O problema BPN tem duas questões que estão continuamente a aparecer nos média e, por isso, na mente das pessoas: 1) Terá sido a nacionalização e a 2) privatização as opções correctas.
O problema BPN
Segundo analistas, aquando da sua fundação em 1993, o BPN já tinha uma situação líquida negativa: já nasceu falido.
Fig. 1 - A criança já nasceu feia
Durante o período 1993-2008, o BPN escondeu as suas dificuldades num processo denominado tecnicamente por "Ponzi Game" e conhecido em Portugal por "Sistema D. Branca": aumentou o volume de negócios para aumentar o endividamento. Se, por exemplo, tinha uma situação negativa de 100€, para um endividamento de 1000€, eram 10% mas, para um endividamento de 100000€, eram apenas 0.1%.
Como normalmente acontece, o tapar buracos é sempre feito de forma ineficiente. É preciso pagar taxas de juro muito elevadas e aceitar clientes de elevado risco.
Se nos recordarmos, o BPN, juntamente com o BPP, era o banco que pagava maior taxa de juro pelos depósitos e financiava qualquer fiel farrapo.
Em termos médios, cada hora que o BPN teve as portas abertas, entraram nos seus cofres menos 100 mil de Euros do que os que saíram. Cada hora.
Houve crimes mas 99% destas perdas foram perdidas por gestão inadequada dos riscos de crédito.
Também a CGD, perdeu milhares de milhões de euros. E milhares de bancos por esse mundo fora.
Chegamos a 2008 e a situação rebentou: o BPN ficou sem liquidez e com uma situação líquida negativa que, hoje, se apura como 2500Milhões€. Ou era injectada liquidez ou interrompia os pagamentos como aconteceu no BPP.
1) Terá sido a nacionalização a melhor opção ou era melhor deixar o BPN falir?
Em termos de Portugal, o prejuízo já estava feito. Os 2500M€ estavam irremediavelmente perdidos.
A questão estava apenas em decidir quem ia assumir estas perdas.
Havia os depositantes que estavam protegidos ao abrigo do "Fundo de Garantia dos Depósitos", 100mil€ por depositante. Se o BPN tinha 250mil clientes, em princípio, o FGD garantiam até 2500M€
Havia a CGD e outros bancos que tinham cedido liquidez ao BPN. Podiam ser os credores
Em 2008 os bancos portugueses já estavam sem acesso ao mercado interbancário pelo que estavam com graves problemas de liquidez.
O Nando pensou, pensou, pensou, virou na cama, virou, virou, coçou a cabeça, coçou, coçou, levantou-se e foi fazer um xixizinho, abanou, abanou, lavou as mãos, esfregou, esfregou, voltou à cama, virou, virou e decidiu: vou nacionalizar o BPN senão amanhã há uma corrida aos bancos e é o fim do mundo.
Fig. 2 - Pensou, pensou, ...
Naquela hora, nacionalizar o BPN foi a melhor decisão.
2) Terá sido a privatização a melhor opção ou era melhor liquidar o BPN?
Neste momento, o Estado assumiu todo o passivo líquido do BPN e o governo avança para a privatização como uma tentativa de salvar alguns postos de trabalho.
Mas não há nada a salvar. Como o sector bancário português está a sofrer uma forte contracção, cada emprego salvo no BPN é um emprego perdido noutro banco qualquer. Dos 750 salvos, para ai 250 vão-se perder na CGD, outros 250 no BCP e os outros 250 nos outros bancos mais pequenos.
A liquidação seria executada pela CGD vendendo alguns activos, consolidando outros, pagando os passivos. Isso tinha custosMas subsistem duas questões sem resposta
A) o que acontece se o BIC, daqui a 5 anos, declarar a insolvência?
B) como foi avaliada a situação líquida do BPN e como esses valores ficaram garantidos?
eu preferia a liquidação do BPN pois terminava de vez com o problema.
Tenho dúvidas que privatizar o BPN tenha sido a melhor decisão.
E se a coisa correr mal?
Não há a certeza de que o prejuízo do BPN seja 2500M€. Como este valor é uma ponderação dos créditos que o banco tem em função da sua qualidade, probabilidade de cobrança, então, os 2500M€ são apenas um valor indicativos. Pode ser menos ou pode ser mais.
Vamos supor que, daqui a 5 anos, o BIC se declara insolvente. O Estado vai perder o que a CGD tem lá enterrado: mais 3000M€.
Será que o BIC vai fazer tudo ao seu alcance para que isto não venha a acontecer?
Será que a CGD iria fazer melhor?
Ninguém consegue responder a esta questão.
Fig. 3 - Qual o futuro do problema BPN?
Pedro Cosme Costa Vieira
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