quinta-feira, 23 de junho de 2011

O peso dos salários na produção é 80%

Comecei por ouvir o Carvalhas da Silva dizer que o peso dos salários na economia era pequeno, menor que 30%. E que havia empresas, por exemplo a Sonae, em que esse peso era inferior a 10% da facturação.
Num sindicalista que quer puxar a brasa à sua sardinha, aceita-se esta análise errada.

Fig. 1 - Fluxo financeiro num produtor tipico (30% trabalho)

Depois ouvi o Louçã repetir isso.
Ele é economista e deveria saber a verdade mas aceita-se num político esquerdista demagógico.
Mais estranho fiquei de ouvir este número em colegas meus.
Pensei, os gajos estão malucos. Mais uns esquerdistas, sindicalistas, demagógicos.
Nos últimos dias ouvi o Miguel Beleza, o Silva Lopes, o João Ferreira do Amaral repetir este número.
Que não valia a pena descer o custo do trabalho porque uma redução de 10% só teria um impacto de 3% nos custos totais.

Fig. 2 - Uma quebra de 10% nos custos do trabalho

Eu respeito estes economistas mas este erro é gravíssimo pelo que tenho que fazer um esclarecimento. Estimativas do Lucas colocam o peso dos salários na produção de um país entre 70% e 90%.

Fig. 3 - O grande erro da humanidade

Onde está o erro de análise?
A facturação de uma empresa inclui principalmente bens intermédios que são eles próprios produzidos com bens intermédios e trabalho. Por exemplo, com 30% de peso dos salários, contabilizando-se dois níveis de empresas que produzem bens intermédios, vemos na Fig. 4 que o peso dos salários é de 56% da facturação final, (300 + 165 + 90) /1000.
Fig. 4 - A estrutura de custos com três sectores (56% trabalho)

Nesta análise com três sectores, a diminuição em 10% dos salários já leva a uma diminuição dos custos de produção em 6%.

Fig. 5 - Uma quebra de 10% nos custos do trabalho (3 sectores)
Se estendermos a análise a mais sectores, resulta um peso do trabalho nos custos de produção de 67%.

Mas o capital também inclui trabalho
Incluindo o sector de produção de bens de capital, máquinas, fábricas, estradas, pontes, etc. que também inclui trabalho, o peso ao nível de um país vai para os tais 80%.

Uma redução dos custos do trabalho em 10%, levará a uma queda dos custos de produção em 8%.

Qual será o efeito da descida do custo do trabalho na balança comercial?
Na Alemanha, na década de 2000 houve uma redução de 15% dos custos do trabalho e, cada 1% de redução fez aumentar o superavite comercial em 0.3% do PIB.
 Fig. 6 - Relação entre a descida dos custos do trabalho e a balança comercial
Neste momento, a Alemanha vai avançar com uma redução de impostos porque têm uma balança comercial exageradamente positiva (5% do PIB alemão é um número muito grande).

E se os bens intermédios forem importados?
O meu grande amigo Paulo Sousa levantou esta questão.
É verdade que a diminuição dos custos de produção se torna menor.
Mas não é significativo por três razões:
Primeiro, as importações portuguesas de bens intermédios para usar nos bens exportados são relativamente pequenas. Não chegam a 20%.
Segundo, os concorrentes estrangeiros têm os mesmos preços que nós nas matérias-primas e nos bens intermédios importados. Por exemplo, quando o preço das pelarias (ou do gasóleo) aumenta, tal acontece em todos os países nossos concorrentes.
Terceiro, Um país acrescenta valor às suas importações que depois reexporta (por exemplo, importa peles e exporta sapatos) e, na competitividade, já é descontado o preço internacional das matérias-primas e dos bens intermédios internacionais.
Imaginemos os hipermercados.
Um vende 300€/g de bens usando 30€/g de mão-de-obra e outro precisa de 27€/g de mão-de-obra.
A diferença nos preços de venda é de apenas 1%, mas o cliente é muito sensível a estas diferenças porque tem a noção de que está em presença de margens de comercialização diferentes.
Se assim não fosse, os distribuidores teriam margens relativas enormes, o que não se observa.
O que temos que fixar é que, a nível de um país, a proporção do custo do trabalho no total produzido é muito maior que a proporção na facturação de uma empresa.

