O Marechal Seringas escreveu um manifesto no jornal Público.
Nesse texto, prioridade para uma agenda mobilizadora (30/07/2025), diz que os portugueses têm 3 problemas, habitação, saúde e imigração. E, naturalmente, se for eleito como presidente da república, vai resolvê-los.
O problema destes três problemas é que não têm solução!!!!!!!!
Melhor dizendo, defende as soluções que têm sido experimentadas no passado. Digamos que é o argumento dos comunistas: O comunismo não funcionou na URSS porque foi deturpado por interesses privados e corporativos.
O Marechal não percebe nada de economia e, por isso, não consegue resolver problemas.
Quando desenhei a disciplina de Introdução à Economia para alunos de jornalismo, pensei transmitir um quadro de conhecimento que evitasse pensarem que a Economia é senso comum. Como fui acusado de nessa disciplina nada ensinar, na semana passada publiquei o conteúdo programático:
Introdução à Economia = Parte 1 -Teoria do Produtor
Introdução à Economia = Parte 2 -Teoria do Consumidor e Economia Monetária
Podem ver que a disciplina tinha grande alcance e que, atendendo a que apenas tinha 36 horas lectivas. É um texto que ensina não só economia como também Excel (penso ser uma ferramenta importante para os alunos) mas que é muito denso, de difícil leitura (não é um romance), obrigando a bastante estudo por parte do aluno.
Os resultados foram muito melhores do que antecipei, os alunos eram muito inteligentes (apesar de haver meia dúzia de filhas da puta que faziam uma barulheira impossível de aturar).
1 = Vamos ao problema da habitação.
Diz o Seringas que a causa do problema da habitação é os preços serem elevados, escassez de oferta e dificuldades de acesso. Mas isso é uma verdade de Lapalice: o soldado está morto porque morreu.
Primeiro, "os preços elevados, a escassez de oferta e a dificuldade de acesso", são a mesma coisa, de qualquer uma delas, resultam as outras.
Segundo, o problema da habitação são exactamente "os preços elevados, a escassez de oferta e a dificuldade de acesso" e não a sua causa.
Qual a causa da crise da habitação?
O Carneiro foi ver uma fábrica de pré-fabricados e achou muito barato um preço de 1000€/m2 de construção. Isso é caríssimo!!!!! Esse homem vive noutro planeta, no planeta dos milionários.
Uma casa de qualidade média, de rés-do-chão amplo e andar, construída em alvenaria e laje em betão, tem um custo na ordem dos 500€/m2.
Uma barraca razoável, em tábuas de madeira, construída pelo próprio, tem um custo na ordem dos 50€/m2. Sim, uma barraca T3 com 80 m2 tem um custo na ordem dos 4000€.
É legal dormir ao relento mas fazer uma casa de qualidade e local adequados aos rendimentos da pessoa já é proibido.
Fora das cidades, é tudo reserva agrícola, florestal, ecológica ou de protecção a uma estrada ou outra coisa qualquer.
Depois, nos locais onde se pode construir, há uma porção de regulamentos e de limitações.
A solução para a crise da habitação passa por liberalizar a construção em locais não urbanos:
1) Designa-se como "habitação de baixo impacto" à construção em madeira destinada a habitação, com um piso, menos de 80 m2 de área bruta e que não impermeabilize o solo.
2 = Vamos ao problema da saúde.
O problema é que, apesar de os hospitais serem públicos, os médicos (e demais) são privados.
Na prática, o SNS é uma estrutura pública formada por uma multidão de elementos privados que procuram o lucro. Lembro que, num hospital público, um médico funcionário público de um hospital público, facturou 400 mil euros em trabalho extraordinário realizado em 10 Sábados.
Ao ser a estrutura pública formada por elementos privados, é impossível que seja eficiente como uma empresa privada (também formada por elementos privados) porque o gestor público não procura o interesse da instituição pública porque não lhe pertence.
No outro dia ouvi o Brinca dizer que "um hospital público bem gerido é igual a um hospital privado".
O problema é que um hospital público nunca pode ser bem gerido porque os objectivos do administrador não é a eficiência da instituição mas apenas o seu interesse privado.
Dizer que "um hospital público pode ser bem gerido" é exactamente igual a dizer que "O comunismo pode funcionar se for bem implementado, isto é, se os ditadores gerirem bem o país".
O problema é que os ditadores nunca, jamais, procuram a boa gestão do país porque não estão no poder por serem bons gestores mas apenas por serem sanguinários que mataram toda a oposição.
O bom funcionamento do SNS passa obrigatoriamente pela PRIVATIZAÇÃO DE TODOS OS HOSPITAIS E CENTROS DE SAÚDE.
