sexta-feira, 25 de agosto de 2017

A economia dos hosteis

Os pobres tinham os albergues. 
No antigamente, o turismo eram peregrinações em romaria a lugares santos, fosse Santiago de Compostela, Bom Jesus de Braga, Fátima ou mesmo Roma e Terra Santa, para pagar promessas de milagres já recebidos ou a pedir proteção e coisas impossíveis aos santos.
Etimologicamente, peregrino é "aquele que vem do estrangeiro" e romaria "é um grupo de romanos em viagem à Terra Santa".
Fosse um "Valha-me Deus" ou um "Nossa Senhora me salve"  dito numa hora de aflição ou um "Milagroso Santo António desencrava a minha filha" e já estava criada a obrigação de fazer a viagem.
Como as pessoas tinham que pernoitar em algum lado porque, garante o povo, "A noite foi criada pela Coisa Ruim para que lá possa andar o que não pode andar de dia" (i.e., as coisas demoníacas e as almas danadas), uma das obra de misericórdia corporais da Santa Madre Igreja é "Dar albergue aos peregrinos" para que possam pernoitar debaixo de telhado.

À noite, o diabo anda à solta

Notar que, realmente, não foi Deus quem criou a noite! 
"No princípio criou Deus o céu e a terra (...) [e, então,] "havia trevas sobre a face do abismo (...) [Depois] disse Deus: Haja luz (...) e fez Deus separação entre a luz e as trevas (...) e às trevas chamou Noite" (Ge 1:1-5).
Motivado por a Noite ter sido criado por alguém que não Deus, talvez a Força do Mal, e contra essa força Deus nada poder fazer, durante muitos séculos discutiu-se se Deus é realmente Omnipotente e omnipresente. E ficou a dúvida até que Espinoza matou Deus.

Continuando. 
Nos tempos das peregrinações, as casas eram fracas, mais barraca que outra coisa, pelo que o peregrino se contentava a pernoitar com muito poucas condições. Bastava pão de centeio com um caldo de couves e alguns feijões engrossado com farinha regado com um copo de vinho carrascão para jantar, um balde com 2 ou 3 litros de água morna para tomar um banho, um monte de palha para fazer de cama e uma manta grossa para quebrar o frio para se ter um albergue de 5 estrelas.
E havia quem prometesse ir a "pão e água".
Lembro-me dos anos 1970 em que toda a gente da minha terriola foi a Fátima a pé, a minha mãe foi 5 vezes para ver se Deus lhe arranjava forma de poder criar os filhinhos. Depois de caminharem todo o dia o máximo que as forças permitiam, uns 40 km, assim que a tarde começava a morrer, os peregrinos batiam às portas das casas a pedir guarida sabendo-se que iam ficar todos à molhada, muitas vezes numa garagem ou num casebre de apoio à agricultura. Se a pessoa fosse daquelas que diziam "Não posso minha senhora, já tenho tudo lotado", logo era obrigada a continuar com "mas duas casas ali ao fundo vai conseguir arranjar, pergunte pelo Senhora Maria do Céu que ela tem bons cómodos onde vão poder passar a noite e por pouco dinheiro, é uma viúva muito devota de Nossa Senhora".
Chegados lá e ouvido da boca da senhora o sim, imediatamente começava a negociação à moda do cigano. Por um lado diziam os peregrinos "Não podemos dar mais do que 10 paus por cabeça porque estamos muito falhos de dinheiro" para logo a senhora contrariar com "Não posso fazer por esse preço, o mínimo são 20 paus por cabeça mas dou-lhes uma sopa quente" para logo, depois de proposta e contra-propostas sem conta, acabar o preço nos 13 paus, com a prometida sopa quente e ainda, pela manhã do dia seguinte, uma sande de queijo e marmelada com uma aguadilha de café, tanta quanto quisessem.
Dormia tudo à lota, homens num quarto e mulheres no outro, às vezes em casas diferentes, uns com os pés para cima e outros com os pés para baixo, pelo menos 4 em cada cama. 
Como bem sabia aquele descanso depois de horas e horas a pisar os pés, muitas vezes descalços.
No dia seguinte, mal o galo cantava e o burro zurrava, o povinho punha-se todo a pé, engolia a tal sande com a beberagem e já estava pronto para recomeçar a marcha rumo à santidade.
Ir da minha terra a Fátima eram 4 dias, de Coimbra a Santiago de Compostela seriam 9 dias enquanto que ir de Coimbra à Terra Santa já não era para qualquer um, obrigava a 200 dias, isto só para ir pois ainda era preciso outro tanto para voltar a casa.
Como o peregrino ia em marcha, naturalmente, só ficava uma noite em cada lugar.

