segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Emigração. O Passos Coelho disse o evidente.

Queremos pertencer à Zona Euro?
A condição necessária para pertencermos a uma Zona Monetária é que haja mobilidade nos factores de produção onde se inclui o factor trabalho e flexibilidade nos preços onde se incluem os salários.
Por isso, quem defende que temos que pertencer à Zona Euro está a defender que os salários podem diminuir em termos nominais e que as pessoas têm que emigrar.
Não se pode querer sol na eira e chuva no nabal.

O Seguro ao defender que o PPC minta é como o outro.
Quem quer ser guiado por cegos?

Que fazer aos professores?
Há pessoas que querem ser professores e que tiram cursos via ensino.
Mas o Estado não tem obrigação de arranjar emprego para toda a gente. Nós não somos Cuba.
e toda a gente sabe que  o sistema público de ensino não pode contratar mais professores. Não é que mais não melhorassem o ensino mas não há dinheiro para isso.
Se os salários dos professores actuais descessem para metade, era possível contratar os 50 mil que estão desempregados.
O sindicato que proponha isso: o Estado contrata mais mas mantém-se a massa salarial global.
Mas quem está não quer abdicar do muito que tem e que acha sempre pouco para dar algum aos que não têm nada.


O meu colega de cadeira é extraordinário.
o JC foi um aluno de licenciatura extraordinário, fez um mestrado brilhante, tem o doutoramento concluído e dá aulas melhores que as minhas. No entanto, leva para casa 325€/mês.
Apesar de salário ser muito baixo (menor que o SMN), o que mais o desgasta é o contrato ser por 6 meses.

Diz o Lucas
O Robert Lucas é o pai dos Novos-Clássico que defendem que o Estado deve-se retirar da Economia.
Os comunas dizem que o Lucas é o pai e o Milton Freedman a mãe de todos os neo-liberais.
O que o Lucas identificou é que não há desemprego em absoluto.
O que existe é uma desadequação entre as expectativas dos trabalhadores quanto ao salário e o que o empregador pode pagar pelo trabalho.
Tenho a certeza absoluta que se o salário de professor começasse nos 500€/mês e o 10.º escalão (o topo da carreira) fossem 1000€/mês, deixava de haver professores desempregados.
Garanto em absoluto que, quem quisesse dar aulas, não precisava emigrar.

A minha colaboradora doméstica
A Olga é enfermeira com especialidade em oftalmologia. É bom porque a minha mãe foi operada aos olhos e ela põe-lhe as gotas com todo o rigor.
Na Ucrânia tinha emprego e estão-lhe sempre a mandar cartas a pedir que volte ao anterior posto de trabalho que era num hospital publico de uma terra qualquer.
Na Ucrânia não há desemprego no sector público. Quem quiser, não falta emprego.
Professores, médicos, enfermeiros, engenheiros, calceteiros, varredores, não falta emprego.
Se alguém quiser emigrar para a Ucrânia, não falta emprego.
Mas para ganhar 80€/mês.
Aposto que já lhe passou a vontade.

Pedro Cosme Costa Vieira

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Os bancos têm que ter lucro, também é para nosso bem.

Porque as pessoas poupam?
Existe uma poupança quando compramos bens duráveis (denominados bens de equipamento ou de capital).
Por exemplo, compramos um frigorífico por 500€ que dura 10 anos. Então, no ano da compra consumimos em "serviços do frigorífico" 50€ e poupamos 450€. Em cada um dos 9 anos seguintes consumimos 50€ em "serviços do frigorífico".
Também existe poupança quando constituímos um stock de bens de consumo.
Finalmente, existe poupança quando aumentamos o nosso saldo no livro (quando aumentamos o nosso saldo bancário).

Para que exista poupança no livro.
Para que exista poupança na economia, o banco tem que constituir um stock, comprar bens de equipamento ou emprestar o nosso activo a alguém que o faça.
O saldo no livro não é, em si, uma poupança.
Se o Pereira emprestar o dinheiro a alguém que compra e consume os bens, na economia não haverá poupança.

Vamos ficar velhinhos.
No futuro todos vamos ficar velhinhos e sem capacidade para trabalhar.
Agora que somos produtivos, temos que poupar porque especulamos que no futuro ainda vamos estar vivos precisando de comer sem termos rendimentos.

Fig. 1 - Amo tanto a minha mulher que, para a poupar para quando for velhinho, carimbo esta

Podemos ter um desastre.
Podemos perder o emprego (e ficamos sem rendimento), termos um acidente automóvel (e temos uma despesa não antecipada). Podemos ainda ficar doentes (sem puder trabalhar perdendo o salário).
Ao especular que existem estes riscos, pomos de lado uns activos.

Queremos comprar no futuro algo muito dispendioso.
Queremos comprar um bom carro ou uma casa e precisamos de ir juntando dinheiro para depois podermos fazer esta compra.

O negócio do Pereira, o cantineiro, tem-se expandido.
O Pereira fornece um leque reduzido de serviços bancários (depósitos, transferências e algum crédito) mas, por serem serviços imprescindíveis, tem cada vez tem mais clientes.
Os serviços do Pereira são "criação de dinheiro".
O saldo do livro foi crescendo e, de forma correspondente, a mercadoria no armazém. Mas o Pereira começou a ver que o armazém já tinha coisas de mais.
Então, há uns anos, decidiu abrir conta no Entreposto da Cidade.
Quando o fazendeiro "Costa" (que tinha um saldo no Entreposto de 250000$00") mandou abrir conta ao Pereira para pagar 10 contratas, o entreposto lançou no livro:
    "Pereira, 10 contratas x 1000$00 = +10000$00, Saldo = +10000$00"
    "Costa, 10 contratas x 1000$00 = - 10000$00, Saldo = +240000$00"
Depois, quando o Pereira mandou carregar 100 sacas de farinha, o Entreposto lançou no livro:
    "Pereira, 100 sacas farinha x 10$00 = -1000$00, Saldo = +239000$00"

Neste momento o Pereira tem um saldo de 5 000 000$00 no livro do Entreposto que pertence, indirectamente, aos seus clientes.

E se houver uma cheia.
Os clientes do Pereira poupam principalmente porque a aldeia é no Vale do Zambeze que tem risco de cheia.
No passado ficavam na miséria e muitos morriam no ano seguinte de fome.
Agora o Pereira arranjou uma maneira de resolver o problema.
Como o saldo do livro não está todo materializado em mercadorias no armazém mas antes no livro do Entreposto, havendo uma cheia, parte dos saldos está a salvo.

Aqui entra o seguro e a diversificação do risco.
Ao ter saldo no livro do Entreposto, o Pereira tem grande parte das poupanças dos seus clientes a salvo dos problemas locais. Uma cheia, uma guerra, uma doença, uma seca ou uma calamidade qualquer.
Como na Cidade não há cheias, quando acontece qualquer problema o Pereira repõe as mercadorias no seu armazém e salva a situação.
Nessa altura já os clientes podem usar o saldo para refazer as cubatas, repor o gado morto e comprar farinha para se sustentarem até terem novas culturas.
Haverá perdas, mesmo o Pereira perderá tudo o que tem em armazém, mas uma parte substancial da poupança está segura.
Mas o Pereira tem que evitar ter perdas pois, caso contrário, com o tempo vai à falência.

