam a 150 pessoas em quem vão votar e, a partir dai, passam horas e horas de análise nas televisões. Reparemos bem, havia 9 milhões 298 mil e 390 eleitores dos quais votaram 5 milhões 389 mil e 705 pessoas e discutem-se previsões como se fossem a verdade telefonando a 150 dos 9 milhões. Mesmo que sejam 1200 pessoas inquiridas, cada telefonema vai representar 7750 eleitores!

Alguém no seu juízo perfeito acha que sairá dali uma previsão com um erro tão pequeno que se consigam descortinar os resultados finais?

Nem pensar, qualquer resultado eleitoral é, estatisticamente compatível com as sondagens apresentadas.


Mesmo assim.

Se pegarmos em todas as sondagens entre Outubro de 2019 e meados de Novembro de 2021 (um total de 59636 inquiridos), a diferença entre o PS e o PSD é de 11,9 pp, sendo que o nível de confiança de 95% indica um intervalo entre 6,6 pp e 17,2 pp.

A diferença no resultado final das eleições foi de 13,9 pp, bem dentro do intervalo de confiança.

O problema é que, prevendo o conjunto das sondagens usando 59636 inquiridos um intervalo tão grande, qual o erro de perguntar apenas a 600 pessoas?

E é muito diferente a diferença ser 6,6 pp ou 17,2 pp.


Voltamos aos clubes.

Fala-se nas TVs horas e horas sobre um simples lance de futebol. Naturalmente, também se falam horas e horas sobre uma sondagem que não contém quase nenhuma informação.

Se for barato meter 4 pessoas num estúdio e isso tiver espectadores, avança-se com esse "balde de plástico".


quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

A alegada seca na Barragem de Santa Clara - Odemira

É um discurso recorrente de que há cada vez menos chuva.

Mas não existe evidência de que isto esteja a acontecer.

Por exemplo, peguei na estação de medida de caudais de Ponte da Barca (que mede o caudal do Rio Lima) e vi os dados disponíveis pelo SNIRD desde 1/10/1990 (que é quando começa o ano hidrológico).

Escolhi esta estação porque a água do Rio Lima não é usada a montante de Ponte da Barca para rega.

Estranhamente, considerando apenas os anos em que há dados contínuos (desde 22/01/2003, últimos 6013 dias) o caudal tem aumentado 0,5%/ano, aumento significativo (t = 2,27).

Fig. 1 - Caudal do Rio Lima em Ponte da Barca (dados, SNIRH)

Onde há rega a montante ...

Antigamente não era possível bombear a água. Agora, com a descida do preço das bombas de água e das canalizações, os rios sofrem de "sangria".

Mas não é o caso da Barragem de Santa Clara pois esta encontra-se na montanha. Esta barragem está sempre com níveis relativamente baixos porque é uma barragem muito grande, capaz de armazenar a chuva de vários anos. 

Para ficar com uma ideia, o caudal médio anual do Rio Mira na entrada a albufeira é de 78 milhões m3 por ano e a barragem tem capacidade de armazenamento de 485 milhões de m3, o que traduz que a barragem é capaz de armazenar a água de 6 anos e ainda vai sobrar um bocadinho.

Desta forma, a albufeira estar sistematicamente a 40% (água correspondente a 2,5 anos) é uma gestão óptima pois diminui a evaporação.


Porque será que a barragem de Santa Clara é tão grande?

Porque foi feita no tempo do Salazar e este pensava sempre a muito longo prazo, pensava que Portugal era eterno!

A ideia do Salazar era que os futuros governantes portugueses fossem buscar água mais a jusante, mais próximo da foz do Rio Mira, mais para os lados de Vila Nova de Mil Fontes, e que bombeassem essa água para cima, para a barragem. 

Em termos de engenharia, a sua ideia era fazer um açude na confluência da Ribeira do Torgal com o Rio Mira e bombear essa água para cima, para a albufeira da Barragem de Santa Clara.