Agora há os hosteis.
Um hostel é a versão moderna da albergaria improvisada e o turista faz o papel do peregrino dos outros tempos.
O turista não vai em agradecimento de uma graça recebida nem à procura de santidade, vai apenas para gastar o tempo e meter umas fotografias no Facebook e no Instagram.
Cada cidade, terriola ou lugar tenta identificar uma particularidade mais que não seja o nome para aproveitar uma fatia do mercado do "Tenho que ir lá tirar uma fotografia no meu smartphone".
Não se aposta mais no mercado da repetição. Se há 500 milhões de pessoas na União Europeia com possibilidade financeira para fazer pelo menos duas viagem de avião por ano em low-cost, se conseguirmos que 10% desses visitem a nossa terriola uma vez na vida mesmo que apenas para a "fotografia", vamos ter 3500 visitantes por dia a precisar de comer e dormir.

Como se faz um hostel.
Pega-se num imovel qualquer, uma casa, um apartamento, um anexo onde antigamente se guardava forragem ou gado, esteja em bom estado ou não pois o típico também tem clientela.
Depois, metem-se uns beliches, um quarto com 13 m2 aguenta com 6 hóspedes (3 beliches de dois andares e um pequeno armário com 6 divisões).
Depois, basta uma casa de banho com chuveiro.

Num hostel cabem 6 num quarto mas, à escala de Auschwitz, caberiam 60 

Serão os hosteis a galinha dos ovos de ouro?
Pelo menos em Portugal, os hosteis estão a ser vítimas de um grande ataque por parte do governo  e autarquias esquerdistas com taxas, taxinhas e impostos e ainda uma campanha de que este tipo de turismo está a retirar as casas do mercado de arrendamento para habitação.
Vejamos se então a economia de um hostel.

Vamos fazer hostel num T3.
Destinam-se 2 quartos e uma casa de banho para mulheres (12 lugares) e 1 quarto, a sala e a outra casa de banho para homens (12 lugares). Fica ainda a cozinha para fazer os hospedes poderem fazer cozinhar qualquer coisa simples.
Transformamos um T3 com 100m2 num hostel com 24 camas, uma média de 4m2 por cama.
No mercado de arrendamento, este apartamento se bem localizado e numa razoável cidade custa pelo menos 600€/mês.

Qual o preço de uma noite num hostel?
Estive a ver no Booking.com e o preço ronda os 10€/noite.
Para hoje, encontrei os seguintes preços (o mais baratos):
Roma => 9 €
Madrid, Londres, Berlim, Lisboa => 10 €
Paris => 14 €
Moscovo e Kiev => 3 €

Que margem dá cada hóspede?
Lavar a roupa e passar os lençóis, fazer a cama e arrumar a casa gasta pelo menos 20 minutos de tempo de trabalho. A 6,00€/h são 3,00€ por dormida.
Depois, acrescenta a água, eletricidade e internet, 1,00€ por dormida
Ainda temos o custo do Booking.com que vou assumir como 1€ por dormida.
Dá uma margem de 5,00€/dormida.