Pedro Cosme da Costa Vieira

O primeiro embate: Estaleiros Navais de Viana do Castelo

Cada empregado dos ENVC dá um prejuízo a Portugal de 6944€ por mês.
Os ENVC anunciaram o despedimento de 53% dos seus 720 empregados. Digo empregados porque lá não se faz nada.
Cada mês, os ENVC precisam de uma transferência do Estado de 5 Milhões de Euros. A dividir pelos 720 empregados, dá uma transferência de 6944€ por mês e por cada empregado.
O que está lá esta gente a coçar?
É fechar já os ENVC, mandar toda esses empregados para casa. Fica muito mais barato pagar-lhes o Subsídio de Desemprego e eles em casa sem estragar mais nada.
Fig. 1 - Sinal de aproximação aos Estaleiros Navais de Viana do Castelo.

O Governo não pode recuar.
Esta é a primeira prova de força do Governo. Se facilitar, não segura mais a situação.
Pode-se dar já por vencido.
Tem que manter o tal preocupado administrador em serviço e despedir sem dó nem piedade aqueles que fizeram o ataque às instalações.
Fig. 2 - Ainda não somos uma república das bananas.


A Câmara Municipal é contra os despedimentos.

Não é só por o executivo de Viana do Castelo ser do PS, habituado ao regabofe. É mais porque é fácil fazer política autárquica de rua com o orçamento dos outros. Sendo o Estado, figura abstracta e difusa, a pagar, não custa nada.
A solução é passar o activo e passivo (onde se incluem os empregados) da ENVC para a propriedade do Município de Viana do Castelo e a Câmara ficar a geri-los como bem entender. Dando lucro, vai para a Câmara, dando prejuízo, desenrasque-se domo puder, cobre aos seus munícipes taxas e impostos.
Não vamos ver o Sr. Presidente em mais nenhuma manifestação.
Fig. 3 - O fim do regabofe.

Pedro Cosme Costa Vieira

terça-feira, 21 de junho de 2011

E a festa acabou com um grande morteiro

Quando eu era criança, lá na minha aldeia, havia uns arraiais popularuchos.
De manhã havia a missa cantada com sermão (onde eu cheguei a mostrar os meus dotes vocais) e à tarde comiam-se umas bifanas ao som de uns cantares ao desafio e de uma banda muito fanhosa de música dita clássica.
À noite havia o arraial que começava sempre com um grupo de ceguetas, os Catarrabios, e continuava com uns mancos, os Filhos da Torre, que cantavam musicas brejeiras que, com as horas, evoluíam para as obscenidades. Volta e meia, o povo tapava-me as orelhas.
Quando chegava à meia-noite começava o fogo de artifício.
Trau, trim, trau trau, Pum,
Depois vinham os foguetes de lágrimas,
Fiuuum, tau tau, lágrimas brancas, shiiium, tau.
Fiumm, tau tau, lágrimas vermelhas e verdes, shiiummm, tau tua tau,
Para anunciar o fim, vinha o morteiro
Fiumm, BBUUUUUMMMMMMMMMMMMMMM.
Era a debandada com os ouvidos a zunir.
Fig. 1 - A grande morteirada

O governo Sócrates também acabou com uma grande morteirada
O governo do Sócrates também teve missa cantada, banda de música, deu de comer bifanas a muita gente e acabou com o fogo de artificio.
Fium, pum, está tudo bem, trim, tim, tum, o défice está nos 5.9%

Depois vieram os foguetes de lágrimas,
Fium, pum, brum, isto está bom, corta salários.
Fium, pum, brum, isto está bom, corta o RSI.
Fium, pum, brum, isto está bom para não dizer que está óptimo, corta os abonos.

