quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

A morte do PCP-PEV (e do CDS) já estava anunciada há muito

A queda da CDU resulta de um erro estratégico.

Se pegarmos nos 7 resultados eleitorais (legislativas e autárquicas) entre 2005 até 2015, o PCP-PEV manteve-se mais ou menos nos 8% (corrigindo do facto do PCP-PEV ter mais 2,1 pp nas autárquicas).

Era assim e continuaria a ser assim se o Jerónimo de Sousa não decidisse, em 2015, depois de o Passos Coelho ter conseguido quase maioria absoluta, inovar.

Sim, o PCP sempre achou que o PS era um partido de direita igual ao PSD mas, na noite eleitoral de 2015, decidiu que não era bem assim, que seria melhor apoiar o Costa (que tinha perdido forte). Digamos que o pensamento do Jerónimo foi "Vou ser eu quem vai mandar o Passos Coelho borda fora e o povo português vai-me ficar de tal forma agradecido que vou ter maioria absoluta nas próximas eleições ." 

Na altura eu avisei-o mas não me quis dar ouvidos.

Acontece que, desde 2015, cada ano que passou, o PCP-PEV perdeu cota eleitoral. Se em 2015 teve 8,25% e 17 deputados, decorridos menos de 7 anos, ficou reduzida a 4,39% e 6 deputados. Neste pequeno espaço de geringonça perdeu 65% dos deputados.

E esta perda foi contínua e constante, cerca de 0,5 pontos percentuais por ano, sem nada que indicasse há 3 meses (quando o PCP-PEV mandou o PS ao chão) que 2022 diferente:

Fig. 1 - Evolução recente dos resultados eleitorais do PCP-PEV

Se o número de deputados fosse proporcional, o PCP-PEV teria 9 deputados.

Pegando nas eleições anteriores a 2022, existe uma proporção entre a percentagem de votação e  o número de deputados (250 x Votação) mas tem uma parcela que abate (- 4,8). Quer isto dizer que o PCP-PEV tendo 8% teria 20 - 4,8 = 15 deputados mas como teve 4%, teve 10-4,8 = 5 deputados.

Metade dos votos levou a um terço dos deputados. É o "problema" da divisão dos deputados por distritos.

Fig. 2 - Relação entre votação e deputados para o CDS e PCP-PEV (2007-2019)


Ao CDS aconteceram mais oscilações.

Não existe uma tendência de queda tão nítida como no caso do PCP-PEV, até porque apenas existe um resultado entre 2011 e 2022 (o CDS tem, várias vezes, feito coligações com o PSD). 

De qualquer forma, de 11% em 2009 e 2011 (e 22,5 deputados), caiu em 2019 para 4,22% (e 5 deputados). Em termos médios, foi uma queda de 0,85 pontos percentuais por ano que apenas poderia indicar que, em 2022, se ficaria pelos 2,1% e zero deputados.


O que levou o PCP-PEV e o CDS-PP a deixarem o Costa cair?

A esperança de que iriam inverter a tendência.

O Jerónimo demorou 6 anos a concluir que ter apoiado o Costa foi um erro tremendo, que mais vali ter apoiado o Passos Coelho durante 2 anitos e, depois, logo se via.

O CDS, tendo um grupo parlamentar hostil aos órgãos dirigentes (não vou fazer um juízo de valor quanto a quem tinha razão porque não sei), decidiu estar na hora de deitar fora quem estava para tentar meter quem mandava.

Ambos falharam as previsões e de forma bem forte.


Para quem é de Direita, estes resultados são bons ou maus?

Dentro das pessoas que votaram no Rui Rio, não vejo tristeza o que indica que ninguém acreditava que fosse uma boa solução entregar-lhe a governação do nosso pais.

Não sei, mais uma vez, se seria ou não bom primeiro-ministro (não sei mesmo, não faço ideia).

Agora, estranhamente porque o PS ganhou com maioria absoluta, estas eleições foram um caminhar para a direita. O PCP-PEV e o BE (da extrema esquerda) perderam muitos votos, o PS e o PSD mantiveram mais ou menos os resultados (que se definem como o centro) e a IL e o CHEGA (da extrema direita) ganharam muitos votos.


O que o Costa tem feito de mais errado?

Pois o mais errado tem sido a subida do Salário Mínimo Nacional acima do aumento da produtividade.

Pegando no PIB todo a preços de mercado e, dividindo pelo número total de trabalhadores, obtemos a produtividade nominal.

Depois, pegamos no SMN, multiplicamos por 14 meses e 1,2375 de TSU e obtemos o custo para o empregador. dividindo o SMN pela produtividade obtemos uma percentagem que, entre 2005 e 2015 foi de 22%. Desde então, passou para 31%.

Este problema é grave porque vamos perder competitividade face aos nossos parceiros comerciais (os nossos bens ficam mais caros de produzir). No caso de haver uma crise nas contas com o exterior, se tivéssemos o Escudo, o governo corrigia facilmente o problema desvalorizando a moeda. Como pertencemos ao Euro, a correcção terá que ser feita como vimos em 2011-2013, em termos reais.

O Banco de Portugal (governado pela mesma pessoa que subiu o SMN) e o antigo ministro Teixeira dos Santos já vieram dizer "cuidado, estamos a entrar num território perigoso, é preciso pensar melhor" mas o Costa continua, neste ponto, com a vela cheia.

É aqui que vejo o maior problema da governação socialista e o Costa, mesmo querendo e sabendo que é perigoso, não tem hoje força política para parar este escalar.

Fig. 3 - SMN como percentagem da produtividade por trabalhador, com TSU (dados: WB)

E os outros problemas?

É tudo relativamente pequeno.

A TAP são 4000 milhões, 1,8% do PIB a distribuir por vários anos.

Os comboios, são uma coisa para o esquerdista Pedro Nuno Santos brincar, mais agora precisa porque vai ter Costa por muitos e muitos anos. 

Meia dúzia de escolas terem ou não "acordo de associação" e haver uma mão cheia de hospitais que passam a gestão pública (e demais minudências) são, sem duvida,  prejuízo para Portugal mas necessários para manter os esquerdistas desmiolados adormecidos no seu sofá.


Estou moderadamente optimista.

E este pensamento meu mas principalmente de muito mais gente é que fez o António Costa ganhar com maioria absoluta.


0 comentários:

Enviar um comentário

Twitter Delicious Facebook Digg Stumbleupon Favorites More

 
Design by Free WordPress Themes | Bloggerized by Lasantha - Premium Blogger Themes | Best Hostgator Coupon Code