Vamos à conta final do lucro do negócio.
Era bom se a ocupação fosse a 100%
Lucro = 30 dias * 24 camas * 5€/dia - 600€/mês = 3000€/mês
O problema é a taxa de ocupação
   20% => 120€/mês
   25% => 300€/mês
   30% => 480€/mês
Este lucro vai ser o pagamento para a pessoa que recebe os hóspedes (o hostel está aberto 24 horas por dia), zelar pela segurança das pessoas e dos bens.
24 camas já é um negócio grande, equiparado a um pequeno hotel e não dá nem o salário mínimo.
Só dá para um casal de chineses. A mulher faz as camas e arruma a casa (ai meu Deus, que estou a ser sexista) enquanto o homem lava e passa os lençóis e faz a segurança.
Já estão a ver porque é que em todos os hosteis está um chinês: é o patrão que dorme no meio dos hospedes abatendo 2 camas à lotação.

Aquilo do "livro para meninas" é uma perigosa loucura dos esquerdistas.
Se não pode haver descriminação de género, porque obriga a lei a haver casas de banho para homens e para mulheres nos establecimentos comerciais e industriais?
Porque há provas físicas diferentes para homens e para mulheres quando se candidatam à tropa, PSP ou GNR?
Porque é que a maior parte das lojas de roupa são para mulheres?
Porque é que os homens têm que usar fato escuro e gravata e as mulheres não?

E quanto será a taxa de ocupação?
Aqui é que está o problema maior.
Uma colega minha perguntou-me "O que achas de eu fazer um hostel? Herdei uma casa em Espinho com 8 quartos e gostava de rentabilizar aquilo".
Se consultarmos o Booking.com hoje às 22h, o mês mais forte do turismo, em Paris ou Londres, há N hosteis com vagas disponíveis.
Se nesses locais existem vagas, será que em Espinho se consegue uma ocupação média de 20%?
Eu ainda disse à ucraniana "Os teus pais podiam vir por ai abaixo e explorarem o hostel" mas a moça não tem cabeça, fez de conta que não ouviu.
Só dá para monhés.

Deixem os hosteis em paz.
Porque não são eles que estão a ter ganho por causa do turismo.
Quem está a ter ganho são os outros, cafés, restaurantes, táxis, e outros apoios ao turista, que exploram as massas que esmagaram o preço da estadia.
Assim, cobrar taxas é a esses e não às albergarias pois o 1€/dia que cobra Lisboa são 10% do preço de uma estadia e os 2€/dia que o Porto quer cobrar é uma aberração.

O hostel não dá nada mas ser muito bom viver em Portugal porque há muita caça

Finalmente, será que o MPLA ganhou as eleições em Angola?
Concerteza que sim e com maioria absoluta.
Será que o MPLA foi o partido mais votado nas eleições de Angola?
Se em 1992 o MPLA não conseguiu 50%, ia conseguir agora, depois de 25 anos de desgaste executivo, conseguir 61%?
Concerteza que não e perdeu por muitos.
Mas nunca jamais os esquerdistas, sejam angolanos, venezuelanos, cubanos ou portugueses, deixarão o poder podendo mantê-lo mesmo que por meios violentos.
Acontece é que os nossos esquerdistas ainda não atingiram esse patamar pois de democratas não têm nada.

Boas férias e tratem bem o chinês.

terça-feira, 15 de agosto de 2017

Fogos florestais: o progresso obriga à mudança

A "tecnologia" do incêndio florestal. 
As árvores são formadas por celulose (tem outras moléculas mas simplifiquemos) que é açúcar  polimerizado que oxida continuamente (é o normal envelhecimento da madeira e de tudo que é orgânico), libertando energia:
      (n)C6H10O5 + O2 => CO2 + H2O + Energia (4kcal/g)
Esta reação nas condições normais de humidade e temperatura é muito lenta, demorando milhares  de anos a oxidar uma simples folha de papel (que é feita quase integralmente de celulose).
Claro que existem fungos que conseguem realizar esta oxidação muito mais rapidamente (o apodrecimento) e mesmo animais (por exemplo, as térmitas) mas, mesmo assim, a oxidação ocorre de forma muita lenta e incompatível com um incêndio pois, a 60.ºC, os seres vivos morrem (acontece a pasteurização).