Por fim,
Shiummm, BBUUUUUUMMMMMM, o défice reduziu-se em 89% BUUUUUMMMMMMMMM
UUUUUMMMMMMMM
89% de quê?
BUMMMM BUMMMMM
Como o défice era 9.1% do PIB, então passou para 1,0% do PIB.
BBUUUUUUMMMMMMMM
Fium, pum, está tudo bem para não dizer óptimo, trim, tim, tum, o défice está nos 6.8%

E há pessoas que acreditam que a morteirada servia para desentupir os ouvidos.
Fig. 2 - A grande bomba

E o novo governo?
Não me vou esticar muito mas apenas dizer que tem três pessoas extraordinárias e que a sua escolha pelo PPC mostra grande coragem e vontade de resolver o buraco em que estamos.
O Álvaro Santos Pereira, Vítor Gaspar e Paulo Macedo têm 99% de probabilidade de quererem implementar as políticas certas que irão resolver a nossa situação.
Fica 1% para a probabilidade de o PSD dos autarcas mandar o governo abaixo.
O mais complicado vai ser o Ministério da Economia com a necessária reforma do mercado de trabalho.
São tão bons que, se me dessem a escolher entre ser eu o ministro ou eles, preferia que fossem eles. Eu começo-me melhor que a eles pelo que só dava 0.1% de probabilidade de vir a ter sucesso.
Mas querer é diferente de fazer!

Fig.3 - Pense que os problemas já estão resolvidos e tenha bons sonhos

E o Dr. Fernando Futre Nobre?
Foi importante para roubar votos à esquerda (aos PSistas e aos broquistas) mas deu votos ao CDS. No global melhorou a estabilidade da solução governativa CDS+PSD.
Cumpriu a sua função e o PPC fez bem em apresentá-lo como candidato a Presidente da Assembleia da República.
Estou a imaginar os discursos do Dr. Futre Nobre a abrir as sessões:
Umm, euuu, seimen, chiineeeses, euuu, tenhuuu, umm tiro na cabeçaaa, ummmm, digammm, ahaaha
e passadas duas horas,
Aaaaberta.
A coisa ficou bem resolvida e vai cair no esquecimento.

Pedro Cosme Costa Vieira

Fium, pum, brum, isto está bom para não dizer que está óptimo, sobe os medicamentos.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

O que tinha o Sócrates na cabeça quando nos levou à bancarrota?

Os meios de comunicação social e as pessoas com quem eu falo estão continuamente a fazer esta pergunta.
Encontro respostas para todos os gostos. Há quem diga que o fez porque é teimoso, para se manter mais uns dias no poder, para ajudar os amigos, por maldade, para defender o Estado Social, a Educação, o Grande Capital e o Patronato, e até há quem diga que o fez para ajudar a Alemanha.
Em minha opinião, a razão está em o Sócrates ser um homem de convicções fortes com um rumo errado.
Fig.1 - As maiores tragédias da humanidade foram cometidas por políticos com convicção forte em ideias erradas.

Como funciona a economia?
A produção de bens e serviços é o principal pilar da Humanidade. Se não houvesse produção, desapareceríamos todos da face da Terra.
Fig. 2 - A sr.a enfermeira podia-me dizer onde está a fruta?

A célula da produção é o empresário que usa o seu “saber fazer” (a tecnologia) para combinar trabalho com capital e assim produz uma determinada quantidade de bens e serviços.
Sabido o preço de venda do bem produzido, o salário unitário e a taxa de juro, r, o empresário pode calcular o seu lucro.
O empresário vai escolher a quantidade K* de capital (por trabalhador) que maximiza o seu lucro (ver fig. 3).

