terça-feira, 13 de março de 2018

O fim da Terra e a colónia de Musk em Marte

O Musk parece um pastor evangélico apocalíptico. 
Faz um discurso catastrófico sobre o futuro da Terra (aquecimento global dramático por causa dos combustíveis fósseis) para logo apresentar soluções (carros eléctricos e uma colónia em Marte ou noutro planeta qualquer).
O que eu quero falar hoje é sobre essa colónia fora da Terra.

O aquecimento global da Terra. 
Vamos imaginar que acontece muito pior que as piores previsões.
As piores previsões indicam um aumento na ordem dos 4.ºC  que 2100 mas vamos imaginar que a temperatura global média aumenta 10.ºC dos actuais 14.ºC para 24.ºC.
Como as correntes de vento e a água não deixam a temperatura subir acima dos 50.ºC, acontecerá um incremento proporcionalmente maior nas zonas frias o que levará ao descongelar completo da Antárctica e dos territórios árcticos com a subida das águas dos mares talvez uns 100m.
As elevadas temperaturas evaporarão muito mais água dos mares, ventos mais fortes, tempestades violentíssimas com pluviosidades nunca antes vistas.

A guerra nuclear.
Vamos ainda imaginar que, motivado por uma tonteira qualquer, há uma guerra nuclear global em que são disparadas todas as bombas atómicas e todos os reactores nucleares fundem libertando quantidades astronómicas de radiação.

Mais tragédias.
Incêndios descontrolados, terramotos, cheias, vulcões e tsunamis nunca antes vistos atacam a Terra e ainda somos atingidos por um meteorito com 10km de diâmetro que, além da destruição causada pelo choque, traz o Anti-Cristo no seu interior.

E a bio-diversidade?
Vamos ainda imaginar que morrem na Terra 99,99% dos humanos (ficam "apenas 730000") e ainda 99,99% de todos os outros animais, plantas, fungos, bactérias, vírus e pardais.

Depois disto tudo!
O planeta Terra ainda terá muito melhores condições de habitabilidades do que Marte!
Ainda assim haverá muitos mais seres humanos na Terra do que alguma vez será possível haver em Marte.
Ainda assim, haverá muito maior diversidade genética e espécies de ser vivos que alguma vez poderá existir em Marte.

As características de Marte.
Como a pressão atmosférica em Marte é, no seu ponto máximo, apenas 1% da pressão verificada na Terra, a água lá ferve a 10.ºC. Então, se uma pessoa caísse lá desprotegida, os seus 37.ºC de temperatura corporal fariam com que explodisse.
Então, seria preciso criar uma estrutura pressurizada onde se introduziria ar comprimido que é constiruido a 95% por CO2.
Em termos de temperatura, em Marte observam-se valores entre -150.ºC (nos pólos, no inverno) e 25.ºC (no equador, durante os dias solarengos) com variações diárias na ordem dos 100.ºC.
Com céu limpo, uma célula solar funciona razoavelmente porque a intensidade da luz solar que chega à superfície não é muito menor que a que chega à da Terra (chega à atmosfera do Marte apenas 44% da intensidade que chega à atmosfera da Terra mas a nossa atmosfera absorve muito maior percentagem). O problema são as tempestades de pó que podem durar mais de um mês e bloqueiam a chegada de luz solar à superfície.
Porque a atmosfera marciana é ténue, a radiação emitida pelo Sol atinge a superfície com grande intensidade.

Porque não construir essa colónia em sítios terrestres extremos?
O meio do deserto mais seco, mais quente e mais desolado da Terra, é mais habitável que Marte porque, pelo menos, tem atmosfera com oxigénio.
Faça-se uma colónia autónoma no Vale da Morte (onde a temperatura chega a ultrapassar os 55.ºC) para testar a capacidade de garantir a sobrevivência de uma população humano no caso de o clima da Terra se alterar dramaticamente e deixem-se das toleiras das colónias nos outros planetas .

Aqui, do meio do deserto, estamos bem e até já tivemos tempo para construiu este monumento.

sexta-feira, 9 de março de 2018

A guerra do aço. Estará o Trump maluco?

Olhe que não, olhe que não. 
Nos últimos dias a administração americana, i.e., o Trump, meteu uma taxa de 25% nas importações de aço e 10% nas de alumínio.
Não vou entrar em pormenores sobre os produtos que estas taxas vão ser aplicadas (porque não sei se incide apenas sobre "chapas, perfis e varas" ou se também vai incidir sobre os metais incorporados nos produtos acabados como os automóveis).
Mesmo que a taxa se aplique aos automóveis, não terá muito impacto, serão menos de 100€ por veículo, menos de 1% do preço total.
Mas o que eu quero discutir é se estas taxas fazem algum sentido ou se o Trump não passa de um louco, populista e perigoso como é pintado pelos esquerdistas.