Aumentando a temperatura, a velocidade de oxidação acelera.
Se abaixo dos 100.ºC a oxidação é muito muito lenta, acima dos 300.ºC a celulose começa a decompor-se muito mais rapidamente em carvão (sólido) e em gases (simplificadamente, metano e monóxido de carbono).
      C6H10O5  + Calor => Carvão (C) + gases (CH4 e CO)
Quando mais elevada for a temperatura, mais rápida é esta decomposição que se chama "destilação".
Agora, o carvão arde ficando em brasa (a combustão mantém-se estável porque a camada exterior da "pedra" não deixa o oxigénio  entrar) mas os gases ardem muito rapidamente chegando a explodir.
A elevada temperatura, uma folha de papel que demoraria milhares de anos a oxidar, oxida numa fração de segundo.

Um incêndio é um "reator" com uma reação em cadeia.
Para que aconteça a decomposição da madeira, a temperatura tem que se manter acima dos 300.ºC o que acontece quando o carvão está a arder "por baixo".
Sem a temperatura fornecida pelo carvão, a madeira não liberta gases e não se transforma em mais carvão necessário para alimentar o "reator".
Os gases, porque atingem elevadas temperaturas, também ajudam a fornecer o calor necessário para que a madeira se continue a decompor.

 Fig. 1 - Esquema de uma fogueira ativa

A frente de fogo.
Tem a vegetação rasteira, muito fina e seca, a fornecer calor para que os arbustos e copas das árvores libertem gases inflamáveis que vão criar temperaturas muito elevadas (por irradiação) que ajudam a propagação do incêndio junto ao chão.
A dinâmica é favorecida em terrenos a subir e a favor do vento.



Fig. 2 - Esquema da frente de incêndio

Qual o efeito da água no "reator"?
A água arrefece o "reator" o que, por um lado, para a reação acelerada de oxidação do carvão e, por outro lado, evita que a madeira liberte mais gases combustíveis.
É semelhante a, quando no campismo fazíamos uma fogueira (bem sei que agora é proibido), ao efeito de espalharmos o material (deixaria de haver temperatura suficiente para a reação em cadeia continuar).

O contra-fogo é a tecnologia "inversa" à água.
Não arrefece a "reação em cadeia" na hora em que ela está a acontecer mas, queimando previamente parte da vegetação rasteira, deixa de haver densidade de combustível suficiente para que a temperatura atinja os valores necessários para que o fogo se auto-alimente.
Assim, quando a frente de fogo chegar a uma área previamente "tratada" com o contra-fogo, não consegue continuar.

Agora, a minha proposta para controlar os fogos florestais.
Usar água é pouco eficiente no combate aos fogos florestais porque:

A) A água tem pouca capacidade de apagar fogos o que obriga a transportar continuamente grande quantidades e a grandes distâncias (em camiões e aviões).

B) Tem que haver estradas até ao local o que é impossível porque a frente de fogo é dinâmica, e o transporte aéreo é muito caro.

C) O dinamismo da frente de incêndio obriga a que seja preciso repetidamente combater o incêndio (o que regamos agora de nada vai servir daqui a um minuto porque o fogo caminha para a frente).

D) Como a dinâmica é incerta, não é possível fazer um planeamento dos meios (os bombeiros têm que ficar à espera da chegada da frente de fogo).

