terça-feira, 20 de dezembro de 2022

A fusão nuclear como fonte de energia não tem qualquer futuro.

Há dias saiu a notícia que foi conseguido um saldo positivo de energia.

Diz a notícia que, decorridos 60 anos de investigação, um laboratório da Universidade da Califórnia, usando uma máquina que já custou milhares de milhões de dólares, injectou 2,05 megajoules de energia e  produziu 3,15 megajoules de energia.

Este feito não tem qualquer importância porque i) estamos a falar que quantidades ínfimas de energia, equivalente a 0,1 litros de gasolina!!!!!! e ii) a energia que injectaram estava na forma de electricidade e a energia produzida estava na forma de calor (são precisos 8 MJ térmicos para produzir 2 MJ eléctricos). 


A energia libertada é muito grande e o hidrogénio é baratíssimo.

As estrelas dão calor e luz porque fundem hidrogénio numa cascata de reacções:

    H + H = D + positrão + 1.44 MeV

    D + H = He3 + 5.49 MeV

    He3 + He3 = He4 + 2.H +12.86 MeV

Esta cascata de reacções condensa-se na reacção seguinte:

    4H = He4 + 26,72 MeV

Um MeV é muito pouca energia, 1.602E-13 MJ, mas uma mole (4 gramas de hidrogénio) tem muitos átomos (o número de Avogrado, 6.022E+23). Multiplicando as duas grandezas por 26,72, vemos que 4 gramas de hidrogénio produzem 2580MJ que são equivalentes a 820000 litros de gasolina ou ter um aquecimento de 1000W a trabalhar ininterruptamente durante 80 anos.

Para produzir toda a electricidade de portugal durante um ano, com um rendimento de 25%, seriam necessários apenas 2,7 m3 de água.


Então qual é o problema?

É que não é possível na Terra fundir os núcleos de dois átomos hidrogénio.

A repulsão entre os protões é tão grande que, para se aproximarem e ficarem "colados" um ao outro, são necessárias pressões incompatíveis com o ambiente que vivemos na Terra. O Sol funde hidrogénio porque tem 330000 vezes o tamanho da Terra (em massa) o que faz com que o seu interior comprima os átomos de hidrogénio com uma pressão que nunca conseguiremos ter na Terra. 

A alternativa é acelerarmos os átomos o que se consegue fazendo subir a temperatura acima 100 mil milhões de graus C, o que é muito difícil de conseguir e, depois, de manter. O material que resiste a temperatura mais elevada e o Tungsténio que derrete a 3422 .C e nós precisamos de mais de 100 mil milhões!!!

Estão a ver a impossibilidade?


A reacção alternativa D + T.

Em vez de usar Hidrogénio, usa-se Deutério e Tritium. 

  D + T = He4 + N + 17,6MeV

É esta a reacção que se procura controlar pois já "só" são necessárias temperaturas de 1000 milhões de graus centígrados. É muito difícil atingir e controlar esta temperatura mas acrescenta um problema ainda mais grave, é que na Terra não há Tritium!!!!!!

O Tritium é produzido nos reactores nucleares CANDU de água pesada (que usam urânio) em que um reactor de 600MWe produz 100 gramas de Tritium por ano (sim, apenas 100 gramas). Um reator de fusão de 600MWe precisa me 30kg de tritium por ano. Sendo assim, são precisos 300 reactores CANDU de 600MWe para alimentar um reactor  de fusão de capacidade idêntica.

O reactor CANDU é formado por 480 "mini-reactores" com forma de tubo, enfiados num cilindro cheio de "água pesada".

Mesmo que a energia da fusão nuclear fosse gratuita.

Apenas poderia suprir 1/300 = 0,3% da energia produzida por fontes nucleares.


E a alternativa de bombardear Lítio para produzir Tritium?

Durante a reacção D + T é libertado um neutrão de alta velocidade que, chocando com um átomo de Lítio, produz um átomo de trítium.

  D + T = He4 + N + Energia

  N + Li = T 

Juntando as duas reacções, teremos

  D + Li = He4 + Energia

O problema é que i) é preciso reciclar continuamente o Lítio para retirar o Tritium, ii) o rendimento é baixo não conseguindo produzir nem metade do Tritium necessário iii) o Lítio tem contaminantes que se tornam lixo radioactivo.


A fusão é muito difícil (para não dizer impossível) e não tem vantagens relativamente ao Urânio.

Com a inovação nos painéis solares, a energia nuclear deixou de fazer sentido. Já expliquei as contas e, se há 15 anos eu era um defensor acérrimo do nuclear, agora não vejo viabilidade económica à tecnologia.

Mas se é para apostar no nuclear, não vale a pena enterrar milhares de milhões de euros no desenvolvimento de uma tecnologia que é altamente difícil de controlar (para não dizer que é impossível) e que não resolve o problema dos resíduos nucleares.

Melhor seria investir recursos nos reactores de neutrões rápidos de "queima" de resíduos nucleares (FBR - Fast Breeder Reactors).


Mas os investimentos públicos nunca precisam de justificação racional.

Um maluco esquerdista qualquer diz "o futuro são os comboios" e lá o Estado (os contribuintes) metem milhares de milhões em comboios que, daqui a 10 anos, estão todos parados.

Outro maluco esquerdista qualquer diz "o futuro é o hidrogénio verde" e lá o Estado (os contribuintes) metem milhares de milhões numa rede de hidrogénio que, daqui a 10 anos, vai estar completamente encostada.

Outro maluco esquerdista qualquer diz "o meu sonho é a educação" e metem-se a passar tudo a torto e a direito e a empurrar os jovens para cursos de humanidades que não dão qualquer competência profissional. Passados 10 anos, vê-mo-los ressabiados nas caixas dos supermercados.

Outro maluco esquerdista qualquer diz "O grande capital explora os trabalhadores" e, passado 10 anos, a Roménia ultrapassa-nos.

Outro ou o mesmo pois são todos farinha do mesmo saco.

Fig. 2 - No ano 2000, o PIB per capita romeno era 30% do nosso e já nos apanhou!
(dados: Racio do GDP per capita, PPP (current international $), WB indicators)



quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

A solução para as cheias do Rio Trancão é instalar uma Bomba de Venturi na foz.

Lisboa tem muitas cheias porque o clima é de transição.

Se nos recordarmos das notícias, nunca se vêm cheias catastróficas em Paris ou em Londres porque o clima é bem definido, chove lentamente e por um período de tempo elevado. Como chove constantemente, não há a possibilidade de construir no leito de cheia.

Lisboa tem um clima mediterrânico, com poucos dias de chuva mas com chuva muito intensa de vez em quando. Como pode haver anos seguidos em que a chuva é pouca, há a tendência para ocupar os leitos de cheia.


Será que Lisboa é mal governada?

Quando foi feito o tabuleiro inferior da Ponte de D. Luís I no Porto, foram procurados os caudais históricos registados dos últimos 2000 anos pois, se a água atingisse o tabuleiro, a ponte cairia. 

Mas as pessoas não pensam assim. Se no tempo dos pais nunca a água inundou uma determinada área, pensam que essa área está a salvo das cheias, o que não é verdade. Mas esta forma de pensar está correcta pois, havendo apenas necessidade de incorporar na decisão (e na gestão dos negócios) este risco.


Façamos umas contas.

Durante o verão, um restaurante a 500 m do mar tem um lucro de 1000€ enquanto que um restaurante mesmo em cima do mar tem um lucro de 10000€. O problema é que, no inverno, o mar atacar o restaurante mais próximo causando um prejuízo 8000€.

Na decisão de fazer o restaurante sobre o mar, o lucro líquido será 10000€-8000€ = 2000€ enquanto que o restaurante distante se fica pelos 1000€.

Neste caso, vale a pena assumir o risco da destruição.


As cidades foram feitas nas margens das linhas de água.

