sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

O Starlink e o Balloonlink

A nossa comunicação social é cada vez mais fraquinha.

Como os meios de comunicação social não conseguem gerar dinheiro, a publicidade está toda nas apps da internet, de dia para dia têm que reduzir ainda mais a "folha" de salários o que tem transformado as redacções numa imensidão de estagiários não remunerados, pagamentos à peça e salários mínimos.

Pela diminuição da capacidade financeira e porque as pessoas que percebem de tecnologia conseguem encontrar empregos bem remunerados, que dominam a matemática, a física ou a química, apenas vemos nas redacções pessoas que escrevem bem, têm bom aspecto mas que, valha-me Deus.

Além disso, cada vez mais esquerdistas o que me faz lembrar uma famosa frase atribuída a Reagan "Os comunistas leram Marx e Lenine, os anti-comunistas compreenderam-nos."

 

Avaliem se esta frase é discriminatória e xenófoba quando dita numa aula de uma licenciatura.

"A economia é uma ciência formalizada em termos matemáticos mas como os alunos só tiveram matemática até ao 9.º ano, vou adaptar o conteúdo programático para ensino principalmente qualitativo e na avaliação apenas será necessário fazer operações algébricas em 10% das questões."

 

Não me quero alongar para não me enterrar mais do que já estou ...

Naturalmente, quando surge uma notícia sobre tecnologia, limitam-se a copiar um prospecto de uma empresa qualquer, o que é o caso da Starlink.

 

O que é a Starlink?

É uma empresa do dona da Tesla que procura fornecer ligação à Internet usando satélites localizados a 500km de altura.

A ideia parece boa, mas tem vários problemas que condenso em 3. 

1.º = os satélites são muito caros.

2.º = a maior-parte da Terra não tem habitantes 

3.º = Não se aplica nas cidades (a fibra óptica é muito melhor e mais barata).  


De que serve Internet rápida no meio do deserto?

Está-se a criar uma infra-estrutura muito cara que cobre todo o planeta Terra mas apenas existem pessoas em 10% da sua área. Além disso, as cidades que concentram a maior parte da população e da riqueza, não serão adequadas para o serviço.

Será interessante os Robinson Crusoe  ter Internet rápida na sua ilhota perdida no fim do mundo, mas vai pagar com cocos e caranguejos?


Os balões atmosféricos.

Há também quem tenha pensado na ideia de lançar balões de hidrogénio para fornecer Internet às áreas remotas. Tem a vantagem de ser muito mais barato e de, em caso de avaria, ser possível recuperar o balão.

 


A tecnologia dos balões.

Os balões, ao usarem um gás menos denso que o ar, ficam com poder de elevação. todos nós já vimos balões desses com hélio.

O hidrogénio é ainda menos denso e muito mais barato que o Hélio (que é um recursos fóssil não renovável)  mas tem o perigo de arder. Nos balões atmosféricos esse perigo não existe porque não ficam próximos de pessoas ou bens valiosos.

O hidrogénio tem uma densidade de 0,09kg/m3 enquanto que a densidade do ar é de 1,20kg/m3. Então, se tivermos uma balão com um diâmetro de 5m, um volume de 65,4m3, esse balão vai ser capaz de levantar 65,4*(1,20-0,09) = 72,9 kg(com 5,88kg de hidrogénio).

Com a altura, a pressão atmosférica diminui pelo que a capacidade de elevação de um determinado volume se reduz. Por exemplo, para manter a capacidade de elevação de 72,9kg a 25000 metros de altura já seria preciso um balão com 13 metros de diâmetro, mas a quantidade de hidrogénio será a mesma (os mesmos 5,88 kg de hidrogénio).

O preço do hidrogénio é de 2,0€/kg (e pode ser produzido localmente) enquanto que o do hélio é de 250€/kg (e vem como subproduto da extracção de gás natural).

Se quiséssemos elevar um "satélite" da Starlink que pesa 260 kg a 25000m de altitude e pensando que  a "carga útil" é 20% do peso total, bastaria um balão com 35 metros de diâmetro e utilizar 114 kg de hidrogénio (qualquer coisas próxima de 250€ em gás).