Mais tarde, talvez fosse económico bombear água ainda mais abaixo, mais próximo do mar.

Isto até pode parecer uma maluqueira mas é o que fazem na Califórnia!


A água e o crescimento da economia.

Toda a gente diz querer que a economia cresça mas, quando aparecem coisas que a podem fazer  crescer, logo dizem ser contra.

No caso em concreto, a água tem que ser utilizada onde gerar mais valor. Se, por exemplo, regar arroz produz 0,10€/m3 de valor e regar framboesas produz 0,10€/m3 de valor, temos que deixar de utilizar água no arroz (importa-se de países asiáticos) e passar a utilizar a água nas framboesas (que se exportam para o norte da Europa e, com o dinheiro, mais do que pagamos o arroz importado).

Seguindo o mesmo pensamento, se um campo de golfe gera 1,00€/m3 de valor e a agricultura gera 0,50€/m3 de valor, temos que deixar a agricultura e passar para o golfe.

Lutar contra a afectação dos recursos nas actividades que geram mais valor apenas porque não é tradicional ou, alegadamente, inimigo do ambiente, é o que condena a nossa economia à estagnação.

E com economia estagnada, o nível de vida não pode melhorar.


Parece que o povo português está confortável com a actual situação.

Se a economia portuguesa cresceu qualquer coisa a partir do fim de 2012, tal deve-se apenas às reformas impostas pela Troika.

O problema é que logo elegemos um governo porque prometeu anular tudo o que foi feito no tempo da Troika.

Não podemos ter "sol na eira" (salário mínimo como o dos países mais ricos da Europa, contratos de trabalho fortes, manutenção da tradição no uso da terra e da água) e "chuva no nabal" (maior nível de vida, menos impostos).


quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

O que dizem as sondagens a 4 dias das eleições?

Aproximamo-nos do dia das eleições legislativas e a coisa está por uma unha negra.

A fonte dos meus dados são as sondagens publicadas que, depois, sofreram transformações a meu gosto.

Primeiro, peguei nas 95 sondagens recolhidas pelo site https://sondagens.rr.sapo.pt/, e que totalizam um total de 70736 respostas espalhadas entre 25/10/2019 e 20/01/2022.

Segundo, calculei a média ponderada pela dimensão de cada amostra das sondagens de cada empresa e o desvio dessa média para a média global (de todas as sondagens).

Terceiro, "corrigi" cada uma das sondagens pelo desvio da empresa.

Quarto, calculei a diferença entre o PS e o PSD que lancei num gráfico os dados desde 1/02/2022 onde acrescentei o ajustamento automático pela função X^4.

O que se vê nas sondagens é que 

A) Até ao chumbo do orçamento de estado o PS estava com uma vantagem na ordem dos 13 pontos percentuais

B) Desde o chumbo do OE, a vantagem do PS começou a cair e está, neste momento, próximo dos 4 pontos percentuais, com duas sondagens recentes a indicar ainda menor vantagem.

Fig. 1 - Vantagem do PS relativamente ao PSD

Fig. 2 - Desvio de cada empresa relativamente à média ponderada das sondagens


Agora, vamos aos deputados e aos blocos Direita/Esquerda.

A média PS/PSD é de 34% dos votos o que traduz que teremos PS = 36%  e PSD = 32%. Estes resultados são os mesmos da RR.

Pegando nas estimativas para os outros partidos da RR, ficamos com: 

Fig. 3 - Próxima Assembleia da República atendendo às últimas sondagens


O PS precisa do BE e da CDU!

A Esquerda está com uma vantagem confortável pois a direita tem os resultado de 2015 (quando a PaF teve 108 deputados e não se aguentou).

Ainda é preciso a Direita subir um pouco, mais 7 deputados, para poder formar governo pois tenho a certeza que, por mais que gritem e berrem, nunca o BE e a CDU vão deitar abaixo o Costa estando em jogo a formação, em alternativa, de um governo de Direita.