Isto quer dizer que a parte central das cidades é uma zona de inundação. Estas área, por serem centrais, começaram a ser ocupadas com imóveis e as linhas de água metidas dentro de tubos incapazes de transportar os caudais extremos que, muito raramente, acontecem.

Ao fazer mais estradas e casas, mais rapidamente a água das chuvas chega à linha de água e, ao mesmo tempo, os "tubos" por onde passa a água vão ficando cada vez menores.


Em particular, temos o Rio Trancão.

O Rio Trancão drena 293km2. Pensando um dia extremo em chovem 60 mm, será preciso escoar 18 milhões de metros cúbicos de água, 200m3/segundo (por comparação, o caudal médio do Rio Tejo na foz é de 500m3/segundo).

Quando aumenta o caudal do Rio Trancão e, em simultâneo, aumenta o caudal do Rio Tejo e a maré está alta, não é possível descarregar 200m3/segundo para o Rio Tejo.


A Bomba de Venturi.

A Bomba de Venturi usa a velocidade de um jacto para arrastar a água que está à volta. Vamos supor que com a maré baixa (nível do Tejo em 0m), o caudal do Rio Trancão é de 200m3/s (velocidade de 5m/s) mas que quando o nível do Rio Tejo sobe (para 2m), o caudal diminui para 50m3/s (velocidade de 1,25m/s). A Bomba de Venturi injecta no meio do ria um tacto a 20m/s que vai arrastar a água, aumentando o caudal do rio.

Utilizar a Bomba de Ventiri será equivalente a descer no nível do Rio TEjo em 2 metros (para o nível da maré baixa).

Em termos energéticos, elevar um caudal 200m3/s uma altitude de 2 metros, com um rendimento de 40%, precisamos de duas bombas de 5 MW cada, o que não é nada de extraordinário, tem um preço inferior a 1 milhão € cada e resolve-se os problemas das cheias nas margens do Rio Trancão.

Fig. 1 - Corte da foz do Rio Trancão onde se esquematiza a Bomba de Venturi; o canal do rio aprofundado e revestido a betão liso para diminuir a erosão e a perda de energia; e o ganho de cota de 2 metros para o Rio Tejo.

Mas o canal vai-se encher de sedimentos.

Isso é verdade, quando o caudal for pouco, o canal aprofundado vai-se encher de sedimentos, terra e areia, mas, quando houver necessidade de ligar a Bomba de Venturi, todos esses sedimentos serão rapidamente atirados para o Rio Tejo.


terça-feira, 29 de novembro de 2022

Como convencer os cidadãos a deixar o carro em casa?

Vi uma notícia no JN sobre uma campanha de sensibilização (ver).

Pensa a Assembleia Municipal do Porto que uma campanha de sensibilização vai resolver os problemas de congestionamento na cidade do Porto.

Noutro sentido o PSD pensa que essa vontade apenas se vai conseguir com mais transportes públicos (o PSD a querer mais intervenção pública!!!!!!!).

O CHEGA também votou contra mas não diz na notícia as razões invocadas.


Mais transportes colectivos públicos não são a solução.

Os nossos  políticos não vêem o que se passa por esse mundo fora pois, nas cidades onde as pessoas menos andam de automóvel próprio, andam de bicicleta e não de transportes públicos!

Os transportes colectivos têm vários problemas:

1) Não apanharem a pessoa à porta de casa nem a deixarem à porta do destino.

2) Não têm o horário exacto que a pessoa necessita o que obriga a um contante "fazer-contas" e a preocupações.

3) São muito caros, só tendo passageiros porque as entidades públicas subsidiam o sistema de forma massiva.


Vamo-nos concentrar nas contas dos STCP de 2019 (ver).

Durante o ano houve 76,7 milhões de validações (o relatório refere que são passageiros mas não corresponde à verdade pois as pessoas são sempre as mesmas), 210 mil validações por dia o que, fazendo uma média de 1,5 validações por viagem, ida e volta, dá 70 mil viajantes por dia.

Tendo os concelhos servidos (Maia, Valongo, Matosinhos, Porto, Gondomar e Gaia) 900 mil habitantes, cerca de 8% das pessoas viaja diariamente, ida e volta, nos STCP.

   Percurso da viagem: 3,74 km.

   Preço da validação pago pelo passageiro: 0,53€.

   Subsídio + Prejuízo da viagem: 0,15€.

   Taxa de ocupação dos veículos: 14,3%.

   Velocidade média: 15,5 km/h.

Marquei que a taxa de ocupação já é muito baixa e que, aumentando a oferta de linhas e de horários, essa taxa vai diminuir ainda mais.

Marquei também que cada viagem recebe um subsídio de 0,15€ e que a velocidade média é muito baixa, cerca de 15km/h, o que é menor do que a velocidade de uma trotinete!


Para diminuir os automóveis, é necessário facilitar a vida aos micro-veículos.

Temos as trotinetes eléctricas e as bicicletas eléctricas que têm diferentes necessidades.

Locais de estacionamento.

As bicicletas eléctricas são mais pesadas, sendo difícil leva-las para casa. São então precisos lugares de parqueamento seguros e abrigados para as pessoas, durante a noite, poderem deixar o veículo no espaço público. Cada bicicleta precisa de 0,5m x 1,2m o que, comparando com automóveis, um estacionamento dá para 15 bicicletas. 

Como as trotinetes são leves, podem ser levadas para casa, havendo apenas necessidade de estacionamento no destino. Cada trotinete precisa de 0,33m x 1,5m o que, comparando com automóveis, um estacionamento dá para 25 trotinetes. 

É preciso criar estacionamento nas escolas, hospitais, cafés, restaurantes, discotecas, praias, parques, etc. para os utilizadores. 

O estacionamento precisa de amarração. Actualmente, uma pessoa que precise ir à Baixa do Porto fazer qualquer coisa ou tomar um simples café, está limitada aos sinais de trânsito para amarrar o seu micro-veículo.


Locais de carregamento.

É necessário haver locais públicos de carregamento.

Mais para as bicicletas que são difíceis de carregar mas as trotinetes, com locais de carregamento, permitem viagens de comutação mais longas.

Está indicado que uma viagem em cidade deve demorar um máximo de 40 minutos o que corresponde a cerca de 10km de autocarro ou de trotinete elétrica.

Acresce que o autocarro, contrariamente à trotinete, não segue o caminho mais curto entre a origem e o destino.

Fig. 1 - 10km é a distância entre Baguim do Monte e o Hospital de Santo António.

Vamos aos incentivos.

Eu sou contra os subsídios desnecessários mas, no caso da introdução de novas tecnologias, é preciso um incentivo para que a tecnologia seja adoptada mais rapidamente. 

1) Experimentação.

Fazer uma campanha nas escolas e universidades de test drive. Bem sei que há trotinetes partilhadas mas não é suficiente, é necessário ir a uma escola com 100 trotinetes e os alunos poderem fazer 15 minutos de test drive.

2) Locais de carregamento serem gratuitos.

O carregamento total de uma bateria de 7,6Ax36V gasta c0,32KWh o que traduz um custo de cerca de 0,07€.

Dar este pequeno subsídio, que é metade do atribuído aos passageiros dos STCP por cada viagem, durante um ano não se traduziria em grande encargo para a autarquia. Se 1000 pessoas carregassem totalmente a trotinete todos os dias, no fim do ano seria um gasto de 25000€.



domingo, 27 de novembro de 2022

E falso que Portugal nos últimos 7 anos convergiu com a média da União Europeia

O António Costa não se cansa de dizer que estamos a convergir rapidamente com a UE.

Mas é apenas mais uma das sua mentiras que têm conseguido anestesiar o Zé Povinho.

Fui ao Banco Mundial buscar os dados dos 27 países que fazem hoje parte da União Europeia, descarreguei os dados do PIB em USD de 2005 e da população e calculei o PIB per capita da UE e português.