A primeira ideia errada: o Socialismo Marxista.
Ao nível de um país, a quantidade de trabalhadores é fixa pelo que o crescimento económico fica exclusivamente dependente do aumento da quantidade de capital por trabalhador (a intensidade capitalística).
Como existe um valor óptimo para a intensidade capitalística então, a tendência da economia é para a estagnação.
Desta forma, o nível de vida das populações não aumenta. O Estado vai ter a missão de ultrapassar o ponto óptimo dos empresários investindo sem olhar à racionalidade económica.
Onde está o erro de raciocínio?
Primeiro erro: ultrapassando-se o ponto óptimo, a produção vem maior mas as populações ficam mais pobres porque o incremento é menor que os juros que é preciso pagar. O valor acrescentado, dado pela soma do lucro com os salários, diminui.
Fig. 3 – Quanto mais irracional, melhor será o investimento público.
Segundo erro:  o Estado não consegue sequer aproximar-se do ponto óptimo quanto mais ultrapassá-lo.
Terceiro erro: Com o tempo acontecem inovações tecnológicas que tornam o capital (e o trabalho) mais produtivo. Estas inovações fazem com que o ponto óptimo se desloque continuamente alimentando o crescimento económico.
O que implicou desta ideia errada?
O Sócrates, e o Guterres, sabiam que o TGV não tinha lógica nenhuma mas estavam convencido que isso era exactamente a prova de que o TGV era um bom investimento público: quanto pior, melhor.
E, convencidos da racionalidade do irracional, fizeram toda a força para que os grandes investimentos públicos (em estradas, comboios, metros, aeroportos, etc.) avançassem mesmo sabendo que não tinham qualquer sustentabilidade económica.
Fig. 4 - Obra do Sócrates: a Auto-estrada "Ali Vai 1" .
A segunda ideia errada: o Socialismo Keynesiano.
Os recursos escassos não são aproveitados no total da sua capacidade física. Por exemplo, as fábricas estão encerradas 80% do tempo.
E existem muitas pessoas que dizem querer trabalhar e que não encontram emprego.
A Taxa de desemprego (dos factores produtivos) é variável ao longo do tempo.
Então, Keynes (1936), primeiro assume que existe desemprego que o mercado não consegue resolver. E, depois, calcula o efeito multiplicador: se o Estado aumentar a despesa pública em 1€, o PIB aumenta 5€. Nem que seja a abrir e a fechar buracos.
Aumentando a economia mais do que a produtividade, o desemprego diminui.
É o “socialismo de mercado”, a terceira via.
Fig. 5 - A despesa pública multiplica por 5 (as bocas a comer).

Onde está o erro de raciocínio?
Primeiro erro: Não existe desemprego (de factores) que o mercado não consiga resolver.
As fábricas estão fechadas a maior parte do tempo porque as pessoas não querem trabalhar de noite nem ao fim de semana. E isto implica que as estradas, comboios, barragens, etc. não tenham ocupação durante grande parte do dia.
Os cozinheiros só têm clientes entre as 12h00 e as 14h00 e entre as 19h30 e as 22h00.
Os Nadadores Salvadores só têm clientes no Verão.
Em minha casa cabiam mais 10 ou 20 pessoas, mas eu não quero cá mais ninguém. Bem, …, se fosse boa.
Fig. 6 - Estas e mais 34 como estas cabiam bem em minha casa. Todas apertadiinhas, hi, hi, hi.

Não estão desocupados, é mesmo assim. Faz parte da vida. Nós queremos que seja assim.
Segundo erro: Se o aumento da despesa pública em 1€ aumentar o PIB em 5€, quando chegar a hora do Estado pagar esse euro, o PIB vai reduzir os 5€ mais 5 vezes os juros. E a pagar juros de 10%/ano, na hora de pagar (que é agora) a pancada é muito forte.
O que implicou esta ideia errada?
Que o Sócrates (e o Guterres) aumentasse a despesa e o endividamento do Estado julgando que estavam a fazer crescer a economia e a combater o desemprego. Mas o problema português não era conjuntural (i.e., de curto-prazo) mas estrutural (de longo-prazo).
Foi encher um balão (com despesa e endividamento) que tinha um furo em vez de remendar o buraco. O que aconteceu é que o buraco foi alargando e agora temos o balão vazio e já não temos fôlego para remendar o buracão.