Esperemos pelo Futuro que está sempre a ser criado.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

A direita precisa do CHEGA porque capta votos na extrema esquerda

Os analistas políticos colocam os eleitores numa linha esquerda-direita.

Essa linha vai da extrema esquerda (onde estão o BE e o PCP) até à extrema direita (onde está o CHEGA).

Pegando então no Modelo de Hotelling na sua forma mais básica (agentes económicos com apenas um estabelecimento), concluem que os eleitores dos partidos dos extremos são totalmente diferentes e que um partido apenas será vencedor se se localizar no centro.

Para ser mais fácil ler o gráfico, consideremos que os partidos são padarias que se encontram num determinado território e que os clientes compram na padaria mais próxima de casa. Se cada padaria estiver no seu sítio, os que estão mais próximas do centro captam mais clientes, acabando todas por se mudar para o centro (é por isso que as cidades têm centro).

Por causa desta análise, todos os partidos se dizem de centro, seja, grandes como o PS ou o PCD ou pequeninos, desde o RIR até a LIVRE passando pelo PAN, que não se cansam de dizer que não são  a esquerda nem a direita, antes o meio que vai fazer a ponte.

Mas este modelo está errado por ser a versão simples (cada padaria só tem um ponto de venda, um estabelecimento).

Fig. 1 - Resulta do modelo base de Hotelling que todos querem estar no centro


Modelo de Hotelling com dois estabelecimentos.

Agora, o estabelecimento "A" vai abrir o estabelecimento "A1" bem na "extrema" de um concorrente. Em termos de partidos, um que se diz do centro vai usar um da extrema com o qual, depois, vai fazer uma coligação (por exemplo, o PS com o BE e o PCP).

O "extrema" vai poder dizer coisas que nem fazem todo o sentido mas também nem todos os eleitores têm um pensamento lúcido.

Fig. 2 - A abertura de um estabelecimento vai permitir a "A" ganhar mercado esmagando o "C"

O resultado do modelo de Hotelling com vários estabelecimentos não é estarem todos no centro mas sim uma dinâmica em que aparecem e desaparecem estabelecimento de forma a dificultar o ajustamento da concorrência.


O BE já foi um estabelecimento novo na extrema esquerda.

Também surgiu o PAN como um estabelecimento da esquerda mas a entrar na moda dos movimentos "verdes".

Agora, apareceram o CHEGA e a IL como estabelecimentos novos da direita.

O CHEGA vai captar os eleitores desmiolados, velhos, pobres, rurais e desdentados que iam para o PCP e algumas franjas esquerdistas do PS.

A IL vai captar os eleitores desmiolados, novos, ricos, urbanos e de dentição branqueada que iam para o BE (a esquerda caviar).

Os dois juntos, esmagam os estabelecimentos da extrema esquerda.


Todos os partidos que tenham votos são utilizáveis.

O PSD ainda não pode dizer que, caso a direita tenha maioria, que vai coligar-se com o CHEGA pois isso retirava-o do centro. Além disso, prejudicava o CHEGA dificultando a captação dos eleitores do PCP.

Mas, no final, e caso o PSD ganhe (o que é altamente improvável em 2022), até a URSS conversava com os USA.


Quanto às sondagens.

O PS ainda tem muita vantagem.

Mas acontecem milagres, o Rio está a fazer uma boa campanha e o Costa já nem fala da BAZUCA, está à defesa.


quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

Será que diminuir os impostos faz a nossa economia crescer?

 Na campanha eleitoral, muito tem se anunciado descidas de impostos.

Dizem todos os candidatos, da esquerda e da direita, que é preciso descer os impostos. Dizem os da esquerda que a descida dos impostos é para aumentar o rendimento das famílias e dizem os da direita que a descida dos impostos é para favorecer o crescimento económico.