Dividi o PIBpc português pelo da UE e o que obtive?


Nos últimos 23 anos divergimos 9 pontos percentuais.

Em 1985, tínhamos 48% do PIB europeu. Fomos convergimos rapidamente no cavaquismo e mais lentamente no tempo do Guterres de forma que atingimos 72% em 1999, quando entramos no Euro.

Desde então, o nosso PIB per capita caiu para 63% do PIB Europeu.

Divergimos, não convergimos.

Fig. 1 - Evolução do PIB pc português em comparação com o da UE

Mas vamos ao tempos do Costa.

Em 2015, último ano do governo do Passos Coelho, o nosso PIB per capita era 63,15% do PIB da UE e em 2021 foi 63,29%, uma convergência de 0,14pp que traduz que crescemos apenas mais 0,02%/ano do que a UE, não é merecedor de tanto foguetório. 


Estamos sem perspectivas de melhoria dos actuais 63% do nível de vida da União Europeia e estamos contentes com isso.

quinta-feira, 3 de novembro de 2022

A Iniciativa Liberal perdeu-se na espuma do orçamento

O que deve o governo fazer quando vem uma crise?

Em Portugal só há socialistas, sejam do PS ou do PSD, e comunistas, sejam do PCP ou da BE. Se a pergunta for deita aos socialistas e comunistas, a resposta será "mais intervenção do estado, mais subsídios, mais serviços públicos gratuitos e menos impostos".

Mas a IL - Iniciativa Liberal diz que é liberal no sentido de Hayek. Digo que diz porque, no fundo, no fundo, também são socialistas!!!!!! 

Se a IL fosse mesmo liberal teria de responder que, havendo uma crise, o governo deve fazer coisa alguma, nadar, nicles, pevide, batata, ou como disse Jesus o não Cristo, bola.

Mas a IL passou ao discurso do governo ter de dar mais 3% disto e tirar menos 2% daquilo e esqueceram-se da liberdade individual, de deitar fora o governo e cada um passar a governar-se como puder.

A Iniciativa Liberal é mais um bando de socialistas com roupagens jovens.

O que vem a IL dizer da "Crise da Habitação"?

Deveria dizer "liberalize-se toda a fileira da construção" mas vem falar de impostos. Propõe que 250€/mês do ordenado, 3000€/ano, fiquem isentos de IRS. 

Primeiro, isso só vai favorecer os mais ricos pois os 25% dos trabalhadores que ganham o salário mínimo não pagam IRS e é impossível as empresas pagarem 250€/mês além do SMN.

Segundo, isso é socialismo, estar o governo a preocupar-se com a vida das pessoas no curto prazo em que as taxas de juro estão a subir, não é liberalismo, liberalismo é dar liberdade às pessoas para poderem decidir as suas vidinhas. 

Vejamos as políticas que a IL deveria defender mas que não defende.


1) Acabar com o PDM e com todas as limitações da densidade e a altura dos edifícios habitacionais.

Acham que Nova York tem PDM?

Acham que Nova York limita a altura ou a densidade das construções privadas?

Acham que Nova York impõe cores, arquitecturas ou aspectos aos edifícios privados?

Acham que Nova York regula as fachadas dos edifícios privados, se tem neóns, ecrãs ou luzes a piscar?

Nadam.

Em Nova York cada um faz o que quiser com o seu terreno.

Serão as cidades portuguesas mais bonitas do que Nova York?

Será que haver um PDM restritivo faz as cidade de Esmoriz, Valongo, Gondomar, Oeiras, amadora, Porcalhota, Setúbal, Xabregas mais bonitas do que Nova York (que não tem PDM)?

Se não faz, então para que serve o PDM das nossas terriolas, das mais feias do mundo?

Sim, só temos terriolas, mesmo Lisboa são meia dúzia de gatos pingados a armar ó finesse.

A Madona anda está em Lisboa? Hahahahahaha.

O PDM serve para a corrupção, para o amiguismo, para as influências de poder, para os da câmara pensarem que são uns senhores, para dar a mão aos "amigos do PS".

O PDM faz com que Portugal esteja cheio de terras lindas, que vêm pessoas de longe fotografar!

2) Acabar com a RAN - Reserva agrícola Nacional.

O milho, trigo, óleo de girassol, açúcar, arroz, batatas são importantes mas não pode competir com as pessoas que precisam de construir a sua casinha porque as áreas de construção necessárias são muito pequenas.

Imaginemos um prédio Cv, RC + 3 pisos. Em 1500 m2 de terreno metemos 32 apartamentos de 3 quartos e ainda 32 lugares de estacionamento à superfície.  Esse mesmo terreno cultivado a milho produz 250kg/ano que a preços de mercado valem 78€.

Cada apartamento irá prejudicar uma produção no valor de 2,50€/ano.

Como é possível reservar um terreno onde poderia haver 32 apartamentos para uma produção anual de 78€?

Será que ninguém vê quão aberrante é termos uma enormidade de áreas urbanas espartilhadas por bocaditos de Reserva Agrícola Nacional?

Mais uma vez, a REN só serve para o amiguismo, para os camaristas terem poder, os fiscaisecos dizerem "já havia aqui uma construção" e poderem receber umas maquias.

Acabar com isso.


3) Os empreiteiros poderem contratar estrangeiros para a construção civil.

Fazer como a Suíça que é um país mais civilizado do que nós somos. Dar os vistos aos empreiteiros, eles vão por esse mundo e contratam pedreiro, cofragistas, trolhas, electricistas, carpinteiros e picheleiros, e quando a obra acabar, voltam às suas terras de origem.


Não ser socialista custa muito.

Sofremos perseguições, ataques, enxovalho, destroem-nos.

Eu fui acusado de ter cometido as maiores atrocidades, fascista, racista, vigarista, xenófobo, misógino, homicídio em massa na forma tentada. Passei à clandestinidade (reparem que este blog não tem autor) e, mesmo assim, fui despedido sem apelo nem agravo.

Vemos as cidades, das mais socialistas às ditas liberais, com transportes colectivos de passageiros municipais! Quando o Passos Coelho, um verdadeiro liberal, falou na privatização dos STCP e da CARRIS, caíram-lhe os autarcas todos em cima, mesmo os que se dizem liberais. 

O homem até perdeu o cabelinho todo, ficou carequinha como um melão, depenado à hollywood.


A aberração dos transportes colectivos gratuitos para o utilizador.

Como podem os privados propor inovação nos transportes, seja andar de e-trotinetes, e-bicicletas, e-patins ou a pé, se as autarquias disponibilizam transportes públicos caríssimos e altamente ineficientes a preço zero?

Mas não ouvi a Iniciativa Liberal falar desta aberração, desta concorrência desleal mesmo dizendo a Lei da Concorrência que ninguém pode vender bens abaixo do preço de custo.

quinta-feira, 27 de outubro de 2022

A e-scooter é a maior inovação no transporte de passageiros dos últimos 100 anos.

Os ecologistas defendem que só podemos andar a pé.

Dizem essas pessoas que deveríamos viver próximo dos locais de trabalho, laser, estudo, etc. de forma a ser possível deslocarmo-nos apenas a pé.

Também os bens e serviços que consumimos também deveriam ser produzidos próximo de nós para não haver necessidade de os transportar.

Isto não faz qualquer sentido porque as pessoas têm gostos e capacidades diferentes e dão valor à diversidade de bens e serviços. Além disso, há bens que têm de ser obrigatoriamente produzidos longe de nós como, por exemplo, as bananas (que precisam de calor) e os cereais (que precisam de vastas pradarias que apenas existem no "novo mundo").

Se existem 100000 marcas e modelos de vestuário, não é  possível costurar todos no mesmo local. Bem sei que o Mao Tsé Tung defendia "um mesmo modelo, do mesmo tamanho e da mesma cor, feito do mesmo material para todos" mas a uniformização dos modelos não é o caminho para a felicidade das pessoas (que é o que a sociedade como um todo deve procurar).

