sexta-feira, 30 de junho de 2023

Com políticos ignorantes, o Banco Central não pode ter taxas de juro

Os nossos políticos não percebem nada de economia.

Mas os políticos não percebem porque o povo (que é quem os elege) também não percebe nem quer perceber.

Os políticos em democracia são, por natureza, populistas porque querem ter votos o. Só resta aos políticos que querem ter sucesso dizer mentiras (afirmando aquilo em que não acreditam) ou serem ignorantes.

No meu entender, é melhor ter políticos que mentem para convencer o povinho a votar neles (mas que sabem a verdade e, "na escuridão"", vão introduzindo as políticas corretas) do que políticos verdadeiros mas que não percebem nada do assunto.

Vamos então ao sistema monetário.


1 = Os bens têm de ter um preço.

Para termos uma economia complexa, em que há vendas e compras de bens, cada bem tem de ter um preço. 


O PREÇO REAL 

O preço real tem por referência um bem da economia que tem valor e que vai funcionar como unidade de valor. Vamos supor que o "bem de referência" é um quilograma de arroz carolino de marca branca (vou-lhe chamar ACMB). A partir daqui, podemos dizer os preços reais dos bens:

O preço do frango é 1.8 ACMB por quilograma.

O preço de um Tesla modelo 3 é de 41499 ACMB.

Usar o ACMB como moeda é difícil. Imaginar chegar a um stand e entregar 41499 kg de arroz para comprar o tesla. Além da quantidade, o arroz precisa de boas condições de armazenamento e, com o tempo, estraga-se.

Historicamente, o "bem de referência" é o Ouro (e os trocos, a prata). Cada bem tem um preço em gramas de ouro.

O preço do frango é 0,042 g de ouro por kg e o preço do Tesla modelo 3 é 864 g de ouro.


A quantidade de ouro em circulação não é controlável.

A moeda é usada nas transacções mas também como reserva de valor (as pessoas podem guardar moeda debaixo do colchão para usar no futuro).

O que se observa é que, quando a economia cresce, é preciso mais moeda porque há mais transacções. Se, por exemplo, a economia cresce 5%/ano, mantendo tudo o resto constante, será preciso aumentar a quantidade de moeda em circulação em 5%/ano. Isto é verdade mas apenas no longo prazo.

No curto prazo, há flutuações nas necessidades de moeda. Observa que, quando há uma crise, as pessoas guardam muita moeda "debaixo do colchão" e, pelo contrário, quando a crise acaba, as pessoas tiram a moeda e colocam-na em circulação.

O efeito de curto prazo é muito mais forte que o efeito de longo prazo, e a função do Banco Central é manter a quantidade de moeda em circulação na linha de tendência de longo prazo. Assim, tem de meter mais moeda em circulação quando as pessoas a metem debaixo do colchão (durante as crises) e vice-versa.

O problema do ouro é que a "emissão de nova moeda" está dependente da produção das minas que não tem ligação com as necessidades monetárias.


O PREÇO NOMINAL.

Para a quantidade de moeda em circulação ser controlável pelo soberano, é necessário que seja barata de fazer, difícil de falsificar, fácil de transportar e que não se estrague com o tempo.Surgiu então o papel moeda (as notas).

As notas não têm valor intrinco, são apenas papeis cujo valor de troca está apenas baseado na palavra do soberano de que, no longo prazo, não vai imprimir mais notas.

Agora, os preços deixam de ser REAIS, ser denominados em termos de um bem com valor, e passam a ser NOMINAIS, serem apenas denominados em referência a um número, euros, dólares ou pesos.

Os preços denominados em papel são os preços que vemos no supermercado.

Agora, se aumentar a quantidade de papel em circulação, isto é, o soberano imprimir muitas notas, o papel perde valor (se há mais, então, passa a valer menos), isto é, a moeda desvaloriza o que é a contrapartida para os preços nominais aumentarem.

Se ontem um papel permitia comprar um quilograma de carne, como hoje há muito mais papel, este vale menos passando a ser necessário 2 papeis para comprar a mesma quantidade de carne. A inflação foi de 100%.


