quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

É preciso uma ponte entre a D. Luis I e a Arrábida

Todos sabemos isso! 
Eu nasci na freguesia da Sé da cidade do Porto já faz muitos anos. 
Sou do tempo em que o trânsito dentro da cidade era infernal, muito pior do que agora, horas infindáveis em para arranque e buzinadelas, do tempo em que não havia a Ponte do Freixo, a VCI nem os semáforos. Era o tempo da "prioridade da direita" combatida com o "mete, mete, mete, mete, já entrou".
No entretanto, muita coisa melhorou mas subsiste um grande problema: na parte ocidental da cidade, há visível incapacidade de a Ponte da Arrábida dar vazão ao trânsito, seja para circular, seja para ligar a A28 (a Norte) com a A44, a A29 e a A1.
E a população da cidade diminui para metade e o comercio mudou para os centros comerciais em Gaia e Matosinhos!

E quando há um toque?
Santa Vaca (da expressão americana, holy cow), são horas de desespero, uma manhã de trabalho perdida, muitos litros de combustível desaproveitados, muito carro sobre-aquecido.
Muita gente já pensou neste problema e a conclusão de todos foi que é preciso fazer um novo atravessamento entre a Ponte da Arrábida e a Ponte Luís I e até há propostas arquitectónicas, por exemplo, para uma ponte na zona da alfândega. 
No entanto, todas as ideias foram chumbadas por causa do impacto na paisagem. 
É preciso fazer uma ponte alta como a Ponte Arrábida e isso causa na paisagem uma enorme alteração visual. 
Como somos, em termos estéticos, conservadores, não é possível fazer tal ponte, pelo menos nos próximos 50 anos.

Calma, calma, tem que ser possível!
Tem que se fazer uma ponte que ninguém consiga ver!
O Luís Filipe Meneses pensou num túnel, que é possível em termos de engenharia, mas eu quero uma ponte, grande, enorme mas que ninguém veja.
Pensei eu, "isto tem que ser possível". 
Se, por um lado, o David Copperfield foi capaz de esconder a Estátua da Liberdade e o Sócrates milhões de euros e, por outro lado, dizem (a ucraniana e a minha mãe ;-) que sou a pessoa mais inteligente do mundo, mesmo que precise da ajuda da Santa Vaca, tenho que ser capaz de a esconder, é só uma pontezita sobre o Rio Douro.
Mas como se pode esconder uma coisa tão grande?
Pintando de tinta invisível? Não!
Ficando o mais longe possível da Arrábida? Era essa a ideia da ponte na Alfândega mas não dá porque fica perto da Luís I.
Para uma ponte não causar impacto na paisagem é preciso esconde-la atrás de outra coisa qualquer. 

Passeie, passei.
Já fiz aquele caminho entre pontes muitas vezes, sempre com a pergunta "onde se pode esconder a nova ponte?" na mente.
Como é possível meter uma ponte bem à vista de toda a gente, com toda a gente a olhar e sem que ninguém seja capaz de ver. 
Tem que ser atrás de alguma coisa mas o que há por ali suficientemente grande para esconder uma ponte de enorme dimensão?

Já sei, descobri!
Ora olhe para a figura seguinte! É capaz de ver lá a nova ponte?
Não consegue? Mas olhe que ela está lá !!!!!!

Fig. 1 - A Ponte da Arrábida e, à esquerda, ..., a nova ponte!

A solução é encostar a nova ponte à Ponte da Arrábida.
A Ponte da Arrábida tem um piso com 25,5 m de largura que apoiam em dois arcos com 8,5m de largura cada e, entre eles, há um espaço rendilhado com outros 8,5m. 
No piso actual, tem 6 faixas de rodagem (de 3,25m), uma faixa central (de 1,8m) e 2 passeios (de 2,1m).
A ideia é a nova ponte ficar encostada à actual Ponte da Arrábida, ser apenas mais um arco e mais um espaço rendilhado, iguais em tudo ao que existe ficando perfeitamente misturados com o que lá está.
Uma pessoa que olhe para a linha de horizonte, não vai ver qualquer diferença estética, vai ficar tudo na mesma. A única diferença é que, por baixo, vai passar a haver 3 arcos em vez de dois.

Fig. 2 - A nova ponte está ali, encostadinha, mas ninguém a consegue ver.

A nova ponte.
Actualmente, os elevadores não funcionam por os passeios superiores não oferecerem condições de segurança (são muito estreitos e encostados a carros a passar a mais de 100km/h). 
Começa-se por demolir os actuais elevadores de um lado da ponte, constrói-se a nova ponte e refazem-se os elevadores de forma a ficar, em termos visuais, tudo na mesma.
Durante a construção haverá condicionamento no trânsito mas a ponte pode continuar aberta.
Na ponte aumentada, será possível meter mais 10 baixas de rodagem (de 3,25m) e duplicar a largura dos  passeios para 4 m o que tornará mais seguro o atravessamento por pessoas e bicicletas e possibilitando que os elevadores voltem a funcionar.