Fig. 7 - O Sócrates deu o seu melhor, mas não conseguiu engravidar a senhora.

Aquelas da figura 6 são mesmo boas. O meu pai avisou-me para eu desviar sempre o olhar das mulheres boas pois elas iam ser a minha desgraça. Ainda não me desgracei porque elas desviam o olhar de mim.
 No outro dia estive a falar com a minha amiga Raquel e chegamos á conclusão que daquilo não há na FEP.

Fig. 8 - Queres ser boa ou boa economista?

Pedro Cosme Costa Vieira

sexta-feira, 17 de junho de 2011

A integração com o mercado de trabalho espanhol

A balança comercial

À Escala do Planeta Terra não se importa nem se exporta nada. Assim, somando o saldo comercial de todos os países, dá obrigatoriamente zero: Para um país ter défice comercial, outro tem que ter superávite.
Um país não é eficiente a produzir todos os bens e serviços sendo a mais óbvia das razões o haver diversidade de clima. Por exemplo, em Portugal não se podem cultivar bananas de forma eficiente.
As trocas comerciais entre os países são um factor muito importante no incremento do bem-estar das suas populações sendo tanto mais importante quanto mais pequenos forem os países.
Fig.1 - Balança desequilibrada

Como se equilibra a balança comercial?
Quando os preços internos diminuem relativamente aos externos, as exportações aumentam e as importações diminuem corrigindo-se assim o défice comercial.
Se o país tiver moeda própria, a alteração dos preços relativos é feito facilmente com uma desvalorização da moeda.
No caso português em que temos euros, os preços internos têm que cair o que só é possível se os custos do trabalho diminuírem (os salários).
E se o custo do trabalho não diminuir?
Primeiro, o país endivida-se enquanto puder.
Depois, a taxa de juro sobe o que também leva a balança comercial a equilibrar-se.
Mas a taxa de juro é uma variável muito perigosa porque se, por um lado, faz com que as pessoas poupem mais e consumam menos bens importados, por outro lado, faz com que o consumo interno diminua e com que as empresas invistam menos.
Estes dois efeitos são garras numa tenaz que destrói os postos de trabalho.
Fig.2 - A taxa de juro esmaga o emprego


No final, o salário vai diminuir na mesma porque as pessoas, para arranjar novo emprego, têm que se sujeitar a um salário menor. Mas, no entretanto, há a destruição das empresas, o que tem um efeito muito mais negativo que permitir logo que os salários desçam.
Supondo um trabalhador que gera 1500€ usando máquinas de que resulta um encargo de 300€ de juros então, o empresário pode pagar um salário de 1000€ e ter 200€ de margem.
Se a taxa de juro aumentar 50% e as receitas diminuírem 20%, se o salário não diminuir para 900€, a empresa vai à falência.
Apenas as pessoas mais produtivas conseguirão manter os seus empregos ao salário vigente.

E se mesmo a taxa de juro não conseguir equilibrar? Emigração.
Existindo uma legislação laboral muito rígida, um subsídio de desemprego muito avantajado ou um salário mínimo superior a 30% do PIBpc, o mercado de trabalho só ajusta com taxas de desemprego muito elevadas. Há países com taxa de desemprego na ordem dos 85% da população activa.
Neste caso entra a mobilidade internacional do factor trabalho: os desempregados de longa duração têm que emigrar.
Uma vez emigrados, mandam remessas para os seus países o que permite que se mantenha a balança comercial deficitária. 
Mas este mecanismo de correcção não funciona no logo prazo porque , com o tempo o emigrante vai-se integrando no país de destino, os filhos vão crescendo lá, e acaba por perder as ligações com o país de origem. No caso português, as transferências dos emigrantes medidas pelo peso no PIB tiveram um máximo em 1979 (9.6% do PIB) e têm caido continuamente à taxa de 7.1%/ano.
Fig.3 - Evolução das remessas dos emigrantes (PorBase - Banco de Portugal)