A importância da promessa do soberano.

É que quando as pessoas guardam notas debaixo do colchão querem que o seu valor perdure no tempo. Se o soberano, de hoje para amanhã, imprime mais notas, as notas guardadas perdem valor.

Ao perderem valor, ninguém quer usar as notas que, rapidamente, perdem o valor e, consequentemente, a inflação dispara.

Fig. 1 = Taxa de inflação no Zimbabwe, 1980-2002 

2 = Vamos ao Banco Central.

O banco central tem por única função manter a quantidade de moeda em circulação constante.

Quando, no princípio das crises, as pessoas metem as notas debaixo do colchão, o banco central lança mais notas na economia. no fim das crises, quando as pessoas começam a tirar as notas do colchão, o banco central tem de retirar notas de circulação.


O banco central  mede se há notas em excesso, observando a taxa de inflação.

Se a taxa de inflação é elevada, então, as notas estão a desvalorizar o que traduz que há notas a mais a circular. Tira notas da economia.

Se a taxa de inflação é baixa (podendo ser negativa), então, as notas estão a valorizar o que traduz que há notas a menos a circular. Mete notas na economia.

Fig. 2 - Taxa de inflação nos USA e na Zona Euro (objectivo nos 2%/ano)


O banco central  deveria ter retirado notas de circulação em 2021.

Quando veio a crise de 2020 (em resposta ao confinamento da pandemia), os bancos centrais injectaram muita moeda nas economia. Essa moeda foi transformada em subsídios por parte dos estados que se traduziu em poupança das famílias que era falsa (aparentemente poupou-se mas foram apenas notas a substituir o que não foi produzido durante o confinamento).

Quando as pessoas começaram a gastar essas notas, não havia bens na economia o que fez com que os preços aumentassem.


Essas notas deveriam ter sido retiradas de circulação quando o confinamento acabou. 

Deveria mas os governos populistas não deixaram.

O discurso foi "Este aumento dos preços é de curto prazo".

Como as notas não foram retiradas de circulação em 2021, foi preciso retira-las em 2022 e 2023.


3 = E como o banco central retira as notas de circulação?

Se o banco central quiser meter mais notas em circulação, o mais intuitivo é "comprar" títulos de dívida pública (que guarda no cofre) com dinheiro novo (que imprime ou que tinha guardado no cofre).

Se o banco central quiser retirar notas de circulação, o mais intuitivo é "vender" os títulos de dívida pública que tem no cofre e destruir o dinheiro arrecadado (metê-lo no cofre à espera da próxima crise).


O banco central também pode obrigar os bancos a guardar notas!

Os bancos aceitam depósitos (de notas) e concedem crédito (em notas). O banco central pode impor aos bancos que X% dos depósitos têm de ser guardados no cofre (são as reservas obrigatórias).

Vamos supor que as reservas obrigatórias são 20% dos depósitos. 

Se o banco central pretender que a quantidade de notas em circulação aumente, diz aos bancos "A partir de hoje, as reservas obrigatórias descem para 19%".

Se o banco central pretender que a quantidade de notas em circulação dimnua, diz aos bancos "A partir de hoje, as reservas obrigatórias descem para 21%".


O banco central não tem nada a ver com taxas de juro!

O banco central compra coisas (lança notas na economia) e vende coisas (retira notas da economia). Depois, se a taxa de juro aumenta ou diminui é um problema do equilíbrio do mercado da poupança.


4 = De onde vem a taxa de juro (taxa de desconto) do banco central?

É que o banco central pode aumentar ou diminuir a quantidade de moeda em circulação concedendo empréstimos ou aceitando depósitos.

Em vez de comprar/vender activos ou impor reservas aos bancos, o banco central vai anunciar uma taxa de juro, por exemplo, 3%/ano e aceita todos os depósitos em notas que o sistema bancário quiser depositas a 2.5%/ano (taxa de desconto passiva) e concede todo o crédito em notas que os bancos queiram pedir (taxa de desconto activa).

A diferença chama-se Janela de Desconto.