No fundo, estão todos errados pois a diminuição dos impostos nem aumenta o rendimento das famílias nem aumenta o crescimento económico!!!!!!!!!


Os impostos financiam a despesa pública.

Se o Estado cobra 100€ de impostos, pode ter uma despesa de 100€. Se o Estado diminui os impostos para 90€, tem que diminuir a despesa pública para 90€.

Simples como a contabilidade de uma mercearia já que o dinheiro não cai do Céu.

Então, quando um político fala em diminuir o IRS em 500 milhões € tem que dizer ao povinho ignorante onde vai cobrir esse buraco, onde vai aumentar os outros impostos em 500 milhões € ou onde vai cortar a despesa pública em 500 milhões €.


Para compreenderem isto imaginem uma família.

Em termos mensais, o homem ganha 1000€ e é-lhe imposto que dê 500€ à mulher. Depois, o homem dá 400€ e a mulher outros 400€para as despesas comuns da família (que somam 800€).

A mulher representa o Estado a quem damos os impostos para ajudar nas despesas em saúde, ensino, segurança, etc.

Agora, vamos diminuir a percentagem que é imposto ao homem, mulher passa a receber menos dinheiro pelo que não pode contribuir de igual forma para as despesas da família. Se o homem dava 500€ à mulher e 400€ para a despesa da família, passará a dar 300€ à mulher e 600€ para as despesas da família.

Fica tudo na mesma.


Vou agora investigar o impacto dos impostos no crescimento económico.

Fui ao Banco Mundial buscar dados sobre a despesa pública e o crescimento económico e calculei a média para a década 2010-2019.

Retirei os países sem dados e fiquei com 75,4% do PIB mundial (preços constantes USD de 2015).

Meti os dados num gráfico e juntei a média exponencial ponderada pelo PIB. Trunquei este gráfico aos países mais semelhantes ao nosso, isto é, aos países que têm despesa pública maior do que 25% do PIB (nós temos 42%). No gráfico não se consegue validar a hipótese de que os países com menos despesa pública (e, consequentemente, menos impostos) crescem mais do que os outros.

Não havendo relação significativa, em linguagem economista, dizemos que existe neutralidade dos impostos no crescimento económico.

Fig. 1 - Relação entre a despesa pública e o crescimento económico.


O que faz sentido é melhorar a eficiência com que é feita a despesa pública.

O anúncio não deveria ser "vamos diminuir os impostos" mas sim, vamos re-estruturar a despesa pública de forma a que a economia funcione de forma mais eficiente.

A IL e o CHEGA não se deveriam concentrar na TAP, CGD ou outra coisa mediática urbana mas nas coisas mais pequenas e que terão mais impacto directo na vida das pessoas. 


Vou dar uns exemplos que tenho repetido sobre a ruralidade.

Porque razão nas aldeias as pessoas não podem fazer uma casinha onde bem precisam e com as condições que podem pagar? Porque razão uns burocratas sentados em Lisboa proíbem que um pobre ou remediado faça uma casinha mesmo que abarracada e de mau gosto mas adequada aos seus rendimentos, perdida algures em Olho do Cú de Judas?

Porque razão nas vilas e localidades suburbanas que serão os locais adequados para as pessoas da classe média/baixa terem a sua casinha, existem tantas limitações à construção de habitação? Porque existe reserva agrícola a meia dúzia de quilómetros do centro de Lisboa ou do Porto, terrenos necessários para habitação, quando há milhares de terrenos agrícolas abandonados  no interior?

Esses burocratas a quem estão a proteger quem?

A ninguém que não a si próprios, para justificarem a sua importância (que, de facto, não é nenhuma) de forma à mamadeira continuar.


terça-feira, 11 de janeiro de 2022

O André Ventura não quer a prisão perpétua mas o "tratamento" administrativo.

Uma das bandeiras do CHEGA é a prisão perpétua (mas mitigada).