3 = Vamos à crise da imigração.
Primeiro, aumentar o número de imigrantes não nos faz convergir com a média da União Europeia, pelo contrário.
Bem sei que há um "estudo" de uns parolos da Faculdade de Economia do Porto que o afirma mas está totalmente errado.
O que mede a nossa convergência é o PIB per capita e não o PIB. O que me o avanço de uma economia é o quanto se produz por pessoa e não o quanto se produz. Se numa casa com 4 pessoa se produzem 100 pães (dá 25 pães por pessoa) e passa-se a produzir 200 pães porque chegaram 6 imigrantes, a casa ficou menos desenvolvida (passou a produzir 20 pães por pessoa).
Em tempos tive um processo e acabei por ser despedido por escrever neste blog que me incomodava estar num local público e haver pessoas a dar gargalhadas e a falar numa língua estrangeira que eu não compreendesse.
Não se resolve o problema da imigração dizendo que lhes pretendemos dar direitos quando, ao mesmo tempo, proibimos a vinda de pessoas diferentes e tentamos "esmagar" a sua cultura com o argumento da "integração". Passa, antes pelo contrário, por criar um estatuto especial de "trabalhador deslocado" para pessoas estrangeiras solitárias (só vem o trabalhador):
1) A entidade laboral pode contratar estrangeiros como "trabalhador deslocado".
2) É a entidade laboral que passa o visto de "trabalhador deslocado", sem intervenção do SEF.
3) O visto pode ser transferido para outra entidade laboral.
4) Existe liberdade nas condições do contrato, nomeadamente, o salário, horário, regime de férias, alojamento, alimentação e valor a pagar em caso de transferência do contrato.
5) O contrato tem de ser explícito quanto às condições e tem de ser aceite antes da entidade laboral enviar o visto.
6) O "trabalhador deslocado" paga 1€/dia de taxa de permanência ao município onde reside e 1€/dia ao município onde trabalha.
7) Não existe a possibilidade de o visto de "trabalhador deslocado" dar origem em visto de residência.
8) Findo o tempo do contrato, o estrangeiro tem de abandonar o país durante um período mínimo de 2 dias por cada mês que esteve em Portugal.
7) Quando o "trabalhador deslocado" atingir a idade de reforma, recebe no seu país uma mensalidade sem valor mínimo:
Pensão = Número de anos em que descontou x salário médio actualizado x 2%.
Podemos melhorar todos mesmo piorando no agregado.
Vamos supor que cada português produz 1000€/mês e ganha 1000€/mês.
Vamos supor que o estrangeiro produz no seu país 100€/mês e ganha 100€/mês mas que em Portugal, aproveitando do ambiente que aqui existe, produz 600€/mês.
Melhoram todos se os portugueses passarem a ganhar mais do que 1000€/mês (mesmo que produzam o mesmo) e se os estrangeiros passarem a ganhar mais do que 100€/mês.
Vou então fazer umas contas considerando o cenário base sem imigrantes e dois cenários (um com poucos imigrantes e outro com muitos imigrantes):
Podemos ver que o PIB aumenta 30% mas o PIB per capita, que mede o nível médio de vida, diminui 13%.
No entanto, com políticas de distribuição diferenciadas, é possível que o nível de vida dos portugueses melhore (e passem a aceitar mais imigrantes) e também o nível de vida dos "trabalhadores deslocados" também melhor substancialmente face à sua situação de origem.
Ganham todos.
Mas não podemos defender a igualdade de direitos dos imigrantes pois, esse caminho, apenas leva a repulsa e ao crescimento da ideia de que os imigrantes nos fazem mal.
Qual será o número máximo de imigrantes que Portugal pode comportar?
É um número muito grande.
Se o Bangladesh tem 170 milhões de pessoas em 150 mil k2, Portugal aguenta 110 milhões à vontadinha, 10 "trabalhadores deslocados" por cada português .
Digamos que podemos ser como os Emirados Árabes Unidos que, com uma população de 1.2 milhões de nacionais, tem 8.6 milhões de imigrantes legais e mais uns quantos ilegais. E, tanto quanto sei, nos UAE não existem problemas com imigrantes.
Mas, naturalmente, não lhes podemos dar igualdade de direitos, muito menos, direito de voto.
Na UAE, as empregas domésticas filipinas vivem na arrecadação.
Em Paris, os portugueses gostavam de ser seguranças nos condomínios porque podiam dormir nos arrumos e mesmo na casa das máquinas do elevador.
Na construção civil também era bom porque dormiam nas obras.
Qualquer buraquinho dava para dormir porque o importante era juntar uns cobres para fazer uma maison na aldeia.