E se o Pereira for à falência?
Será uma tragédia.
Mas os clientes do Pereira não têm capacidade de diversificar o risco de cheia pois não têm volume de negócio que permita ter conta no livro de Entreposto.
Então, os clientes preferem que o Pereira cobre uma margem pelos seus serviços e tenha lucro a haver um risco de ir falência.
O Pereira, para seu bem e dos seus clientes, vai cobrar 1% em cada movimento para cobrir os riscos do negócio.
Uma contrata passará a ser lançada
   "Joaquim, contrata = +1000$00, seguro = - 10$00, Saldo = + 980$00"
Uma transferência (seguro pelo mandante) será
  "Manuela, Trans J = -500$00, seguro = - 5$00, Saldo = + 480$00" 
  "Jozefa, Trans M = +500$00, seguro = 0$00, Saldo = + 500$00"

Fig. 2 - "Pagar as dívidas é uma coisa de crianças" (Sócrates, o Caloteiro)

É o risco a principal razão para existir Spread na intermediação bancária.
Se nós emprestarmos os nossos activos a alguém, corremos grande risco de os perdermos pois a maioria das pessoas é caloteira. e os depositantes não querem risco.
O Banco especializou-se em avaliar a capacidade das pessoas pagarem o que devem. Por outro lado, têm serviços jurídicos que penhoram os bens das pessoas devedores.
Então, nós emprestamos os nossos activos ao banco a 2%/ano (denomina-se taxa passiva) e ele empresta-os a outras pessoas a 5%/ano (denomina-se taxa activa).
É a margem do banco, o Spread.
Se o banco não executar os caloteiros,  nós perdemos os nossos depósitos.

Fig. 3 - O banqueiro persegue os seus devedores a mando dos seus depositantes.

O que paga o Spread.
1. Cobre o risco de o devedor não pagar. Todos os anos o banco tem que guardar parte do Spread para cobrir a eventualidade de um devedor falhar.
2. Cobre as despesas de funcionamento. Os funcionários, a electricidade, as rendas dos imóveis, etc. têm custos que têm que ser pagos pelos clientes do banco.

3. Depois fica o lucro para remunerar o capital.
O negócio bancário é de muito elevado risco porque emprestam dinheiro a 50 anos sobre casas em que há grande probabilidade de os devedores ficarem desempregados e o valor das casas cair drasticamente.
Emprestam a empresas que abrem falência à força toda.
Emprestam ao Estado Português que está em bancarrota.
Mas os depositantes querem ter a certeza que o banco nunca abre falência.
Então, o Banqueiro tem que ter 10% (mais ou menos) do total de depósitos em capitais próprio. Se alguém não pagar, paga o Banqueiro do seu capital.
Isto é muito dinheiro, por exemplo, o BCP tem 6500 milhões de Euros de capital e ainda tem que o reforçar.

O capital do banco é capital produtivo.
As pessoas pensam que o capital que o Banqueiro tem são notas mas não é assim.
Esse capital está materializado em máquinas nas fábricas, televisores nas casas das pessoas, carros, camiões, pontes, estradas, hospitais, etc.
O Banqueiro ao emprestar a uma empresa para ela comprar uma máquina é, em termos económicos, o dono da máquina.
Em termos contabilísticos é apenas dono do dinheiro, mas isso é um artificio da contabilidade.
É como ter 1000$00 no livro. De facto, o cliente tem sacas de farinha e litros de óleo no armazém.

O Sérgio (e a maioria das pessoas)
Pensa que os bancos não produzem nada e, mesmo assim, têm "mais lucro que quem realmente produz ou cria riqueza palpável através de produção de bens e serviços".
Mas, em termos económicos, os meios de produção são, em parte, do Banqueiro e, noutra parte, dos depositantes do banco.
Na economia, considerando todas as máquinas e todo o capital, em média, 20% pertence aos empresários, 8% pertence aos banqueiros e 72% pertence aos depositantes.
Do total dos lucros da economia, 8% tem que ir para os bancos.

Quanto maior o lucro do banco, melhor para os depositantes.
O capital, para fazer face à inflação e ao risco, tem que ser remunerado a uma taxa de pelo menos 10%/ano. No caso do BCP, são, no mínimo, 650milhões de € por ano.
Se os bancos não tivessem capital, não precisavam ter lucro mas o risco de falência seria muito grande e os depositantes não querem bancos desses.
Um banco que tenha um rácio entre o capital próprio e os depósitos de 10% e um lucro de 10% do capital próprio tem o risco de falir na ordem dos 0.1%/ano.
Se estes rácios começarem a diminuir, o risco de perdermos os nossos depósitos começa a aumentar.
Se temos os bancos A e B que pagam 2%/ano de juros e têm 10% de capitais próprios. Se o banco A tem 3%/ano de lucro e o banco B tem 13%/ano de lucro, o melhor é termos o nosso dinheiro no banco B.
O banco B tem muito menor risco de vir a falir.

Todos os anos abrem falência muitos bancos.
Nos últimos 20 anos em Portugal faliram as Caixas Agrícolas, o BPP e o BPN (salvo a minha fraca memória).
Se o Banco A oferece 3%/ano e o banco B oferece 2%/ano como remuneração dos depósitos o que está a ser dito é que o risco de o banco A falir durante o próximo ano é mais 1% que o risco do banco B falir.
De facto o banco A não está a pagar mais juros. Nós estamos é a "comprar" um produto com mais risco.

A crise financeira resulta dos bancos terem lucros pequenos.
Ao haver muita concorrência no mercado bancário, os bancos começaram a cativar clientes de elevado risco de se tornarem caloteiros. Isso fez com que os lucros diminuissem o que degradou o seu capital próprio.
Para esconderem que estavam a perder dinheiro, começaram a sobre-avaliar os activos dos seus devedores (as casas). Quando executavam um cliente, rematavam o imóvel pelo valor da dívida, não reconhecendo perdas.
Quando em 2007 surgiu uma crise normal, começou a faltar liquidez e deu-se conta que os bancos não tinham em "armazém mercadoria suficiente para pagar o saldo dos livros".
Começaram a falir em catadupa. E continuam.

A dívida pública
A dívida pública alemã para contratos a 2 anos anda nos 0.4%/ano.
A dívida pública portuguesa para contratos a 2 anos anda nos 20%/ano.
Isto quer dizer que a probabilidade de, nos próximos 2 anos, o Portugal entrar em bancarrota e não pagar nada é de 30%.
Quem comprar 100€ de dívida pública portuguesa a 2 anos pode, por um lado, receber 140.00€ mas, por outro lado, tem 30% de probabilidade de não receber nada.
Quem comprar 100€ de dívida pública alemã a 2 anos vai receber, de certeza, 100.80€.
Agora é uma decisão de cada um mas não pensem que os "especuladores sanguinários" especulam ficar ricos com os títulos da dívida dos caloteiros.

Fig.4 - É como ter uma mulher simpática. Dá-nos a certeza de que não vamos ser corneados.

Como é camarada Louçã? Agora não te interessa falar?
Até a agência de Rating Chinês desceu o Rating da Zona Euro toda.
Então até os chinocas são especuladores sanguinários?
É que já não há tansos em lado nenhum do Planeta Terra.

Pedro Cosme Costa Vieira

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

O cantineiro é um especulador

Neste post o cantineiro, por ser especulador, concedeu crédito de longo prazo. Transformou-se também em seguradora.