Vamos a umas contas.
Vi no JN (2011) que passam na Ponte da Arrábida uma média de 136 mil carros por dia.
Vamos supor que 60% desse tráfego é a horas em que há algum congestionamento.
Vamos supor que com a nova ponte, a vida dos passantes melhorava 0,10€ por passagem.
Resultaria da nova ponte um ganho de 8160€/dia
Vamos supor que a obra se amortiza em 25 anos a uma taxa de juro de 5%/ano.
Dá 43 milhões de euros.
Bastava cobrar uma portagem de 0,10€/passagem entre as 7h30 e as 9h30 e as 5h00 e as 7h00 e a receita seria mais do que suficiente para fazer a nova ponte e ainda para melhorar os 7 km que ligam a A28 (Norte) à A44(Sul).

Fiquei contente com este poste.
Porque, apesar de haver 7300 milhões de pessoas no mundo, tive uma ideia que nunca ninguém teve.
Nem o Edgar Cardoso.

Fig. 3 - Para poderem comparar a actual Ponte da Arrábida com a futura (Fig. 1)

O problema do canal.
Um anónimo levantou o problema de não haver canal para alargar a VCI entre a A28 e a A44.
Primeiro, se a nova ponte "resolver" o problema Campo Alegre /Afurada (2600m) já justifica a obra.
Actualmente, no sentido Norte-Sul, à tarde, a entrada a Norte a partir do Campo Alegre causa muito congestionamento porque o tráfego entra numa pista já com trânsito muito intenso (que vem da VCI). A saída a Sul para a Afurada também causa congestionamento porque os carros têm que cruzar sobre a ponte e a saída é imediatamente a seguir à ponte.
No sentido Sul-Norte, de manhã, a entrada a Sul a partir do "Gaia Shopping" causa muito congestionamento porque entram todos os veículos da Afurada e a pista já tem trânsito intenso (que vem da A44). A saída a Norte para a Campo Alegre é terrível, causa enorme congestionamento porque os carros têm que vêm de Sul cruzar sobre a ponte, a saída é imediatamente a seguir à ponte e a entrada está sempre empancada.
O melhoramento deste nó obriga a alargar a VCI numa extensão de 2000m mas não precisa de qualquer intervenção ao nível dos viadutos.
A ponte mais a melhoria no nó deve custar entre 25 milhões€ e 35 milhões € (fazendo uma proporção com os 54 milhões € que custou da Ponte da Arrábida e os 28 milhões € da Ponte do Infante, a preços de 2017).
Fig. 4 - Nova Ponte (faixas a vermelho) com a melhoria do nó Campo Alegre e Afurada (faixas a azul são as existentes). As 10 pistas na ponte, reduzem para 4 pistas até Boavista/Bessa Leite e, depois, para as actuais 6 pistas.

Segundo, melhorar a ligação A28/A44-A29 (extensão de 6500m) obriga a demolir apenas duas casas.
Passando na auto-estrada, parece que as casas estão encostadas mas apenas em dois pontos não existe o necessário canal com 50m de largura.
Por isso, basta demolir duas casas para passar de 6 faixas para 8 faixas (duas faixas da ponte morreriam no nó do Campo-Alegre / Afurada), o que não tem comparação com abrir outra via com 4 faixas.
Fazer o alargamento em 4 km de VCI deve custar mais uns 8 milhões €, 2 milhões€ por km.

Fig. 5 - Entre a A28 e a A44-A29, só existem 2 pontos com menos de 50m de largura

domingo, 24 de dezembro de 2017

Proposta para Ponte de D. Cosme, no Rio Douro

A cidade do Porto tem a baixa histórica congestionada. 
As guerras no Norte de África, os problemas políticos na Turquia, a confusão na Catalunha e as viagens de avião e os hosteis baratos têm alimentado o crescimento do turismo nas cidades portuguesas de que o Porto/Gaia é apenas um exemplo. Garantiu-me o meu amigo P.S. que até Valongo tem turistas!
Povinho aos magotes quer dizer reabilitação urbana para a reconversão das casas velhas, decrepitas e abandonadas em  locais de apoio aos turistas, actividade económica e animação generalizada sem qualquer mérito dos autarcas (que encontraram nas taxas turísticas a galinha dos ovos de ouro) ou do governo central.
Havendo muito turista, sem nada para fazer, com vontade de circular no espaço público, sem sossego no corpo, caminham em movimento aleatório à espera de encontrar alguma coisa nunca antes vista e que possa ser fotografada e contada para fazer roer de inveja os amigos que ficaram em casa, descansadinhos.
A baixa do Porto é cortada pelo Rio Douro e o turista, vendo de um lado que pouco ou nada há para ver, olhando para a outra margem, vem-lhe à esperança que é lá que está a tal pedra que o José Hermano Saraiva dizia ser do maior significado histórico para a humanidade:

"Foi aqui, nesta mesma pedra, neste mesmo sítio onde estou a pousar a minha mão, que D. Afonso Henriques se apoiou pelas 14 horas e 32 minutos do dia 13 de Setembro de 1127, a meio da Batalha do Courato e da Francesinha contra os mouros liderados pelo Zapussaqueno, num momento de vento e chuva miudinha, com perigo para a própria vida, para arrear o calhau.
Não fosse esse momento de enorme importância para a humanidade, hoje, em vez do courato, comíamos chamuças, em vez de francesinhas, comíamos kebabes e, em vez de coca-cola, bebíamos sumo de tomate."

Sempre segundo a lei do movimento browneano, isto é, andando como uma barata tonta, o turista volta e meia atravessa o Rio Douro pela Ponte Luís I, tanto pelo tabuleiro inferior (onde circulam carros) como pelo tabuleiro superior (onde circula o metro).
Além da esperança que vê na outra margem, a travessia per si já é uma atracção turística.
O ritual da subida das Escadas do Codeçal onde as gordas, logo na curva à direita, já perderam o fôlego e param curvadas com a mão apoiada no joelho, olham para trás para a Ponte Luís I, imaginando ser assim o "momento" com o Brad Pitt em cima delas. O chegar lá cima, ao fim dos 226 degraus, e virar à esquerda por um caminho todo porco e a cheira mal, a recordar o cheirinho da infância, dos tempos em que o povinho dormia com o penico debaixo da cama. Atravessar o Douro pelo tabuleiro superior com a esperança de poder dizer "quase fui trucidado pelo metro", carruagens que quase nunca passam. Subir à Serra do Pilar que, afinal, não é serra nenhuma, "Chama-se Serra do Pilar porque em tempos houve aqui um serração que o Infante Santo usou para construir os mastros das Naus que foram tomar Ceuta aos  infiéis sarracenos". Depois, descer pelas vielas de Gaia, a olhar para um lado e para o outro, na tentativa de encontrar as atracções turísticas que não existem para, finalmente, re-atravessar o rio pelo tabuleiro inferior de volta ao estado de barata tonta.

O problema destas travessias é que os passeios do tabuleiro inferior da ponte são muito estreitos, um metrito, o que causa problemas de segurança aos peregrinos e congestionamento aos automobilistas. Por causa disso, os autarcas do Porto e de Gaia reuniram-se e apontaram a ideia de que há necessidade de construir uma ponte a conta baixa entre a Ponte Luís I e a Ponte do Infante.
Este poste serve para apresentar a minha proposta de arquitectura.

O teste da foto.
O turismo é um negócio que favorece as pessoas das terriolas. Então, quando o artista  projecta uma obra  não pode pensar apenas na funcionalidade directa nem na minimização dos custos pois a obra tem uma funcionalidade indirecta que é chamar turistas.
A coisa até pode não servir directamente para nada, como a Torre Eiffel ou as Pirâmides do Egipto, mas tem que ser uma atracção turística!
Desta forma, para começar, o artista vai ter que responder a duas simples questões filosóficas:

Questão 1: Será que alguém no seu juízo perfeito vai tirar uma selfie com esta merda como fundo?
Questão 2: Será possível identificar o local por esta merda estar como fundo da selfie?

O meu emprego.
É num edifício que os parolos meus colegas (notar que parolo apenas quer dizer que não têm formação estética nem gosto estético sofisticado) acham ser de grande valia arquitectónica.
O problema é que chumba o teste da selfie, nunca lá foi visto nenhum turista a tirar selfies!

Vamos à minha proposta.
Existem 665 m entre a Ponte de Luís I e a Ponte do Infante. A localização que proponho é a meia distância, no ponto em que a Serra do Pilar é mais elevada, com distância suficiente para a ponte se individualizar pois prevejo que se vai tornar a maior atracção Porto.
O mais barato seria uma ponte de betão igual à Ponte do Infante mas, como nunca vi ninguém fotografar tal ponte, eu quero uma coisa diferente, algo nunca visto em mais parte nenhuma do mundo.
Depois de muito pensar, a minha proposta é uma ponte metálica suspensa por dois cabos de aço.
Claro que vão dizer "Mas isso já é por demais conhecido e visto, temos a ponte sobre o Tejo e milhars de outras pontes espalhadas pelo mundo."
Mas eu estou a pensar algo diferente, algo assimétrico, sem pilares e com os cabos ancorados directamente no maciço rochoso das Fontainhas / Guindais (à cota 43m) e da Serra do Pilar (à cota 88m).
Fig. 1 - Vista lateral da nova ponte sobre o Douro, a Ponte de D. Cosme.