Também a existência de economias de escala obriga a que certos bens sejam produzidos num local e distribuídos para todo o mundo. Todos nós já ouvimos falar dos processadores produzidos em Taiwan  e na Coreia do Sul e utilizadas nas máquinas feitas um pouco por todo o mundo.

Também bens como "ver a Torre Eiffel" e "comer peixe grelhado à beira mar" apenas são localmente produzidos (ver com os próprios olhos a Torre Eiffel obriga a deslocar a Paris).

Também as discotecas não podem ficar no mesmo local em que as pessoas dormem!!!!

Se alguém for feliz em ver ao vivo o seu "clube do coração", mesmo que viva no estádio, vai ter de se deslocar porque metade dos jogos são em locais distantes (como equipa visitante).


Para sermos felizes, as pessoas, bens e serviços têm de se deslocar.

Parece estranho eu "perder tempo" a explicar que somos mais felizes se nos pudermos deslocar e se os bens e serviços se deslocarem mas, na mente dos ecologistas, isso não é claro.

Tentei ensinar a alunos de letras, que todos ganhamos se exportarmos bens de "tecnologia intensiva" para África e importarmos de lá bens "de mão de obra intensiva". Não só nós europeus ganhamos (teremos acesso a bens pouco sofisticados a preços baixos) como ganham os africanos por terem acesso a bens de elevada tecnologia que não são capazes de produzir. 

Perguntei-lhes também porque quando vamos ao supermercado existem 100 marcas diferentes de detergente da roupa. Acontece que umas pessoas preferem cheiro a lavanda e outras cheiro a sabão. Também na gelataria há gelados de chocolate, de morango, baunilha e pistácio e vende-se de tudo. Isto traduz que as pessoas são diferentes nos gostos, preferências e capacidades.

Chamaram-me neo-colonialista, racista, xenófobo e fui despedido!!! Sim é verdade, ser professor em Portugal é hoje tão perigosa como o ser no Irão estando a diferença apenas no facto de as "verdades" em Portugal não serem as mesmas que as "verdades" no Irão.


Vamos ao que interessa, à movimentação das pessoas.

As pessoas não têm bem noção disso mas a primeira "invenção" nos transportes foi a domesticação do  burro que aconteceu há cerca de 7000 anos na África Oriental, para os lados da actual Etiópia / Sudão.

O burro foi uma grande inovação porque pode transportar um passageiro (ou uma carga de 60kg, ainda hoje o café se mede em "sacas" de 60 kg) a uma velocidade idêntica à de um humano, 4 a 5 km/h.

Claro que podem dizer "um humano consegue caminhar 60km num dia, exactamente a distância percorrida por um burro" mas a frase está incorrecta, deveria ser dito "há alguns humanos, poucos e bem treinados, que conseguem percorrer 60km num dia, de longe a longe" enquanto que, em cima de um burro, qualquer pessoa consegue percorrer essa distância, todos os dias.

Fig. 1 - Pedi ao Gabinete de Mobilidade da Câmara Municipal de Lisboa para meter uma ciclovia por baixo da linha de comboio da Ponte 25 de Abril.

Pode parece estranho, mas a roda só foi descoberta 1500 anos depois da domesticação do burro.

A roda obriga a haver uma estrada pavimentada enquanto que o burro caminha pelo mesmo caminho que o humano.

Antes da roda foi inventada a "carroça de arrasto" que já era um melhoramento importante. Reduz em 75% a carga suportada pelo burro com a perda de haver atrito que, posteriormente, a roda veio a diminuir. Arrastar a carga sobre uma vara (um carro rudimentar) tem muito menos atrito que arrastar a carga e continua a permitir andar em caminho não pavimentado.

O Cantinflas viajava sempre assim!

Fig. 2 - Arrastar a carga em cima de uma vara diminui a carga suportada pelo burro em 75%.


A Câmara Municipal de Lisboa respondeu-me.

Disse que a ponte era da Lusopontes.


A Lusopontes respondeu-me.

Disse que a ponte era da Infraestruturas de Portugal.


A Infraestruturas de Portugal respondeu-me.

Num email extenso tentou provar ser impossível meter uma ciclovia na ponte. Gostei do cuidado tido na resposta, pessoas educadas. 

Se a ciclovia não pode ser por baixo por i) ter uma plataforma técnica e ii) a ponte ter de ter 70m até à água.

Fig. 3 - Tabuleiro da Ponte 25-de-Abril.

Mas se reduzissem 0,15cm em cada faixa de rodagem e aproveitassem a margem que ainda existe entre a faixa de rodagem e os cabos de suspensão, cabe uma ciclovia com 1m de largura em cada sentido.


Fui buscar estatísticas ao INE sobre passageiros em 2019 (ver Quadro III.37).

Relativamente aos transportes rodoviários de passageiros, 80% das viagens são urbanas/suburbanas nas quais cada português fez 45 viagens no ano, com um percurso médio de 5,8 km e em veículos com taxa de ocupação de 18,1%.

Em média, um autocarro de 50 lugares leva o motorista mais 9 passageiros! As pessoas pensam que os autocarros andam sempre cheios por causa do "enviesamento do observador": nos autocarros cheios andam mais pessoas (e nos vazios não anda ninguém) pelo que a maioria das pessoas observa que os autocarros andam cheios quando a realidade é o contrário.


Porque andam os autocarros vazios, dão tanto prejuízo e os passageiros estão insatisfeitos?

Porque a pessoa i quer-se movimentar do ponto Ai para o ponto Bi no momento Hi e, como as pessoas são diferentes, esses pontos e momentos são diferentes. O autocarro tem de recolher múltiplas pessoas com necessidades diferentes o que obriga a pessoa a andar a pé até apanhar o transporte e a ter de utilizar um horário que não é o pretendido.

O transporte tem um preço monetário, por exemplo, 0,50€/viagem a que temos de acrescentar um preço "psicológico" por ter que percorrer parte do percurso a pé e por ter que se ajustar ao horário. 

Na tentativa de satisfazer os passageiros (diminuir o "preço total" da viagem), tem de haver muitas carreiras e com elevada frequência de passagem o que torna a taxa de ocupação muito baixa e o sistema deficitário.


Porque a trotinete é revolucionária.

1 = É um transporte individual que pode ir exactamente do ponto Ai para o ponto Bi no momento Hi.

2 = Em ambiente urbano é muito rápido. Faz 25km/h enquanto que os transportes rodoviários fazem apenas 10km/h.

3 = Ocupa pouca via. Uma rua normal de cidade de 6 m de largura permite dois sentidos com 3 vias para cada lado, o que acomoda um tráfego de 6 mil trotinetes por hora. Em termos automóveis, a via não permite mais de 500 veículos por hora.

4 = Ocupa pouco lugar de estacionamento. Um lugar de estacionamento de um automóvel ao longo da via tem 2,2m de largura e 6 m de comprimento. Neste mesmo espaço cabem 25 trotinetes e ainda sobram 50 cm para alargar o passeio.

5 = Pode-se facilmente carregar até casa. Comparando com a bicicleta, a trotinete é fácil de transportar no elevador (o comprimento está dimensionado para caber em todos os elevadores) e pode ser transportado mesmo pelas escadas (pesa entre 12kg e 14kg enquanto que a bicicleta pesa mais de 20 kg).

6 = Gasta menos energia que os transportes públicos. O consumo médio de uma trotinete, medido na tomada, é de cerca de 1,5kwh/100km (ao preço de 0,20€/kwh, dá 0,03€/km) o que é equivalente a 0,5 litros aos 100 km. O autocarro gasta cerca de 2 litros aos 100 km por passageiro.

7 = Tem custo total muito baixo. 