Porque se chama taxa de desconto.

Quando uma pessoa pede 100€ durante um ano à taxa de 10%/ano, vai pagar no fim do prazo 110€.

No banco central, a pessoa pede 100€, que vai pagar no fim do ano, mas só vai receber 90,91€. Somando 10% aos 90.91€, teremos de pagar 100€. Como o dinheiro que recebemos tem "um desconto", chama-se  "taxa de desconto" a esta taxa de juro.


A gestão com a taxa de desconto transmite mais informação ao mercado.

A gestão de uma zona monetária usando a janela de desconto permite um comportamento mais suave da economia mas há países que não utilizam este instrumento.

Nesses países em que o povo é ignorante, onde pensam que o EURIBOR sobe por causa da taxa de desconto do banco central subir, o governador do banco central não consegue resistir à pressão política pelo que não concede nem aceita notas (não fixa nenhuma taxa de desconto).


Parece que Portugal está no grupo dos "países ignorantes"

Eu ouço iminentes professores catedráticos, presidente da república, líder da oposição, comentadores de economia e o povo dizer que o BCE tem de parar com os aumentos na taxa de desconto "porque as pessoas estão à rasca com o crédito à habitação".

Mas nada disso é verdade, a intervenção do BCE não é a causa da subida da EURIBOR mas o contrário, a subida da EURIBOR é que obriga o BCE a subir a taxa de desconto.

A EURIBOR é a taxa de juro com que um banco se pode financiar junto de outro banco. Se o BCE emprestar notas a uma taxa de juro menor, isso vai inundar a economia com notas novas.


FINALMENTE = Como se pode resolver o problema dos créditos à habitação.

Os juros que se pagam têm uma parte que é a taxa de juro real e a outra parte é a inflação.

O que o governo pode fazer é obrigar os bancos a retirar a inflação das amortizações.


Vou detalhar.

A taxa de inflação deveria ser de 2%/ano e está em 5.5%/ano. Vamos calcular a diferença, 5.5%-2% = 3.5%.

Agora, vamos à taxa da EURIBOR por exemplo, 4,3%/ano, e retiramos os 3.5%, ficando 0,8%/ano.

A prestação passa a ser calculada com os 0,8%/ano e os 3.5% aumentam o valor em dívida.

Quando a taxa de inflação descer, faz-se a conta em sentido contrário. 

Solução simples, economicamente fundamentada e fácil de implementar.

No Brasil chama-se a isto "correcção monetária".

sexta-feira, 16 de junho de 2023

A produtividade não cresce, os salários não crescem

Veio um estudo dizer que os licenciados ganham cada vez menos.

Este estudo apenas vem dizer o óbvio. Se a economia está estagnada, os licenciados têm um salário superior à média e há cada vez mais licenciados, a simples recomposição do mercado de trabalho obriga a que os salários dos licenciados tenham de diminuir.


A produtividade está em 2023 ligeiramente abaixo de 2013.

A produtividade bruta mede o PIB por cada trabalhador. Chama-se Bruta porque não retira a depreciação do capital. 

Peguei nos dados disponíveis no INE para o PIB a preços constantes e para o número de trabalhadores e dividi o PIB pelos trabalhadores. Depois, escalei os resultados para ter 100 em 2013.

Eu já sabia que a produtividade em 2023 é 99 que compara com 100 em 2013, uma redução. Isto quantifica que, em 2023, um trabalhador produz menos valor do que produzia em 2013!!!!!!!!!!!!

Fig. 1 - Produtividade relativa a 2013 (dados, INE)

Dez anos perdidos.

Já todos sabemos que a nossa economia praticamente não cresce desde 1999. Em termos médios, tem crescido uns ténues 0,9%/ano. Mas, até 2013, como esse pouco crescimento foi acompanhado pela diminuição no número de trabalhadores, a produtividade cresceu um pouco mais, 1,3%/ano.

Mas desde 2013, a produtividade está totalmente estagnada, nos últimos 4 trimestres foi 99 e nos 4 trimestres de 2013 foi 100.