You are f**ing America and that makes me furious.

O Brexit é a primeira pista.
O Reino Unido vai sair da União Europeia e quer manter o regime de livre comércio com a UE.
Como dizem as meninas testemunhas de Jeová, é 1-0 contra o Trump pois, "se o RU quer manter o comércio livre é porque é bom".
Mas a União Europeia restante diz que não vai permitir, que vai cobrar taxas alfandegárias.
Mau! Quer então dizer que a UE acha mau ter livre comércio com o RU, 1-1 para o Trump.
Por um lado, a UE diz que o Trump é louco por cobrar taxas alfandegárias sobre o Aço e o Alumínio importado mas, por outro lado, quer cobrar taxas alfandegárias sobre tudo o que importar do RU!

A ameaça de retaliação é a segunda pista.
Se a UE vem dizer que vai retaliar criando taxas alfandegárias nos produtos americanos importados, sendo verdade a afirmação de que as taxas alfandegárias são más para todos, a UE vai infligir a si própria um tiro no pé.
Diria que, por agora, ficou 1-2 a favor do Trump.

Porque estão a demorar tanto as encomendas vindas da China?
Comprei umas memorias na China para o meu computador.
No OLX um fulano pediu-me 30€ por umas usadas. Na China comprei, novas, por 4,60€.
Isto foi em Novembro e estando previsto chegarem nos fins de Janeiro, só chegaram esta semana.
Dizem os blogs que é uma tentativa do UE para diminuir as compras directas na china pois não pagam taxas alfandegárias nem IVA.
Mas, então, as taxas alfandegárias são boas?
Diria que, acabou 1-3 a favor do Trump.

O livre comércio é bom mas é preciso repartir os ganhos de forma justa.
O comércio é bom para a humanidade por duas razões.

1) Escala mínima e economias de escala.
Os processos de produção têm uma escala mínima eficiente e, depois, há uma escala em que a eficiência é máxima (até onde se exploram as economias de escala).
Quando a eficiência é máxima, o custo médio de produzir cada unidade é mínimo.
Por exemplo, não é eficiente fazer uma fábrica de automóveis para produzir 10 automóveis por ano!
Sendo que, por exemplo, a escala de custo médio mínimo é produzir 1 milhão de automóveis por ano e existem 100 marcas de automóveis, um país mesmo que grande como a Alemanha (vendem-se cerca de 5 milhões de carros novos por ano) não pode produzir todos os automóveis de todas as marcas que os alemães querem comprar. Assim, vai produzir milhões de umas marcas (Mercedes, Audi, VW, ...) e comprar milhões de outras marcas (Toyota, ...).

2) Vantagens comparativas.
Há regiões que, por causa de características locais, são mais eficientes a produzir uns bens que outros bens. Então, à escala global ficaremos todos melhor se cada região se especializar a produzir os bens em que tem vantagens comparativamente às outras regiões.
Se, por exemplo, Portugal tem mais sol e calor que os países do Norte da Europa, especializa-se em turismo e esses países especializam-se noutras coisas.

Vamos a um exemplo.
Existem 3 bens  e 3 países (ou regiões). 
As diferenças locais fazem com que as capacidades de produção de cada trabalhador sejam diferentes em cada país. Os trabalhadores até podem ser iguais mas, localmente, a sua capacidade de produção é diferente (por exemplo, se vivem à beira mar podem ser mais eficientes a servir esplanadas e, se vivem no monte, a pastorear ovelhas).
Imaginemos que as produtividades são as seguintes (em unidades por pessoa):

Bem 1 Bem 2 Bem 3
País 1 15 5 5
País 2 10 10 15
País 3 5 15 10

Imaginemos ainda que os consumidores querem adquirir a mesma quantidade de cada bem e que, em cada região, existem 1000 trabalhadores/consumidores.

Se não houver comércio. 
Cada região vai aplicar
  545 trabalhadores na actividade onde é menos eficiente,
  273 onde é medianamente eficiente e
  182 onde é mais eficiente,
Parece totalmente contra a lógica mas são as actividades menos produtivas que vão ocupar a maior parte dos trabalhadores.
Cada pessoa vai receber um salário que lhe permitirá adquirir 2,75 unidades de cada um dos bens.

Se houver comércio.
Cada região vai aplicar os 1000 trabalhadores na actividade em que é mais eficiente, consumindo-se localmente 1/3 dos bens produzidos e exportando-se 2/3 para as outras regiões de onde se importam os outros bens.
Agora, cada trabalhador vai ter um rendimento que lhe permite consumir 5,00 unidades de cada um dos bens.
Cada país passará a produzir 15000 unidades de apenas um bem consumindo 5000 e exportando 10000. Também vai importar 5000 unidades de cada um dos outros bens (que não produz).

