quinta-feira, 7 de novembro de 2024

Os sábios catedráticos de economia erram porque usam como verdadeiras teorias que estão erradas.

Em 1929 houve uma crise económica muito grave, a Grande Depressão.

Hoje, quem sabe economia sabe que a grande depressão foi uma pequena crise económica que foi amplificada por o modelo de controlo do sistema monetário não ser adequado (na altura, a política monetária era manter  fixa a quantidade de moeda em circulação "fora do banco central"). No então, um país "bem governado" só poderia aumentar a quantidade de moeda em circulação se o banco central adquirisse ouro para funcionar como contra-valor das notas. 

Só posteriormente, com Muth (1961) e  Phelps (1968), é que se compreendeu verdadeiramente que a quantidade de moeda em circulação contabilisticamente "fora do banco central", tem de aumentar durante as crises de forma a manter a quantidade de moeda a circular na economia constante conseguindo-se assim a estabilidade dos preços.

A estabilidade dos preços é fundamental para "estancar" a crise porque há uma dificuldade em ajustar os salários nominais, em termos de euros, para baixo (aquilo que tentou o Passos Coelho).


Vejamos o mecanismo de amplificação que aconteceu em 1929.

1 = Quando há uma crise económica motivada por um choque adverso na produção (por exemplo, uma seca, um cataclismo natural ou uma guerra), há menos produção.

2 = Se há menos produção, as pessoas têm de consumir menos.

Se tenho duas garrafas de vinho e uma parte-se, tenho de beber metade. 

Se no ano passado comi 4 maçãs por dia porque a minha árvore deu 1460 maçãs, se este ano só deu 1095 maçãs, só posso comer 3 por dia.

Esta é uma verdade irrefutável mas, na opinião dos sábios catedráticos de economia, apenas em quem não sabe nada de economia. 

3 = Para as pessoas consumirem menos, há duas possibilidades:

     3.1 = O poder de compra dos salários vai diminuir (o que levou a cabo o Passos Coelho). 

     3.2 = A taxa de juro vai subir (o que aconteceu no mercado). 


Deixar a taxa de juro subir é errado porque destrói o investimento.

Ao subir a taxa de juro, diminui o investimento o que traduz que as pessoas estão disponíveis para consumir o capital. Mas isso destrói a capacidade produtiva do ano seguiste.

Se um agricultor precisa guardar 100 kg de sementes para a safra seguinte, havendo um ano de seca, tem de dar prioridade a guardar os 100 kg de sementes mesmo que para isso, nesse ano passe fome de cão.


Quando há uma crise, aumenta o receio das pessoas.

A generalidade das pessoa vê a moeda como um activo real, tal e qual como se fossem bens. Então, quando há uma crise:

4 = As pessoas, à cautela, guardam mais dinheiro, notas, do que é normal.

5 = Ao guardarem moeda, apesar de a quantidade de moeda em circulação "fora do banco central" ser a mesma (e dependente da quantidade de ouro em reserva), passa a haver menos quantidade de moeda em circulação na economia (parte da moeda está parada no colchão).

6 = Se a quantidade de moeda a circular na economia diminui, então, a moeda fica mais valiosa o que é a mesma coisa que dizer que os preços dos bens e serviços vai diminuir, é a deflação.


O problema da deflação é que os salários não diminuem em termos nominais.

As pessoas refilam, fazem manifestações, greves e incendeiam carros.

Se os preços diminuem e se os salários se mantêm, então:

7 = O poder de compra dos salários aumenta durante as crises!!!!!!!!!!!!!

Mas durante a crise as pessoas têm de consumir menos porque há menos produção!!!!!!!

aumentar o poder de compra dos salários vai contra o que é necessário para estabilizar a economia.

 

Agora vem a multiplicação da crise.

Se o poder de compra dos salários aumenta e os preços diminuem, então:

8 = As empresas vão à falência o que leva a despedimentos, ainda menos produção, mais queda de preços e maior amplificação da crise até à destruição total.


O que sabemos hoje.

O Banco Central tem de manter a estabilidade de preços, custe o que custar porque não é possível descer os salários em termos nominais e subir a taxa de juro é destrutivo da economia. 

Sabemos também que, se for entendido pelas pessoas que o governador do banco central tem a mais pequena dúvida quanto a controlar a inflação, esta dispara imediatamente para níveis estratosféricos.

Como exemplo, na figura seguinte mostro a taxa de inflação implícita no PIB para a Argentina onde se observa que, em 2000, a taxa começa a subir lentamente de cerca de 10%/ano até que atinge 50%/ano em 2020 e, depois, dispara atingindo um máximo mensal de 1430%/ano em Dezembro de 2023.

