quinta-feira, 23 de março de 2023

E preciso alojamento para os alunos do ensino superior.

As universidades são em cidades e os alunos estão deslocados.

Todos os concelhos têm ensino secundário pelo que os alunos estão em casa com os pais mas, quando entram na universidade, a situação altera-se, havendo necessidade em ir para uma escola longe de casa.

O problema actual é que alguém que não precisa de um alojamento decidiu que o estudante não pode residir "sem dignidade".


No meu tempo.

Quando cheguei ao Porto, fui viver numa garagem, sim, numa garagem, juntamente com outra pessoa. Estive lá um mês e, depois, a minha mãe foi chorar aos serviços sociais, sim, literalmente, e consegui ir para uma residência universitária.

Nessa residência, cada quarto tinha 3 ou 4 pessoas e um dos meu colegas de quarto e de curso vinha de um alojamento em que estavam 25 estudantes num T2, sim, 25 pessoas num apartamento com 2 quartos.

Nesse tempo, a maior parte do povo safava-se com as "velhotas" que pagavam 0,50€/mês de renda, em casas a cair de podre, e que metiam 3 estudantes (que era o máximo permitido pelo senhorio) para poderem sobreviver. 


Hoje, tudo isso mudou.

As velhotas morreram, as casas foram recuperadas e têm lá pessoas que não precisam de ter hospedes e as residências universitárias "ganharam dignidade", isto é, reduziram substancialmente o número de camas por quarto.

Também os transportes melhoraram, quase todos os estudantes têm carro.

Mas não é a mesma coisa viver próximo da universidade, a 10 ou 15 minutos a pé, ou viver a uma ou duas horas de distância de carro ou de comboio.


Para resolver o problema da falta de alojamentos é necessário diminuir as proibições.

O Isaltino de Morais falou hoje numa das minhas propostas para resolver o problema da falta de habitação: Permitir a construção de habitação na Reserva Agrícola Nacional.

Começaria então por retirar as residências universitárias das limitações do PDM.


Eu enterrava as residências universitárias.

A "minha" ideia de fazer construções sem janelas não é verdadeira minha pois já existe. 

A Munger Graduate Residences na Universidade de Michigan é uma residência universitária com 630 quartos que não tem janelas nos quartos (mas tem janelas na sala).


Os estudantes não se queixam.

Estive a procurar testemunhos e, quem está de fora, diz que é uma prisão mas os estudantes que lá viveram não se queixam da falta de janelas.
Eu, por exemplo, tenho o estore da janela do meu quarto totalmente fechado há mais de 10 anos (a janela poderia estar fechada a tijolo).


Mas há projectos mais ousados.
A Universidade da Califórnia em Santa Barbara tem em projecto uma residência universitária com 4500 quartos com uma área bruta por quarto de 35m2, sem janelas.
Se pensarmos um terreno da universidade, que o custo de construção é de 1000€/m2, amortizável em 30 anos e com uma taxa de juro real de 2%/ano, teremos um custo de capital de 130€/mês por quarto. Se cada quarto tiver dois estudantes, com água, electricidade e internet, teremos um custo  100€/mês por estudante.


Para uma residência com 500 alunos, são precisos 18 milhões €.
Eu fazia a residência enterrada sob uma zona verde ou um estacionamento das faculdades, metia 5 pisos enterrados com 3500m2 de implantação, naturalmente sem janelas, e nem se dava conta de que estava ali uma construção tão importante.


Para resolver problemas novos, temos de usar estratégias novas.
Algures na sua vida, Einstein deparou-se com o problema da "onda-crepúsculo" (a proposta é do De Brogeli). Em termos simples, o electrão, quando se "olha" para ele (quando está parado), é uma partícula mas, quando não se "olha" para ele (quando está em movimento), é uma onda.
Em particular, o electrão não cai no núcleo do átomo porque, enquanto está "agarrado" ao átomo, é uma onda (de energia) e não uma partícula.
Para poder explicar a "onda" em torno do núcleo, Einstein imaginou o electrão como água de um aquário que está em toda a parte ao mesmo tempo. Quando paramos a "onda" a energia condensa-se numa partícula.
A solução matemática para a densidade do electrão (como o electrão se divide no espaço) deve-se a Erwin Schrödinger.
Agora a questão é, onde está o electrão?

O electrão está em toda a parte!!!!
Está em toda a parte ao mesmo tempo mas não com igual densidade. É quase como o nosso cabelo que cobre todo o corpo mas a densidade não é a mesma em todos os pontos da pele.
Da mesma forma que, quando viramos uma panela, a água está em toda a parte, o electrão está em toda a parte mas, como os mortais não compreendem como uma mesma coisa pode estar em vários sítios ao mesmo tempo, Einstein propõe que a densidade fosse interpretada como uma probabilidade. 


Estava criada a Física Estatística.
Na física estatística, a mesma acção pode dar lugar a resultados diferentes.
Parar o electrão faz com que ele apareça em qualquer lado, de forma aleatória.
A física estatística veio resolver muitos problemas da Mecânica Quântica (por exemplo, como o electrão atravessa um isolante) mas, na mente do Einstein, não existe de facto, é apenas um artifício da mente humana em resposta a uma dificuldade de compreensão da Natureza.

E aqui vêm as frases!!!
Einstein trabalhou os últimos anos da sua vida sem nada fazer de útil porque queria destruir a sua física estatística.
Trabalhou, trabalhou, trabalhou mas nunca a conseguiu destruir.
Quando, próximo da morte, se deu por derrotado pelo "monstro que criou" avançou com a razão.

1) Não é inteligente pensar que fazendo a mesma coisa duas vezes, obtemos dois resultados diferentes.
Mas porque é que não é inteligente?

2) Porque Deus não joga aos dados.
Quem o garante?

Morreu antes de o conseguir responder.


O plano do Costa de criação de habitação não vai funcionar.
É que não estamos a falar de Mecânica Quântica em que da mesma acção podem resultar coisas diferentes.
Se há um problema de falta de habitação, não é mantendo os PDMs, a fiscalidade, os mecanismos de loteamento, blá, blá, blá, que o problema vai ser resolvido.


Já ninguém se lembra do Marcelo Caetano.
Nos anos 1950 e 1960 surgiram enormes problemas de falta de habitação nas cidades. O Salazar fez os bairros sociais, permitiu o aparecimento de barracas como solução provisória e, nos anos 1970, o Caetano introduziu a "propriedade horizontal".
Agora, também é preciso fazer algo de diferente a começar por reduzir substancialmente o PDM e a Reserva Agrícola.
Fora dos "centros históricos", o PDM deve pura e simplesmente desaparecer.

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