Entra aqui a flexibilidade a que o esquerdistas chamam "neo-liberalismo".
Sem comércio, 82% dos trabalhadores está em actividades onde é pouco produtivo que são denominadas  pelos esquerdistas como "sectores tradicionais".
Para aumentar a produtividade é preciso abandonar esses sectores o que, no curto prazo, é conseguido com falências, desemprego e pobreza das pessoas que vivem deles.
Mas, se esse processo de flexibilização não existir, a economia não pode progredir para o novo equilíbrio.
Vemos como os esquerdistas são contra a "destruição da agricultura, das pescas e do pequeno empresário, do despejo dos velhinhos dos centros históricos" mas essa destruição é a única forma de melhorarmos, globalmente, a nossa produtividade.

Não é a inovação que faz a economia crescer!
O Costa é um ignorante e, por isso, está continuamente a afirmar que "precisamos de inovação para crescer" quando o que precisamos é de re-estruturação da economia.
Precisamos que os sectores em que as pessoas são menos produtivas diminuam em favor dos sectores em que as pessoas são mais produtivas.
Por exemplo, a Cristas fez a "lei dos desejos dos velhotes das zonas históricas".
Tínhamos prédios inteiros nos centros do Porto e de Lisboa que não produziam qualquer riqueza, foram despejados para a periferia e substituídos por actividades relacionadas com o turismo que induziram grande desenvolvimento nos centros das cidades.
E Portugal tem crescido apenas à conta disto.
Os esquerdistas eram totalmente contra a flexibilidade do mercado dos arrendamentos mas, agora, chamam para si o mérito do crescimento do turismo e da renovação dos centros históricos.

Vamos às tarifas do Trump.
Não há qualquer dúvida que o comércio induz ganhos de produtividade e de bem estar.
O que seria de cada um de nós se tivesse que produzir todos os bens e serviços que consome!
Mas o problema está na divisão do ganho.
Se no exemplo eu fui boa pessoa e dividi o ganho igualmente pelos 3 países, normalmente, no mundo real, um país consegue sempre apropriar-se de uma fatia maior do ganho (e por isso é que existem negociações).
Podem todos melhorar mas uns melhorar mais do que outros, por exemplo:
  País 1, cada consumidor passa de 2,75 para 3,00
  País 2, cada consumidor passa de 2,75 para 5,00
  País 3, cada consumidor passa de 2,75 para 7,00

O que diz o Trump.
"Com a guerra comercial todos vamos perder mas uns, os que estão a dizer que vai ser o fim do Mundo, vão perder mais do que nós".
E, realmente, se os USA forem a País 1, o Canadá e o México o País 2 e o resto do mundo (onde se inclui a UE) o País 3, quem vai perder mais é o resto do mundo.

O que poderão fazer os países visados?
As taxas distorcem o mercado e reduzem o comércio o que, globalmente é mau.
Mas alguma coisa tem que ser feita e a solução é o que a UE quer impor ao Reino Unido: o país que tem ganhos desequilibrados tem que pagar contrapartidas ao país menos beneficiado.
Sendo que na actual situação o Trump quer reduzir o défice comercial, essas contrapartidas não precisam ser transferências financeiras como se faz na UE (ajudas ao desenvolvimento) mas podem ser sobre a Balança Comercial:
  1) Auto imposição de um limite às exportações (como já aconteceu no passado por parte do Japão)
  2) Criação de incentivos à importação de bens produzidos na América do Norte.

Concluindo.
Em termos económicos, faz todo o sentido que os Americanos se sintam prejudicados pelos países em industrialização acelerada e estes países têm que se sentar à mesa das negociações e encontrar formas de dividir os ganhos do comércio com os USA.
como, naturalmente, os países beneficiados não querem abrir mão do que têm conseguido, a única forma é impondo tarifas aos produtos importados.

Como gostas de mim e eu vivo triste, com saudades da minha mãezinha, vais ter que me compensar.

quarta-feira, 7 de março de 2018

A oposição e a governabilidade

O Costa está muito contente por o PSD ter perdido o pio. 
Já alguém se perguntou para que é que o Rio se candidatou a presidente do "maior partido da aposição" se não quer fazer oposição?
Não teria sido melhor ter-se candidatado a qualquer coisa num dos partidos da geringonça?
Porque não no partido dos animais?

Imaginem o FC Porto sem rivais.
Imaginem que o Pinto da Costa (e os demais dirigentes) só diziam bem uns dos outros e reuniam-se para "procurar consensos alargados".
Imaginem ainda que o Vincent Aboubakar, antes de rematar à baliza, olhava para o guarda redes e apontava-lhe com o dedo o lado para o qual ia rematar "não fosse o desgraçado atirar-se para o lado errado".
Imaginem ainda que o Yacine Brahimi caia na área por um encosto do Fábio Coentrão, o árbitro reunia com os dois mais algumas testemunhas e chegavam todos a um consenso. 
Naturalmente que o futebol espectáculo acabava.
Continuaria o futebol "solteiros contra casados" mas aquele que move multidões, nunca mais.
Tem que ser uma "guerra total" porque as pessoas mesmo que pacíficas no seu dia a dia, têm no seu interior o gene da guerra, querem que "os nossos" dêem "cabo do canastro aos lampiões e aos lagartos".

