Eu penso que as pessoas que falam na televisão são extraterrestres.
Os comentadores da televisão, incluindo deputados e ministros, afirmam sem dúvida que apenas há incêndios porque não se conhecem os donos dos terrenos. Defendem até uma revisão constitucional, não dizem em que sentido, que artigo pretendem ver alterado, mas penso que defendem o fim do Art. 62.º - Direito à propriedade privada.
Dizem mesmo que Portugal precisa de uma revolução no meio rural, tudo princípios estalinistas, regular, planear, condicionar, obrigar, proibir e que isso passa por conhecer os donos das propriedades.
Como é que sabendo os nomes dos donos dos matos vai acabar com os incêndios?
Alguém vê alguma lógica nisso?
A lógica é que, conhecendo os donos, podem ser multados por não fazerem o que os estalinistas os querem obrigar a fazer não para benefício próprio mas apenas para dar seguimento as tretas criadas nos gabinetes com ar condicionado.
Alguém decide que é preciso cortar o mato, custe o que custar, e quem não o fizer, fica sem a casa.
É que quem manda sabe que se o Estado ficar com os terrenos, será um buraco financeiro sem fim e não haverá a quem enviar as multas e as culpas quando os incêndios acontecerem.
Esqueceram-se que muitos dos matos que arderam são terrenos públicos?
Esqueceram-se que o Pinhal de Leiria ardeu todinho?
Vou fazer uma pequena conta.
Em média, um terreno florestal razoavelmente cuidado produz 8 toneladas de madeira de pinho e eucalipto por ano e por hectare.
Cada tonelada tem um preço médio (em terrenos acidentados e com maus acessos tem um preço menor) na casa dos 30€/tonelada o que dá um rendimento de 240€/ano.
Para os lisboetas terem uma ideia, como o Jardim Botânico tem 5 hectares, produziria em média 40 toneladas por anos e fosse uma floresta de produção, 100€/mês o que é menos do que os arrumadores de carro fazem. Para terem uma ideia, em 2016, a Universidade de Lisboa abriu um concurso em que disponibilizava a pagar 78000€ pela manutenção e limpeza do espaço. Está bonito e não arde mas o gasto é 65 vezes o que renderia o espaço se fosse uma floresta de produção.
Os de Lisboa querem que as floresta seja como o Jardim Botânico.
O problema é que isso custa muito dinheiro, apenas é possível numa área muito pequena e pago pelo contribuinte.
Quanto custa "limpar" um hectare de floresta?
Vamos pensar que vai, simplesmente, ser aplicado herbicida Glifosato 36% (meu Deus, herbicida não, dizem os dos gabinetes com ar condicionado).
São precisos 6 litros/ha o que tem um preço de 330€.
Agora, pensemos na aplicação. Um homem precisa de um dia para aplicar o herbicida pelo que será um custo de pelo menos 70€.
Por baixo, dá um total de 400€/ha por ano (aplicar-se uma vez) e tem um rendimento de 240€/ano.
Se não se quiser usar herbicida (os do ar-condicionado estão sempre a dizer que vão proibir), a maior parte da floresta portuguesa é de montanha, terreno muito acidentado, não havendo outra solução.
Nos locais melhores, mais planos, e que são uma minoria (basta ver na televisão onde os incêndios acontecem), é possível a redução mecânica da vegetação mas o custo do tractor anda nos 50€/hora.
Os velhinho querem entregar os matos ao Estado.
Agora, pensemos assim. Se alguém pensando que limpar o mato fica muito mais caro do que o rendimento que retira dali decidir entregar o terreno ao Estado, o que faz?
Faça o que fizer, o Estado não aceita a doação !!!!!!!!!!!!!!
Assim é fácil descarregar a culpa em quem "não quer limpar" e se o terreno passasse a pertencer ao Estado essa desculpa deixaria de existir.
Não será que os terrenos de que não se conhece os donos não são do Estado?
Quando os terrenos têm valor, aparece logo o Estado a dizer "São meus" mas quando são mais um encardo do que um activo, vem dizer "São de particulares desmazelados".
Lembram-se de um terreno que o Rui Moreira disse que era dele?
Esteve lá centenas de anos sem "dono" porque não valia nada, a autarquia mandava multas a um velhote que se dava ao trabalho de cortar as giestas para não ter problemas.
Mas quando passou a ser possível construir, logo apareceu a Autarquia a dizer "Larga que é meu".
A minha mãe herdou uma matos sem qualquer valor.
Um dia, faz uns 15 anos, apareceu um postal a dizer "A Sr.a tem um terreno florestal e, se não o limpar, vai-lhe ser aplicada uma coima de bilhões."
A resposta foi: "Ex.mo Sr., só pode ser engano pois não tenho qualquer terreno florestal. Se V.Ex.a acha que tenho, fique com ele."
O interessante é que, passados uns anos, apareceu um senhor para comprar esse terreno!!!! Disse que ficava nas traseiras da sua fábrica e que lhe dava jeito para parque de estacionamento.
Ainda pagou 22800€ por 1400 m2 que a minha mãe nunca soube onde ficava, não esteve mal.
Quem tem de "limpar" são os incomodados.
Em Portugal o pensamento é, no fundo, estalinista, os outros que resolvam que eu só tenho direitos.
Mas, em vez de obrigar as pessoas a "limpar" os terrenos na vizinhança das casas de outros, a Lei tem de dizer "Os donos das casas têm o direito de limpar uma faixa de 20 metros nos terrenos vizinhos de forma a diminuir o risco de os seus bens serem destruídos pelo fogo."
Não são os vizinhos da estrada que têm de limpar o terreno confinante mas sim os utilizadores da estrada, isto é, o dono da estrada.
Os incêndios só têm uma solução, queimar tudo em Maio.
Quando começar a vir o calor mas com as plantas ainda com alguma humidade, pegar fogo a tudo, andar aviões a lançar acendalhas por esses montes fora de forma a que fique tudo queimado.
Quando chegarmos ao perigoso tempo quente e ventoso do fim do Verão, já haverá pouco ou nada para arder.
Mas isto é pregar em latim, no deserto, para árabes, surdos e que estão a dormir profundamente.
Sobre o comentário do armamento chinês.
Mesmo imaginando que os indianos são incompetentes no uso dos aviões, fiquei preocupado e é um aviso aos europeus que pensam que não é preciso gastar dinheiro em defesa.
Depois de demonstrarem em combate a sua superioridade face aos aviões europeus, o governo chinês disse algo perigoso, que Taiwan os estava a atacar em termos cibernéticos. Para mim, a china está a ensaiar um pretexto para invadir Taiwan.
Acabo com uma pergunta.
O que faziam 5 jornalistas nas escadas do último piso de um hospital em Gaza que, por acaso, é um dos mais altos edifícios da zona?
Estariam a fotografar um caracol, uma lagartixa ou uma aranha que se pensavam extintos?
Haverá por lá assim tantos jornalistas e tão poucas notícias a ponto de haver às dúzias no último piso de um hospital a relatar que as urgências estão fechadas?
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