Nos programas de crime americanos vemos que existe a "life sentence" que depois  pode ter "parole" ao fim de determinados anos, por exemplo, 25 anos. Esta sentença traduz que o condenado irá passar 25 anos na cadeia e, depois, será libertado mas continuará seguido até ao fim da sua vida por um "agente de acompanhamento da liberdade condicional".

Este tipo de "prisão perpétua" não é, como querem fazer acreditar os nossos esquerdistas,  algo de ditaduras da extrema direita mas existe na maioria dos países democráticos mesmo nos nossos parceiros europeus, sejam governados pela esquerda ou pela direita.

Mas o nosso povo não quer mesmo isso, quer antes um tratamento administrativo. Vejamos o que o povo quer.


O tratamento policial do tempo do Salazar.

Diz o povo que "No tempo do Salazar havia respeito" e tal devia-se à existência de um sistema policial que funcionava como tribunal criminal informal. Este sistema investigava, decretava sentenças e executava a pena, tudo à margem da lei vigente mas com a conivência das verdadeiras autoridades judiciais.

Dois agentes da GNR deslocavam-se a pé a uma aldeia qualquer onde tinha havido o roubo de um pinheiro. Davam duas voltas por ali e descobriam numa arrecadação qualquer umas achas acabadinhas de rachar que o possuidor não conseguia justificar. Levavam-no para o "posto da guarda" algemado, puxavam do cassetete, davam-lhe umas bastonadas proporcionais ao delito, mantinham-no na cela uns 2 ou 3 dias a pão duro e água e, depois, devolviam-no à liberdade sem mais nada, apenas dizendo "Tem cuidado pá, se nos chamam lá outra vez por tua causa, vai levar o tratamento a dobrar! Se tens frio, vai trabalhar malandro em vez de andares a roubar a gente honesta".


É isto que o povo quer, tratamentos de Reiki.

Um homem ameaça de morte a mulher. Faz-se queixa, vem a "guarda", agora num carro velho e a deitar fumo preto, leva o homem para o "posto" e aplicam-lhe o tratamento que é uma  espécie de sessão de Reiki, para acalmar o corpo delituoso.

Caaaaalma, caaaaalma, caaaaalma, caaaaalma, acalma-te bicho.


Actua-se imediatamente. 

Acontece o crime e, nesse mesmo dia é aplicada a penas. Evita-se assim o escalar do problema, apazigua-se a comunidade e dissuade-se a prática do crime.


Isto passa-se, por exemplo, nas escolas.

O professor desconfia que um aluno está a copiar, dirige-se a ele, faz uma avaliação sucinta das circunstâncias, pergunta "o que se passa?" e decide "Rua, estás a copiar!".

Desconfia do crime e, num minuto, faz a investigação, ouve o acusado, delibera e executa a sentença.


Defendo que deverá haver um colectivo de guardas.

O guarda responsável pela investigação, julgamento e aplicação da pena terá de pedir o conselho de mais 2 colegas sendo a decisão tomada por maioria.

Da mesma forma que os juízes não podem ser responsabilizados por sentenças erradas, os guardas também não poderão ser responsabilizados por decisões erradas. Acontece.


O tratamento é voluntário!

Se o alegado criminoso aceitar a pena. se conformar, é-lhe aplicado o tratamento e a coisa fica por ali. 

O alegado criminoso diz "Arrependo-me e peço perdão pelo crime de que tenho inteira culpa e prometo nunca mais voltar a pisar o risco", havendo  prejuízo causado, o alegado criminoso redime-se (se não tiver dinheiro, vai trabalhar uns dias) e vai à sua vidinha.


Agora, eu acrescentava um nível.

Vamos supor que a pena são 5 anos de cadeia e que o "colectivo de guardas" lhe aplicaram 10 bastonadas e 30 dias de cadeia a pão e água contra a vontade do alegado criminoso. 