Contra-fogo com uma tela de pano ignífugo.
Um pano ignífugo é uma tela feita em fibra de vidro, leve e barata, que serve de barreira à propagação de calor, chama e não arde.
Quando temos uma "estrada" estreita onde se vai fazer o contra-fogo, há o problema de haver um atravessamento ao longo da linha em chamas e ainda de o sapador sofrer muito calor.
O pano ignífugo vai fazer uma muralha com 3 metros de altura e uma extensão de 100 metros o que dá tempo para que a linha de contra fogo se afaste da "estrada".
Como o pano evita a passagem de calor, a necessidade de meios para evitar os atravessamentos tornam-se muito reduzidos podendo mesmo ser feito sem necessidade de água.
Naturalmente, eu proponho uma tela com 3 metros de altura e 100 m de extensão mas isso terá que ser determinado por experimentação no terreno.
Esta tela não será de difícil uso (mesmo com vento) porque pode ser usado na horizontal (deitada sobre o material a queimar).

Fig. 3 - Esquema de contra-fogo com tela ignífuga


Quanto custará a tela ignífuga?
Estive a ver uns preços e anda na ordem dos 5€/m2.
3 m x100 m = 300 m2 que custarão 1500€.
Pensando que terá um sistema de suporte e controlo (pegas, pilares e apoios), ficará nos 3000€.
E a tela pode ser usada vezes sem conta.

Na frente de fogo.
E tecnologia da tela ignífuga também pode mesmo ser usada como auxiliar das mangueiras de água na frente de fogo, situação em que será apenas necessário usar água no que passar por baixo da tela e não a apagar o fogo diretamente.

Fig. 4 - O contra-fogo faz-me lembrar que nem tudo o que está queimado é feio





terça-feira, 8 de agosto de 2017

Robôs: os novos inimigos dos esquerdistas

Como os robôs são máquinas ...
E como máquinas são capital e capital lembra capitalistas, ai está o inimigo público a abater pelos esquerdistas.
É o grande capital que vai tomar conta dos robôs e, com isso, tomar conta dos indefesos trabalhadores.
Por causa disso, mais impostos sobre o capital em particular, sobre os robôs.
Já uma taxa de 100€/mês sobre as máquinas de lavar roupa porque estão a destruir o emprego das mulheres de limpeza.

O que seria o homem sem tecnologia?
Há cerca de 5000 anos, no fim da idade da pedra, quando as pessoas viviam da recolha e caça, estimo que vivessem no território do atual Portugal continental um máximo de 3000 pessoas.
Essa população seria formada por famílias com 5 pessoas, 2 adultos e 3 crianças.
As famílias organizavam-se em clãs, cada um formado por 20 famílias.
E haveria uns 30 clãs espalhados pelo território que agora é Portugal.
Apesar de haver poucas pessoas, mesmo assim, passavam fome e necessidades materiais de toda a espécie, incluindo naturalmente, a doença.
Esta minha estimativa não tem fonte sólida (ver aqui) mas também pouco interessa para aqui.

Hoje somos 10000000 pessoas.
Hoje, apesar de viverem 3330 pessoas do território em que vivia apenas 1 pessoa, é inquestionável que  vivemos com muito mais qualidade de vida.
E isto não se deve ao facto de sermos mais inteligentes, fortes, altos ou bonitos que os nossos antepassados pré-históricos mas deve-se apenas à tecnologia e ao capital que se foram acumulando ao longo dos séculos.

Um pequeno modelo com capitalista.
Para compreendermos como funciona a nossa economia com especialização capitalista / agricultor vou apresentar uma pequena economia agricultura com apenas duas pessoas: o capitalista que produz "terra arável" e o agricultor que "cultiva a terra".
Será matematicamente muito simples e "estática" no sentido de que os indivíduos trabalham sempre 10h/dia.