Eu comprei a trotinete para experimentar a sensação.

Não tinha necessidade nenhuma mas queria avaliar este novo modo de locomoção. Comprei uma marca barata, Awovo pro, que, em termos físicos, é perfeita. 

Já posso dizer que sou um trotineteiro experiente pois já percorri 2187km. Nos meus percursos variados, em cidade, em estradas nacionais (Já fiz Aveiro-Ovar, Ovar-Espinho na N-109; Ovar-Torreira, Ovar - São João da Madeira e Oliveira de Azemeis na N-327 e muito mais, só ainda não andei em auto-estrada!) e mesmo em terra batida, aconselho a 100% pneus maciços. Apesar de tremerem um pedaço, é altamente aborrecidas ter um furo a 10km de casa e custa pelo menos 15€ remendar o pneu.

Pensei eu que o "brinquedo" não ia prestar, que eu não me iria conseguir equilibrar em cima da coisa e que não seria possível fazer viagens úteis mas enganei-me completamente.

Faz-se no meio da cidade, mesmo em hora de ponta, facilmente uma viagem de 8km em 30 minutos o que de autocarro demora uma hora e a pé 2h e deixa-nos cansados. 

O único problema que tive foi com a bateria mas deram-me uma nova que eu meti em paralelo.

Para quem não quer correr riscos nem experimentar marcas desconhecidas, no meu intender e sem ter experimentado, a melhor solução actual é a XIAOMI Mi Pro 2 que tem boa potência, 300W, muito boa autonomia. 

Uma pessoa com 80kg, para entrar em rotundas, vencer as subidas e arrancar no semáforo precisa de 300W. E consegue, com facilidade, atingir 35km/h que é a velocidade máxima aceitável para viajar numa trotinete em segurança (o máximo que fiz foi 40km/h, em piso muito bom, e fiquei assustado).

A autonomia tem de ser "exagerada" porque o vendedor dá valores optimistas e vai diminuir ao longo da vida da trotinete. Por exemplo, uma pessoa que faz um percurso num sentido de 7,5km e tem de voltar sem carregar precisa dos 45 km anunciados pela XIAOMI Mi Pro 2. Os 45 km anunciados são 35 km reais. Pensando que ao fim de 500 cargas a capacidade está reduzida a 50%, estamos a falar de 17km em "fim de vida", uma pequena margem relativamente aos 17km de "fim de vida" da bateria.
Quem fizer 15 km/dia, 6 dias por semana, "esgota" as 500 cargas em cerca de 4 anos. Se a autonomia for menor, também a bateria irá durar menos tempo.

Consegue-se hoje XIAOMI Mi Pro 2 por 480€ na Worten. 

A XIAOMI Mi Pro 2 só tem um problema, é que tem um "rated power" de 300W e nos comboios só permitem o transporte de trotinetes com "potência máxima contínua" de 250 W. Actualmente não há problema pois não está regulamentado como se mede a "potência máxima contínua" e se é a mesma coisa que "rated power" mas ninguém sabe como será o futuro mas não estou a ver o pica a ver o modelo para garantir que a potência é 250W e não 300W.


Não aconselho trotinetes mais potentes.

Mais potencia leva o preço para os 800€ a 1000€ e não compensa porque "é proibido transportar nos comboios", têm muito mais peso (já não se conseguem carregar pelas escadas) e estão muito mais sujeitas a serem roubadas!!!!

Além disso, não é seguro andar a mais de 30km/h. digo isto porque já tive um acidente a cerca de 18km/h e a coisa é perigosa (levei 3 pontos no sobrolho).


Aconselho a que experimente.

A minha primeira experiência foi com uma trotinete "alugada" mas que estava desligada. Sim, as trotinetes andam mesmo que não a aluguemos. montei-me em cima de uma de dei ao pé a ver se me equilibrava. 

Depois, aconselho a que experimentem uma já eletrificada e que, nos primeiros 500km, andem a uma velocidade máxima de 15km/h.

Finalmente, nunca, em qualquer circunstancia, retire uma das mãos do guiador. Se precisar tirar a mão, pare primeiro pois se não parar, vai malhar no chão com a cabeça (que foi o que me aconteceu).

Fig. 3 - Há muitas coisas que se podem fazer só com uma mão mas andar de trotinete não é uma dessas coisas.

Imaginemos uma cidade 20x10 km2.

Uma cidade rectangular com 20 km de comprimento e 10 km de largura, com as ruas formando uma rede perpendicular.


Fig. 4 - A cidade de Lisboa cabe num rectângulo 20km x 10km

Imaginando que as pessoas estão uniformemente distribuídas pela cidade e que se deslocam de um qualquer ponto A para outro qualquer ponto B, escolhidos de forma uniforme, o percurso médio será de 10km (em 80% dos casos será < 15km).

Se a pessoa caminhar a 4km/h, cada viagem média vai precisar de 2h30m.

Se for utilizada uma trotinete a 15km/h, cada viagem média vai precisar de 40m e em 80% dos casos menos de 1h.

Fig. 5 - Distribuição das distâncias percorridas 

Vamos agora meter uma linha de BUS a cortar a cidade.

A linha de BUS vai cortar a cidade a meio no sentido do comprimento, havendo uma paragem a cada 1000 metros. Neste caso, a distância média percorrida a pé reduz-se para 5,5 km e o percurso médio de BUS será de 6,7 km. 

Se a pessoa caminhar a 4km/h e o BUS viajar a 15km/h, cada viagem média vai precisar de 1h50m (sem contar com o tempo de espera na paragem).

Para reduzir a distância média percorrida a pé para 1000m, terá de haver 10 linhas de BUS espaçadas 1000 metros entre si. Neste caso, o tempo da viagem média reduz-se para 42m (sem contar com o tempo de espera na paragem), mesmo assim, superior ao tempo da viagem de trotinete porque esta vai evitar andar a pé (vai exactamente deste a origem até ao destino).

Ao haver mais linhas, a frequência terá de ser menor (o tempo de espera na paragem será maior) e a taxa de ocupação acabará por ser pequena, o que encarece o sistema de transportes colectivos.


Eu a mandar, metia uma ciclovia na Ponte 25 de Abril.

Para meter uma ciclovia na Ponte 25-de-abril existem duas soluções técnicas.

Na primeira solução técnica, reduz-se as actuais 6 faixas de rodagem, 3 em cada sentido, para 5 vias mais uma ciclovia com dois sentidos (cada pista com 1,6 m de largura). Esta solução é simples de implementar mas acanhada porque reduz uma faixa de rodagem para os automóveis e apenas permite uma ciclovia com 3,2m de largura.

Na segunda solução técnica, suspende-se sobre o canal do comboio um novo canal com 7,5 m de largura e 3,5 m de altura, o que permite manter as actuais condições de tráfego rodoviário e rodoviário e acrescentar uma ciclovia com capacidade para 12000 veículos por hora. 

O canal da ciclovia começaria a descer numa rampa com 6% de inclinação ficando os acessos distantes dos acessos rodoviários à ponte. 

O percurso seria de 4km e o atravessamento demoraria de cerca de 10 minutos.


O problema é que não há decisores políticos audazes.

Portugal não cresce porque estamos sempre no mesmo marasmo.

Mais autocarros, mais linhas de metro, mais barcos mas de tudo que meta dinheiros públicos mas nada de soluções audazes e que poderiam fazer a diferença.

Meter uma ciclovia na Ponte 25 de Abril? Preferem falar numa terceira ponte ou num TGV onde vão ser enterrados milhares de milhões de euros.


sexta-feira, 21 de outubro de 2022

Afinal, de que trata a Ciência Económica?

Fala-se muito de Economia e de Ciência Económica mas o que é isso?

Eu fui acusado de ser racista e despedido porque referi numa aula a alunos de letras que nos países africanos as pessoas são pobres enquanto que nos países da OCDE são ricas.