A percentagem de licenciados aumentou.

Há quem defenda que a escolaridade é um forte motor do crescimento económico. E até pode ser verdade e, por causa disso, os governos têm apostado na escolaridade o que leva a que a nossa população empregada tenha cada vez mais escolaridade. Se em 2013 24% dos trabalhadores tinha concluído a licenciatura, em 2023, estamos nos 36%. Isto traduz um aumento relativo de 4,3%/anos.

O problema é que, apesar do constante aumento da percentagem de trabalhadores licenciados, vemos na figura 1 que a produtividade não aumenta!!!!!

Isto traduz que os licenciados estão a substituir nos postos de trabalho os não licenciados mas não conseguem produzir mais valor. Talvez os postos de trabalha sejam os mesmos, tarefas repetitivas e com pouca necessidade de conhecimento.

Talvez o mais provável seja que o que se aprende nas licenciaturas não é produtivo.

 

Fig. 2 - Percentagem de trabalhadores com licenciatura (dados, INE)

Agora, é só dividir o bolo pelos comensais.

Vamos supor que os 100 produzidos em 2013 era dividido por 24 licenciados e 76 não licenciados em que os licenciados ganhavam mais 50% que os não licenciados. Teríamos como salários (números relativos):

Licenciados = 1,34/mês e Não Licenciados = 0,89/mês.

Em 2023 só produzimos 99 que é preciso dividir por 36 licenciados e 64 não licenciados. Se os salários dos não licenciados aumentaram 0,1%/ano para 0,90/mês, os salários dos licenciados tiveram de diminuir para 1,15/mês que corresponde a +27% do que os não licenciados.

Puras contas de somar e subtrair mostra que o salário dos licenciados só poderia descer e que o prémio de ter licenciatura só podia diminuir de 50% para 27%.


O António Costa, enquanto lá esteve o Passos Coelho, só gritava pela produtividade.

E prometeu que iria fazer muito melhor do que o Cavaco Silva e o Passos Coelho.

Era a ferrovia, a TAP, a EFACEC, TGV, a economia do mar, as ligações históricas aos PALOP e Brasil, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá que os governos de direita desaproveitaram e que iriam ser o grande motor do desenvolvimento do Portugal Xoxalista.

Já lá está, mais a cancalhada toda, faz 7 anos e 7 meses, e está tudo uma pasmaceira.


E se as eleições legislativas fossem hoje?

Pegando na duas últimas sondagens ICS-ISCTE para SIC/Expresso, o parlamento iria ter

       PS entre 80 e 94 deputados (tem 120)

       PSD entre 79 e 93 deputados (tem 77)

       CHEGA entre 28 e 39 deputados (tem 12)

       IL entre 3 e 9 (tem 8)

       BE entre 6 e 12 deputados (tem 5)

      CDU entre 6 e 12 (tem 6)


O PS desce mas só o CHEGA cresce significativamente!!!!

Vivemos num pântano onde a esquerda desgoverna e o PSD nada diz.

O PSD já perguntou quantos passageiros são transportados na linha de comboios que liga a Guarda a Castelo Branco e que custou 150 milhões aos contribuintes?

Não.

O PSD já perguntou porque mandaram a GroundForce à falência e meteram centenas de milhões de euros na EFACEC?

Não.


E a alternativa de direita PSD+IL+CDS+PPM+Tino+Bobi+Tareco?

PSD+IL+CDS+PPM+Tino+Bobi+Tareco teria entre 84 e 99 deputados, contra 98 a 112 deputados do PS+BE+PCP. Nem pensar.

PSD+ CHEGA teriam 112 a 127, já dá (mesmo sem a IL que está cada vez mais um partido radical contra CHEGA e sem qualquer ideia viável).

Não há alternativa possível de direita sem o CHEGA.


