sexta-feira, 6 de agosto de 2021

As medalhas dos naturalizados escondem o fracasso das políticas desportivas

Ter medalhas olímpicas é muito difícil.

Ganhar uma medalha implica o atleta estar muito próximo de ser o melhor do mundo e com tanta gente a tentar, a dificuldade é extraordinariamente grande.

Em cada olimpíada há cerca de 960 medalhas para distribuir. Tendo nós 10/7300 = 0,14% da população mundial, temos "direito" a 1,3 medalhas/olimpíada. Se reduzirmos a nossa participação ao pós-25-abril-1974, tivemos 21 medalhas em 12 campanhas, 21/12 = 1,75 medalhas/olimpíada, o que está um bocadinho acima da "média".


Mas, como lembrou o presidente, algumas dessas medalhas são de naturalizados.

Vindo as medalhas dos naturalizados, parece que está tudo bem, acima da média, mas não está.

Se tirarmos as 6 medalhas dos referidos pelo presidente, temos  15/12 = 1,25 que está na média.


Mas o nosso rendimento per capita implica que deveríamos ter mais.

Tirando ainda as 7 medalhas dos 4 atletas de grande distância (Carlos Lopes, Rosa Mota, Armando Leitão e Fernanda Ribeiro) porque são medalhas próprias dos países africanos pobres e que traduzem esforço individual, ficamos muito fraquinhos.

8 medalhas em 12 jogos!


Nem no futebol, onde somos os melhores do mundo.

Consta que somos os melhores do mundo, com escolas de futebol em todas as terriolas mas nem sequer fomos seleccionados para aparecer, nem para o último lugar fomos capazes. 

Bem sei que se tivéssemos sido seleccionados "teríamos trazido a medalha de ouro" (é sempre esta cantilena) mas o facto é que nem lá sentamos o cu.


Para sermos melhores é preciso investir no desporto escolar.

Muitas das coisas que se "ensinam" na escola é pura perda de tempo, serve apenas para entreter e gastar o tempo dos alunos. Sem qualquer dúvida que matemática, física, química, biologia, geografia ou filosofia são importantes para trazer o aluno do senso comum para o saber científico. 

Mas os programas, em vez de se perderem em conhecimento enciclopédico deverão concentrar-se apenas no suficiente para desenvolver o saber científico, deixando tempo ao aluno para o desporto.

É que para o desporto escolar dar frutos precisa de 90 minutos todos os dias e, nos alunos com mais potenciais, esses tempo tem que ser ainda maior.

Por exemplo, para um judoca evoluir e poder apresentar resultados já aos 16 anos (a Daria Bilodid foi campeã europeia com 16 anos e do mundo com 17 anos), tem que começar aos 10 anos e correr 45 minutos, fazer 15 minutos de alongamentos e treinar técnicas e combate durante uma hora, todos os dias.


Como ouvi atentamente de um professor que me odiava (e vice-versa).

O professor Carlos Madureira é um comunista inveterado pelo que, naturalmente, só poderia haver choque entre nós. Mas deixemos as coisas pessoais pois aprendi coisas com ele. 

Eu estava sempre atento ao que o bicho dizia e um dia atirou "O ensino deve ser em ping pong". Pus as mãos nas orelhas para ouvir ainda melhor.

"Divido a disciplina em 10 capítulos em que são precisas 8 aulas para dar cada capítulo. Como o semestre só tem 24 aulas, utilizo as primeiras 8 aulas para leccionar aprofundadamente o primeiro capítulo. Nos outros capítulos uso apenas uma aula, 'ensinando pela rama' e outras 8 aulas meto noutro capítulo que escolho aleatoriamente. "

 O bicho disse ainda "É obrigatório escrever uns apontamentos que cubram os 10 capítulos de forma aprofundada, dá para nos prepararmos e possibilita o aluno mais interessado ficar a saber como se tivesse tido as 80 aulas". 


Estava eu a falar do ensino.

Deveria haver menos carga de conteúdo e as notas serem apenas na escala 1-5 mesmo na universidade (como no Reino Unida A, B, C, D e F).

Andam os alunos a dar cabo da juventude, com explicações e injecções de exercícios a tentar tirar um 19 apenas para entrar num concurso qualquer quando 15 já demonstra toda a sua capacidade.

Haver menos conteúdo e menos notas iria libertar as 2 horas diárias (sem explicações) para que os alunos pudessem praticar desporto escolar.

Sem isto, será verdade a previsão do grande Obikwelu e os governantes poderão continuar a dizer que  "as nossas políticas do desporto são a mais correctas, olhem para as medalhas".


"Para Portugal ter mais medalhas precisa mandar vir mais Obikwelu's da Nigéria"


Quase me ia esquecendo da questão financeira.

Uma medalha de ouro deveria dar um prémio de 1 milhão €.

Uma medalha de ouro deveria dar um prémio de 500 mil €.

Uma medalha de ouro deveria dar um prémio de 250 mil €.

Diz a "ciência dos incentivos" que um prémio elevado ao vencedor é a melhor política para incentivar em actividades cujo resultado final é muito incerto (a probabilidade de sucesso é muito pequena) e exige muito esforço.

Concluindo, está tudo errado.

3 comentários:

Hasdrubal disse...

Que acha do projeto, ecole42.
Abriu uma filial em Lisboa.

Silva disse...

A história dos naturalizados não tem nada a ver com medalhas, mas sim tem a ver com quem foi o FDP que mudou a lei da nacionalidade de forma a haver esse tipo de naturalizações.

Hoje em dia aparecem naturalizados como quem troca de camisa, ou seja, qualquer dia serão tantos os naturalizados que não têm nada a ver com o país, nem as suas afinidades, lealdades nem credos, ou seja, a alma e a essência do país tenderão a morrer.

Um dica, é "xuxa" e lançou as bases para o colapso do país.

Anónimo disse...

é como "ver os comboios passar"!

https://executivedigest.sapo.pt/metro-de-lisboa-vai-investir-555-milhoes-nos-proximos-dois-anos/

Enviar um comentário

Twitter Delicious Facebook Digg Stumbleupon Favorites More

 
Design by Free WordPress Themes | Bloggerized by Lasantha - Premium Blogger Themes | Best Hostgator Coupon Code