segunda-feira, 27 de outubro de 2025

Porque será que a comunicação social e os sábios de economia deixaram de falar da Argentina?

Anunciavam que Javier Milei ia empurrar a Argentina para os fundos do Inferno.

Segundo os sábios, professores catedráticos de economia, comentadores assíduos das TVs e jornais, afirmavam sem qualquer dúvida que qualquer uma das política apresentadas, mesmo considerando apenas uma, levariam de forma inevitável a Argentina à miséria.

Digamos que Milei apresentava, em termos condensados, três políticas:

1 = Para controlar a inflação é obrigatório parar de meter moeda em circulação.

2 = Para estabilizar a Economia é obrigatório parar o défice das contas públicas, igualando as despesas às receitas. 

3 = Para a economia crescer, é obrigatório reduzir a intervenção do Estado na Economia.

Anunciavam que era semelhante a um indivíduo apanhar um tiro na cabeça, outro no coração e ainda lhe cortarem a artéria femoral, qualquer uma das lesões por si só causaria a morte da vítima.


Até a Iniciativa Liberal repudiou o Milei.

Nas campanhas eleitorais, repetidamente perguntaram aos da Iniciativa Liberal a política da motos-serra de Milei. Invariavelmente, como a famosa cassete dos comunistas, respondiam: 

Somos liberais mas um liberalismo europeu e não esse radicalismo do Milei.

Liberalismo Europeu ????????????? 

Mas isso existe????????????????

Parece-me mesmo a famosa resposta do Álvaro Cunhal e que faz parte da cassete dos comunistas:

- Então o que o PCP tem a dizer dos problemas vividos nos países comunistas?

- Vamos falar dos problemas concretos dos portugueses, vamos falar do concreto dos ataques dos fassistas (sim, o Cunhal dizia fassistas) à classe trabalhadora portuguesa, da necessidade de combater o grande capital que explora a classe trabalhador portuguesa, não estou aqui para falar e muito menos para resolver os problemas dos outros povos. Falemos do concreto.


O Milei tomou posse no dia 10 de Dezembro de 2023 e os sábios estão calados.

Dado o silêncio, até fui ver ao Google Maps se esse país já tinha desaparecido, consumido por uma subdução das placas tectónicas até ao inferno ou coberto por uma manto de gelo vindo da Antárctida.

Nada disso, continua a existir e, ouvi hoje mesmo, houve eleições e o Milei ganhou!!!!!!!!!!!!!

Pensei cá para com os meus botões: 

"Será que os argentinos foram tomados pela loucura?" 

"Será que os argentinos, toldados pelo calor, adoram o Inferno?" 


Será que os nossos sábios, catedráticos de Economia, não sabem nada?

Em muito jovem tinha o sonho de visitar a Argentina porque li Dois Anos de Férias de Júlio Verne. Aspirando eu a viver em isolamento absoluto, imaginava-me nas planícies infindáveis da Patagónia a caçar animais selvagens.

Tirando isso e uma família que conheci quando tocava cavaquino no rancho de uma terriola e que tinha estado emigrada na Argentina, não tenho mais nenhuma informação directa, apenas o que é público.

Fui então buscar estatísticas sobre a Argentina.


Só pode ser impossível.

Deve haver qualquer erro, a taxa de inflação (mensal anualizada) caiu dos 1430%/ano que se observavam no mês em que o Milei tomou posse para, passado um pouco menos de 2 anos, 25%/ano.

Ainda é alta para os padrões da Zona Euro mas, diabos, desceu de 1430%/ano para 25%/ano!!!!!!!!!!!!

Afinal,  o problema da inflação está mesmo na emissão de moeda! Cortando-se a emissão de moeda, a inflação pára.

Fig. 1 - Evolução da taxa de inflação argentina 2023:12-2025:09

E o desemprego? Perguntam os sábios.

Apregoavam esse os sábios, catedráticos de economia que quem soubesse a literatura, saberia que o Milei até poderia controlar a inflação mas que o importante seria a taxa de desemprego a qual só poderia explodir para mais de 50%. De certeza que vai haver pessoas a mendigar pelas ruas como aconteceu na Grande Depressão de 1929, diziam.

Mas não. 

OOOOKKKK? Parece que a tal literatura (e não os sábios catedráticos de economia já que estes sabem mesmo, se a tal literatura erra, não é culpa deles) não sabe nada de economia. A taxa de desemprego an Argentina tem-se mantido estável e ligeiramente abaixo dos 7%. 

O total de pessoas a trabalhar até aumentou !!!!!!! Sim, passou de 12.9 milhões para 13.6 milhões.