#Código usado no tratamento das sondagens

n=1516 #soma de todas as sondagens

partido = c("PS","PSD","CHEGA","BE","CDU","IL", "Outros")

populacao =c(458,450,195,75,75,60, 203)


iter=10000

signif=2.5/100*iter

deputados=matrix(rep(0,6*iter),ncol=6,nrow=iter)

for (i in 1:iter)

    {respostas = sample(1:7,n,replace=TRUE,prob=populacao)

     sondagem = table(respostas)

     perc = sondagem[1:6]/ sum(sondagem[1:6])

     total= sum(round(284.39*perc - 6.8194,0))

     deputados[i,] = round((284.39*perc - 6.8194)*230/total,0)

    }

for (i in 1:6)

    {dep=sort(deputados[,i])

     print(c(partido[i],dep[signif],dep[iter-signif]))

    }


esquerda=deputados[,1]+deputados[,4]+deputados[,5]

dep=sort(esquerda)

c(dep[signif],dep[iter-signif])

psd_il=deputados[,2]+deputados[,6]+deputados[,3]

dep=sort(psd_il)

c(dep[signif],dep[iter-signif])

psd_chega=deputados[,2]+deputados[,3]

dep=sort(psd_chega)

c(dep[signif],dep[iter-signif])


segunda-feira, 12 de junho de 2023

Água = Dessalinização ou transvases?

Não há falta de água doce em Portugal.

Muitas pessoas sentem-se intoxicadas pelos nossos desgovernantes no sentido de que Portugal não tem  água potável para matar a sede aos portugueses.

São intoxicadas porque tal está a milhas da verdade.

Em Portugal são captados 27 m3/s e distribuídos 19 M3/s de água pela rede pública para consumo  nas nossas casas, serviços e indústria (Pordata, 2020). Para compararmos, estas captações correspondem a 8% do caudal do Rio Lima, rio que a maior parte dos portugueses nem sabe que existe.

Somando apenas os 5 rios do Norte de Portugal (Minho, Lima, Cávado, Ave e Douro), 27m3/s são menos de 1.8% do caudal médio total de 1520 m3/s que corre desses rios para o Mar.

Essa a água que corre para o Mar pode ser captada sem qualquer custo, à borliex. Tem é de ser transportada (são os famosos transvases).


Quem precisa de água é a agricultura.

Já mostrei que não há falta de água para as nossas casas, serviços ou industria. Estes sectores podem pagar a água a 1.00€/m3. Por exemplo, uma família de 3 pessoas lisboeta (consumo de 21m3/mês) paga 21€/mês pela água (mais umas parcelas).

Mas quem gasta água de forma massiva é a agricultura, para termos couves, frutas, saladas, leite, carnes, vinhaça e essas  coisas todas que metemos pela goela abaixo e que também exportamos para podermos importar o que não produzimos.

Claro que a maior-parte das pessoas pensa que os alimentos são produzidos nos centros de logística dos hipermercados. Entram uns camiões com matérias primas e saem os alimentos. Mas as matérias primas que entram são os próprios alimentos só que não estão embalados. Não é o pacote que produz o leite!

Se queremos comer, é obrigatório que haja agricultura, seja em Portugal ou noutro sítio qualquer. E para haver agricultura, é obrigatório usar água.

O problema da agricultura é que não pode pagar pela água mais do que 0.05€/m3.

Para a agricultura pagar água a 1.00€/m3, a fruta e os legumes passarão a custar 10€/kg e o povo não pode pagar tal preço. 


Qual é o preço da água no Alqueva?

O Rio Guadiana tem um caudal médio de 70 m3/s que é inferior a 5% do caudal médio total dos 5 rios do Norte.

O preço na albufeira do Alqueva é de 0.038€/m3. Um m3 em Lisboa é 25 vezes mais caro do que a água captada na albufeira de Alqueva. bE a agricultura não pode pagar mais.


 Qual é o preço da água do Mar dessalinizada?

Um balúrdio.

O processo mais eficiente de dessalinizar água do mar é a osmose inversa. Com esta tecnologia, é necessária muita energia, cerca de 3kwh/m3 e este custo representa cerca de 1/3 do custo total. Com a electricidade a 0,15€/kwh, estamos a falar um custo total na ordem de 1,50€/m3.