A uma altura de 25km, facilmente o balão conseguiria fornecer Internet num raio de 100 km.

 

Mas os balões não são levados pelo vento?

Sim mas, como a direcção do vento à superfície é diferente da direcção do vento em altitude, subindo e descendo o balão é possível estacionário aproximadamente no mesmo lugar. É uma espécie de navegar à vela.

Vamos supor a 25000 m de altitude há vento de Norte para Sul e a 10000 m de altitude há vento de Sul para Norte. Retirando hidrogénio do balão com um pequeno compressor movido a energia solar e metendo-o numa botija, vamos escolher a altitude em que o balão fica onde queremos.

Além disso, no caso de algum balão fugir do seu local, o balão é recuperável e podem ser lançados balões, a custo quase zero, de um momento para o outro.

 

Mas o hidrogénio não escapa do balão?

Sim mas o balão pode produzir hidrogénio a partir da humidade do ar.

Tendo a superfície do balão paineis solares flexíveis, com a electricidade é possível, primeiro, retirar humidade do ar (por refrigeração) e, depois, fazer a sua electrólise para compensar o hidrogénio que vai fugindo.

Desta forma, o balão poderia ficar indefinidamente no ar.


6 comentários:

oNaiPs disse...

A diferença é que a tecnologia da starlink já foi validada, a outra não passa de uma ideia.

Fazer electrólise com a energia de um painel solar parece-me um bocado farfetched (baixa densidade do ar + requisitos de energia).

O objetivo da Starlink não é competir com fibra ótica, mas fornecer internet em localizações onde simplesmente não há oferta. O preço é uma fração do que se pratica de momento (mais lento e mais caro), imagino que o modelo negocial já tenha sido validado também.
Não vamos esquecer também que esta tecnologia fornece internet com latência menor que fibra, o que pode ajudar algumas indústrias que dependem dela.

Quanto ao início do artigo, mais valia não ter dito nada..

ADM disse...

Pedro, parabéns pelo inicio do artigo. A sociedade está em brainwashing e vozes descomplexadamente masculinas, verdadeiras e politicamente incorrectas como a sua são necessárias. Tenha cuidado pois nunca vale a pena ser Cristo para salvar as massas.

JL disse...

A situação de internet satélite vs balão mudou radicalmente nos últimos anos. Os custos de lançamento de foguetões foram drasticamente reduzidos pelo surgimento de diversas empresas de lançamento e também pela capacidade de reutilização de parte dos foguetes por parte da Spacex que é do mesmo grupo da Starlink. Até o Jeff Bezzos também está na corrida com uma outra empresa com o mesmo objetivo. Os custos de fazer chegar fibra a zonas menos densamente povoadas também é muito elevado... e na maioria das vezes até é feito por ondas rádio entre endpoints e a fibra só fica localmente o que aumenta consideravelmente a latência. Esta internet via satélite ainda não é barata (cerca de 99$us mês e o custo do equipamento também é elevado em cerca de 500$us) mas a massificação vai rapidamente fazer descer estes valores. Por acaso já está em fase beta em Portugal.

Portuendes disse...

Sim, reforço que o PCV é uma voz que merece ser ouvida. Nos tempos que correm, a demasiado livre expressão do prof. corre o risco de ser calada. Talvez o prof. possa expor as suas ideias sem enveredar por "terminologia" excessiva. Claro que as suas ideias também lhe poderão trazer contrariedades provindas dos polícias do pensamento esquerdistas mas isso são ossos do ofício.

Continue.

Já agora, houve um comentário que não percebi pois referia que a latência do satélite era menor do que a da fibra!?! Não sou especialista, mas "no meu tempo" não era assim. Agradeço esclarecimentos, desmentidos ou updates de informação, pois a ignorância pode ser minha.

oNaiPs disse...

@Portuendes https://www.youtube.com/watch?v=m05abdGSOxY

Portuendes disse...

@oNaiP Obrigado.

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