Mas todos sabemos que, apesar de haver pobres nos países da OCDE e ricos em África, o africano médio é pobre (tem acesso a poucos bens e de baixa qualidade) e "ocidental" médio é rico (tem acesso a maior quantidade de bens e de melhor quantidade).

Claro que ninguém se acredita no que acabo de relatar mas aconteceu mesmo.

A Ciência Económica procura compreender porque existem sociedade pobres em oposição às sociedades ricas.

Vamos ver se consigo dar alguma intuição para o problema (o que não é fácil).


1 = O valor resulta dos gostos do consumidor.

Eu entro numa frutaria. 

Eu gosto mais de umas frutas do que de outras o que, em termos económicos, traduz que dou mais valor às frutas de que gosto mais.

O valor sendo subjectivo, está profundamente escondido no nosso cérebro. Desta forma, quando entro na frutaria, ninguém sabe a que frutas dou mais valor. 

Vamos supor que dou mais valor às maçãs do que às pêras. Apesar de à entrada ninguém saber desta minha preferência, quando faço a compra, revelo os meus gostos. 

Vamos supor que as pêras estão a 1,00€/kg.

A) Em termos qualitativos, se as maçãs estiverem 1€/kg, eu ao comprar maçãs revelo que prefiro as maçãs às pêras. Dou mais valor às maçãs mas ainda ninguém sabe quanto mais.

B) Vamos aumentando o preço das maçãs. Se eu comprar maçãs até um preço de 1,50€/kg e se a 1,51€/kg ou mais eu passar a comprar pêras, em termos quantitativos, estou a revelar que o valor que dou às maçãs é 1,5 vezes o valor que dou às pêras.

Se uniformizarmos o valor das pêras como 1, para mim, as maçãs valem 1,5.


2 = Numa economia eficiente, os bens são consumidos por quem lhes atribui maior valor.

Na frutaria há 300 kg de pêras e 700 kg de maçãs que vão ser consumidos por 1000 pessoas, 1kg por pessoa.

Vamos supor que o valor das pêras é uniformizado a 1 e que cada pessoa dá um valor às maçãs relativamente às pêras, por exemplo, 1,32; 1,56; 1,22; 0,96; 0,74: 1,20; 0,85; ...; 1,29; 1,23. Como já vimos, uma pessoa que dá às maçãs o valor relativo de 0,74 compra maçãs quando o preço está relativamente inferior a este valor e pêras quando está superior.

Agora, tenho de atribuir a fruta de forma a ser máximo a soma dos valores individuais. Assim, será óptimo atribuir os 30 kg de pêras às 30 pessoas que atribuem menor valor às maçãs.

Numa simulação que construí no Excel, o valor é uniforme entre 0,30 e 1,70. Se atribuir aleatoriamente a fruta, o valor médio será 1 enquanto que se atribuir as maçãs a quem lhes atribui mais valor, a média será 1,14.


Parece simples mas é muito complicado.

Na simulação, serão atribuídas maçãs a quem lhes dá um valor superior a 0,70. Uma pessoa com valor 0,90 atribui maior valor às pêras mas vai ficar com maçãs pois há menos pêras.

Isto traduz que, se numa fila indiana (será racismo dizer fila indiana?), perguntar às pessoas "Maçãs ou pêras?", a entrega não vai ser óptima pois todas as primeiras com valor inferior a 1 vão querer pêras quando estas apenas devem ser entregues às pessoas com valor inferior a 0,70.

Mas complicado se torna se houver muitas frutas diferentes. Se, por exemplo, houver 100 frutas diferentes, cada pessoa terá um valor diferente para cada uma das 99 frutas (as pêras têm o valor 1).

Desta forma, o socialista que vai entregar as frutas tem de conhecer os 99 valores atribuídos por cada uma das pessoas (havendo 1000 pessoas, será preciso conhecer 99000 valores). Depois, é fácil fazer as contas que fazem resultar da entrega da fruta o máximo o valor possível.

 

E onde entra o dinheiro das pessoas?

No exemplo apenas considero a compra da fruta contra dinheiro mas cada agente económico faz compras e vendas. A maior-parte de nós vende trabalho e compra bens e serviços.

Podemos então estender o problema considerando quantidades positivas (as compras) e quantidades negativas (as vendas).

Uma pessoas decidem vender mais trabalho tendo, assim, mais rendimento que lhes permite comprar mais bens enquanto que outras decidem vender menos trabalho tendo, assim, menos rendimento, comprando menos bens.

A restrição orçamental obriga a que a soma de tudo o que vendemos tenha de ser igual à soma de tudo o que compramos (mais a poupança/endividamento).

A soma das poupanças das pessoas é exactamente igual à soma do endividamento das pessoas. Se alguém poupa, terá que alguém se endividar e vice-versa

 

Mas pode um país ser rico sem produção?

Claro que não.

A produção é um "problema da transformação". A produção é a destruição  de alguns bens (aquisição de inputs) para produzir outros bens (venda de outputs) a que os consumidores atribuem maior valor. 

Vamos supor que uma pessoa dá um valor de 1,00/kg de maçãs, 1,00/kg de açúcar e 1,50/kg de doce de maçã. Então, transformando 1kg maçãs + 1kg açúcar em 2kg de doce de maçã, aumentamos o valor de 2 para 3.

A relação de transformação traduz a tecnologia.

A economia são milhares de milhões de decisões individuais que têm de ser compatíveis



A economia de mercado.
Há milhões de bens e serviços, milhões de processos produtivos e milhões de trabalhadores / consumidores e, para a economia ser eficiente, é preciso conhecer os gostos de cada um relativamente a cada bem e as tecnologias disponíveis.
A única forma de nos aproximarmos da eficiência é havendo um sistema de preços (e salários) onde vão ser compatibilizadas as possibilidades de produção, as tecnologias e os gostos das pessoas.
Para uma economia ser rica é necessário que o mecanismo de preços funcione bem, não havendo preços determinados de forma administrativa pelos governos.

quarta-feira, 19 de outubro de 2022

Fala-se novamente na Energia Nuclear mas já não faz sentido

Durante anos fui defensor da Energia Nuclear mas não mais faz sentido fazer centrais nucleares.

Se decidíssemos hoje fazer uma central nuclear e as pessoas estivessem maioritariamente convencidas que era o melhor para Portugal, com projecto, avaliações de impacte ambiental e construção, não estaria a funcionar antes de 2030.

O investimento total numa central de 1000 MW seria na ordem dos 7000 milhões €. Esse investimento seria então amortizado em 60 anos, resultando um encargo (com taxa de juro de 2%/ano) de 200 milhões € / ano.

Assumindo uma "carga" de 85% do tempo, estamos a falar num custo de 0,03€/kwh a que temos de acrescentar 0,01€/kwh para combustível e funcionamento.

No total, conseguiríamos electricidade a 0,04€/kwh, o que é um valor bastante baixo.

Fig. 1 - No últimos 365 dias, na Península Ibérica a electricidade foi transaccionada a uma média de 0,1896€/KWh, variando o preço ao longo do dia.

Qual é então o problema?

Esqueçamos o armazenamento dos resíduos e o risco de acidente.

O problema é ser um investimento de longo prazo o que introduz atraso na resposta ao problema de HOJE e introduz risco tecnológico!

Por um lado, apenas haveria produção em 2030 quando precisamos de energia hoje mesmo. Por outro lado, seria necessário pagar 0,04€/kwh até 2090, podendo haver inovações tecnológicas que tornem este valor demasiado elevado.


O risco tecnológico vem dos painéis solares.

Vamos supor que o investimento solar é de X€/KW, que a produção é de 1250h/ano, que a amortização é em 20 anos com uma taxa de juro de 2,5%/ano e que os custos de manutenção são 20%.

