segunda-feira, 23 de agosto de 2021

Afeganistão : 20 anos de "ajuda ao desenvolvimento" e nem uma barragem fizeram.

Fala-se muito que o ocidente foi ajudar o Afeganistão.

Talvez queiramos pensar que fomos ajudar já que gastamos cerca de 100 mil milhões de euros, por ano, durante 20 anos.

Mas decorridos 20 anos, é preciso fazer o balanço do que o ocidente, com a nossa boa vontade, conseguiu em termos de desenvolvimento do Afeganistão.

Quando chegamos lá, o nível de vida estava nos 1200 USD e hoje está em 2000 USD, uma aumento médio de 2,8%/ano. Cresceu um bocadito entre a invasão e 2010 mas, desde então, o nível de vida está estagnado (medido pelo PIB per capita em paridade de poder de compra a preços de 2017, WB).

Se compararmos com o vizinho Tajikistão, sem a nossa ajuda, cresceu 4,8%/ano e a China, uma ditadura feroz, cresceu 7,7%/ano.


Nem uma barragem fizemos.

O Afeganistão tem clima desértico, precisando como pão para a boca de água.

Acontece que tem metade do território com montagens do sopé dos Himalaias onde se poderiam fazer barragens para melhorar o regadio.

Também precisam de electricidade e, com enorme potencial para a energia solar, apoiado com barragens, a disponibilidade de energia seria um grande empurrão para o desenvolvimento.

Também poderia ter sido dado tratamento prestigiado aos produtos têxteis, de couro e agrícolas, para poderem entrar no ocidente sem barreiras alfandegárias. 

Acontece que, apesar de gastarmos 100 mil milhões € por ano, nada foi feito para melhorar a produção de energia, o regadio ou as barreiras ao comércio, nada, absolutamente nada.



Eu sou a favor da autodeterminação dos povos.

Não tenho o pensamento primário dos esquerdistas que afirmam que todos os problemas do Afeganistão resultam da política imperialista do ocidente ou que fomos lá para os roubar.

Acredito que fomos lá para os ajudar mas não soubemos ajuda-los.

Colocamos demasiadas condições, apoiamos demasiados projectos que, à partida, não tinham sucesso possível, enterramos o dinheiro em armas que não criam riqueza.


Fig. 1 - Para ajudar o Afeganistão, precisamos acrescentar MÉ


Eu tinha uma colega no judo.

Era a Roxana, uma criança como todas as outras de 13 anos, que tinha vindo da Cabárdia-Balcária. Perdi o contacto porque ambos desistimos do Kung-fu.

Um dia a minha empregada foi de férias e arranjou uma substituta para aqueles dias que, por acaso, era a mãe da Roxana.

Disse-me triste "Perdi-lhe o rasto. Na nossa terra já ninguém usa hijab mas ela, quando fez 18 anos, passou a usá-lo. O problema é que trabalhava num supermercado e não a deixavam trabalhar assim vestida. Partiu para Moscovo e agora, mesmo que queira voltar, não a deixam vir. A minha mãe diz que a culpa é minha mas eu não fiz nada de estranho, nunca usei hijab e, desde que estou em Portugal, nunca fui a nenhuma mesquita."

Esta história passada em Portugal e a imagem que mostro de Paris, serve para dizer que não justifica invadir um país, enterrar lá 100 mil milhões € por ano, causar uns 300 mil mortos e, no fim, a questão é se as mulheres são obrigadas ou não a usar hijab e se vão ou não à escola.

Fig. 2 - Esta jovem está em Paris e, sem talibans, usa hijabe e até faz jeito para o frio.


Quantas raparigas (e rapazes) não vão à escola na República Democrática do Congo?

E na Arábia Saudita?

E alguém se preocupa?


Se queremos ajudar o Afeganistão, devemos permitir o modelo chinês.

É difícil haver inovação sem liberdade de pensamento mas, nas economias pouco desenvolvidas, o motor do desenvolvimento deve ser a imitação e não a inovação.