Hoje faz 6 anos que o Muzel se casou.
Neste tempo o Muzel teve 5 rapazinhos mas um morreu. Restou 4.
Sempre foi um bom cliente. Gastava, em média, 50$00 de mercadoria por mês e, sempre que o saldo do livro descia abaixo de 500$, o Musel falava ao cantineiro, o Pereira, e lá ia fazer nova contrata.
Mas ontem aconteceu uma tragédia

Pátrão me acuda
Gritou mulher do Muzel ainda o Sol estava para nascer.
- Pátrão me acuda que o Maruéu morreu.
- A Hiena comeu o meu Maruéu durante a noite.
- Me acuda Pátrão que é uma desgraça.
- Minhas criança vai morrer de fome.
- HAAAAAAAAAAAAAAeeeee  ME ACCCCUUUUUDDDDAAAAAAAAAA
O Pereira ainda estava na cama de onde saltou rapidamente e veio cá para fora.
- Manuela (foi este o nome que o Pereira lhe deu no dia do casamento), que desgraça. O Manuel era tão bom rapaz.
- Que desgraça. Aí meu Deus que posso eu fazer agora para acudir a esta tamanha desgraça.
- Tens no livro 600$ mas isso só dá para sustentares as crianças um anito.
- O teu mais velhinho só tem 5 anos. Ai que desgraça.
- Manuela, vou pensar no que podemos fazer.
Entrou para a casita e foi-se sentar na mesa da cozinha.

Fig.1 - Pátrão conta com mim pra tudo que for precisa.

O Pereira era um especulador
Espectador e Especulador são, em termos etimológicos, a mesma palavra.
São evoluções do vocábulo latino spectator que traduz a visão, a observação de algo.
Em inglês óculos dizem-se spectacles.
Especulador é aquele que vê para o futuro.
Aquele que antecipa como vão evoluir as variáveis económicas.
O Pereira vê no futuro os filhos do Muzel, se sobreviverem, como bons clientes.
Pensa que vão sair todos ao Pai.
Então, magicou, magicou, magicou 
Pegou no livro, leu aqueles balanços, tornou a magicar, magicar e veio cá fora 

Um contrato de crédito
- Manuela, A tua criança mais velha só tem 5 anos. Só pode trabalhar na contrata daqui a 10 anos. É muito tempo.
- Para as tuas 4 crianças não morrerem de fome, tenho que te emprestar 40$/mês durante mais de 10 anos.
- É muito dinheiro.
- Mas eu especulo que teus filhos são como o Manuel pelo que vão ser grandes trabalhadores.
- Vou então propor-te um contrato de crédito.
- Eu empresto-te o dinheiro e, quando as tuas crianças fizerem 15 anos, vão fazer contrata. Cada rapaz tem que fazer  três contratas num total de 12 contratas.
- É um contrato de 8000$00 com uma duração de 15.5 anos.

A Taxa de Juro Anual Efectiva
- Pátrão obrigado. Mas 12 contratas são 12000$00. Me pode fazer conta para me diz a TAE.
- São 6.34%/ano

Fig. 2 - Especulação quanto à evolução do saldo (negativo) da Manuela

Me espilica para que serve o Juro.
- Sabes que eu sou contra explorar os necessitados pelo que nos créditos de curto prazo não cobro juros.
- Até porque eu empresto activos que pertencem aos meus outros clientes a quem não pago juros.
- Mas, neste caso, as tuas criancinhas são muito pequenas e podem morrer ou não querer trabalhar.
- E nesse caso, tu não tens como pagar a dívida pelo que eu fico com o prejuízo.
- Assim, em cada ano e por cada 1000$00 de dívida eu tenho que fazer reservas de 63$40 para o seguro de crédito.
- Se eu não fizer isso, quando alguém não pagar, vou ter que passar o prejuízo para os meus outros clientes.
- Isso não é justo porque não são eles que decidem os empréstimos.
- Vens aqui outro dia chorar mais um pouco e eu explico-te porque os bancos têm lucro.

Aceitar pátrão.
- É justo pátrão. Meus filho vai crescer bém e trabalhar bém mas Muzel morreu e eu não pensei.
- Afinal o juro é justo, pátrão.

Pedro Cosme Costa Vieira

A moeda escritural (sobre o vídeo)

Temos que acabar com os bancos.
O vídeo tem uma mensagem subliminar que é a destruição dos bancos e do livro das mercearias.
É perigoso em termos intelectuais porque se baseia um conjunto de mentiras com algumas meias verdades.
Vou tentar mostrar a des-lógica da argumentação do vídeo.
Primeiro tenho que demonstrar que o dinheiro escritural não tem mal nenhum e não vive em nada da existência do crédito nem está dependente das reservas obrigatórias. Isso é um embuste usado pelos esquerdistas para atacar os bancos.
Para não nos concentrarmos nos bancos, vou falar do livro da mercearia.

fig. 1 - Onde está o mal para a humanidade destas padarias terem livro de registo?

O dinheiro divide-se em Notas e a Moeda Escritural. É Verdade.

Mas a moeda escritural não tem qualquer mal. Nem está dependente da Moeda.

Na literatura inglesa há uma diferença entre Money (dinheiro), que é um termo genérico, e Currency (notas e moedas), que é um tipo especial de dinheiro, as Notas e Moedas e fazem parte do dinheiro mas não só.
Dinheiro é qualquer meio de pagamento e reserva de valor que facilite as trocas.
O cartão de pontos do Continente é dinheiro.

Se o estimado leitor tiver formação matemática e souber inglês será interessante ver  Plosser (1983). É um texto muito difícil de ler mas que torna claro que um economista que "confunda" estes conceitos 28 anos depois da publicação deste artigo, quer enganar o povo.

O dinheiro é a unidade de valor que torna possível comparar o valor relativo dos bens e serviços disponíveis em instantes de tempo e locais geográficos diferentes.
Por exemplo, vou a Paris e vejo uma gabardina por 150€ e vou a Lisboa e vejo uns sapatos por 50€. Então, esse par de sapatos é comparável a 1/3 dessa gabardina.

O dinheiro é um stock de valor que permite armazenar valor entre os momentos em que se realizam as transacções. Por exemplo, eu trabalho hoje e guardo o valor nos 50€ que recebo. Mais tarde posso usar esse dinheiro para bens e serviços.

O dinheiro é um meio de troca. Ao ser uma reserva de valor torna possível a troca de bens realizada em transacções efectivadas em momentos e locais diferentes.
Por exemplo, vendo hoje uns sapatos hoje em Lisboa por 50€ e recebo dinheiro que guardo. Daqui a uma semana vendo trabalho no Porto por 100€ e recebo dinheiro que guardo. Daqui a um mês vou ao Funchal à passagem do ano por 150€ que pago com o dinheiro que tinha guardado.

O Inside Money - moeda escritural
Em tempos tive um colega cujo pai foi cantineiro no meio de Moçambique. O seu negócio vai-nos ajudar a compreender o que é o dinheiro escritural, a naturalidade do seu aparecimento, que não tem mal nenhum e que não tem qualquer ligação às Notas e Moedas.

O Cantineiro tinha o livro
    - Pátrão, me chamar Muzel Tiruba, querer dar nome pra escrever no livro, pra crasar com mulher gorda.
    - OK. Vais-te passar a chamar Manuel dos Santos. Vou aqui escrever o teu nome no livro e, na próxima  segunda-feira, estas aqui ao nascer do Sol com roupa para 6 meses pois vou-te arranjar uma contrata numa fazenda.
- Pátrão, assim estrará Maruel. Maruel é nome borito.