Fig. 2 - Evolução da taxa de desemprego argentina 2022:4-2025:2

Mau Maria, se calhar, eu que não li essa tal literatura, na minha ignorância total, no obscurantismo, ceguinho como uma toupeira morta, sei mais de economia do que os sábios que leram a literatura!!!!!!!!!! Digamos que sei zero e os sábios sabem negativo, meteram na cabeça uma literatura qualquer que eu desconheço e que a Argentina também desconhece.


Mas os sábios não desarmam e atacam com a Economia.

"O importante é o PIB per capita pois o que cada pessoa produz é que mede o bem estar social."

"Portugal cresce poucochinho, 0,8%/ano, mas se a argentina apanhasse..."

Fui então buscar o PIB per capita da Argentina.

Até esfreguei os olhos, será que tenho mais alguma catarata? 

Mais uma vez, alguma coisa está errada. É que se a economia contraiu 9% no primeiro ano da aplicação das políticas da moto-serra, começou logo a crescer e rapidamente, a uma taxa de 6%/ano!!!!!!!!!!!!

Afinal, está a crescer muito acima dos nossos 0.8%/ano.

Fig. 3 - Evolução da taxa de desemprego argentino 2023:4-2025:2

Agora, vou falar um bocadinho de prioridades.

Imaginem que estamos num ambiente de guerra, mil pessoas cercadas, estamos a perder e podemos salvar 500 pessoas. Será de salvar os velhinhos, as criancinhas e os doentes ou, pelo contrário, deixá-los para trás e salvar os guerreiros e as guerreiras mais fortes e valentes para, amanhã, tentar dar a volta à guerra?

Vou perguntar à minha assistente, à Sofia (a chataGPT).

Essa é uma das perguntas mais difíceis que se pode fazer — uma daquelas em que não há resposta certa, apenas escolhas que revelam valores.

Se pensarmos eticamente, há duas formas principais de olhar para o problema:

1. Perspetiva humanitária (deontológica) – salvar os mais vulneráveis: velhos, doentes e crianças. A vida deles tem o mesmo valor que a de qualquer outro, e num momento de desespero, proteger quem não pode defender-se é um ato de humanidade, mesmo que isso comprometa a sobrevivência do grupo a longo prazo.

2. Perspetiva pragmática (utilitarista) – salvar os mais fortes, os que podem lutar, reconstruir e talvez virar o destino da guerra. Isso privilegia o futuro coletivo em detrimento da compaixão imediata. É uma escolha fria, mas voltada à sobrevivência do grupo como um todo.

No fundo, é uma tensão entre o dever moral e a necessidade estratégica.


Esta minha pergunta parece descabida mas tem ligação à economia em crise.

Perguntei então "É que passa-se o mesmo na economia em crise, será melhor ajudar os velhinho e desgraçados ou ajudar os que trabalham para que possam trabalhar mais, as empresas a reforçar o seu capital?"

Exatamente, fulano*, é o mesmo dilema, mas transposto para a economia:

Ajudar os “vulneráveis” — idosos, desempregados, famílias mais pobres — é como salvar os velhinhos e crianças na guerra. Dá-se um socorro imediato, protege-se a dignidade e reduz-se sofrimento, mas o impacto direto na “capacidade de virar o jogo” económico é limitado.

Ajudar os que produzem e geram riqueza — empresas, trabalhadores ativos, empreendedores — é como salvar os guerreiros. A lógica é que, fortalecendo quem gera valor, toda a economia tem mais capacidade de recuperação, criar empregos e “virar a maré” da crise. Mas quem está em maior risco imediato pode sofrer muito no processo.

*Escrevo fulano no meu nome pois a Sofia trata-me pelo nome que quero manter anónimo já que tenho sido perseguida/o pelos esquerdistas.


Quando o Titanic foi ao fundo alguém tentou salvar o valioso piano?

Bem sei que, durante as crises, a oposição anuncia sempre que é preciso aumentar as pensões e a protecção aos mais desprotegidos. Mas, por mais duro que as minhas palavras possam ser, isso faz perder a batalha do desenvolvimento.

Os desprotegidos têm de arcar com as consequências de não se terem protegido em devido tempo.

Gozarem a juventude, andarem nas noitadas de bebedeira quando outros se esforçavam, estudavam, treinavam, emigravam ou aceitavam empregos que os agora desprotegidos achavam indignos.

Como diz o povo na sua sabedoria, cada um tem de se deitar na cama que fez e não pode o Estado proteger todos pois o dinheiro dado aos desprotegidos tem de ser tirado aos que se esforçaram para não serem desprotegidos.

Para salvar o piano, outras pessoas teriam de ser sacrificadas.

Fig. 4 - Se não se esforça, não pode ambicionar a ser tão elegante como quem se esforça?


0 comentários:

Enviar um comentário

Twitter Delicious Facebook Digg Stumbleupon Favorites More

 
Design by Free WordPress Themes | Bloggerized by Lasantha - Premium Blogger Themes | Best Hostgator Coupon Code