O Trump pacificou o conflito Arménia-Azerbeijão.
O recente acordo entre a Arménia e o Azerbaijão que prevê a criação do chamado “Corredor de Trump”, representa um capítulo surpreendente numa longa história de tensões geopolíticas no Cáucaso.
O Azerbaijão há décadas procura garantir um corredor terrestre para conectar o seu exclave de Naquichevão à sua parte principal do território e a continuação para a Turquia (Corredor de Zangzur), uma questão que já provocou vários confrontos armados e ameaças de invasão à Arménia, apoiada pela Turquia. Em retaliação, a Arménia está 'embargada' pela Turquia o que prejudica a sua ligação à União Europeia com quem se quer associar.
Podíamos pensar "Fizeram as pazes porque a Arménia vai deixar o Arzebeijão passar pelo seu território para a Turquia desencravar o país" mas há um pormenor não identificado pela comunicação social e que torna o acordo muito diferente de tudo o que tem sido feito nas últimas décadas.
TRIPP - Trump Route for International Peace and Prosperity
Neste acordo, a Arménia cedeu aos Estados Unidos um corredor estratégico de terra, que será gerido por uma empresa privada — um modelo que evoca directamente as concessões coloniais do passado, como as dadas pela coroa britânica às Companhias das Índias Orientais, que controlaram, além de partes importantes da Índia, territórios como Singapura, Malaca e Birmânia.
Um modelo que não se via há mais de 100 anos.
A Companhia das Índias Orientais pagava pela concessão uma renda à Coroa Britânica e detinha o controlo administrativo e económico dos seus territórios, garantindo a segurança com as suas próprias forças militares privadas, funcionando como uma entidade quase estatal sob a concessão da coroa britânica. Ou seja, a Companhia das Índias Orientais tinha os poderes de um estado, podendo mesmo invadir territórios e declarar guerras.
Assim como a Companhia das Índias Orientais, sob a coroa britânica, detinha o controlo administrativo, económico e militar de vastos territórios coloniais, a Gaza Humanitarian Foundation, criada em Fevereiro de 2025 com apoio dos EUA e de Israel, assume funções semelhantes ao gerir a distribuição de ajuda humanitária em Gaza, operando com apoio de empresas privadas de segurança e sem a supervisão de estados nem organizações humanitárias independentes.
Embora a Gaza Humanitarian Foundation seja uma entidade relativamente pequena e não tenha fins comerciais, o seu significado é grande, pois representa o retorno de um modelo de controlo privado e quasi-soberano sobre territórios que não se via no direito internacional desde o século XIX.
Voltemos ao Acordo Arménia- Arzebeijão.
No acordo entre a Arménia e o Azerbaijão, um país soberano cedeu a outro — neste caso, os Estados Unidos — o controlo de um corredor territorial para exploração comercial por pelo menos 99anos (não existe data para o término do acordo). Esta situação lembra a fundação de Macau ou Hong Kong, onde a soberania chinesa não foi totalmente transferida, mas sim concedido o direito de exploração económica e administrativa por longos períodos.
Apesar de a Wikipédia dizer que o acordo entre os USA e a Arménia dura 99 anos, de facto, não tem duração prevista (nem foi publicado), apenas que os USA vão receber o território da Arménia e, depois, vão concede-lo a uma empresa privada pelo prazo de 99 anos.
Os Irão passa a fazer fronteira com os USA.
O corredor terá 47 quilómetros de extensão mas ainda não está definido exactamente onde será nem a sua largura, podendo (ou não) ser uma faixa que segue a actual fronteira entre o Irão e a Arménia.
Só falta que a empresa que vai gerir a faixa seja israelita !!!!!!!!!!
Será este o modelo possível de usar na Ucrânia?
Na Ucrânia, o conflito tem uma dimensão profunda ligada à soberania territorial: a Ucrânia não quer ceder território à Rússia, enquanto a Rússia recusa qualquer possibilidade de que essas áreas permaneçam sob controle ucraniano. Diante deste impasse, surge a possibilidade de um acordo intermédio, no qual as zonas disputadas são transferidas para controlo de um terceiro — neste caso, os Estados Unidos — mantendo formalmente a soberania ucraniana, mas permitindo que os EUA explorem, administrem e garantam a segurança dessas áreas através de empresas privadas.
Este modelo serviria como um mecanismo para evitar a anexação directa por parte da Rússia, ao mesmo tempo que garante uma gestão funcional e estratégica do território, protegendo interesses aliados.
Este arranjo cria uma zona ‘mista’, onde pessoas e empresas russas e ucranianas terão direitos iguais — incluindo acesso, estabelecimento e saída — com a segurança assegurada por tropas europeias neutras ou internacionais. Considerando a vasta extensão do território envolvido, cerca de 120.000 km², estaríamos perante a criação de um quase-país ‘condomínio’ entre a Ucrânia e a Rússia em que a Ucrânia pode manter a soberania de jure (como a China mantém sobre Taiwan), enquanto que a soberania de facto será exercida por uma empresa privada, apoiada pelos Estados Unidos, responsável pela administração, exploração económica e segurança operacional do território.
Será este o modelo da Riviera de Gaza?
Esta ideia encontra ecos nas recentes declarações de Donald Trump sobre a ‘Riviera de Gaza’, onde ele propõe um modelo semelhante de administração privada e concessão territorial, reafirmando um padrão emergente de terceirização da gestão de territórios em zonas de conflito. Nas suas próprias palavras, esse modelo prevê a transferência do controlo prático para empresas privadas sob o patrocínio dos EUA, mantendo formalmente a soberania indeterminada, mas delegando a gestão económica e de segurança a atores externos.
Na concessão de Gaza a soberania continuará indeterminada entre Israel e um futuro estado palestiniano. Com um objectivo prático, o modelo aplicado ignora essa questão, focando-se na gestão prática do território por entidades privadas sob a tutela dos EUA, o que representa uma nova dinâmica de controlo territorial que transcende as disputas tradicionais de soberania.
Como será o Mundo daqui por 100 ou 200 anos?
As guerras contemporâneas, em grande medida, nascem de disputas de soberania — quem detém o controlo legal, político e simbólico sobre um território. A proposta do Presidente Trump introduz um modelo em que a soberania é deixada indeterminada ou reduzida a um elemento meramente simbólico, transferindo a sua resolução para um horizonte temporal de 100 ou 200 anos. A aposta é que, nesse futuro distante, a paz e a prosperidade terão dissipado a relevância prática dessas questões. É possível imaginar que, dentro de dois séculos, as fronteiras tradicionais terão perdido grande parte do seu peso político, substituídas por redes de integração económica e administrativa supranacionais. A soberania, nessa visão, poderá ser vista mais como uma herança cultural do que como um instrumento de poder, e as zonas hoje disputadas poderão existir como espaços abertos, economicamente dinâmicos e politicamente estáveis, onde o conceito clássico de ‘território nacional’ terá sido amplamente superado.
Se tal modelo se concretizar e tiver sucesso, Donald Trump será lembrado não apenas como uma figura controversa dos princípios do Sec. XXI, mas como o político que concebeu um modelo inovador para resolver conflitos, transformando disputas territoriais em oportunidades de cooperação e desenvolvimento.
Este texto teve a ajuda extensa e preciosa do ChatGPT 5