Sendo no "processo judicial normal" declarado inocente, o Estado paga-lhe uma indemnização, 100€ por cada bastonada mais 50€ por cada dia de prisão dá 2500€.

E vai à sua vidinha.


 O tratamento deve ser muito menor que a pena criminal.

Se, por exemplo, bater numa pessoa, crime de ofensas corporais simples, tem uma pena  máxima de 730 dias de cadeira ou multa de 180 dias (+-900€), o tratamento Reiki seriam 3 bastonadas e 1 dia de cadeia a pão duro e água e ainda  90€ de multa.

Se reincidir no mau caminho, leva tratamento a dobrar.


Mas isto é uma selvajaria!

Bem, será voluntário! Se o alegado criminoso não quiser o tratamento de Reiki, aplica-se o (des)funcionamento normal da justiça em que a pena pode ser muito superior.

Em vez de 3 dias de cadeia, pode apanhar 5 anos.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

Os debates, o programa de governo do CHEGA e a escola pública

Eu ouço os debates do André Ventura com mais atenção que a Santa Missa.

O André tem estado muito bem nos debates, assertivo e informativo (um bocadinho).

Digo um bocadinho porque o André, pessoa de grande inteligência (provavelmente, ainda mais inteligente do que eu :-), por ser doutorado em direito, não sabe muito bem como pode traduzir em políticas o que pensa da economia, isto é, a forma concreta como combater a corrupção (sim, é um problema económico e não judicial), a subsídio-dependência, a desertificação do interior e aumentar o crescimento da economia.

Pediu ajuda ao meu colega Pedro Arroja mas a parceria não está a funcionar muito bem porque, provavelmente, a forma de escrita do Arroja não é politicamente cativante. 

Para termos uma economia eficiente, todos as engrenagens têm que ser eficientes. Vou começar pelo sistema de ensino.


A Iniciativa Liberal até apagou "Os alunos têm que pagar o custo da escola pública".

Se a IL apagou isto do programa, o que é que fica de liberal? Falir a TAP?

Se bem se lembram, o André Ventura defende isto e muito mais, chegando mesmo a defender que as escolas deveriam escolas públicas deveriam ser privatizadas pela simples entrega aos actuais professores por 1€. E eu até já escrevi um poste sobre isso (já não sei onde está).

Em termos económicos faz todo o sentido que os alunos paguem integralmente o custo da escola mas isto tem que ser explicado de forma politicamente apelativa.


1 = Falar da injustiça social.

1.1 = Os alunos que estudam mais acabam por receber salários maiores e ter melhores pensões de reforma mesmo trabalhando menos que os outros que não tiveram oportunidade de estudar. Podem dizer que "não estudaram porque não quiseram" mas a vontade da criança está muito dependente da envolvente familiar e social e as crianças mais pobres têm tendência a um reforço negativo relativamente à escolaridade.

1.12 = Isto não é justo porque, se parte do ganho vem da inteligência, a outra parte vem de um subsídio que receberam do Estado pago por todos, pelos que têm estudos mas também pelos que não têm estudos.


2 = Como corrigir a injustiça social.

2.1 = Para tornar o sistema mais justo, o custo da escolaridade tem que ficar registado nas contas da Segurança Social para que possa haver uma correcção. Não é uma dívida à Segurança Social mas apenas um registo contabilístico (vincar isto)! 

Por exemplo, se, cada aluno custa 6000€/ano, um aluno que frequentou 12 anos de escolaridade terá 72000€ registados na SS e um aluno que frequentou mais 5 anos na universidade terá 102000€ registados.


3 = Agora, falar que tudo fica igual em termos de despesa e de impostos para as famílias.

3.1 = As famílias não vão pagar nada. Actualmente, o ensino básico, secundário e superior custa 11000 milhões €/ano aos contribuintes, 11,2% da despesa pública total, 1000€/ano de impostos para cada pessoa. Esta verba desaparece enquanto despesa pública e transforma-se em investimento da Segurança Social. 