Em 10 de Dezembro Javier Milei entra para presidente da Argentina e, mantendo a quantidade de moeda controlada, em Setembro de 2024 a inflação já só foi de 51%/ano.

Fig. 1 - Evolução da taxa de inflação na Argentina, 2000-2023


Mas vamos à ignorância dos sábios catedráticos de economia.

Naturalmente que diziam que o Milei era um doido varrido e que ia destruir a Argentina.
a Economia tem algumas "leis na natureza" sendo a primeira:

A) Quanto maior o rendimento, maior o consumo.
Podemos, em termos empíricos, dizer que uma percentagem elevada do rendimento das pessoas vai para o consumo e outra percentagem, menor, vai para poupança. Por exemplo, 
      Consumo = Rendimento * 80% 
      Poupança = Rendimento * 20%
Se considerarmos toda a economia, o rendimento é o PIB subtraído da depreciação do capital (vou-lhe chamar PIL-produto itnerno líquido).
      Consumo = PIL * 80% 
      Poupança = PIL*20%


Erro. Mais consumo não leva a mais rendimento.
Na expressão da "lei da natureza" tenho uma igualdade mas, de facto, é uma implicação já que não pode ser invertida.
Isto é, se aumentarmos o rendimento, implica que vamos aumentar o consumo mas tal não garante que aumentando o consumo vamos aumentar o rendimento.
Pois o primeiro erro é dizer que se o consumo aumentar, o PIB também aumenta segundo um multiplicador:
      PIL = Consumo * 125%


Vejamos o que seriam erros semelhantes:
Ninguém no seu juízo perfeito incorre nos erros seguintes mas, sábios, incorrem no erro anterior que é em tudo semelhante.

Quando a temperatura está elevada,há mais pessoas na praia. Mas irem mais pessoas à praia não faz com que a temperatura aumente.

Quando um bem está com desconto de 50%, mais pessoas se juntam para o comprar. Mas se se juntarem muitas pessoas para comprar um bem, tal não faz com que o preço desça para metade.

Um jogador de futebol muito bom, tem um salário elevado. Mas aumentar o salário de um jogador com "dois pés esquerdos" não faz com que este passe a ser um jogador muito bom.


Este erro tem implicações catastróficas.
O consumo mais a poupança é sempre igual ao rendimento, não há volta a dar a esta igualdade.
Ao dizer que o rendimento é o consumo vezes um multiplicador, algebricamente, esquecem-se desta lei da natureza económica e começam a teorizar fora da realidade.


1) É possível aumentar a despesa pública e diminuir os impostos.

2) É possível aumentar o investimento e aumentar o consumo.

3) É possível aumentar os salários e aumentar os lucros.


A decisão de investir depende do lucro e não dos impostos.
De nada interessa descer o IRC se se aumenta artificialmente o salário mínimo nacional.
Não interessa descer o IRS se se aumenta o imposto sobre os combustíveis.
Será que ninguém vê isto?
Será que em Portugal ninguém sabe economia?
Se calhar não.






 

 

4 comentários:

Anónimo disse...

Bem explicado.

Anónimo disse...

Ainda falta aí toda a questão da oferta e da produção.pois se só aumentamos moeda,sem que q produção aumente,temos inflação já para não falar que a Economia é dinâmica.Por exemplo, quando se estuda o déficit público em Economia,há a chamada a equivalência ricardiana, isto é,despesa de hoje é imposto amanhã. Portanto estes sábios nem que estão a vendar banha da cobra, mas jogam no curto prazo e na miopia nas pessoas. E voltando a moeda,a teoria moderna de economia diz que se os bancos centrais forem completamente independentes,a inflação e as variações na moeda são temporárias e que impacto na economia tenderá a ser zero. Claro se o professor for neo keynisIano não concorda com esta última parte

Anónimo disse...

Tantos anos depois e o Professor ainda vai defender Passos Coelho? Mas não aprendeu nada?
Políticas pró cíclicas em tempo de recessão transformam uma recessão numa depressão e foi isso que também aconteceu com Herbert Hoover.
O Professor é alguém minimamente inteligente como é que ignora por completo os efeitos de histerese? Além claro das graves implicações sociais de destruir o poder de compra das pessoas. O próprio FMI veio reconhecer que estava errado e o Professor ainda faz apologia do Passos Coelho. Não admira que tenha sido despedido

Anónimo disse...

As políticas pro cíclicas podem a médio prazo gerar depressão.isso era a sisntese keynesiana neoclássica.hoje em dia está ultrapassada.hoje falamos mais em ciclos reais,expectativas,ajustes micro da economia,ajustes entre sectores com diferenciais de produtividade…

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