Vamos imaginar que aquilo do Benfica se passava no Porto.
Se a CMTV fosse entrevistar alguém, ouviria uns dizer "Não nos comem mais por lorpas, carago! estes 4 campeonatos já ninguém no los tira, o tempo do Capote e do Salazar já acabou" e outros "Prefiro ouvir dizer que um assessor qualquer apanhou perpétua do que ouvir dizer que perdemos o campeonato por sermos anjinhos, quanto mais 4 de uma assentada". Finalmente, começaria logo a circular um peditório para se fazer uma estátua ao mártires detidos.

A oposição é muito importante.
Porque as outras pessoas têm uma visão diferente da nossa.
Bem sei que não é agradável estarmos sempre a ouvir "isso está mal" mas, se queremos melhorar, temos que ouvir, pensar naquilo que os outros dizem e ver até que ponto os opositores têm razão.
Só sociedades em que a oposição é forte é que há progresso.
Pelo contrário, nas sociedades onde quem tem opiniões contrárias é perseguido, ridicularizado e perseguido,  só existe infelicidade, atraso e falta de liberdade.

Logo, os opositores têm que se esforçar.
Mesmo que concordem com tudo, têm a obrigação de fazer o "papel do advogado do Diabo". Procurar mesmo pormenores para criarem uma oposição.
Não foi em "5 ou 6 pormenores" que o FC Porto apanhou 0-5 do Liverpool?
Eu, antigamente, dizia aos meus alunos "por favor, esforcem-se em me colocar questões difíceis, daquelas em que eu vou ter que dizer 'Desculpa, eu não vou poder responder agora para não interromper a fluência da aula mas depois, voltarei a isso'" que é a tradução para professorês de "entalaste-me".
Estas questões são importantes não só para o aluno que as faz (porque tem que realizar um constante exercício de crítica ao que eu vou dizendo) como para os colegas que, no momento da pergunta, vão tentar construir a resposta. Naturalmente que para mim pode ser um aborrecimento mas também é positivo porque aumenta a minha motivação para preparar a aula "tenho que ver isto e aquilo não vá entalarem-me". 

Portugal tem um grave problema de desenvolvimento. 
A oposição deveria pegar nisto e debater o porquê do nosso atraso.
Em 2006, na sua campanha para as presidenciais, o Cavaco Silva perguntou "porque será que a Espanha tem um PIB maior que o nosso e cresce mais do que nós?"
Se compararmos a produtividade (o PIB per capita considerando as pessoas com idade entre os 15 e os 64 anos), a nossa 55% da conseguida nas 5 maiores economias europeias (Alemanha, RU, França, Itália e Espanha). Isto traduz que, em média, cada português produz 55€ quando um cidadão desses 5 países produz 100€.
Mas o problema não é esse, é que em 1970, a relação era de 50% o que mostra que nos últimos 50 anos só progredimos 0,1 ponto por ano.
E ainda pior, nos últimos 25 anos temos estado a piorar. Em 1990 atingimos um máximo de 59% edesde então, paulatinamente, temos estado a cair.

Fig. 1 - Convergência da produtividade de Portugal para as 5 maiores economias da UE 
(PIB per capita de pessoas com idades 15-64, dados do WB, cálculos e grafismo do autor)

Em Portugal está-se a criar uma ditadura do vácuo.
O governo é um vácuo de ideias e a oposição outro vácuo de ideias.
"O que faz falta é a inovação e o investimento"
"O que faz falta é o povinho desmatar a floresta" 
"O que faz falta é animar a malta"
Mas já são 50 anos e nada de resultados.
Como dizia o Jesus, "Nada, batata".

Como se pode ser alternativa sem ser oposição?
No meu emprego há quem pense o mesmo.
O mandato do director está a acabar e vai haver eleições daqui a pouco.
Como pode alguém apresentar-se como alternativa se, nestes últimos 4 anos, a única oposição (mesmo que pequenina, reduzida a alguns emails e 30 dias de suspensão sem salário) fui eu?
Claro que não pode.

O Passos Coelho tentou dar uma pedrada no charco.
Acabou eleito como "a encarnação do Diabo".



Twitter Delicious Facebook Digg Stumbleupon Favorites More

 
Design by Free WordPress Themes | Bloggerized by Lasantha - Premium Blogger Themes | Best Hostgator Coupon Code