terça-feira, 9 de setembro de 2025

Não faz qualquer sentido haver nota mínima de acesso ao ensino superior

Pedro Teixeira nada fez enquanto secretário de estado do ensino superior.

Nada, zero, bola, batata.

Pelos vistos, agora que tem de aparecer porque se candidata a reitor da Universidade do Porto e reduziu drasticamente o número de candidatos ao Ensino Superior, veio dizer que foi ele quem instituiu a nota mínima no acesso às universidades e politécnicos rematando como argumento:

"Pedir duas notas de 9,5 em dois exames não é muito exigente".

O problema é que não avança nenhuma razão para essa exigência e, contrariamente ao que afirma, afirmou-se como demasiadamente exigente já que fez com que o número de candidatos diminuísse em milhares.


Qual a lógica para haver notas mínimas nos exames?

Todos pensamos que um fulano que é professor catedrático numa universidade, que foi secretário de estado e que avança como candidato a reitor da Universidade do Porto diz mais do que generalidades.

Mas afirmar que as notas têm de ser de pelo menos 9.5 valores é uma generalidade.

Quem definiu esse limite?

Quais os estudos que levaram a concluir que tem de haver pelo menos 9.5 valores nos exames?

Porque não outro valor qualquer?

Qual o ganho para a sociedade de haver esta nota mínima?

Quando uma pessoa vai à missa quer saber se o padre teve 9.5 valores nos exames ou concentra-se no que ele diz?


Vamos supor dois alunos médios fisicamente idênticos.

O João é pobre e vive numa aldeia do interior, ajuda os pais na agricultura, demora uma hora na carreira para chegar à escola, não tem acesso a colégios, explicações, livros e sofre de desmotivação familiar. 

O Alberto é totalmente o contrário.

Quando ambos concluem o ensino secundário, alguém pensa que se o Alberto teve 9.5 valores no exame o João conseguiu também ter 9.5 valores?


O Alberto entra na universidade e o João não.

O Alberto vai receber ensino superior altamente subsidiado enquanto que o João se tem de ficar pelo ensino secundário.


Se o João tivesse entrado num politécnico, ficaria melhor?

Vamos supor que o João apenas teve 8 valores nos exames. A questão que coloco é se será melhor ficar-se pelo secundário (como diziam os da união soviéticas, "não tem capacidade para doutor, vai para ferreiro") ou frequentar um curso num politécnico?

A nota de 9.5 valores mede uma performance quando o aluno tem 18 anos não conseguindo dizer o seu desempenho quando tiver 30, 40, 50 ou 60 anos de idade.


Avanço com um exemplo familiar.

O meu irmão mais novo reprovou já na escola primária e, quando foi para a tropa obrigatória, tinha concluído o 9.o ano porque a minha mãe fez uma vergonha na escola e prometeu que ele não ia estudar mais.

Depois da tropa, fez o ensino recorrente e conseguiu uma média de candidatura de 7.6 valores, sim, 76/200.

Entrou no politécnico e fez engenharia mecânica aos 29 anos.

Foi fazer um estágio de inserção numa grande empresa automóvel que lhe disse "Entram 10 estagiários por ano mas não ficamos com ninguém, não estamos a meter ninguém, ouça bem, não crie expectativas pois não metemos ninguém, no fim do estágio o sr. engenheiro vai-se embora".

Pois nunca mais saiu dessa empresa, já lá vão 23 anos. Hoje, com 52 anos, é um engenheiro competente e acarinhado no seu emprego.

Pelo contrário, eu sempre fui um aluno brilhante e, no entanto, sempre tive problemas no emprego, acabando no desemprego, acusado das maiores barbaridades :-).


Deveríamos viver num mundo científico.

A Ciência obriga à evidência mas vivemos num mundo em que o que vale é a autoridade e os certificados.

Esse "sábio" professor catedrático usa a sua autoridade, aquela que lhe é dada pelo cargo, para dizer o que lhe apetece sem o cuidado de fundamentar as suas acções, é a velha máxima de "Posso, quero e mando."