Vamos à caracterização do meio ambiente:
1 - Inicialmente existe um baldio com 1000 unidades de área onde cada "recoletor" consegue obter 0,1 kg de alimentos por cada hora de trabalho.
2 - Se o baldio fosse transformado em "terra arável", nesses 1000 ua seria possível o "agricultor" produzir 1,0kg de alimento por hora (tecnologia proporcional).
3 - São precisas 100 horas de trabalho para transformar 1 ua de baldio em 1 ua de "terra arável".
4 - A "terra arável" regride para baldio à razão de 5% por ano.
5 - A "função de bem-estar", U, diz que uma pessoa vive melhor se comer mais (Y é a produção diária) e se trabalhar menos (T é o trabalho diário) segundo a seguinte relação:
  U = Y^0.5 - T^0.5
Atualmente trabalham ambos 10h/dia tendo um nível de vida igual a (1/10)^0.5 = 0,32

A especialização capitalista / agricultor.
Os recoletores reúnem-se e fazem um contrato em que um deles vai ser o capitalista (transforma o baldio em terra arável que passa a ser sua) e o outro vai ser seu empregado recebendo metade do que produzir como agricultor.
Depois de muitos anos de investimento, com 10h/dia de trabalho o equilíbrio atual é haver 730 m2 de terra arável onde o agricultor produz 7,3kg/dia dos quais recebe 3,65kg/dia de salário.
Agora, o nível de vida aumentou para (3,65^0.5 = 0,60

O capitalista demorou muitos anos de trabalho para acumular os 730 m2 de terra arável.
Inicialmente teve que trabalhar 20000h sem nada receber (endividar-se e passar fome) para poder ter os 200m2 que tornaram  a agricultura mais rentável que a recoleção. 
Depois, ainda teve que trabalhar muito mais até atingir os 730m2 de equilíbrio.
Claro que agora o agricultor esquerdista pode dizer "a terra arável a quem a trabalha" esquecendo que este capital apenas existe porque o capitalista trabalhou e poupou ao longo dos anos.
Se o agricultor expropriar metade de capital (para dizer que é justo) passando ambos a ser agricultores, não haverá nenhum problema no curto-prazo mas, o problema surge de cada ano 5% desse "seu" capital desaparecer até voltar tudo a ser baldio.

Vamos então aos robôs.
Um robô não é nada mais que uma máquina/ferramenta.
Se, inicialmente, uma máquina/ferramenta era uma vara endurecida na fogueira, depois uma pedra atada com cabedal a uma vara e por ai fora, agora um robô é o mesmo conceito mas tendo um computador como "cérebro". 
Um robô não é em nada diferente do cão domesticado que o caçador usava na pré-história: o cão acabou com a atividade de "batedor humano" com muita vantagem.
Mas que primitivo quereria que o seu filho fosse batedor humano?
Como exemplo de robôs temos a máquina de lavar roupa (que libertou a mulher da cozinha), o multibanco (que transfere dinheiro a qualquer hora do dia sem custos) ou uma máquina de soldar chapas (que diminuiu radicalmente o custo de ter um automóvel).

Será que os robôs vão acabar com os empregos?
Claro que não, isso é uma tontaria que a esquerda abraça e que está ao nível dos programas do canal História onde pessoas aparentemente sadias defendem que descendemos de répteis vindos do Espaço.

Os robôs vão acabar com os taxistas.
Isto é uma verdade como a canalização acabou com os aguadeiros (pessoas que vendiam água), as garrafas de gás acabaram com as carumeira (mulheres que cortavam caruma nos matos do interior para ser vendida nas cidades) e os tratores acabaram com os fazedores de carros de bois.
Mas não ouço ninguém a defender essas profissões talvez porque já passou algum tempo desde que desapareceram.
Vão acabar os taxistas e muitas outras profissões que conhecemos hoje mas isso é o normal progresso da humanidade, outras surgirão. Por exemplo, é do meu tempo o aparecimento dos portageiros nas auto-estradas e é do meu tempo o seu fim.
O certo é que cada vez teremos empregos mais agradáveis e onde seremos mais produtivos.

A próxima revolução está nos veículos sem condutor.
Já há veículos que circulam em auto-estrada sem condutor.
Parece pouco mas, mais do que transportar um passageiro que não quer conduzir, já permite que um camião vá de um "terminal TIR" até outro "terminal TIR" sem intervenção humana.
Isto vai ser uma revolução na logística, ser possível dizer a uma palete de carga "vai até ao terminal TIR de Estugarda num máximo de 36 horas" e pronto, ser a palete a "procurar" a melhor forma de chegar lá.