Para termos um custo menor do que os 0,04€/kwh da energia nuclear, o valor do investimento terá de ser inferior a 625€/kwh e, por incrível que possa parecer, nos dias de hoje o investimento já é ligeiramente inferior a este valor.


Tenho então que concluir em favor da energia solar.

Pois se hoje o custo solar se compara ao custo nuclear e a tendência do solar é descer, pensando num horizonte temporal até 2090, com toda a certeza que a electricidade produzida com painéis solares vai ficar bastante mais barata que a produzida com centrais nucleares.


Mas a electricidade nuclear é diferente da electricidade solar!

Apesar de electricidade ser sempre electricidade, como bem económico, não é bem assim. 

Ambas as tecnologias são "não controláveis", isto é, não é possível o gestor da rede decidir aumentar ou diminuir a quantidade produzida em função das necessidades. Mas as tecnologias são "contrárias", a electricidade produzida numa central nuclear é em quantidade constante ao longo do dia e da noite enquanto que a electricidade produzida com painéis solares só está disponível enquanto há luz solar.

Se houvesse apenas energia nuclear, seria preciso "destruir" energia durante os períodos de menor consumo (durante a noite) enquanto que se um dia houver apenas energia solar, será preciso armazenar energia durante o dia e durante o verão para gastar durante a noite e durante o inverno.

A energia solar obrigará a controlar o mercado do "lado da procura" (quando houver pouca eletricidade, o preço terá de ser superior) porque armazenar energia tem custos.


Uma solução económica e ecológica para armazenar calor para o Inverno.

Os países do Norte da Europa precisam de calor durante o Inverno. Vamos supor uma comunidade com 1000 casas em que cada casa gasta 10kw em aquecimento durante 6 meses. Estamos a falar de 45000 MWh o que é uma imensidão de energia para guardar em baterias (corresponde a 1 milhão de baterias de 45KWh).

Mas podemos guardar toda essa energia num "poço" com 60 metros de diâmetro e 100 metros de profundidade, cheio de granito britado. Durante o Verão e nas horas em que há produção excedentária de electricidade solar, o granito vai ser aquecido a uma temperatura na ordem dos 650.º C. Depois, durante o Inverno, a energia acumulada vai ser utilizada no aquecimento das casas. 

Tecnologicamente simples, não utiliza recursos naturais importantes, não tem impacte ambiental significativo e é bastante económico.

É preciso pensar em soluções deste tipo para podermos, no futuro, utilizar mais a energia eléctrica com origem solar pois no Inverno e de noite, não há luz solar.

Fig. 2 - Da mesma forma que os nossos governantes querem vender gás natural à Alemanha sem sermos produtores, também podemos utilizar mega solários para produzir electricidade solar durante a noite.

segunda-feira, 17 de outubro de 2022

O que a Liz Truss tentou fazer no Reino Unido não é liberalismo, é socialismo

A nova primeira-ministro do UK tentou descer impostos e fracassou.

Como o governo do UK é conservador, vieram logo os nossos esquerdistas, onde se inclui o Pacheco Pereira, gritar "Perguntei à Iniciativa Liberal se o que se está a passar não é o que eles defendem como a solução para Portugal".

Os da IL nada disseram porque são "filhos" deste blog e eu ainda não expliquei verdadeiramente o que é o liberalismo e como isso não tem nada a ver com diminuir os impostos das empresas e dos que ganham mais.

Para isso, vou usar como exemplo a "habitação".


1 = Um estado totalmente não liberal.

O Estado constrói as casas onde bem entende, reparte as casas pelos candidatos como bem entende, cobra a mensalidade que bem entende.

Agora, temos duas situações quanto ao financiamento. 

Na primeira, existe "equilíbrio orçamental" em que os custos das casas são integralmente pagos pelas rendas. 

Na segunda, existe "défice orçamental" em que os custos das casas são parcialmente pagos pelas rendas e outra parte são pagos por um "imposto" sobre os lucros das empresas onde os residentes trabalham.

Em qualquer das formas de financiamento, não existe liberalismo porque é o Estado quem decide a localização, a atribuição e o financiamento. 

Fig. 1 - Liberalismo é deixar a criança brincar na lama (mesmo que não gostemos).


2 = Um estado totalmente liberal.

São os particulares quem decide onde vão ser localizadas as casas, cada comprador decide onde quer morar e quanto está disponível para pagar de mensalidade. 

Todas estas decisões são tomadas de forma livres e individual com com restrições. Por exemplo, a escolha livre de um individuo que ganha 1000€/mês não tem a mesma liberdade que a escolha de outro indivíduo que ganha 10000€ por mês.

Digamos que é como comparar o caracol com lagartixa. Ambos têm total liberdade para se deslocarem mas o caracol tem mais restrições (anda mais devagar, não pode circular em superfícies secas nem pode apanhar sol directo).


3 = Um estado parcialmente liberal.

O estado vai limitar a liberdade do indivíduo com "regulamentação". Por exemplo, vai limitar a altura dos edifícios a 22,5 m e a profundidade das caves a 10m.

A regulamentação faz sentido quando existem "falhas de mercado" (vou já explicar com um exemplo) mas, geralmente, não faz sentido.

Mesmo quando faz sentido, a ciência económica prova que deve ser feita com "grandezas do mercado".

No exemplo, a Câmara Municipal impor ao construtor do imóvel uma taxa crescente com o número de pisos é economicamente melhor do que proibir a construção em altura.


Vejamos um exemplo numérico (valores razoáveis).

A construção de um imóvel de um piso é 800€/m2.

A construção em altura tem um sobre custo de 5% por piso. 

A Câmara Municial cobra uma taxa por m2 que aumenta 50€/m2 por piso. 

O aumento dos custos e a taxa traduz que os edifícios com mais pisos ficam mais caros:

Fig. 2 - simulação do custo total de cada piso


Numa área nobre da cidade onde os imóveis valem 3000€/m2, o promotor irá fazer edifícios com 1+19 pisos, já noutra área onde valem apenas 1000€/m2, o edifício já só terá 1 + 2 pisos.

Se o decisor político quiser edifícios mais baixos, aumenta o valor da taxa.

A imposição de uma taxa é economicamente mais eficiente do que a proibição porque: 

A) Nos locais de maior valor serão construidas mais casas (e nos locais de menor valor menos casas)

B) O dinheiro recebido pelo Estado vão ser usados na construção de parques, vias de comunicação, equipamentos sociais e ainda na ajuda às pessoas com menores recursos.

C) O sistema está menos sujeito a corrupção.


Mas o que é uma falha de mercado?

No Mar existem peixes e se se pescarem muitos peixes num ano, no ano seguinte não haverá peixes. Se a pesca for livre e houver muitos pescadores, os peixes não têm tempo para crescer e se reproduzirem e podem mesmo desaparecer.

Os automóveis a velocidade elevada causam acidentes cujo prejuízo não é totalmente pago pelo automóvel. Se, por exemplo, atropelam e matam um peão, não existe forma de compensar esse prejuízo. Mesmo quando o ferido é o condutor, causa despesa nos hospitais. Desta forma, o Estado impõe limites à velocidade máxima dos veículos.


A Liz Truss não é liberal.

Pretendia descer os impostos das empresas e das pessoas com rendimentos mais elevados mas nunca falou em dar mais liberdade aos cidadãos.

Por exemplo, no Reino Unido pode-se andar em trotinetes partilhadas mas é proibido andar em trotinetes particular (alguém é capaz de imaginar um argumento válido para esta proibição?). A Liz não veio dizer que esta proibição vai acabar.

Se as proibições e regulamentos sobre as empresas e os particulares se mantinham os mesmos, não podemos dizer que o plano da Liz é liberalizante.

Pelo contrário, a Liz Truss é socialista pois pensa que havendo défice público, vai estimular a economia. Isto não é mais do que o "multiplicador keynesiano" tão invocado pelos socialistas e que está mais do que provado que não existe. Um estimulo económico público hoje tem como efeito o aumento da inflação e das taxas de juro e um futuro aumento dos impostos.