Abertura de uma conta
O Muzel lá foi e, na volta, o fazendeiro mandou ao cantineiro 50 sacos de farinha, 50 sacos de sal, 200 litros de óleo de palma, 50 quilos de sabão e 50 caixas de fósforos para pagar o trabalho do Muzel.
O Cantineiro colocou preços na mercadoria que somavam 1000$ e acrescentou no livro:
    "Manuel dos Santos, contrata = +1000$00, Saldo = + 1000$00".

Uma compra
A mulher gorda do Muzarel foi comprar uma saca de milho e um saco de sal e o cantineiro escreveu:
    "Manuel dos Santos, 1 saca de milho x 10$00 = - 10$00 , saldo = 990$00"
    "Manuel dos Santos, 1 saca de sal x 7$00 = - 7$00 , saldo = 983$00"

fig. 2 - Mulher do Muzuel é boa
Um pagamento
    - Patrão marca 10$00 na conta do meu vizinho José do Prego porque ele me vendeu um porco.
O Cantineiro acrescentava no livro (o José tinha um saldo de 110$00):
    "Manuel dos Santos, transf JP = - 10$00, saldo = + 973$00".
    "José do Prego, transf MS = + 10$00, saldo = +120$00".

Um empréstimo do cantineiro
Chegou lá a Jozefina Mulata que tinha um saldo de 20$.
- Pátrão me emprestra 100$00 para eu pragar 3 vaca ao José do Prego.
O Cantineiro acrescentou no livro:
    "Jozefina Mulata, transf JP = - 120$00, saldo = -100$00".
    "José do Prego, transf JM = + 120$00, saldo = +240$00".
Para o cantineiro poder conceder crédito tinha que ter saldo no livro (e correspondente mercadoria no armazém).

Um empréstimo do Muzel à Jozefina
Diz o Muzel.
- Pátrão quero emprestar 50$00 à Jozefina Mulata. Execruta.
O Cantineiro acrescentou no livro:
    "Manuel dos Santos, emprest JP = - 50$00, saldo = + 923$00".
   "Jozefina Mulata, emprest MS = + 50$00, saldo = -50$00".

Défice público financiado com emissão de novo dinheiro
O cantineiro tem que garantir que a soma de todo o dinheiro que existe no livro tem uma correspondência em mercadoria. (Essa mercadoria pode estar no seu armazém ou vir a caminho, estar no Entreposto).
O cantineiro meteu-se com um mulata jeitosa e entrou em défice.
Para pagar à mulata, lançou na sua folha +100$00 sem corresponder nenhum movimento negativos ou entradas de mercadorias no armazém.
Então, como tem que ter igual valor em mercadoria e no livro, aumentou os preços de todos os bens que tinha em stock de forma a compensar o aumento da quantidade de dinheiro.
Os preços aumentaram e, de facto, quem deu os 100$00 à mulata foram os outros clientes pela desvalorização do dinheiro que tinham no livro.

Seria melhor o cantineiro cobrar uma margem a cada cliente.
Se o cantineiro lançar movimentos sem contrapartida (criar dinheiro) os seus clientes deixam de acreditar no livro. Um homem ir trabalhar e ficar com 1000$00 na folha e, passado um mês isso não dar para comprar nada, o homem troca de cantineiro.
    - O livro não prestra pátrão, estár roto. Pátrão ter que arranjar outro livro. 
Por isso, é melhor o cantineiro cobrar uma margem conhecida (um imposto) mas manter a credibilidade do livro do que desvalorizar o dinheiro.
Mais ninguém vai acreditar no livro. O cantineiro vai à falência.
É como ir a um restaurante e ter uma intoxicação alimentar. Nunca mais lá voltamos.

Porque não armazenava o Muzel a mercadoria resultante do seu trabalho?
A mercadoria estragava-se e o cantineiro, mandando todas os dias um cliente diferente para a contrata, conseguia ter mercadoria fresca todos os dias.
No total, o cantineiro teria mil clientes, não só os 365 que iam às contratas mas outros que vendiam a estes animais e mulheres (e recebiam no livro), dádivas a familiares ou pedidos de dinheiro emprestado.

Porque será que existem notas e moedas?
O cantineiro é livre de atribuir qualquer preço às mercadorias e ao trabalho.
Tanto poderia averbar 1000$00 ao Muzel e cada saca de farinha custar 10$00 como averbar 100000$00 e cada saca custar 1000$00.
Não tem problema nenhum mas, por um lado, há instabilidade dos preços ao longo do tempo pois o cantineiro pode um dia levantar-se e acrescentar um zero a tudos os valores. Por outro lado, cantineiros diferentes terão preços diferentes e moeda diferente (livros diferentes).
Para fazer um movimento entre dois livros será preciso uma taxa de câmbio.
Para uniformizar os preços, o Governo obriga o cantineiro a ter 10% do saldo de cada cliente no  livro em Notas. Obrigou a que as contas negativas (créditos) também tenham 10% de reservas em notas.
São as reservas compulsivas dos bancos.
Obrigou ainda a, o cliente querendo, o cantineiro dar o saldo do livro em Notas.

As reservas compulsivas apenas servem para tornar os sistema de preços estável.
É intuitivo que o cantineiro ao ter reservas compulsivas já não pode multiplicar os preços e os saldos pois teria que aumentar a quantidade de notas.
Ao reduzir os preços diminuiria as necessidades de notas mas tem que manter os preços compatíveis com os preços dos cantineiros mais próximos de si. Caso contrário, haveria operações de arbitragem.
Assim, o sistema de preços estabiliza e todos os livros passam a ser denominados na mesma moeda.
Pode haver diferenças nos preços e nos salários mas essas diferenças não poderão ser maiores que os custos de transporte.

Onde está o mal do do livro do cantineiro?
Este é o funcionamento do dinheiro escritural e é independente das Notas e Moeda.
O cantineiro e os clientes não têm Notas nem Moedas.
Há alguém à face do planeta Terra que veja algum mal no serviço financeiro fornecido pelo cantineiro?
O cantineiro ao criar dinheiro escritural prejudicou alguém?
Não.
Só melhorou a vida das pessoas e o funcionamento da economia local.
com o livro, os locais podem armazenar valor, fazer transacções em dinheiro, conceder crédito.
É preciso ter uma mente muito torcia para defender que o livro tem que ser proibidos porque cria moeda escritural.

Estas operações antigamente feitas pelo cantineiro são as normalmente feitas pelos bancos.
Qual é o mal dos bancos?
O que é que fazem que cria tanta inimizade nos esquerdistas?
Terem lucro? Também as meretrizes boas têm bons lucros e não vejo os esquerdistas a dizer que devem acabar.
Penso que é por o Mark não perceber nada da parte financeira da economia e os esquerdistas ainda viverem no sec. XIX.
Ou então, querem enganar o povo.

O vídeo é este e está em francês com legendas em português.

Pedro Cosme Costa Vieira

domingo, 20 de novembro de 2011

A inflação é um fenómeno puramente monetário

A moeda é apenas o lubrificante da economia
As pessoas pensam que ter dinheiro é ter riqueza mas não é assim.
O dinheiro serve apenas para facilitar as trocas por ser um referencial de valor (que permite comparar os preços relativos dos milhares de bens e serviços existentes) e uma reserva de valor que permite "guardar" o valor dos bens e serviços desde a hora que os vendemos até à hora em que compramos outros bens e serviços.