3.2 = Este investimento continuará a ser financiado pelos nossos impostos. É apenas uma alteração contabilística.

3.3 = O orçamento das escolas públicas, em vez de vir directamente do OE, vem das verbas "cobradas" aos alunos. Mais uma vez, é uma alteração apenas contabilística.


4 = Agora, falar das vantagens da mudança do sistema de financiamento!

Se fica tudo igual, aparentemente, não existem vantagens para a mudança contabilística!

4.1 = O aluno fica livre de procurar alternativas públicas ou privadas que lhe permitam o máximo de rendimento futuro, isto é,  escolas que ensinem bem e com conteúdos válidos para que o seu rendimento futuro seja elevado. Também vai procurar o menor custo maximizando o rácio preço/qualidade.

4.2 = As escolas públicas vão precisar aumentar a eficiência para terem orçamento (cada aluno "leva" a sua verba para a escola), aumentando a qualidade do ensino e reduzindo os custos de produção (e competindo pelo preço). Sem bons conteúdos a custo razoável, os alunos irão para outras escolas (públicas ou privadas) e os professores dessa escola serão  despedidos por falta de orçamento.

4.3 = As escolas funcionarão com total autonomia na contratação de docentes, decidindo os horários e os salários a pagar como se fossem uma escola empresa privada.

4.4 = Esta concorrência leva a que, no fim, as pessoas sejam mais felizes, tenham melhor escolaridade e paguem menos impostos porque os custos ficam menores.


E como será o apagamento do valor registado?

Um aluno com o mestrado que tenha 100 mil€ registados, juros de 0,55%/ano, terá que amortizar 150€/mês ao longo de 57 anos (14x por ano, começa a trabalhar aos 24 anos e morre aos 81 anos).

O apagamento será feito com 11,2% dos nossos impostos, IRS, IVA, ISP, ... Se, no fim da vida a pessoa ainda tiver valores registados, será cobrado uma Imposto sucessório até 20% para apagar o registo.

A pessoa pode ainda apagar de forma voluntária o registo abatendo 75% do valor entregue no IRS a pagar. 


Para aumentar a eficiência não é necessário privatizar as escolas públicas.

Basta aumentar a concorrência e dar autonomia de gestão às escolas públicas.

Se uma escola pública não é bem gerida, as escolas públicas vizinhas acabarão por lhe "roubar" os alunos, obrigando-a a reduzir a dimensão ou mesmo a fechar.

Mesmo nas localidades 


quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

Porque não uma ciclovia aérea na Avenida de Almirante Reis?

Há uma guerra em Lisboa (e no Mundo) por causa das ciclovias.

Os automóveis são fundamentais para a mobilidade das pessoas e paga muitos impostos mas a trotineta eléctrica é o futuro da mobilidade urbana de passageiros. O nosso tempo é de transição do automóvel para a trotineta e a compatibilização destes dois meios de transporte no mesmo espaço físico da cidade está a ser difícil.

Neste poste  apresento uma possível solução: as troti-vias aéreas e subterrâneas.


Avizinha-se uma revolução no transporte de passageiros.

Quando, no princípio do Sec. XX,  o automóvel surgiu, o seu desenvolvimento estava limitado pela falta de estradas. Nesses tempo, os carro puxado a animais circulando a cerca de 6km/h, enfrentava os caminhos esburacadas usando rodas altas e molas de elevado curso. A possibilidade introduzida pelo Ford T de circular a 60km/h tornou necessário o aparecimento de vias com maior qualidade, com piso mais rijo e sem buracos. Se as enormes rodas de um carro puxado a animais consegue vencer, a 6km/h, sem qualquer dano um buraco com 40 cm, as rodas de um automóvel a 100km/h ficam feitas num oito.


A trotineta é uma revolução no transporte individual de passageiros.

Um automóvel é muito bom mas as cidades não têm espaço suficiente para circulação e estacionamento. 