1,50€ é 50% mais do que pagamos nas nossas casas (haverá que lhe somar muitas mais parcelas como o transporte desde o mar até nossas casas) e é "apenas" 40 vezes o preço da água da barragem de Alqueva.



quinta-feira, 1 de junho de 2023

Empresas estratégicas = as diferenças entre a TAP e a TSMC

Por vezes, é necessário haver apoios públicos a empresas nascentes.

Imaginemos que temos uma carruagem (cheia de passageiros) parada na estação e que a queremos juntar  ao comboio que vai passar a 120km/h (sem paragem).

Se deixarmos a carruagem parada no meio da linha, vamos ser trucidados!

A única hipótese de sucesso é pedir ao chefe da estação que nos ajude a ganhar velocidade para, quando o comboio colidir connosco, já estarmos próximos dos 120km/h.

Este é um argumento para haver ajudas de estado ao nascimento e desenvolvimento de empresas consideradas estratégicas. Por exemplo, o mercado dos automóveis é muito competitivo, tecnologicamente avançado e difícil de entrar mas o Cavaco Silva tendo achado que seria estratégico para Portugal produzir automóveis, concedeu apoios de estado para que a Autoeuropa se instalasse em Portugal.


Mas haver apoios do estado não obriga a que a empresa seja de propriedade pública.

Todos os países que apostaram numa economia centrada em empresas públicas empobreceram.

Este empobrecimento acontece por diversas razões sendo a principal a questão dos incentivos. Como o governo é eleito por maioria, não procura a eficiência económica das empresas públicas mas apenas manter-se no poder (agradar à maioria).

Ter mais votos implica sempre atacar poucos (os ricos, o grande capital, os lucros das grandes empresas e os patrões que ganham milhões que paguem a crise) e proteger muitos (os trabalhadores, os reformados, os desempregados, os velhinhos e as criancinhas não contribuíram em nada para a crise).


Vamos ver o que aconteceu com a TSMC.

Até 1987, uma empresa de processadores ou memórias desenhava o chip e, depois, ela própria, produzia esse chip. Era um mercado integrado verticalmente. O mercado era dominado pela Intel nos USA, a Sony no Japão e a Samsung na Koreia do Sul.

Nessa altura apenas a Apple e a AMD não tinham produção de chips, tendo de "pedir ajuda" às empresas concorrentes. 

Em 1987 Morris Chang teve uma ideia de negócio, produzir chips em Taiwan sem os desenhar. A empresa tinha por objectivo "desintegrar" o mercado dos chips, abrindo a possibilidade, por um lado, de aparecerem mais empresas de desenho de chips e, por outro lado, a empresa concentrar-se na eficiência do processo produtivo.


Mas a tecnologia era altamente sofisticada e o mercado muito concorrencial.

Em 1987 o processador topo de gama era o Intel 80386 que tinha 275 mil transístores num chip com 104 mm2 (por comparação, uma moeda de 1 cêntimo tem o dobro desta área).

Não seria possível uma empresa partir do nada e começar a produzir chips tão complexos, havia necessidade de grandes investimentos e de aguentar longos anos de prejuízos.



Fig. 1 - Comparação entre o tamanho da moeda de 1 cêntimo com um processador Intel 80386

Taiwan deu uma "carta de conforto" mas o dono era o Morris Chang.

Inicialmente, a empresa deu muito prejuízo mas nunca Taiwan imaginou uma "operação harmónio" (como o PS fez na TAP) para reduzir a participação do Morris a zero e o Estado ficar com a empresa.

Com muito investimento, dedicação, sagacidade e apoio, hoje a TSMC é líder de mercado na fabricação de chips.

Em 1987 a Intel conseguia meter 275 mil transístores em 104 mm2, hoje a TSMC consegue meter 30 mil milhões no mesmo chip.


O Morris Chang ficou podre de rico mas isso não interessa.

O que interessa é que a TSMC tem 70 mil trabalhadores bem remunerados, o país Taiwan, a reboque da TSMC privada, é o líder mundial na produção de chips sofisticados e é um país mais rico e seguro por essa empresa estar localizada no seu território.