No mundo cientifico tudo tem de ser justificado e tem de funcionar.


Vejamos as minhas artes marciais.

O objectivo das artes marciais é a eficácia. Uma técnica apenas faz sentido e está a ser bem executada se conseguir o objectivo de "derrotar" o adversário.

Naturalmente, nas escolas não se pensa assim, o argumento é "Eu sou o mestre, eu é que sei, aprendi assim, já se faz assim há centenas de anos, não és tu que vais dizer como se faz."

Eu, inocentemente, dizia, "Mas não funciona, não podemos ter uma técnica que precisa da colaboração do atacante para ter sucesso, ninguém deixa ai o braço para ser agarrado."

Expulso.

É assim a verdade porque eu sou o presidente da junta


Vamos ao acidente do Elevador da Glória.

A causa do acidente está em haver uma curva. Quando foi construído, deveria vir em linha recta desde o cimo até à baixa mas, por interesses de alguns proprietários, tem uma curva o que coloca problemas no cabo que liga a duas carruagens. 

A causa do dano elevado está no sistema de travagem nunca ter sido testado. Nos elevadores existe uma mola que, quando o cabo parte, empurra dois braços contra a parede (ou prende na guia) o que trava o elevador. Esse sistema também existe no Elevador da Glória mas subterrâneo. O problema é que a guia onde os braços encostaram não aguentou e a energia arrancou a guia do chão.

Deveria haver um sistema "explosivo" de segurança que permiti-se que, em estado de emergência, o guarda freios fizesse a carruagem tombar. Ao tombar iria causar danos nos passageiros mas a carruagem já não ganharia velocidade até descarrilar na curva.


Vamos a Gaza e à Transjordânia.

Os comentadores das nossas TVs são unânimes em dizer que a guerra cria mais ódio e que não é nos próximos 100 que os palestinianos vão aceitar os israelitas.

Sendo assim, há uma de duas hipóteses:

H1: Os judeus saem dali.

H2: Os árabes saem dali.

Sem autoridade se sem saber o que acontecerá no dia de amanhã mas penso que mais depressa saem dali os árabes do que os judeus.


Vejamos o que diz a Sofia (e que traduz um consenso dos documentos publicados):

Essa é uma questão delicada e envolve factores históricos, sociais e políticos muito complexos. Vou tentar analisar de forma clara e equilibrada.

1. História e presença histórica

Os judeus têm uma presença contínua em Israel/Palestina há milhares de anos, com interrupções, mas sempre com ligação histórica e religiosa muito forte.

Os palestinianos (árabes) têm vivido naquela região há séculos, e muitos descendem de populações locais antigas.

2. Demografia e poder político

Israel, como Estado, tem uma estrutura militar, económica e política consolidada, capaz de se defender e manter a população judaica no território.

Os palestinianos vivem em territórios fragmentados (Faixa de Gaza e Cisjordânia) e não têm um Estado soberano completamente funcional.

3. Movimentos populacionais passados

Guerras e conflitos anteriores levaram a fluxos migratórios significativos, mas de maneira assimétrica: muitos árabes saíram de áreas que passaram a estar sob controlo israelita (1948, 1967), enquanto a população judaica voltou ou permaneceu no território com apoio estatal.

4. Ódio e ressentimento

Como tu disseste, conflitos prolongados geram ódio. Mas o ódio não se traduz automaticamente em êxodo: populações podem resistir, buscar segurança, ou manter-se pela ligação à terra.

5. Hipóteses H1 e H2

H1 (judeus saem): historicamente improvável. Israel tem capacidade militar, económica e institucional para manter a população.

H2 (árabes saem): mais provável em termos relativos, por causa de pressão militar, económica ou deslocações forçadas, mas isso não significa que a maioria vá sair — muitos resistem ou permanecem, mesmo em condições difíceis.

Conclusão: se tivermos de comparar probabilidades, é mais provável, infelizmente, que pressões sobre os palestinianos levem a deslocações do que os judeus abandonarem o território. Mas isso não é inevitável nem automático; a realidade é muito complexa e depende de decisões políticas, internacionais e locais.

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