segunda-feira, 24 de maio de 2021

A alegada exploração dos imigrantes de Odemira, von Mises e Coase.

Na comunicação social, os esquerdistas falam muito da exploração dos imigrantes.

Falam mas não apresentam testemunhos, em dezenas de milhar de imigrantes que trabalham na agricultura um pouco por todo o país, apresentam um ou 2 casos de pessoas exploradas, melhor dizendo, burlados pois trabalharam e não receberam o que tinha sido previamente contratado.

Mesmo essa pessoa teria ficado feliz se o contrato tivesse sido cumprido em todas as suas alíneas.

Então, há aqui algo que não bate certo. Como é que esses milhares de explorados não se queixam?

É que o julgamento apenas pode ser feito pelas partes do negócio.


Diz von Misses que o julgamento dos esquerdistas é errado porque não conhecem as preferências dos intervenientes.

Vejamos então a tese de von Mises (1920) na sua obra Economic Calculation in the Socialist Commonwealth.

1 = As pessoas são diferentes umas das outras, não interessando saber se a diferença resulta da genética, da influência dos pais ou das interacções sociais. Apenas interessa saber que o que nós gostamos é diferente do que as outras pessoas gostam e que essa diferença é desconhecida pelas outras pessoas.

Umas pessoas gostam que a roupa cheire a alecrim e outros gostam que cheire a alfazema; umas gostam de maças e outras de pêras; umas gostam de trabalhos físicos e outras de trabalhos intelectuais; umas pessoas gostam do Benfica e outras do Sporting; umas pessoas são altas, outras são baixas; umas pessoas são novas e outras são velhas.


2 = Numa transacção, C não consegue avaliar o ganho de cada interveniente. Quando acontece uma transacção ou um contrato entre as pessoas A e B, a pessoa C externa a esta transacção não consegue avaliar o ganho de cada pessoa porque não conhece a especificidade de cada pessoa, não conhece os seus gostos e preferências.

Se A trocou com B 3 kg de pêras por 1 kg de maçãs, o C, não sabendo os gostos de A e de B, nada pode dizer sobre quem ganhou mais com a transacção.

Se o agricultor A paga 2,5€/h ao imigrante B para apanhar frutos, o esquerdista C não pode dizer que A explora o B porque não sabe o que pensa o B.

 

O agricultor lucra com o imigrante mas o contrário também acontece.

Eu tentava todos os anos que os meus alunos de Seminário fizessem um estudo sobre a imigração.

Pergunta 1 = Porque razão um nepalês a apanhar framboesas no Nepal tem um salário de 0,50€/hora?

A resposta é sempre que "Motivado pela sua baixa escolaridade, porque tem falta de conhecimentos, tem produtividade pequena."

Pergunta 2 = Porque razão um nepalês a apanhar framboesas em Portugal tem um salário de 5,00€/hora?

A escolaridade e conhecimentos do nepalês mantêm-se os mesmos!

Pergunta 3 = Porque razão o nepalês não produz frutos no Nepal e exporta para o Norte da Europa (mercados para os quais Portugal exporta as framboesas)?

 

O nepalês a explorar o agricultor português.

Se um agricultor paga 0,50€/hora ao nepalês a trabalhar no Nepal e tem que pagar 5,00€/hora quando este trabalha em Portugal, apenas podemos concluir que o nepalês está a explorar o português!

 

Vamos agora a Coase.

Se von Mises garante que uma transacção entre A e B é sempre benéfico para ambas as partes mesmo que C não o ache, Coase vem falar das situações em que a transacção se "externaliza".

Vamos supor que A e B lucram com a transacção mas que C sofre um prejuízo indirecto.

Neste caso, Coase prova que, em vez da proibição, é sempre possível desenhar um contrato entre A, B e C em que todos passam a ter benefício.


Vamos um exemplo.

Quando os turistas visitam a cidade de Lisboa, é bom para os turistas (senão, não viriam) e é bom para os donos dos restaurantes, hotéis, museus, táxis. No entanto, é mau para a maioria das pessoas por causa do barulho, da ocupação do espaço público e do lixo produzido.

Uma solução seria a maioria proibir o turismo mas foi possível fazer um contrato.

Cada turista paga 2,00€ por dia à Câmara Municipal e os utiliza a favor da maioria, mais do que compensando o dano do turismo.

Este pagamento vai diminuir o ganho do turista mas que, mesmo assim, se mantém superior a zero (que seria o ganho em caso de proibição) e o ganho dos operadores turísticos (por diminui ligeiramente a despesa dos turistas) mas recompensa os prejuízos causados à maioria (que fica com um ganho maior do que zero).


Poderia apresentar milhões de exemplos.

Expropria-se um terreno para uma estrada. Isso causa prejuízo ao proprietário e ganho à maioria da população. Então, paga-se um valor que anule o prejuízo do proprietário (reduzindo o ganho da população)


A imigração deve ser livre mas responder aos prejudicados.

Vamos supor que o agricultor ganha 9€/hora com os imigrantes e que o imigrante perde 1€/hora (que seria o que ganharia no Nepal, acrescido do custo psicológico de estar longe de casa).

Para haver uma divisão "justa" do ganho será o agricultor pagar 5€/hora. Neste caso, o ganho do agricultor será de 9-5 = 4€/h e o ganho do imigrante será 5-1 = 4€/h.


Os imigrantes prejudicam os munícipes.

Os prejudicados são as pessoas que vivem nos concelhos onde estão as estufas e que não lucram comercialmente com a estadia dos imigrantes, isto é, não arrendam quartos nem vendem coisas aos imigrantes.

Uma forma de compensar estas pessoas é os imigrantes pagarem à autarquia (que a canalizará para as populações) uma taxa semelhante à Taxa Turística cobrada um pouco por todo o país.

O valor que proponho para a taxa é de 2,55€/dia!

Este valor é exactamente os 10% de TSU pago por quem recebe o Salário Mínimo Nacional.

Taxa = SMN *14 * 10% / 365


O "perigo de islamização"

O deputado André Ventura levantou no parlamento a questão da islamização. Este prejuízo é psicológico mas pode ser compensado.

Uma forma será preferir os indianos que são cristãos, cerca de 30 milhões.

Outra forma é de compensar este "prejuízo" é os imigrantes serem "não residentes" com uma "autorização de prestação de serviços agrícolas" limitada a um máximo de 10 anos.

Também poderia haver uma taxa, equiparada à Jizia cobrada aos cristão nos países muçulmanos,  para ajudar as comunidades cristãs perseguidas.

E no Nepal são Hindus.


Em vez de levantar muros, deixar o mercado funcionar.

Existem milhões de pessoas que querem vir trabalhar para a nossa agricultura recebendo 2,50€/hora.

Para evitar que esses milhões venham por ai, levantam-se muros em volta da União Europeia de que Ceuta é um pequeno exemplo.

Se o salário dos imigrantes diminuísse para 2,50€/hora, menos pessoas quereriam vir, diminuindo a necessidade de muros.

Por outro lado, a nossa agricultura ficaria mais competitiva, dando lucro aos portugueses e aumentando a contratação de imigrantes.

É assim que funciona a economia de mercado (que os esquerdistas chamam capitalismo neo-liberal) a a caminho do equilíbrio, onde não é preciso haver proibições nem muros.


Fig.1 - E deixar vir as mulheres que, no Nepal, trabalham sol a sol para ganhar menos de 5€. E com mulheres, as casas dos imigrantes não estariam tão porcas.



1 comentários:

Silva disse...

Reformas estruturais:

Abolição do salário mínimo
Liberalização dos despedimentos
Abolição dos descontos

etc.

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