Ser liberal não é diminuir impostos mas diminuir as proibições.

Na União Soviética não havia impostos. Não havia IVA, IRS, ISP nem imposto sobre o tabaco.

Na Coreia do Norte ainda não há impostos.

E estas economias são totalmente não liberais, isto é, o indivíduo não pode decidir onde vai trabalhar, o que vai fazer, o que vai consumir, onde vai morar ou como se vai deslocar. 


Os da Iniciativa Liberal têm-se enredado no IRS e nas contas do estado.

Concentram o liberalismo em "IRS de 15% para todos" e no Orçamento do Estado e perdem-se.

A agenda liberal tem de passar pela identificação das proibições que não fazem qualquer sentido.

Têm de perguntar "Porque é proibido fazer edifícios 50 pisos?" e nunca aceitar "Porque é assim há muitos anos", "Porque eu quero assim" ou "Porque acho os edifícios feios".

Não basta descer o IRC para incentivar o investimento, é preciso acabar com as proibições.

sábado, 15 de outubro de 2022

Pedi à Câmara de Gaia uma ligação para trotinetes na Arrábida

O problema da micro-mobilidade é que os decisores políticos andam de carro.

No longínquo 1988 fui mineiro, melhor dizendo, fui "trainee mining engineer" numa empresa sul-africana. Uma coisa que aprendi é que regularmente o engenheiro tem de ir à frente de trabalho usando os mesmos meios de um mineiro pois só assim consegue identificar os problemas destes trabalhadores.

Com a micro-mobilidade (bicicletas e trotinetes) passa-se o mesmo, o decisor político apenas consegue melhorar o sistema global de transportes se utilizar todos os meios que gere.


Vejamos o exemplo do TGV e comparemos com o IC-19.

Os decisores políticos andam a grande velocidade, com batedores em mota, excedendo largamente os limites de velocidade do cidadão normal. Sendo assim, a sua visão está concentrada na velocidade.

Em Lisboa no IC-19 / A - 37 que liga Lisboa a Sintra ao longo de 16 km. Nesta via circulam uma média de 200 mil pessoas por dia (enquanto que entre Porto e Lisboa circulam 20 mil pessoas por dia) que  nas horas de ponta demoram bem mais de uma hora a percorrer. Esta velocidade média é menor do que a velocidade de uma viagem em bicicleta ou trotinete e os decisores políticos não se preocupam porque não andam por lá!!

Os autocarros em Lisboa transportam uma média de 400 mil passageiros por dia a uma velocidade média de 10km/h (demora 40 minutos a fazer uma viagem de 7km).

Vamos supor que uma decisão política qualquer diminuía o tempo médio de viagem nos autocarros lisboetas em 5 minutos, isso compararia com a diminuição do tempo de viagem entre Porto e Lisboa em 100 minutos!!!!!!!!

No entanto, os esquerdistas querem enterrar milhares de milhões de euros numa linha ferroviária Porto e Lisboa onde circulam menos de 20 mil pessoas por dia. E além disso, vai ser um buraco de prejuízos (não há no Mundo nenhuma linha de TGV que seja rentável). 

Voltemos à trotinete / bicicleta.

Estive a estudar como poderia ir desde o Porto até ao Arrábida Shopping de trotinete. Estudei mapas e descobri um caminho bom que liga a Rua do Campo Alegre ao shopping (são apenas 1700m).

Do lado Poente toma-se a Travessa de Estrecampos e do lado Nascente toma-se a Rua da Gólgata.

O problema é do lado de Gaia pois o passeio / berma não tem continuação, acaba contra o Rail!!!!

As pessoas correm o risco de andar na via rápida para poderem entrar no passeio já em cima da ponte onde existe uma pequena fresta entre o rail metálico e o rail de betão.

Fig.1 - Ligação pedonal entre a Rua do Campo alegre e o Arrábida Shopping

O que pedi à Câmara Municipal de Gaia.

Pedi que faça a ligação entre o passeio/berma nascente da Ponte da Arrábida à Rua Manuel Moreira Barros.

Essa ligação pode ser logo feita no princípio da rua ou por uma rampa o início do viaduto.

Basta cortar uns arbustos, meter uma máquina a nivelar e compactar as terras e despejar um bocado de cimento.

Com muito pouco investimento vai ser possível melhorar em muito a micro-mobilidade na travessia  poente do Douro.

A ligação foi interrompida quando há 30 anos a ponte passou de 2 para 3 faixas e nunca mais foi reposta porque, no entretanto, nenhum engenheiro / doutor fez aquele percurso a pé ou de bicicleta.

Falta em Portugal a cultura do decisor "ir ver no terreno", coisa que aprendi com os anglo-saxónicos.

Fig.2 - Ligação pedonal entre a Ponte da Arrábida e a Rua Manuel Moreira Barros


O vereador da mobilidade deveria meter-se numa trotinete.

Fosse em Lisboa, Porto ou na mais remota das terriolas, o vereador deveria meter-se numa trotinete e ir dar uma volta pela sua cidade. Só ai é que poderia ganhar consciência de onde estão os problemas.

Onde está o empedrado que não deveria estar, onde estão os buracos que deveriam estar tapados, onde é preciso colocar parqueamento e locais de carregamento para os micro-veículos (sim, as trotinetes  e bicicletas eléctricas também precisam de ser carregadas, não são apenas os carros eléctricos).


Agora tenho uma questão!

Será que as bicicletas/trotinetes podem circular nas vias rápidas?

Vamos imaginar o IC-19 / A-37. Vamos supor que se alargava 2 metros de cada lado e metia-se ali uma ciclovia separada dos carros com um rail de betão. Nas entradas/saídas, metiam-se semáforos. 

Talvez fosse possível e seria uma obra muito mais mais barata e importante para diminuir o tempo médio que as pessoas gastam em viagens do que meter milhares de milhões de euros para se poder ir do Porto a Lisboa em 1h15m. Chegados a Lisboa, gasta-se uma ou duas horas a ir da Estação do Oriente ao Rossio.

Fig. 3 - O meio sonho é fazer pirâmides, como os estúpidos do CHEGA não deixam, faço TGVs.

quinta-feira, 6 de outubro de 2022

Será que as pessoa congelam se não tiverem aquecimento?

Aproximamo-nos do tempo frio e há falta de energia.

Vivemos um crise energética que se traduz, junto do consumidor, pelo aumento do preço. A questão que se coloca é, se a Rússia cortar totalmente o gás à Europa Ocidental, as pessoas poderão viver sem aquecimento?

A resposta é "Com certeza que sim" mas vestidos com roupa com 10 cm de espessura:

Camisola interior + camisa + três camisolas + 2 anorakes;

4 pares de ceroulas + 2 pares de calças;

Meias e pantufas;

Barrete;


Vejamos as contas.

Vou considerar a temperatura mais extrema possível dentro de uma casa, 30 graus negativos, e ver o balanço energético.

Perdemos calor quando respiramos a aquecer o ar que expiramos. Respiramos cerca de 600 litros por hora, cada litro tem 1,3g de ar e um calor específico de 0,24kcal/g.

A respirar perdemos cerca de 15W.

Perdemos calor através da  pele, o que protegemos com roupa. Usando 10cm de roupa (bem sei que é muito), com uma perda de 0,05kW/m/ºK, perdemos 60W. 

Somando as duas parcelas, dá 75W o que, traduzidos em calorias por dia, são 1600 kcal por dia, mais do que a energia que um adulto usa diariamente.


Com roupa grossa, os esquimós aguentam o rigor do inverno dentro de uma casa feita de gelo. 


Conclusão!

Roupinha no corpo poupa dinheiro, evita emissões de CO2 e é eficaz a afastar qualquer frio.

E roupa não me falta.


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