Por exemplo,
Eu trabalho hoje 8 horas e recebo 50€ em dinheiro como um armazenamento do valor do meu trabalho.
Amanhã posso meter 33 litros de gasolina descarregando o valor do meu trabalho (entregando as notas) para o gasolineiro.
Depois, o gasolineiro descarrega o valor do meu trabalho (enviando as notas que lhe dei) na compra de gasolina à Petrogal.
A Petrogal descarrega o valor do meu trabalho para a Arábia Saudita (em troca por petróleo).
A Arábia Saudita descarrega o valor do meu trabalho para a Alemanha (em troca por um Mercedez)
A Alemanha descarrega o valor do meu trabalho para Portugal (em troca de uns sapatos).
O sapateiro descarrega o meu trabalho para os impostos (em troca de o filho estar a estudar).
O Governo já tem outra vez dinheiro para me pagar o dia de amanhã.

Fig. 1 - Guardava o valor do meu trabalho de uma semana numa nota de 500€ que depois usava para a menina guardar o valor do seu trabalhinho de 30 minutos. Ai que dentes lindos.

As notas vão circulando pela economia mas são sempre as mesmas.
As notas são importantes como mecanismo de lubrificação da economia mas não são elas próprias valor. O valor do dinheiro consiste no valor dos bens e serviços que podemos comprar com ele.
Se deixar de haver bens ou serviços (por exemplo, se houver uma guerra) o dinheiro perde valor porque não há o que comprar.
É como o cartão de pontos do Continente: se o supermercado não tiver nada para vender, os pontos não valem nada.

E se não houvesse notas?
Notas e dinheiro não são a mesma coisa. Na teoria económica o dinheiro divide-se em
     Inside money que apenas existe em termos contabilisticos e
     Outside money que são as notas e as moedas.
Por exemplo, em termos de inside money, no fim do meu dia de trabalho, fica registado na contabilidade do meu banco "+50€". Quando eu for meter gasolina, com o cartão multibanco, a contabilidade do meu banco lança na minha conta "-50€" e lança "+50€" na conta do gasolineiro.
E por aí fora.

Funciona tudo na mesma.
Mas as notas são o meio tecnologicamente mais barato de fazer dinheiro. Se imaginarmos o interior de África onde circulam Dólares Americanos (na candonga), vemos que o inside money obriga a uma sociedade mais organizada.
Mas a tendência é a mudança. Com a internet pode existir inside money nesses países esquisitos mas localizado noutro local. Por exemplo, via internet fazem-se transferências no meio de África entre contas bancárias localizadas no Luxemburgo ou no Mónaco.

Já estão a ver a importância de haver offshores?
Permite que pessoas localizadas em países onde nada funcionatenham uma forma segura de ter um pé-de-meia.
No meio da República do Congo, em plena guerra civil, um camponês qualquer pode colocar de lado 50€ numa conta offshore.
Pode vir a ser o finaciamento da educação dos filhos. Ou, depois de ter que abandonar a sua terra, vir a facilitar-lhe o recomeço da vida.

Mas há a história da "circulação da nota" que paga dívidas.
A minha história é inspirada nas da internet em que a nota parece, ao circular, melhorar a economia (paga dívidas).
A conclusão está errada porque não é a nota que circula mas é o valor do meu trabalho que viaja pelo Mundo. Se eu não trabalhasse, se o gasolineiro não tivesse gasolina, se a Petrogal não tivesse petróleo, etc. a nota de 50€ não fazia nada.
Já se imaginaram no meio do deserto, sozinhos, com uma nota de 50€? Para que é que isso serviria?

O Ouro é uma moeda supranacional
Para se sair da economia de sobrevivência foi obrigatório que os agentes económicos aceitassem uma moeda. Como na antiguidade não se sabia nada de Economia e não havia FMI nem bancos centrais, o Ouro surgiu como moeda por evolução natural.
A princípio o Ouro era um bijuteria estranha porque não oxidava e, com o tempo, foi-se tornando unidade de valor, meio de reserva e meio de troca.
O seu valor derivava, pensavam os antigos, de ser um bocadinho do Deus Sol. A Prata era um bocadinho da Deusa Lua.
Ainda hoje o Ouro é aceite por todos os Estados como uma moeda supranacional.
Existem actualmente cerca de 170 mil toneladas de Ouro disponíveis das quais 30500t são reservas dos bancos centrais (fonte: World Gold Council). Sendo a produção de 2350t/ano então, a quantidade de Ouro disponível aumenta cerca de 1.4%/ano.

O Cavaco não sabe nada. 
É incrivel como uma pessoa que se diz economista sabe tão pouco. Mas eu conheço mais professores catedráticos de economia que não sabem nada de economia. Eu sei pouco mas fico boquiaberto.
O Cavaco nem dá conta que está a defender ideias dos equerdistas.
Com tanta ignorância é impossível fazer o povo compreender como se deve governa um país de forma eficiente.
Agora imaginem o que o Passos sabe de economia. Se não fosse ele ler este blog, estavamos pior governados que os da Venezuela.
Eu penso que é culpa dos alemães. Daquele alemão, o dr. Alzheimer.

O valor da moeda é um valor especulativo
Apenas troco o meu trabalho pelas notas porque antecipo que amanhã consigo trocar essas notas por 33 litros de gasolina.
Se eu imaginasse que amanhã eu não conseguia comprar nada com os 50€, eu não aceitava trocar o meu trabalho pelas notas.
Contrariamente ao que anunciam os esquerdistas, a economia existe porque todos nó somos especuladores.
O Duarte Lima especula que, se rezar uma Avé Maria todos os dias, vai para o Céu.
Especulo que, se depositar dinheiro num banco, daqui a 5 anos tenho lá o dinheiro mais os juros.

A velocidade de circulação da moeda.
Vamos imaginar que eu recebo o ordenado ao fim do dia e que o gasto ao longo do dia seguinte seguinte. Então, em média vou ter 25€ no bolso.
Se recebo no fim do mês 1500€ que vou gastando ao longo do mês seguinte, em média terei 750€ no bolso.
A relação entre o PIB do país e a quantidade de moeda em circulação chama-se "velocidade de circulação da moeda".
Comparando o PIB mundial com a quantidade de outro disponível, existem 380$ por cada grama de Ouro. A 55$/g, temos uma velocidade de circulação do Ouro de 7 trocas por ano.

Se o dinheiro fosse inside money, a velocidade de circulação da moeda poderia ser infinita (a soma de todos os saldos ser zero) ou ainda maior! (a soma de todos ser negativo). 

A emissão de moeda
O BCE, o soberano, é monopolista na emissão de notas e moedas.
Emitir notas dá muito lucro. Por exemplo, produzir uma nota de 500€ custa cerca de 20€. Então, "vender" uma nota de 500€ dá um lucro de 480€ ao BCE.
Dos 480€ de lucro, o BCE fica com 8% (38.40€) sobrando 441.60€.
Este dinheiro é entregue, proporcionalmente à dimensão das economias, aos países.
     Portugal recebe 12.01€ (2.50%)
     A Alemanha recebe 129.91€ (27.06%)
     Malta recebe 0.43€
A Alemanha recebe mais dinheiro porque a maior parte das notas são "vendidas" a alemães.

Se a velocidade de circulação da moeda fosse infinita, em toda a Zona Euro apenas haveria em circulação uma moeda de 1 cêntimo.

