terça-feira, 28 de setembro de 2021

O erro do PCP foi, em 2015, não ter apoiado o Passos Coelho.

Na altura eu disse-o mas ninguém acreditou!

O PCP é um partido baseado numa ideologia que não tem pernas para andar.

Se parece apelativo "acabar com a pobreza, a desigualdade, as guerras, as doenças e o sofrimento das crianças", a ideia de uma sociedade igualitária, mesmo que baseada na economia de mercado, falha pela inexistência de incentivos. Se eu ganho o mesmo trabalhando muito ou pouco, naturalmente que vou trabalhar pouco.

Como a ideologia comunista não tem pernas para andar, o melhor é ficar na oposição, no combate da rua (a função tribunícia), no bota abaixo, na crítica, a dar voz aos mentecapto, daqueles que nada fazem mas que querem viver como se produzissem muito, ao entrar na solução governativa, expõe as suas fragilidades ideológicas. 

Isso faz-me lembrar um slogan que se ouvia muito no período quente de 1975, "No Alentejo não há comunistas, há é ladrões de terras, de cortiça e de gado."


O PCP "normalizando-se", as pessoas compreendem a sua incoerência.

Fazendo parte da solução governativa, têm que dar o seu aval a políticas concretas e não apenas vociferar que "o grande capital explora os trabalhadores."

E as políticas concretas nunca agradam aos mentecaptos de que resulta perda de eleitorado.

Se compararmos os resultados antes da formação da gerigonça, 2015, e depois, o PCP/CDU perdeu 23% do eleitorado.Se antes andava em torno dos 9,2%, entrou em queda livre e no espaço de 6 anos (e três eleições), perdeu 23% do seu peso eleitora.

E isto não apanha o PCP de surpresa porque já tinha acontecido por toda a Europa uns anos antes. Por exemplo, o PC francês desapareceu a partir do momento, 1984, que apoiou os socialistas do François Mitterrand.

Interessante que, se na França anterior a 1984 o "PCF exercia uma função tribunícia que perdeu depois para a Frente Nacional de Le Pen", em Portugal essa transferência também se observa do PC anterior a 2015 para o CHEGA.

 

Fig. 1 - Resultados eleitorais do PCP/CDU nas legislativas e nas autárquicas

Metodologia.

Peguei nos resultados disponíveis on-line pelo MAI - Ministério da Administração Interna.

Os resultados das legislativas (média de 7,7%) são inferiores aos das autárquicas (média de 10,0%). Para construir um gráfico mais informativo, acrescentei 1,13 pp às legislativas e reduzi 1,15 pp às autárquicas.

23% resulta da média para o período 1999-2015, igual a 9,2%, e o resultado actual corrigido, igual a 7,1%: (7,1%-9,2%)/9,2% = 23%


Se o PCP tivesse apoiado o Passos Coelho.

Teria o argumento da "democracia formal". Se o Passos Coelho ganhou as eleições mesmo que sem maioria absoluta, o PCP abstinha-se de forma a fazer valer a vontade do povo.

Desta forma, poderia continuar na rua a gritar por mais direitos, por mais ilusões, por mais irrealidades e, desta forma, ainda hoje teria os seus 9,2%.

Digamos que se aplicou o conselho militar: "Cuidado com os caminhos fáceis, aqueles por onde não parece haver pedras pois é lá que nos espera o lobo mau."

Fig. 2 - O lobo mau!


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