O trânsito nas cidades.
Aparentemente o problema dos congestionamentos dentro das cidades é haver muitos carros a circular.
Mas se repararem bem, o problema está nos carros parados e estacionados que ocupam bem mais de metade do espaço que deveria ser usado para a circulação automóvel.
O veículo autónomo (e que se deve vir a chamar apenas "autónomo" tal como o "veículo automóvel" se reduziu a automóvel) vai ter a capacidade de, sem ninguém lá dentro, desaparecer para se enfiar num estacionamento longe da vista.
Agora não em apetece escrever mais sobre isto mas pense como seria possível enfiar milhares de autónomos baixinhos em cavescom apenas 1,60 m de pé-direito, todos encostadinhos. Na área onde hoje cabe um automóvel estacionado, no futuro caberão 50 autónomos.

Eu tenho este robô em casa! Será que corro perigo de vida?







quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Serão os automóveis elécticos o futuro à nossa espera?

Como estamos de férias, tenho que falar de algo levesinho. 
Estive ontem um bocadinho na praia e posso garantir que as portuguesas estão com corpos muito bonitos.
Quanto aos homens, não reparei!
Será que é por causa do imposto que o Costa meteu nas bebidas com açúcar?
Quanto aos carros, a industria (ou a comunicação social) está a caminhar em dois sentidos que considero ter pouco potencial para melhorar as nossas vidas e poderiam concentrarem-se em algo mais valioso.

Será que os carros elétricos são o futuro?
Peguei na minha fatura deste mês, retirei os 3,02€ da "contribuição audiovisual" e calculei o preço da energia elétrica que foi de 57,23€ / 228kwh = 0,251€/kwh.
Pensando que a carga da bateria e descarga têm um rendimento aproximado de 80%, a energia de um veículo elétrico colocada na roda sem considerar o ISP (imposto sobre os produtos petrolíferos) é de 0,30€/kwh.

Vejamos o preço dos combustíveis fósseis.
Para podermos comparar com os automóveis que usam combustíveis fósseis temos que retirar o ISP.
Na primeira semana de Agosto o gasóleo está cotado a 1,663 USD/gallon o que se traduz em 0,37€/litro. Acrescentando despesas de distribuição e IVA teremos, sem ISP, um preço na ordem de 0,50€/l.
Cada litro de gasóleo tem 9,0kwh de energia e o motor diesel tem um rendimento de 35% (potência colocada na roda) o que dá 3,15kwh/litro.
então, o preço da energia produzida com gasóleo será de 
0,50€/litro / 3,15 kwh/litro = 0,16€/khw.

Não pode ser!
A energia na roda de um automóvel elétrico custa 0,30€/kwh enquanto que a energia na roda de um automóvel a gasóleo custa 0,16€/kwh.
O gasóleo custa metade da eletricidade.
O problema é a desinformação e os impostos (o ISP e o IVA sobre o ISP).
A gasolina fica um pouco mais cara, 0,22€/kwh, porque o motor tem menor rendimento mecânico.

Vejamos agora as contas apresentadas na comunicação social.
Os nossos automóveis têm uma bateria de chumbo com uma capacidade de armazenamento de 0,6 kwh que permite uma potência de 150w durante 4 horas, suficiente para um ciclista a circular a 20km/h em estrada plana. Assim, a nossa bateria totalmente carregada dá para percorrer 80km de bicicleta.
A bateria de chumbo tem como principal vantagens usar um material que existe em abundância na Natureza (o chumbo) e ter uma potência de pico muito elevada (750w) mas tem as desvantagens de o chumbo ser venenoso (é um metal pesado) e de pesar 13kg (1kwh por 20kg).
Em comparação, os carros elétricos e híbridos usam baterias de Lítio que é uma matéria-prima rara.
O ZOE, o carro elétrico da Renault, tem uma bateria 67 vezes mais capaz, com 40kwh cujo carregamento custará cerca de 12€ (um preço de 0,25€/kwh e um rendimento de 85%). 
Se compararmos com Gasóleo, esta bateria é equivalente a 12 litros de combustível que, sem ISP, custariam na ordem dos 6,00€.
O ZOE anuncia que consegue percorrer 400km com 40kwh o que se equipara ao anúncio de um consumo de 3,0litros/100km dos carros Diesel de gama equivalente.
Mas, como sabemos, o mínimo que consegui fazer no meu carrito 107 foi um resvalar de 10% (4,2litros/100km para um anúncio de 3,8litros/100km).