O que fazem os países com o dinheiro?
O BCE emite cerca de 50 mil milhões € por ano recebendo Portugal recebe cerca de 1.1 mil milhões € por ano.
Os países gastam esse dinheiro pagando salários, pensões e fornecimentos de bens e serviços.

Finalmente, já podemos ir à inflação.
As pessoas têm dificuldade em compreender como a moeda se liga à inflação. Eu posso explicar um pouco como isto funciona porque trabalhei no meu mestrado nisto (com o ex- sr. ministro das finanças) que demorei 6 anos a concluir.
Vou ter que dividir o mecanismo de transmissão em termos microeconómico (expectativas adaptativas) e em termos macroeconómicos (expectativas racionais).

Fig. 2 - A inflação nestas boobies foi um excelente acontecimento

Conversavam dois amigos  
- O meu filho fez o mestrado em Economia em 2 anos e o teu filho anda lá há 6 anos. Deve ser muito burro.
- Não pá, ele já me explicou, ele é muito fino. Quando o meu filho chega a um exame faz o que sabe. Mas, no fim, se não estiver tudo certo desiste para estudar mais. Quando o meu filho vier da FEP vai saber mais que o Cavaco.

A inflação na microeconomia (expectativas adaptativas)
Um industrial de sapatos tem 500 pares à venda numa loja a determinado preço.
O sapateiro repõe 100 pares por semana e o stock mantém-se nos 500. Quer dizer que, em média, as vendas são 100 pares por semana.
De repente, o Estado, com o dinheiro obtido pela emissão de moeda, começa a comprar 10 sapatos por semana. Então, semana após semana, o stock começa a diminuir.
O sapateiro, vendo o stock a diminuir, tem duas hipóteses

H1. Aumenta a produção 10% mantendo o preço.
O aumento da produção implica um aumento dos custos unitários de produção porque os trabalhadores, para fazerem horas extraordinários, querem mais salário.
Os esquerditas, comunas, broquistas, keynesianos acreditam que é isto que vai acontecer.
Mas o aumento da produção vai reduzir o lucro porque. Por um lado, os trabalhadores querem mais salários e, por outro lado, os fornecedores vão querer aumentar os preços.

H2. Aumenta o preço 10% mantendo a produção.
O aumento do preço em resposta a um reforço da procura nunca leva à diminuição do lucro.
Como o nível de produção é o mesmo, é antecipável que os preços das matérias-primas e da mão-de-obra vão-se manter.
Os direitistas, clássicos acreditam que é isto que vai acontecer.

Sob espectativas adaptativas vai haver um período transitório.
Em que os trabalhadores não são conta que os preços estão a subir pelo que mantêm o salário nominal.
Então, o erro leva a que o salário real diminua transitoriamente e que o PIB aumente.

Fig. 3 - Evolução do PIB com expectativas adaptativas

Fig. 4 - Evolução dos preços com expectativas adaptativas

Se as expectativas fossem adaptativas faria sentido usar a emissão de moeda como um intrumento de estabilização da economia ao longo do ciclo económico:
Nas crise o Governo emitia mais moeda como defendem os esquerdistas no qual se inclui o Cavaco.

Fig. 5 - Estabilização económica com emissão de moeda (se as expectativas fossem adaptativas, se)

A inflação na macroeconomia (expectativas racionais)
O efeito transitório acontece porque os agentes económicos estão enganados, principalmente os trabalhadores.
Como à primeira qualquer um cai mas à segunda só cai quem quer, quando os trabalhadores observam uma emissão de moeda, antecipam logo que os preços vão subir pelo que querem um aumento imediato dos salários.
Os fornecedores de bens e serviços igualmente pelo que deixa de haver período transitório.

Emitir de moeda é igual a cobrar um imposto
O governo, ao emitir moeda, adquire bens e serviços. Como a produção não aumenta (porque ninguém se deixa enganar), o povo tem acesso a menor quantidade de bens e serviços.
É o Crowding Out.
Os povos ignorantes não sabem desta equivalência (o Cavaco, o Louçã e milhões de parolos) pelo que preferem o aumento da inflação.
Os povos sábios (como os filandeses e os alemães) sabem desta equivalência e preferem pagar impostos.

É impossível ter povos que preferem inflação a pagar impostos, os latinos, na mesma zona monetária de povos que preferem pagar impostos a ter inflação, os bárbaros.

Pedro Cosme Costa Vieira

sábado, 19 de novembro de 2011

A descida dos salários e o Cavaco: cada tiro cada melro

O total da riqueza produzida num país num ano denomina-se por Produto Interno Bruto, o famoso PIB.
Do total produzido, uma parte vai para remunerar o trabalho (principalmente os salários) e outra parte o capital (os juros e os dividendos). Ainda há uma parte que vai para amortizar o capital que se deteriora.
Em termos gerais e num análise de médio prazo, por cada 100€ de PIB, 65€ vão para remunerar o trabalho, 20€ vão para remunerar o capital e 15€ vão para substituir o capital que se deteriorou.

Supondo o PIB constante, se os salários aumentarem, o capital fica com menor remuneração pelo que o investimento diminui o que prejudica o crescimento económico. É um factor de desequilíbrio.
Se os salários diminuírem, o capital fica com maior remuneração pelo que o investimento aumenta o que favorece o crescimento económico. É um factor de equilíbrio.

Como funciona o crescimento económico
Quando o salário diminui, as empresas que existem ficam mais lucrativas (maior percentagem do PIB vai para o lucro das empresas).
Como as empresas maiores capturam uma parte maior do ganho então as empresas investem para aumentarem de dimensão e os seus lucros.
Também aumenta a poupança (maior percentagem do PIB vai para juros)
Por outro lado, mais pessoas querem ser empresários pelo que nascem novas empresas.

Aí o capitalista explorador do trabalhador vai sair beneficiado
Já se experimentou ser a produção feita pelo Estado. Na China, na URSS, na Albânia, em Israel, em Angola, etc.
Esse processo, parecendo que em alguns países começou por dar resultados positivos, a prazo levou ao empobrecimento dos povos. Hoje apenas subsiste com este modelo a Coreia do Norte. Mesmo Cuba já decidiu abandoná-lo.
Mas ainda há muitas pessoas em Portugal que pensar ser este o caminho a seguir.
Outros pensam que o Sporting vai ser Campeão Nacional.
Eu penso que vou arranjar uma Brasileira toda boa.

A produção deve ficar para os privados.
Como em Portugal qualquer pessoa pode ser empresária e qualquer grupo de trabalhadores pode formar uma cooperativa (que tem benefícios que os empresários não têm), o discurso da "exploração do trabalhador" não faz qualquer sentido.
É igual a dizer que o FCP ganha campeonatos porque o Pinto da Costa é o Papa.
     Sem empresários não há economia.
     Sem lucro não há empresários.
     Logo, sem lucro não há economia.

Porque o Cavaco está Ché Ché 
Portugal tem a sua economia totalmente desequilibrada. Isso traduz-se, entre outras coisas, por um desemprego crescente. Cada semana mais 1000 pessoas ficam desempregadas.
Mais 1000 pessoas desempregadas por semana.


Fig. 1 - Eu não sei onde os do FMI foram buscar a ideia. Eu sou professor catedrático de economia.
És mas é um marreta.

Ter vontade de crescer é uma coisa muito fácil.
O Cavaco dizer que a economia portuguesa tem que crescer é muito fácil. Crescer já é outra coisa.


