domingo, 31 de maio de 2015

8 - A revelação

Crime e Redenção  Pedro Cosme Vieira ______________________ Ver o capítulo anterior (7 - A penitência)   8 – A revelação  Como a Maria Zé combinou com a Dulcinha que só voltaria a casa quando tudo estivesse pronto para o funeral, depois da confissão decidiu ir para casa dos pais. Pelo caminho foi matutando na penitência proposta pelo Sr. Padre Augusto, “Mas se o Simeão morreu, já não há nada que possa ser feito, nada que o possa trazer de volta à vida. Por isso, não compreendo como ter mais 4 filhos me pode redimir deste pecado”. Assim que chegou ao casebre dos pais e viu a mãe à porta, vestida de preto para marcar o luto, disse “Mãe, o meu Simeão morreu e Deus nunca mo perdoará”. – Minha filha, Deus há-de perdoar-te...

quarta-feira, 27 de maio de 2015

7 – A penitência

Crime e Redenção  Pedro Cosme Vieira ______________________ Ver o capítulo anterior (6 - A confissão) 7 – A penitência – Sabes minha filha, eu conheço a Júlia desde que ela era jovem e inocente, fui já eu quem a casou e quem lhe baptizou os filhos. – Mas Sr. Padre, o Sr. deve estar a confundir pois ela nunca teve filhos, toda a gente sabe que ela nunca teve filhos, ela mesmo me disse variadíssimas vezes que nunca teve filhos! – Deves pensar que eu estou a ficar cansado da cabeça pois sempre ouviste dizer isso mas teve filhos e logo quatro que eu baptizei naquela pia baptismal que está ao fundo da igreja, na mesma em que te baptizei a ti e ao teu Simeão. Naquele tempo já constava que alguém fazia o defumadouro para evitar...

domingo, 24 de maio de 2015

6 - A confissão

Crime e Redenção  Pedro Cosme Vieira ______________________ Ver o capítulo anterior (5 - A casa) 6 – A confissão A Maria Zé chegou à casa paroquial pouco passava das 10h30. Puxou o arame da sineta – tlim, tlim, tlim – e passado um ou dois minutos apareceu a criada do Sr. Padre, a Menina Encarnação. – Bom dia Sra. Maria José, o que a traz por cá? Vejo que vem de preto pelo que não deve ser coisa boa. – Sabe Menina Encarnação, o meu filho mais pequenino, o Simeão, morreu durante a noite e eu vinha cá para falar com o Sr. Padre e tratar do funeral. Já havia alguns dias que estava meio doente, não queria comer, ainda pensei chamar o Sr. Dr. Acácio mas como pensei que a doença não fosse grave e o dinheiro não gosta de aparecer...

quarta-feira, 20 de maio de 2015

5 - A casa

Crime e Redenção  Pedro Cosme Vieira ______________________ Ver o capítulo anterior (4 - A preparação) 5 – A casa O casebre era pequeno, 9 x 6 m2, com uma parede no sentido transversal usada para formar a dispensa onde estavam guardados 5 pipos de vinho, a caixa do pão com uma divisão maior para o milho e outra menor para o feijão e a caixa da roupa maior, cobertores, mantas e casacos para usar no Inverno. O quadrado que sobrava do casebre era dividido pela cumeeira numa metade que era a sala e na outra metade que eram dois quartos onde praticamente só cabiam a cama, uma caixa pequena para a roupa de vestir e um banco que também servia de mesinha de cabeceira. A sala tinha uma mesa formada por duas tábuas velhas, dois...

domingo, 17 de maio de 2015

4 - A preparação

Crime e Redenção  Pedro Cosme Vieira ______________________ Ver o capítulo anterior (3 - O desgosto) 4 – A preparação A Maria Zé ficou a gritar, inconsolável, absorvida pela dor e pela ideia de que tinha sido cúmplice de um crime de dimensão bíblica. Mas, com o decorrer dos minutos começou a alinhavar alguns pensamentos desculpabilizadores. “Só agora percebo porque as pessoas falavam no defumadouro como algo terrível. Em criança eu acreditava no que diziam, que as crianças que morriam eram anjinhos que Deus tinha colocado provisoriamente no meio de nós e que, naquela noite, tinha chamado de volta para junto Dele mas, afinal, agora sei que essas crianças, pelo menos algumas, morreram por causa do defumadouro. E, tanto...

quarta-feira, 13 de maio de 2015

3 - O desgosto

Crime e Redenção  Pedro Cosme Vieira ______________________ Ver o capítulo anterior (2 - O defumadouro) 3 – O desgosto Os meses correram rapidamente. Quando o Rúben começou a gatinhar já a Maria Zé estava à espera de outra criança que nasceu quando a primeira ainda mal caminhava. Nasceu outro rapazinho, o Simeão, pequenino mas já com muito cabelo preto, encaracolado. Como no primeiro filho tinha corrido tudo bem, agora já nem se lembravam de que o menino, um dia, teria de ir ao defumadouro. A criancinha foi crescendo mas notava-se que, relativamente ao Rúben, havia qualquer diferença. Chorava muito mais e, a mamar, deixava cair a cabecinha para o lado e para trás. Também, quando deitado de bruços não conseguia levantar...

domingo, 10 de maio de 2015

2 – O defumadouro

Crime e Redenção  Pedro Cosme Vieira ______________________ Ver o capítulo anterior (1- A anomalia) 2 – O defumadouro Nos dias seguintes, a Maria Zé e o Francisco conversaram longamente sobre o problema do defumadouro e, em termos racionais, concluíram que um filho não passando de um resultado aleatório de entre milhões de possibilidades e podendo haver escolha a priori de entre esses milhões de filhos potenciais, todos os pais rejeitariam os que tivessem alguma doença grave. Então, parecia-lhes totalmente aceitável pedir à Tia Júlia que rejeitasse os filhos que pudessem padecer da maldita doença. O que a Maria Zé achava incompreensível era o drama que a Tia tinha construído à volta da questão. Se lhe parecia natural que,...

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Vou escrever um romance

Isto de criticar os esquerdistas.  Parece que é proibido em Portugal. Então, vou começar a publicar um romance. Hoje vou publicar a introdução e o primeiro capítulo. Depois, todas as quartas feiras (e Domingos porque já tenho muitos capítulos) publicarei outro capítulo.  No romance relativizo a moral misturando o bem, o mal, o arrependimento, a redenção e o perdão.  O projecto nasce de um desafio que lancei ao Richard Zimler que não me conhece e que eu não conheço. Naturalmente, não somos amigos. Por acaso somos colegas de trabalho mas nunca nos cruzamos na vida.  O Richard não aceitou o desafio o que me obrigou a avançar com o projecto. Este post também vai servir de índice do romance pelo que, semanalmente, vou...

1 – A anomalia

Crime e Redenção  Pedro Cosme Vieira ______________________ Algures na Europa, faz agora um pouco mais de 150 anos, um pequeno povo foi massacrado e expulso do local em que habitualmente vivia por ser portador de uma doença qualquer. Os sobreviventes desse crime passaram a viver num monte agreste propriedade do Arquiduque e, desde então, mesmo vivendo com privações e pesados impostos, conseguiram crescer, multiplicar-se e começar a colonizar o mundo. No entanto, mesmo usando como escala o que aconteceu há 150anos, um crime de dimensões inimagináveis está prestes a acontecer. O bom desta história é que todo o crime pode ser redimido. Ou talvez não. 1 – A anomalia A família da Maria Zé era portadora de uma anomalia talvez genética...

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