Pegando em todas as fotografias tiradas pelos turistas por esse mundo fora, milhares e milhares de milhões de milhões, não existe nenhuma que se assemelhe à minha proposta pelo que será, com  toda a certeza, uma atracção turística capaz de identificar o local de forma única. Quem vir uma selfie com isto, já sabe onde foi tirada. Dirão "You have been in D. Cosme Bridge"

Em planta.
Do lado de Gaia, o acesso à ponte será pelas Caves Burmester que serão destruídas (ver Fig. 2) e, depois, para não destruir a escarpa que vai até ao rio (ver, Fig. 3), passa para cima da água e faz uma curva à esquerda (ver, Fig. 4).
Do lado do Porto, a D. Cosme encosta a 90.º à Av. do Gustavo Eiffel (ver, Fig. 4).

Fig. 2 - Mesmo no sítio onde estão as Caves Burmester (que mudem para outro sítio).
Aquela foto da mulher nua, está mesmo no google street, podem confirmar!

Fig. 3 - Vista da Escarpa da Serra do Pilar com o local de amarração dos cabos (cruzes vermelhas) e "encosto" da Ponte de D. Cosme (traço vermelho).


Fig. 4 - Vista em planta da localização da Ponte de D. Cosme (a vermelho) e dos cabos (a preto).

Ainda falta uma atracção turística.
Ao contrário do que pensa o Sr. Presidente da Câmara, não é preciso meter elevadores na baixa do Porto porque o turista gosta de subir e descer escadarias para ocupar o tempo.
Querem saber quantas pessoas, por ano, sobem no elevador que vai da Ribeira para a Sé?
Zero, nem uma para amostra (aquilo até está fechado).
E no funicular dos Guindais?
Eu passo lá muitas vezes e vão meia dúzia de pessoas, de vez em quando, muito raramente.
Então, a boa atracção turística é o cabo ser uma ponte pedonal a ligar os Guindais à Serra do Pilar, o cabo a abanar, quase com perigo de vida, uma subida difícil, alguns lugar com 30% de inclinação, óptimo lugar para tirar selfies únicas.

O perfil transversal.
Proponho um perfil com 12 metros, dois passeios de 2,2m  e duas faixas de rodagem de 3.75m e, quando à ponte pedonal, proponho 3m (ver, Fig. 5).

Fig. 5 - Corte transversal da ponte onde os cabos mais se aproximam do tabuleiro.

Uma nota sobre o nome das cidades do Porto e de Gaia.
É senso comum que, no antigamente, Porto e Gaia eram a mesma cidade que se chamavam Portus Cale mas isso não corresponde ao consenso histórico.
Quando vieram os romanos chegaram à região norte-litoral da Península Ibérica, puseram o nome de Gallaecia a toda a região a norte do Rio Vouga. Cale talvez fosse o nome da deusa mãe dos celta ou o termo usado pelos grego para dizer que a terra era bonita (ver). O certo é que, na altura da chegada dos romanos, a região era muito pouco povoada, a actual cidade do Porto não teria mais de 100 habitantes,  situação que piorou aquando da reconquista (havia constantes incursões ora para matar todos os sarracenos, ora para matar todos os cristãos que se aventuravam nesta terra de atrito entre cristãos a norte e sarracenos a sul).
Com achegada dos romanos, como a sua economia era carregar coisas (madeira, minerais, peixe e carne salgados, cereais e escravos) em barcos para levar para Roma, não havendo estradas, foi construído um porto fluvial/marítimo na Ribeira da Vila no que é hoje a Praça da Ribeira.
Esse porto, naturalmente, era conhecido pelos romanos como o Porto de Cale.
Portus deu origem a Porto e Cale a Gaia.
No Sec. IX, foi re-utilizado o termo Portus Cale para separar o condado da Galiza (na parte norte da Galécia)  do condado que se formou a sul, com as terras conquistadas por Vímara Peresa os mouros.

Fig. 6 - Nesta selfie, quando a menina tirar o braço, vê-se a Ponte de D. Cosme, a maior atracção turística da Península Ibérica e arredores.

Fig. 7 - O que dirá à entrada da ponte para turista ver.

Twitter Delicious Facebook Digg Stumbleupon Favorites More

 
Design by Free WordPress Themes | Bloggerized by Lasantha - Premium Blogger Themes | Best Hostgator Coupon Code