E ainda falta o preço, a duração e o peso.
A bateria de lítio pesa cerca de 10kg/kwh o que dá 400 kg para a bateria do ZOE (também tem baterias menores).
Mais peso quer dizer que o caro elétrico vai gastar mais energia!
Só permite cerca de 400 carregamentos totais e 800 carregamentos meios o que dá para 160000km se não houver resvalar muito grande no consumo.
A bateria é muito cara.

E o aquecimento?
Por cada kwh na roda, o motor diesel produz 2 kwh de calor à borliex. Assim, um carro diesel a 60km/h que gasta 3,0l/100km produz além dos 5,7 kw na roda, mais de 10kw de calor que pode ser usado para aquecer o interior do nosso automóvel.
Nos carros elétricos, o aquecimento vai roubar energia à bateria o que faz com que, nos dias frios no Norte da Europa, pelo menos metade da energia da bateria tenha que ser usada no aquecimento.
Assim, no Inverno o consumo duplica e a duração da bateria reduz-se a metade.

Será que a eletricidade não produz CO2?
Eu gasto mais ou menos 60 litros de gasolina por mês que precisaria de 160kwh de energia electrica.
Isso corresponde a 70% da energia que eu gasto em minha casa.

Dados actualizados.
Fui ver dados à wikipedia e diz o seguinte:
A autonomia de uma bateria de 40kwh é de 300 km (e não de 400 km).
A bateria custa 79€/mês para um percurso máximo de 12500km/ano, 40 cargas/ano, o que dá 24€ por cada carregadela mais os 12€ pela electricidade!
O peso do ZOE é de 1428kg que compara com os 912kg do Clio.

Concluindo?
Para já, veículo electrico eficiente terá que ser uma bicicleta porque os motores a explosão pequenos não funcionam bem.
O preço da eletricidade terá que ser muito menor, na ordem de 1/3 do preço atual, para que os automóveis elétricos se tornem competitivos face aos automóveis normais.
Não tem a ver com baterias nem com autonomia mas apenas com o custo do combustível que é muito mais barato se usarmos gasóleo.

Mais importante é o preço da bateria.
Uma bateria de lítio tem um preço com IVA de 300€/kwh, 12000€ num veículo com autonomia inicial de 300km (40khw e um consumo de 0,13khw/km).
A bateria vai perdendo capacidade. Se for substituida quando atinge 50% da capacidasde inicial, conseguem-se aproximadamente o equivalente a 750 recargas o que dá, numa bateria normal de 24khw  (que custa 7200€) qualquer coisa como 140 mil km.
Isto dá um custo da bateria (sem consumo de electricidade) ligeiramente superior a 5€/100km.
Assim, para os veículos electricos serem competitivos face aos veículos a conbustíveis fósseis (sem ISP), o preço da bateria tem que descer dos actuais 300€/khw para 100€/khw (que é o preço das baterias de chumbo mas que pesa muito mais, uma de 40kwh pesaria 1100 kg)
Só acho estranho ninguém fazer estas contas.
Será que estou enganado?
Que os investidores que meteram milhares de milhões de euros na Tesla estão malucos?
Lanço aqui o desafio para que os esquerdistas que anunciam que eu não digo coisa com coisa.

Cuidado com o Sol que é como o Amor, mata devagarinho.

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