Se compararmos a evolução do nível de vida na China e na Índia, em 1980, no rescaldo de Tianamen, vivia-se muito pior na China (468 USDpc contra 874 USDpc). No entretanto, nos últimos 41 anos, o nível de vida na ditadura China multiplicou-se por 37 enquanto que na democrata Índia multiplicou-se por 7,4.

Hoje o nível de vida na China é muito melhor do que na Índia (17300 USDpc contra 8450 USDpc).

Fig. 2 - Evolução do PIB per capita, ppp, na China e na Índia (dados WB)

Qual o problema de não termos crescimento?

Por cá, sempre que alguém tem uma boa ideia, arrisca e tem resultados positivos, logo os esquerdistas (ventilados enormemente na comunicação social) vêm dizer que estamos em presença de um explorador.

Se, o empreendedor arriscou e a inovação falhou (como é provável), vêm os mesmo esquerdistas que estamos em presença de um burlão, um capitalista sem capital.

Mas como se pode ser capitalista com capital se os esquerdistas são contra a acumulação de riqueza? 

Em Portugal só é socialmente aceitável ficar rico ganhando a raspadinha ou o euromilhões (ou ser Ronaldo).


Para apoiarmos verdadeiramente o Afeganistão, devemos ...

Apoiar a construção de barragens para desenvolver o regadio e um sistema energético solar/hídrico (painéis solares / barragens reversíveis).

Apoiar a melhoria das redes viárias, a recolha de lixo, o saneamento e o fornecimento de água potável. 

Apoiar a melhoria das telecomunicações e promover o aparecimento de cursos on-line principalmente para as raparigas.

Apoiar a criação de um sistema fiscal e de um corpo de segurança.

Estes projectos têm que ser aceites e apoiados pelos talibans e serem baseados em empresas privadas que promovam a valorização dos recursos humanos locais.

Com 1% do que se gastou com a guerra, poder-se-á fazer muito mais do que se fez para melhorar a vida dos afegãos (e das afegonas).

Mas também podíamos ajudar o Bangladesh, a Indonésia, as filipinas, o Paquistão, ...


Vou acabar com o estado do Covid-19.

Finalmente, parece que a coisa está a ceder. Depois de um máximo semanal, em Janeiro, de 291 mortos por dia e uma "retoma", no princípio de Agosto, para 15,3 mortos por dia, nos últimos dias caiu para cerca de metade.

Esperemos que não venha por ai, como está a acontecer noutros países, a 5.a vaga.

Fig. 3 - Evolução do número de mortos (média semanal, DGS)


Somos os "melhores no mundo" na vacinação porque usamos números errados.

Quando falamos que "temos 71% da população vacinada" falta clarificar que é a população com mais de 12 anos de idade.

Quando os outros países falam dos mesmos 71% estão a considerar todas as pessoas.

Assim, neste momento, com as duas doses temos 5654284 o que, dividindo por 10347892 dá  54,6% e nada parecido com 71%.

E com uma dose temos 75,9% da população.


E vacinar as crianças?

Sem vacinar as crianças com menos de 12 anos, nunca se atingirão os 85%.

A melhor metodologia é, depois de vacinar os com 12 anos, esperar 6 meses e, não havendo problemas de monta, passar a vacinar os com mais de 11 anos mas reduzindo a dose proporcionalmente ao peso.

E repetir o procedimento até aos mais pequeninos.


4 comentários:

Silva disse...

No essencial os objectivos ocidentais foram cumpridos: eliminar talibans.

No futuro certamente será necessário eliminar mais talibans.


O combate aos esquerdistas deve ser efectuado minimizando-os o máximo possível.

Anónimo disse...

Cursos on-line para raparigas...
E para que empregos?
Certamente que sob o regime talibã será uma prioridade.
Valha-nos Sta. Bárbara.

Jaa disse...

A sua interpretação das taxas de vacinação em Portugal estão erradas, quando se diz que é 70% é da população.

Jaa disse...

https://sicnoticias.pt/especiais/vacinar-portugal/2021-08-24-Covid-19-os-numeros-da-vacinacao-em-Portugal-e-no-Mundo-42c4410b

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