Muita gente fala que a solução são os transportes colectivos mas estão erradas porque são lentos, desconfortáveis e caros (a prova disso são os enormes subsídios necessários para que continuem a funcionar). Em Lisboa, em média, uma deslocação em transportes colectivos tem 8 km e demora 50 minutos. A deslocação inclui 1 km a pé e espera nas paragens.

Como solução a rebentar temos as trotinetas (e as bicicletas) eléctricas.


Qual o custo de uma viagem uma trotineta?

Vou pegar numa das melhores "e-scooter", a Xiaomi Mi Electric Scooter Pro 2, que tem um preço a rondar os 470€.

Pesa 14 kg, aguenta 100kg em cima, tem uma velocidade máxima de 25km/h e uma autonomia de 40 km o que, carregando durante a noite, é suficiente para as deslocações diárias de mais de 90% dos alfacinhas. O motor tem uma potência contínua de 300 W e com picos até 600 W.

A bateria dá para 1000 carregamentos o que dá para 2500 viagens, , a duas viagens diárias de 8km, dá para 7 anos, cerca de 0,10€/viagem. Somando 0,05€/viagem para a electricidade e a manutenção, temos um custo de 0,15€/viagem de 8 quilómetros, 0,02€/km, muito mais barato que os transportes colectivos mesmo depois de serem altamente subsidiados.


O problema é que as trotinetas precisam de vias dedicadas.

Os automóveis têm chaparia, cintos de segurança e air-bags mas as trotinetas não têm nada disso. Quando a trotineta bate, o corpo é que paga.

Se o passageiro da trotineta usar capacete, cotoveleiras e joelheiras e treinar quedas (sim, todo o trotineteiro deveria ter umas aulas de Judo, Aikido ou outra coisa qualquer para treinar quedas), reduz significativamente a probabilidade de sofrer ferimentos nas quedas que acontecem com muita frequência mas não resistem ao embate com um automóvel. 

Por a trotineta não ter como proteger o viajante, não pode andar misturada com os automóveis.


A minha proposta é fazerem-se trotitubos.

Nas cidades, quando apareceu o automóvel, foi preciso fazer "vias estruturantes" e, quando apareceu o comboio, foi preciso construir túneis subterrâneos. Agora que surge a trotineta eléctrica, é preciso criar uma nova rede de transportes totalmente dedicada a este novo modo de locomoção. Eu proponho troti-tubos a serpentear pelas cidades, passando mesmo pelo meio e por cima dos edifícios.

Os troti-tubos podem ser aéreos, à superfície e subterrâneos não havendo necessidade de seguir as actuais vias dedicadas aos automóveis e peões. 

Fig. 1 - O troti-tubo será aérea, no meio da Avenida de Almirante Reis


Fig. 2  - Também haverá troti-rotundas com troti-rampas de acesso.


Haverá um troti-tubo a atravessar o Rio Tejo.

Um troti-tube com 13 km para ligar Barreiro - Seixal - Almada - Lisboa, 3 km em troti-túnel e o resto à superfície e aéreo. 

Fig. 3 - Trajecto do troti-tunel a ligar o Barreiro a Lisboa

Ficará muito mais barato um troti-túnel sobre o Tejo que apenas uma nova estação de metropolitano.

Enfiam-se continuamente centenas de milhões de euros no sistema de transportes colectivos de passageiros que, vê-se diariamente, não resolvem nada. 

Um troti-tubo a ligar o Barreiro-Seixal-Almada-Lisboa permite reduzir o tempo e o custo actuais significativamente e aumentar a comodidade de, chegados a Lisboa, a viagem em trotineta poder continuar sem interrupções.


Pensar nisto, senhor presidente Moedas!

Favorecer a liberdade do transporte individual ao mesmo tempo que se é ecológico e se diminui o congestionamento dentro da cidade.

E com poupança para os cofres do contribuinte.

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