A emigração, no longo prazo, destroi os países pois diminui a sua população a zero.
Por exemplo, a Irlanda tinha, nos princípios do sec. XIX, 8 milhões de habitantes e, no fim desse século, ficou reduzida a pouco mais de 2 milhões.

A integração no mercado de trabalho espanhol obriga a repensar a segurança social.
Será preciso promover um acordo com Espanha para que o trabalhador emigrado possa continuar a manter a sua ligação com a nossa segurança social. Assim, a Espanha transfere a TSU para SS portuguesa e o tempo de serviço em Espanha conta para a reforma, assistência médica e protecção no desemprego do trabalhador.



Também podemos promover o que é nacional.
Fig.4 - Não queira essas galdérias estrangeiras. Esta portuguesa é séria e faz-lhe o servicinho.

Pedro Cosme Costa Vieira

domingo, 12 de junho de 2011

Porque produzem os alemães mais do que nós?


Toda a gente sabe que existem países pobres e países ricos. Os pobres não o são por lá se trabalhar menos mas antes por haver pouco capital e baixo nível tecnológico.
Os emigrantes são mais produtivos nos países de acolhimento porque se aproveitam do capital e da tecnologia que existem no país de acolhimento.
Este post responde a um desafio do meu grande amigo Samuel Pereira a quem agradeço.
 Porque é que há países onde o trabalho é mais produtivo?
Um país para produzir a quantidade Y precisa de trabalho, N, capital, K, e tecnologia, A.
O capital pode ser físico (máquinas, edifícios, estradas, portos, barragens, etc.) ou incorpóreo (escolaridade, experiência profissional, tradição, relações comerciais, marcas, etc.).
O capital pode ser um recurso natural (por exemplo, bom clima, petróleo, etc.) ou precisar ser produzido e poupado.
O capital aumenta fazendo-se investimento e diminui ao ser amortizado, cerca de 10% por ano.
A amortização não corresponde à depreciação total do capital pois este vai-se entranhando lentamente na sociedade como um activo incorpóreo: o nível tecnológico.

Assumindo uma relação do tipo seguinte (onde o trabalho pesa 70% nos custos de produção)
          Y = A K0.3 N0.7
O consumo mais investimento (poupança) tem que ser igual à produção C + I = Y.
Para uma taxa de poupança de 26% e depreciação de 10%/ano, teremos 
         K t+1 = 0.9Kt + 0.26Y
Na figura seguinte (N= 1 e A0 = K0 = 1) simulo Portugal com uma capacidade produtiva por cada hora de trabalho de 60% da Alemanha (uns 20 anos de atraso).
         A t+1 = 0.98At + 0.01Kt
Fig. 1 - Comparação da produtividade de Portugal com a da Alemanha

Em 1945, a Alemanha estava destruída e Portugal estava inteiro. O que se passou?
Durante a Segunda Guerra Mundial foi destruída grande parte do capital físico da Alemanha (e dos outros países da Europa Central) mas o capital humano e o “nível tecnológico” ficaram quase intactos pois são incorpóreos e estão dentro das cabeças das pessoas. Assim, apesar de em 1945 o nível de capital físico e de produção de Portugal ser superior ao da Alemanha, como não tínhamos “nível tecnológico”, a nossa capacidade de crescer era muito mais reduzida. Ao fim de 10 anos, já tinhamos sido ultrapassados.
Este fenómeno também se observa actualmente na Republica Checa, Croácia e Polónia.
Fig. 2 - Recuperação da Alemanha no pós-guerra


