No nosso imaginário, a Covid-19 está resolvida.
Acreditando os optimistas que a maior parte da população vai acabar por ficar imunizada seja por ter sido contaminada ou vacinada, mais dia menos dia e ainda antes do fim de 2021, o problema será definitivamente ultrapassado.
Os optimistas dirão mesmo que, seguindo a ideia do PAN de proteger todos os seres vivos, bons ou maus, as autarquias vão mesmo que estender os seus "canis" para "virusis" para poupar o Covid-19 da extinção.
Mas os dados que chegam da Índia fazem crescer em mim o pessimismo.
O que se passa na Índia?
Na Índia, por causa da pobreza, não é possível o confinamento nem a testagem em massa (porque os testes são muito caros e não servem para nada). Claro que as pessoas tomam precauções, usam máscara quando possível e reduzem o contacto com as pessoas infectadas o mais que podem mas podemos aceitar, como ponto de partida, que o comportamento das pessoas e a testagem não se alteraram desde o início da pandemia.
Sobre esse pressuposto, o R vale 1,4 quando não há população imune e, depois, com o aumento da imunidade, vai diminuindo. Quando, por exemplo, 30% da população estiver imune, seja por terem sido já contaminadas ou vacinadas, o Rt reduz-se para 1,4 * (1-30%) = 0,98.
O Rt foi diminuindo ao longo do tempo atingindo o valor mínimo de 0,9 em 21 de Outubro de 2020, altura em que 36% da população indiana já estava imunizada por ter estado contaminado, 487 milhões de pessoas e não as 8,14 milhões testadas positivo (por cada caso identificado, houve cerca de 60 contaminados).
De onde vêm as más notícias?
É que o Rt deveria ter continuado a diminuir e, primeiro parou de cair (até 21 de Janeiro de 2021) para, depois ter começado a aumentar.
Neste momento, estimo que já foi contaminada 56% da população indiana, 760 milhões de pessoas, pelo que o Rt deveria estar em 0,6 mas está acima de 1,1o que traduz um aumento exponencial do número diário de novos casos!!!!!!!
Fig. 1 - Evolução do Rt na Índia ao longo do tempo (dados, wiki)
Fig. 2 - Evolução do númeroi de novos casos na Índia ao longo do tempo relativamente ao pico (dados, wiki)
Isto traduz uma nova variante que ultrapassa a imunidade adquirida!
Como já mostrei num poste com uma simulação, a introdução de uma variante (que no Brasil chamam "cepa") capaz de contaminar as pessoas anteriormente tornadas imunes tem esta dinâmica no Rt.
Depois da introdução da variante 2, o número de casos continua a diminuir mas, cerca de 60 dias depois, a tendência inverte-se.
Será que a vacinação vai resistir às novas variantes?
A Índia, de que ninguém fala na comunicação social, e o Brasil, indicam que não!
E como vai ser o nosso futuro?
O grande passo foi ter sido possível criar vacinas. Se actualmente ainda a capacidade de produção é relativamente pequena, com o tempo, será possível produzir mais vacinas. Então, nos próximos anos, vamos ser vacinados a cada 3 meses.
Não é nada de muito grave já que as vacinas são baratinhas, parece que a da Astrazeneca / Oxford só custa 1.78 euros.
Devíamos pagar mais pelas vacinas.
Um teste custa 100€ e não serve para nada como se viu na Madeira e nos Açores onde, à entrada, todos tinham que ser testados. Pelo contrário, uma vacina custa apenas 2 * 1,78€ e protege pelo menos durante 3 meses.
Não seria de a UE fazer como Israel que paga 17 euros por cada dose?
Neste caso, teríamos que pagar 350 milhões € sendo que já gastamos mais em testes sem qualquer resultado palpável.
Um preço mais elevado não seria desviar as vacinas de outros mas permitiria reforçar recursos para produzir mais.
Por exemplo, a Itália ter proibido uma empresa de exportar vacinas para a Austrália fez com que a UE deixassem de conseguir importar componentes dos USA porque a capacidade de produção mudou de continente.
Mas os esquerdistas caviar são contra o lucro.
1 comentários:
"Será que a vacinação vai resistir às novas variantes?
A Índia, de que ninguém fala na comunicação social, e o Brasil, indicam que não!" Nao vejo o suporte em dados,
desta frase/conclusao, acaso nos ditos paises se atingiu
os 70% de vacinaçao? Em noticias recentes confirma-se que
a vacina da Pfizer é eficaz contra a variante de Manaus (Brasil). Da India, nao sei que variante está em causa...
Concordo com a logica de testar menos e pôr esses recursos a vacinar mais rápido!! Ok, pode colocar-me no grupo dos optimistas... Mas é da historia das epidemias, que o organismo invasor, adapta-se com o tempo, sendo menos agressivo, para assim se manter e multiplicar "ad eternum".
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