sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

Com a ajuda de Israel, a Síria vai ser uma democracia próspera

É um pouco provocador começar por afirmar que Israel está a ajudar a Síria.

Como todos sabem, nos últimos meses, Israel tem bombardeado a Síria, destruindo equipamento militar que custou muitos milhões de euros. Em particular, nos dias a seguir à queda do al-Assad, Israel tem bombardeado dia e noite os equipamentos militares.

Afundou barcos, destruiu radares e aviões militares, aniquilou tanques, veículos de transporte militar e laboratórios, rebentou com paióis militares e quartéis. 

E também invadiu um bocado de território sírio, encostado aos Montes Golan.


O interessante é que o novo poder sírio nada disse.

Na última semana tenho estado a ouvir o canal Alzira (a palavra árabe al-jazeera quer dizer península e foi aportuguesada para Alzira) e aparece muita gente preocupada com os ataques de Israel na Síria. Até a ONU já se meteu ao barulho. 

Mas quem interessa, apesar dos pais serem originários dos Montes Golan que actualmente fazem parte de  Israel, o emir Ahmed al-Sharaa (tirou al-Julani do nome que quer dizer "dos Montes Golan") não fez uma única referência a Israel, aos palestinianos nem a Gaza.

A única coisa que disse foi exactamente o contrário, que os inimigos são as milícias do Irão e do Hezbollah que, por mero acaso, são os inimigos de estimação de Israel (ver o vídeo).

O emir Ahmed al-Sharaa afirmou que não haverá mais guerras patrocinadas pela Síria

Mas porque os bombardeamentos ajudam o poder em Damasco?

Estou a pensar no que aconteceu na Líbia.

Quando um governo tirânico cai, é mais pela resistência do povo do que pela acção militar de um grupo particular que apenas funciona como espoleta. Como os soldados fazem parte do povo, a sua vontade é voltar a casa pelo que, quando a repulsa popular é elevada, à menor  dúvida quanto à capacidade de o tirano os castigar, fogem dos quartéis, deixando tudo para trás.

Mas com os quartéis vazios de militares e cheios de armas, decorridos alguns dias aparecem grupos que se apropriam das armas e desviam o curso da revolução.

Foi isso que aconteceu na Líbia e que quase aconteceu em Portugal. Sim, já ninguém fala do desaparecimento, em 1975, das metralhadores que foi patrocinado pelo Partido Comunista Português numa tentativa de tomar o poder pela força. Além se lembra da frase do Cunhal "[As metralhadoras] estão em boas mãos"? 


O emir Ahmed al-Sharaa parece-me boa pessoa.

Não vemos pessoas armadas a bater nas mulheres como vemos no Irão, não vemos discursos inflamados contra os "inimigos do Islão", vemos o povo na rua a pedir "A paz, o pão, habitação, saúde, educação" que os portugueses pediram em 1974 pela boca do Sérgio Godinho.


O Al-Assad morreu.

É por demais evidente que o al-Assad não está na Rússia. Se lá estivesse, qual a razão para ainda não ter aparecido?

O que eu penso que aconteceu.

O Al-Assad e generais próximos andaram na escola do Marchal Agostinho pelo que tinham a certeza que nunca os rebeldes conseguiriam tomar Damasco. Se Israel, ao fim de mais de um ano de bombardeamentos, se vê aflito para avançar em Gaza, como poderiam umas dúzias de furgonetas toyota fazer cair o maior exército do médio oriente, com mísseis, aviões de combate, carros blindados e até ogivas químicas?

O poder caiu nas primeiras horas da madrugada do dia 8 de Dezembro e o último avião partiu de Damasco, um Ilyushin Il-76, às 4:55 locais.

O al-Assad só se convenceu à última da hora que Damasco caiu pelo que se meteu à pressa, som os generais que andavam por ali e os familiares, num avião que partiu rumo a Moscovo.

O problema é que os americanos (ou os israelitas, nesta parte, não sei mas desconfio mais dos americanos) sabiam que o avião que rumava a norte levava a elite do governo e  decidiram abatê-lo.

O avião desapareceu dos radares à 5:32 locais, nos arredores de Homs.


E onde estão os destroços?

Destroços é o que não falta na Síria.

Daqui a uns anos, no meio do deserto, alguém vai descobrir os destroços do avião que levava o al-Assad.

Tenho pena da bonita mulher do al-Assad que pereceu toda queimadinha.

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