Podemos agora aumentar o capital e a tecnologia à-força-toda como dizem os broquistas?
Infelizmente não podemos porque para investir é preciso poupar e Portugal tem, em termos globais, uma taxa de poupança negativa e a taxa de juro dos mercados externos é proibitivamente alta.
Desenvolver o "nível tecnológico" demora muito tempo e é um resultado do investimento que não podemos fazer.
Desculpamos a nossa incapacidade de poupar com os baixos ordenados mas, por comparação, a China tem salários muito mais baixos que os nosso e as famílias têm uma taxa de poupança próxima de 35%.
Aumentar a nossa capacidade produtiva futura obriga a fazer sacrifícios no presente.
O nosso futuro?
Trabalhar mais horas naquilo que sabemos fazer mais ou menos (máquinas e ferramentas ligeiras, calçado, têxteis e vestuário) e ter salários mais baixos.

É um futuro triste mas fica o consolo de, nos últimos 15 anos, termos vivido como se fossemos ricos quando eramos remediados.
Fig. 3 - A beleza também é capital: O dancing onde esta menina trabalhava já fechou

Os países menos produtivos têm menos capital e menor nível tecnológico.

Pedro Cosme Costa Vieira

Não podemos pensar que vamos produzir coisas high-tech, ser o país modelo das energias renováveis, dos carros eléctricos, com mais doutorados do Mundo porque, assim, vamos acabar como a kimonda: fechamos a porta.

sábado, 4 de junho de 2011

Portugueses produzem mais que alemães: Quem diria.

Estudo número 1.
Um cientista de uma prestigiada universidade portuguesa pegou numa pulga, gritou “Salta” e a pulga saltou. Cortou-lhe as patas, disse “Salta” e a pulga não saltou. Repetiu a experiência 30 vezes e obteve os mesmos resultados.
Conclusão: a pulga ouve pelas patas.
Fig.1 - Grande cientísta

Estudo número 2.
Uma empresa misturou 50 suecos com 50 burkina-fasanos e pediu-lhes que se mantivessem em silêncio. Depois, contratou um invisual a quem pediu que, à distância de 5 metros, identificasse as diferenças entre os suecos e os burkina-fasanos. O indivíduo não viu qualquer diferença.
Conclusão: os suecos são tão morenos como os burkina-fasanos.
Fig.2 - O sueco é o que tem as unhas dos pés pintadas de verde

Estudo número 3.
O salário médio em Portugal é de 1000€/mês. Um estudo de um prestigiado economista conclui que se o Estado der 1000€/mês a cada português e lhe aumentar o IRS em exactamente 1000€/mês, o PIB português aumenta de 170 para 310 mil milhões de euros o que faz a divida pública passar de 110% do PIB para 60% do PIB e o défice público ficar abaixo dos 3% do PIB.
Conclusão: subindo os salários 100%, resolvem-se todos os problemas de Portugal.
Fig.3 - Grande conclusão
Estudo número 4.
Se, à semelhança do que fez com a Estradas de Portugal, o Estado criar a empresa pública “Oceanos de Portugal” a quem atribui a propriedades de todo o mar português e carrega com 150 mil milhões de euros de passivo, reduzimos a divida pública a quase nada.
Conclusão: há vida além do défice, extraterrestre.
Fig.4 - Olha um extraterrestre!
Estudo número 5.
Depois de longos anos de investigação, prestigiados gabinetes de estudos chegaram à conclusão que os timorenses trabalham mais que os portugueses e que os portugueses trabalham mais que os alemães.
Chegaram ainda à conclusão que os timorenses produzem mais que os portugueses e que os portugueses produzem mais que os alemães.
Conclusão: há estudos que deveriam ser apelidados de anedotas.
Fig.5 - Os Portuguese estão no emprego muitas horas e, quando trabalham, são produtivos.

Pedro Cosme Costa Vieira

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