Fig. 2 - Ajoelhar é uma tonteria. Basta eu crescer 10%/ano para podermos fazer amor em 2040.
Espera por mim querida.

Para equilibrar a economia portuguesa era preciso que o PIB crescesse 33% mantendo os custos do trabalho no nível actual.
Peguemos no PIB per capita (pessoas com idade entre 15 anos e 65 anos) e calculemos a tendência de crescimento da economia portuguesa.

Fig. 3 - Crescimento do PIB pc (15-65 anos) (fonte: Banco Mundial)

Antes do 25 de Abril de 1974 a taxa de crescimento foi de 6.3%/ano.
Antes da entrada na Zona Euro foi de 2.3%/ano
Depois do Euro (1999) foi de 0.6%/ano.
O 25 de Abril de 1974 trouxe-nos muitas coisas positivas mas prejudicou o crescimento.
O Euro diminuiu a taxa de juro mas abusamos da sorte.

Pensando que vai tudo continuar como está
Para uma taxa de crescimento de 0.6%/ano, mantendo os salários constantes no níevel actual e pensando que a taxa de inflação na Zona Euro vai ser 2%/ano, vamos conseguir equilibrar a economia em 2022.
O Desemprego estabiliza nos finais de 2022.
Óh Cavaco, quem é que pode esperar por 2022?
Vamos ultrapassar os 25% de taxa de desemprego.

Isto já é ser um  optimista pois os tempos que aí vêm são duros, são tempo de chumbo grosso. Para as taxas de juro de 12%/ano que as empresas têm que pagar, será muito difícil manter os 0.6%/ano de crescimento do PIB.
Para os próximos 10 anos a minha previsão é uma perda média do PIB de 2%/ano.

O Terceiro Segredo de Fátima
Afinal o Terceiro Segredo de Fátima foi mal interpretado. Portugal vai-se safar.
"Vimos um bispo vestido de branco" era o Sócrates.
"subir uma escabrosa montanha, no cimo da qual estava uma grande Cruz de troncos toscos" eram as eólicas do socratísmo.
"ia orando pelas almas dos cadáveres que encontrava pelo caminho" eram os credores a perdoar as nossas dívidas.
"Sob os dois braços da Cruz estavam dois Anjos cada um com um regador de cristal" que são o BCE e o FMI a despejar toneladas de dinheiro em Portugal.
Por isso, o segredo quer dizer que nos vão perdoar a dívida que temos, que as eólicas vão dar muito dinheiro e contribuir para que o PIB cresça 10%/ano e o FMI e o BCE vão-nos inundar com todo o dinheiro que queiramos.

Amigo Passos, depois de leres isto vais ter que te desdizer
Querido Passos, fica-te tão bem esse penteado meio despenteado. A tua nova cabeleireira é muito melhor que a antiga. Espero que não seja a do Sócrates pois, se for, daqui a pouco pinta-te o cabelo de branco.
Dizes que não tens nada a ver com os salários dos privados mas a lei proíbe a sua redução.
Tens ou não tens a ver?
E o Salário Mínimo Nacional? São os privados que o decidem ou és tu?
Se não tens nada a ver com o assunto, retira esses artigos da lei e deixa para os privados o que é dos privados.
SMN - Acabou porque o estado não tem nada a ver com os privados
Proibido descer salários - Acabou pelas mesmas razões.

Como diz o Cavaco dos ex-amigos: o que é da lei é com a lei.
Usa esse precedente que o Cavaco já não te vai poder atacar.

Finalmente o BPN
Os meus piores receios estão-se a concretizar: o BIC está a endorecer as negociações e os nossos governantes não têm estaleca para aguentar.
Isto não pode continuar havendo necessidade de avançar rapidamente para a liquidações do BPN que servirá de treino para liquidar o BCP e os restantes bancos portugueses que vão todos falir.

A técnica da "digestão".
Como uma ameba, a CGD engole o BPN mantendo-o num saco digestivo.
Para evitar que Portugal fique rapidamente sem liquidez e haja uma corrida aos bancos, a CGD desmonta os activos financeiros e entrega-os ao Fundo de Resgate Europeu para garantir as cedências de liquidez.
Será preciso assumir um desconto (a negociar com a Troika) que o Estado assume e passa-o para dívida pública.
Fecha todos os balcões do BPN e despede os funcionários redundantes (que são todos).
Como também vai ser preciso liquidar o BCP e depois o BPI, o BES, etc. até não ficar nenhum, a liquidação do BPN vai servir como treino para as equipas de liquidações.
Vai dar uma saga do filme "The Terminator"

"The Bank Terminator 1 - The BPN"
"The Bank Terminator 2 - The BCP"
"The Bank Terminator 3 - The BPI"
Roll on and on and on till the Heaven

O post da inflação está quase pronto. Estou a trabalhar nas perguntas para o meu teste mas ainda vai sair este fim de semana.

Pedro Cosme Costa Vieira

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Santo Aleixo vai expulsar os PIIGS

Em 1980, Santo Aleixo do Mendigos era uma pequena aldeia no meio de um grande descampado.
O seu povo era calado e respeitador da paz e silêncio dos vizinhos. Pareciam alemães.
A uns quilómetros da aldeia e no meio do descampado, viviam 5 familias de ciganos denominados por PIIGS (as familias Patruscos, Ionescos, Ilinescos, Garranos e Santaneiros).
Nos acampamentos o povo cantava, os cães ladravam, as crianças gritavam, as mães berravam, os pais davam tiros de caçadeira para o ar. Era barulho dia e noite.
Certo dia o patriarca foi à aldeia e voltou com uma novidade.

 - Estive na aldeia e é um silêncio, uma calma, um respeito pelos vizinhos. É verdadeiramente repousante. Se fossemos viver para lá até ganhávamos saúde.

Cada um disse:

 - Aqui é uma barulheira terrível, uma falta de respeito. Vamos para a aldeia senão, qualquer dia mato estes gajos todos.

Fig. 1 - Tocavam disto dia e noite

O processo de convergência
O patriarca foi falar ao Presidente da Junta e lá lhe contou que estavam fartos de barulho e que se queriam mudar para a aldeia.
Então, pensando que a união ia melhorar o comércio na aldeia, o Junta e os PIIGS assinaram um tratado com 5 condições:
    1.ª condição. Os PIIGS mudam o acampamento 1 km para mais próximo da aldeia.
    2.ª condição. Enquanto se ouvir barulho na aldeia, os PIIGS ficam aí.
    3.ª condição. Quando se deixar de ouvir barulho, os PIIGS avançam mais 1 km. 
    4.ª condição. Quando os PIIGS encostarem à muralha podem passar a viver na aldeia.
    5.ª condição. Uma vez dentro da aldeia, nunca mais precisam sair.

Fig. 2 - Foi assinado um tratado mas que não era para cumprir

A evolução da situação
Os PIIGS foram-se aproximando e em 2000 passaram a viver dentro da aldeia.
A princípio parecia estar tudo a correr bem mas, com o tempo, os PIIGS começaram a pôr a música um pouco mais alta.
O Junta foi falar com o patriarca para ver se ele reduzia de novo a música.

- Vocês estão a querer mandar em nós só porque somos ciganos. A nossa cultura é fazer barulho. Nós não somos alemães.

Retorquiu o Junta:

- Mas homem, vocês vieram para cá para gozar do silêncio e agora estão a perturbar a paz. Vamos ter que um procedimento por incumprimento do tratado.