Sempre que a China ameaça invadir Taiwan, logo os principais líder mundiais dizem "Temos de defender Taiwan por causa da TSMC".


Vamos ver o que aconteceu com a TAP.

A TAP não é nada estratégica para Portugal porque não é uma empresa tecnológica (a tecnologia está nos aviões que são importados), as vendas são principalmente importações (de aviões e de combustível) e não tem potencial para criar um ecossistema tecnológico (os bens e serviços adquiridos em Portugal são de baixa intensidade tecnológica).

A incorporação nacional são refeições horríveis feitas "de plástico" e os salários dos pilotos e dos assistentes de bordo que não têm qualquer potencial de desenvolvimento tecnológico. 


Um exemplo do que é estratégico para Portugal?

Temos um importante sector de bicicletas "clássicas", Portugal é mesmo o maior produtor europeu de bicicletas mas a China está a inundar o mercado com soluções tecnologicamente mais avançadas (bicicletas e trotinetes eletrificadas). 

Era aqui que se deviam investir recursos públicos, no aumento da tecnológica incorporada nas bicicletas e a expansão para as trotinetes.


O problema é a inveja esquerdista.

Os esquerdistas não aceitam que haja pessoas ricas, mesmo que essas pessoas ajudem a economia nacional.

Para os esquerdistas, o lucro é um pecado capital e, por isso, tudo o que é lucrativo tem de ser propriedade do Estado, passando a dar prejuízo porque faz "economia social".

Reparem que os esquerdistas nunca justificam a nacionalização da TAP dizendo "os privados iriam enfiar a TAP num buraco de 3200 milhões de euros que os contribuintes seriam chamados a pagar".

Não, o contribuinte meteu 3200 milhões na TAP porque havia o perigo de os privados terem lucro.

Mais vale uma TAP, EFACEC, CP, CARRIS, STCP, whatever, a dar prejuízo ao contribuinte do que ter privados a ganhar dinheiro com o negócio.


Como deveria ter sido gerido o problema da TAP.

Quando a TAP foi privatizada pelo Passos Coelho, devia 2126 milhões €  (o Estado devia pois era o seu proprietário) e o valor líquido foi avaliado em cerca de 600 milhões € NEGATIVOS.

Vamos supor que estes 600 milhões € negativos eram verdadeiros (penso que o buraco era muito maior), este dinheiro tinha de ser metidos pelo Estado porque era a situação negativa no dia da venda.

No entretanto veio a crise e todas as empresas de aviação tiveram prejuízo. 

Vamos supor que a TAP precisava dos 3200 milhões € mesmo se fosse privada. Isso não obrigava a que a TAP passasse a ser de propriedade pública.


O Estado fazia um empréstimo sem ficar proprietário.

O Estado metia na TAP 600 milhões € (para cobrir o buraco) mais um empréstimo de 2600 milhões € à taxa de juro média de remuneração da dívida pública (mais 0.5 pontos percentuais para despesas).

Anualmente, a TAP teria de amortizar o empréstimo num valor igual a 90% do lucro da empresa.


Lembram-se da Ground-Force?

Era uma empresa com problemas mas que era portuguesa, gerida por portugueses e que fazia o seu trabalho. Acontece que os esquerdistas que nos desgovernam decidiram mandar esta empresa à falência o que causou graves prejuízos aos contribuintes (via TAP que perdeu a cota e os créditos que lá tinha). E isto tudo porque o Casimiro tinha lucros e os esquerdistas não aguentam ver povo com lucros.

Tudo, tudo mas lucros não.

Agora, é uma empresa estrangeira, gerida por estrangeiros e o lucro vai para os estrangeiros.

Na mente dos esquerdistas já pode ter lucro porque são estrangeiros e os portugueses ficaram mais pobre.

Fig. 2 - Diz o esquerdista "Olha que lindo, um pobre, uma indignidade. Deita-se a barraca abaixo e dá-se-lhe um subsídio de 60€/mês para ele ter uma casa digna. E, depois, ele vota em nós."


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