Veio o procedimento por incumprimento que não deu em nada 
No dia de S.to Aleixo a música tinha tocado até tarde e os PIIGS usaram esse precedente.
Então, o procedimento por incumprimento foi arquivado.
Depois de não dar em nada, os PIIGS compraram cães que começaram a ladrar toda a noite, violas para tocar dia e noite, voltaram aos tiros e a atirar lixo para tudo que era sítio.
E começaram-se a queixar ao Junta do barulho e da desarrumação.
Que a Aldeia tinha que lhes insonorizar as barracas porque não podiam viver assim.

- Mas homem, vocês é que têm que deixar de fazer barulho. Vocês quando vieram para cá disseram que não queriam barulho e não estão a respeitar isso.

- Lá está você, imperialista, explorador sanguinário, mercado sem rosto, está a querer mandar em nós, uma cultura milenar. Nós não somos alemães

Fig. 3 - Podes ser muito boa pessoa mas não aguento mais os teus berros toda a noite.

E agora? 
Não há outra solução que não seja rasgar o artigo 5.º do tratado e expulsar os PIIGS de volta ao descampado.
Como é possível convencer os PIIGS que são eles que fazem o barulho?
Por um lado dizem querer silêncio mas, por outro lado, berram toda a noite.
A única solução é pô-los a andar.

O caso português
Nós entramos na Zona Euro porque queríamos taxas de inflação baixas (para ter juros baixos).
No entretanto subimos os salários como se houvesse inflação e não cumprimos nada a que nos tínhamos comprometido.
Agora que estamos em bancarrota gritamos a pedir taxas de inflação mais altas.
Que os alemães não nos deixam mandar na nossa vidinha. Que nos querem colonizar.

Não há paciência.

Pedro Cosme Costa Vieira

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Estive na Antena 1

Amigos Leitores,
Com a vossa ajuda estive na passada Sexta-Feira, dia 11 de Novembro das 10h-12h na RDP - Antena 1 no programa sobre o Debate sobre o Orçamento do Estado.

O Ricardo Alexandre viu o meu livro e pediu à Carla Pinto que me convidasse. Pedi ao meu colega Jorge para dar a minha aula e lá fui. É o preço da fama.

Falei 8 minutos e 30 segundos:
O Ricardo Alexandre  fez a apresentação                                 1:33  -  1:47
Depois falei sobre o título,                                                        7:00  -  9:17
Defendi a saida de Portugal do Euro,                                      35:10 - 36:50
Apresentei uma estimativa "realista" da queda do PIB,             86:05 - 89:50
E, finalmentem, apresentei como solução a Baixa dos salário, 103:30-104:20

Estive a ouvir a gravação e pareço-me muito com o Vítor Gaspar.
E eu que pensava que ele tinha um falar de lerdo!

Hoje o meu aludo defendeu o seu mestrado.
E correu muito bem. Gabaram muito.
À saída estava lá uma daquelas jovens meio perdidas.
Vi logo que era boazinha e depois informaram-me que é ucraniana.
Como parecia estar perdida, estive ali a tentar saber quais as dificuldades dela.
Puxei um bocado pela conversa pois imaginei que, sendo estrangeira, teria dificuldade em compreender que eu só a queria encaminhar.
Quem estava a ver disse que quem estava perdido era eu.
Sou lerdo como o Gaspar e afinal estou perdido.
Vai-se lá saber o que mais vou descobrir sobre mim.

Fig. 1 - Eu quero muito ajudar a menina que me parece perdida.
E ainda dizem os alentejanos que o Adão deveria ter escolhido a ovelha como sua companheira.

Pedro Cosme Costa Vieira

domingo, 13 de novembro de 2011

O BCE não pode imprimir notas

Pergunta-me o Passos Coelho.
- O meu país está com elevado desemprego e o Seguro e o Cavaco dizem que o BC deve inundar tudo com notas.
- Será boa ideia eu também defender isto ou fico na fotografia com cara de burro?

A Curva de Phillips
Existe uma observação dos finais dos anos 1950, a Curva de Phillips, de que nos anos em que há maior inflação, a taxa de crescimento do PIB também é maior.
Como o desemprego diminue quando aumenta o PIB então, verifica-se nos anos 1940-1950 que, quando a inflação é maior, a taxa de desemprego é menor (e vice-versa).
Não havia uma teoria forte que justificasse esta relação mas, com o tempo, ela foi-se entranhando nas pessoas.
Nos anos 1960 começaram a aparecer políticos que prometiam usar a inflação para combater o desemprego e, como consequência, a inflação começou a ser usada como um instrumento de política.
A ideia seria aumentar a inflação nos anos de crise e diminuí-la nos anos de expansão económica.
O que aconteceu foi que a inflação foi aumentado e, de repente, explodiu.

Fig. 1 - Evolução da taxa de inflação na OCDE (fonte: Banco Mundial)

Dizem que o salto de 1973 foi por causa da crise do petróleo mas, a  imposição pelos países produtores de petróleo de subidas nos preços, é antes uma resposta ao aumento da inflação dos anos 1960 sem a correspondente correcção dos preços do petróleo.

Como se relaciona o crescimento com a inflação
Se pegarmos nas taxas de inflação e a taxa de crescimento do PIB dos países da OCDE nos anos disponíveis no Banco Mundial e estimarmos a relação entre as duas variáveis vemos que não existe nenhuma relação. O coeficiente de correlação linear é de apenas 0.034.

Fig. 2 - Relação entre a taxa de inflação e de crescimento do PIB na OCDE (fonte: Banco Mundial)

Estimei (WLS usando a população como ponderador) que

      Cresc_PIB = 2.598 + 0.0202Tx.Inf, R2 = 0.12%

A relação é positiva mas muito pequena e não é estatisticamente significativa (P H0 = 24.5%)
Apenas 0.12% da variação do crescimento é explicada pela variação na taxa de inflação.

Se a relação fosse significativa (e não é), para aumentar a taxa de crescimento do PIB de 1% para 3% seria necessário aumentar a taxa de inflação de 2% para 102%/ano!


O Cavaco e o Seguro estão 30 anos desactualizados.
No principio dos anos 1980 concluiu-se que a Curva de Phillips existe mas que não é um instrumento de política.
Se o BC tiver uma política rigorosa de controlo da inflação, nos anos de crise a inflação desce significativamente o que faz com que exista, uma relação positiva entre taxa de inflação e crescimento.
O BC não consegue controlar perfeitamente a inflação quando há crises.

Fig. 4 - Relação entre as crise de 2007 e a quebra na taxa de inflação (fonte: BCE)

Fig. 5 - Curva de Phillips na Zona Euro (fonte: BCE)

No entanto, o BC não pode usar esta relação invertendo a causalidade.
Se emitir moeda nos períodos de crise, isso não tem qualquer efeito no crescimento do PIB ou no combate do desemprego e descontrola a taxa de inflação.

A Hiper-inflação alemã 1914-1923.
É repetidamente dito que a Alemanha não quer inflação porque teve um período de hiperinflação que levou o Hitler ao Poder.
Na minha opinião as razões estão mais próximas, na década de 1970, em que os alemães verificaram que a inflação apenas leva a nada mais inflação e impossibilita a emissão de dívida pública de longo prazo.
Por exemplo, o Japão que hoje tem um objectivo de inflação de 1%/ano, em 1973 tentou responder à estagnação com 23% de inflação e não de em nada.

Pedro Cosme Costa Vieira

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